segunda-feira, 30 de junho de 2003

Spamesia (56)

Com mais um dia fraco (15 spams, e com maus títulos), vi-me obrigado a puxar pela cabeça. Não cheguei a arrancá-la, mas pouco faltou, e no processo reciclei um "Make the most out of your Dig!ital Experience" num spamemazito ciberpunk:

Tire o melhor partido da sua experiência digital

Tire o melhor partido da sua experiência digital
entregue-se à vivência sem a exigência do banal
seja quem souber ser na realidade virtual
e saia do seu corpo de modo concreto e total

Temos passados e futuros, realidades paralelas
temos sexo, muito sexo com eles ou com elas
dos mundos mais complexos às experiências mais singelas
temos todas as opções, a si basta escolhê-las

Mas não se esqueça: a responsabilidade é sua
Se algo se passar, podemos atirá-lo para a rua
e deve ter um cartão com crédito suficiente
para evitar que lhe retiremos o gozo de repente

Sabemos das notícias de danos, do perigo
mas é mesmo assim: a vida é dura, meu amigo

E já agora, deixem-me cá auscultar a audiência

A ideia do Luís deu-me uma ideia a mim (basicamente a mesma, mas com uma ligeira nuance), para a qual peço, à boa maneira dos ilusionistas de circo, a amável colaboração do venerável público. Ando a rever e a reescrever parcialmente um livrito, com umas 150 páginas e, já agora, já que vocês estão aí, lembrei-me de vos mostrar o início e perguntar se ele vos desperta curiosidade de ler mais. Bem sei que os comentários andam meio aluados, mas se puderem deixar um "sim", "não", "claro!", "blhergh!", "mazómenos" ou qualquer outra avaliação, eu agradeço com uma vénia virtual e um sorriso bem real.

Então cá vai:

— Senhor embaixador — disse o presidente para o aparelho com um aspecto desagradavelmente orgânico que o assessor segurava entre dois dedos que tentavam ser discretos, procurando sem sucesso esconder a repugnância por detrás de um sorriso rígido —, espero que a sua estadia no nosso planeta seja tão produtiva e agradável como... — o presidente fez uma pausa e lançou um olhar para o chefe de protocolo, um homem pequeno e careca, antigo astrónomo, em tempos idos membro proeminente do velhíssimo projecto SETI. Este fez um aceno encorajador e o presidente prosseguiu sem ser capaz de disfarçar o asco: — que a sua estada seja como um mergulho no nutritivo mar de muco dum... aaaa...

Goo-hoog, senhor presidente — segredou o chefe de protocolo, debruçando-se sobre o ombro esquerdo do chefe da nação, manobra que realizava com eficiência surpreendente dado ser pelo menos uma cabeça mais baixo que o líder.

Goo-hoog — concluiu o presidente, intercalando as sílabas daquela palavra alienígena com bocadinhos de um profundo suspiro de alívio.

O aparelho de aspecto orgânico começou a trepidar e a soltar estalidos agudos. Os aparelhos de metal, de fabrico terrestre, que procuravam sem qualquer sucesso mostrar-se discretos, a fim de que aquela recepção tivesse sinais mínimos de normalidade, registaram vibrações de elevada intensidade na banda dos ultrassons. Algures, fora daquela sala, talvez nos jardins do palácio, um cão ganiu.

De repente, o extraterrestre começou a mexer-se de uma forma estranha ao mesmo tempo que os aparelhos de metal voltavam a detectar grande quantidade de ultrassons e o aparelho de aspecto orgânico ficava imóvel, como um animal pequeno que parasse para escutar os ruídos do seu mundo. Daquela vez, os sacolejos do representante plenipotenciário dos
Hoog duraram pouco tempo, terminando num apito audível, após o qual o embaixador caiu também na imobilidade. Como que em resposta, o aparelho orgânico falou, numa bonita e muito humana voz de soprano:

— Amanhã será Sol, e eu também sou um berlinense para vocês.

— Hã?! — soltou o presidente quase sem dar por isso, virando-se para o chefe de protocolo.

— Sr. Presidente — começou este —, trata-se de uma cortesia do embaixador que, infelizmente, o tradutor automático não consegue traduzir com clareza. Ainda são necessários alguns aperfeiçoamentos na... na máquina.

— Ah. Com certeza, com certeza. — murmurou o presidente. Depois, virando-se para o embaixador, disse em voz alta — Muito obrigado, excelência.

— A que horas é a corrida? — perguntou logo de seguida ao acessor, sem esperar que a máquina orgânica traduzisse ou respondesse.

— Deve estar mesmo a começar, Sr. Presidente.

— Bolas!

A máquina orgânica traduziu para ultrassons esta pequena conversa. Ouviu-se um ganido vindo do exterior.

Galxmente 3?

"Gal quê?", dirão os visitantes da Lâmpada menos familiarizados com os meandros da FC portuguesa. Galxmente, respondo eu, com um sorrisinho cúmplice a espreitar ao canto da boca, enquanto acotovelo, entusiasmado, o pobre que teve a desdita de sentar-se ao meu lado. É o projecto mais ambicioso da FC portuguesa logo a seguir ao Terrarium. Este é um mega-romance de 600 páginas, escrito em conjunto por João Barreiros e Luís Filipe Silva; Aquele é um romance dividido em duas partes (Galxmentes 1 e 2, portanto, intituladas Cidade da Carne e Vinganças, respectivamente), escrito por Luís Filipe Silva.

E eis que o Luís publicou um texto no blog dele que diz que é o início do Galxmente 3! Será que vamos ter mesmo novo romance em breve, depois destes anos todos de espera?

Será?

domingo, 29 de junho de 2003

Spamesia (55)

Mais um dia, mais uma remessa de spam, totalizando 19 mensagens, entre as quais vinha uma intitulada "Confidencial". Não digam a ninguém.

Confidencial

Chiu
Não digas
a ninguém
e faz figas
pois se alguém
descobre
pobre
de ti
dão contigo
já frio
meu amigo

O que vou
dizer-te
é estritamente
confidencial
Eu sou
confidente
dum general
que me passou
uma cassete
Nela, a prova
embora nova
não deixa lugar
para dúvidas:
o presidente
mente
descaradamente

Linques - Na Trilha de Möbius

Já depois do MacJête, mas antes dos dois blogs de que falei hoje de madrugada, a Lâmpada foi lincada pelo Na Trilha de Möbius, um blog colectivo sobre literatura de ficção científica e fantástico, devidamente anunciado aqui aquando da abertura. Este linque não agradeço: fui eu que o fiz.

Linques - Incongruências

Outro dos mais recentes lincadores para a Lâmpada é o Incongruências, mais um blog de alguém que lê (está agora a ler O Crime do Padre Amaro, do Eça, um belo livro, sim senhor) e que fala do que lê, além de outras coisas literárias e não só.

É escusado dizer que agradeço a cada linque. O agradecimento é valor que se assume por defeito. Se aparecer algum que não agradeço, isso sim, é motivo de referência. É a velha história do homem que mordeu o cão, tão velha que até já foi transformada em título de livro de piadas.

Linques - ENE COISAS

Por este andar, vou passar a ter de falar de mais de um linque por dia. É que depois do MacJête já me apareceram vários links novos, sabe-se lá porquê, vá-se lá saber que vêem eles neste blog azulado...

O último foi o ENE COISAS, blog sobre ene coisas, naturalmente, mas em particular sobre literatura. Diz que tem aqui a lâmpada debaixo de olho. O que vale é que a lâmpada é de baixa voltagem. E mágica, claro...

sábado, 28 de junho de 2003

Spamesia (54)

Ontem foram 36. Muito por onde escolher, embora menos do que possa parecer, porque aparentemente há por aí uns quantos spammers que sofrem de cibergaguez e enviam várias vezes as mesmas coisas para os mesmos sítios. Desta vez, no entanto, além do desafio habitual de escrever qualquer coisa com um mínimo de pés e cabeça com base no título de um spam, tinha ainda o desafio irrecusável do Lovegrove, ali nos comentários da 17ª pérola de sabedoria: juntar num único spamema as expressões "sexo", "jennifer lopez", "fotos", "mp3", "carla matadinho" e "porno". E parece que consegui! Para isso, socorri-me de um dos 36 spams de ontem que trazia como título "I can't believe you forgot":

Não acredito que te esqueceste!

Não acredito que te esqueceste
das promessas que ontem me fizeste!
Mas ao acender hoje o computador
da expectativa só restou esta dor!
Onde estão os três mp3
com canções da Jennifer Lopez?
Onde está o sexo
que dizias não ter nexo
nas fotos com a Carla Matadinho
a porno-star de ar arrumadinho?

Não acredito! Não acredito!
Depois de tudo o que dissemos um ao outro...
Repito: não acredito!...

Estão caladinhos, mas não por culpa minha

Não sei se será de a blogosfera portuguesa ter crescido tanto com a atenção mediática dos últimos tempos, se será de alguma outra blogosfera que começou agora a explodir, se será de tudo um pouco ou de coisa nenhuma, mas o que é certo é que a enetation está em plena nega. O servidor, pelos vistos, estoirou, e a consequência é que os comentários deste e de muitos outros blogues foram sugados para um limbo qualquer no ciberspaço.

Agora, das duas uma: ou eles têm backups e potencial técnico para recolocar todo o sistema em funcionamento, ou vamos ter de encontrar alternativas, que também têm os seus problemas mais ou menos sérios, veja-se como exemplo os comentários do Blogue dos Marretas.

Seja como for, e embora alheio ao problema, peço-vos desculpas pela ausência (esperemos que temporária) de comentários na Lâmpada. Entretanto, para me dizerem qualquer coisa que não possa esperar, têm ali ao lado (aquele lado ---->) um endereço de email e um número de ICQ.

2000 visitas

Dentro de uma horita ou duas, a acreditar nas previsões de tráfego do contador, este blog terá atingido as duas mil visitas, contadas desde 3 de Maio.

É porreiro ou nem por isso? Eu não sei, que sou novo nisto...

Seja como for, obrigado aos visitantes ocasionais, a minha vénia aos habituais pela paciência, e continuem a vir.

Curiosidades numéricas

Há já algum tempo que pergunto a mim mesmo porque é que dos 3600 livros que há cá por casa só 40 são da D. Quixote.

Acabei de perceber.

Se a arrogância pagasse imposto...

... cada contra-capa teria de ser debruada a ouro para compensar o prejuízo.

sexta-feira, 27 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (7)

Concluo hoje a olhadela ano a ano sobre as publicações onde foram publicados os textos candidatos a melhor ficção:

No ano passado, o ARGOS abriu-se à edição on-line o que, caso o prémio continue, pode bem vir a transformar-se num marco, vista a quantidade de textos digitais que fazem parte das listas deste ano. Mas no ano passado as coisas ainda não foram bem assim, e só a Oficina de Escritores e o E-nigma conseguiram levar textos seus a votação. Este último site, no entanto, com 5 indicações, foi uma das duas publicações mais profusamente indicadas, lado a lado com o Megalon, seguindo-se-lhes a revista Quark, com 4. Outro facto relevante deste ano foi o quase desaparecimento de antologias e colectâneas das listas de indicados, com Novelas, Espelhos e um Pouco de Choro (2 indicações) e As Sereias do Espaço (1 indicação) a "salvar a honra do convento". Mais uma vez, no entanto, o vencedor não saiu de nenhuma das publicações mais indicadas – foi um livro editado pela Ano-Luz. Nas posições secundárias é que, de facto, o número se transformou em prémio, com o E-nigma a arrecadar o segundo lugar e a Quark o terceiro.

Este ano, o regresso das grandes antologias trouxe um fenómeno chamado Como era Gostosa a Minha Alienígena!, que arrasou por completo a concorrência, com nada menos de 14 trabalhos indicados para o prémio (um deles impugnado), transformando esse livro, de uma penada, na segunda publicação com mais indicações, na soma dos 4 anos de prémio. A grande distância, mas ainda assim com um agradável número de 7 indicações, aparece o Megalon, seguindo-se-lhe o site da Intempol, com 5, e a Scarium, com 3. A lista inclui 10 outras publicações, das quais 3 são exclusivamente electrónicas, e das restantes poucas são as que não têm uma presença relevante na web. Quanto a vencedores, ficaremos à espera, e eu nem faço prognósticos nem dou opiniões.

Fim da parte dedicada à melhor ficção. A próxima parte já se irá debruçar sobre a categoria de melhor publicação.

Spamesia (53)

23. Spams com fartura. E nota-se logo no surgimento de títulos suficientemente inspiradores para que os spamemas ergam as suas cabeças um bocadinho acima da mediocridade mais deprimente. Como no caso deste de hoje, baseado num spam que me chegou, intitulado "cry for assistanse" (erro ortográfico incluído no pacote):

Grito por assistência

Um grito finito no tempo e no espaço
um grito escasso enrolado em camadas de fracasso
Picasso faria dele duas linhas e um ângulo
obtuso, confuso, sem eira nem beira

Um grito esticado aos limites da resistência
Um grito perdido, em busca de assistência

<--- Os livros que estão ali

Quem anda pela Lâmpada Mágica já terá reparado que se vão revezando ali na coluna da esquerda três livrinhos sob o título genérico de "o que estou a ler". Mas, já agora, se calhar não era mal pensado ir dizendo qualquer coisa acerca de cada um deles. Então vejamos:

- A Filha da Floresta é o primeiro romance da trilogia «Sevenwaters», de Juliet Marilier. É uma fantasia que tem lugar na Irlanda medieval quando o povo celta desta ilha se começa a ver acossado por invasores vindos de Leste, da Grã-Bretanha. Edição da Bertrand, 446 páginas (2001).
- Efeitos Secundários é uma antologia de 9 contos de outros tantos autores de ficção científica e fantástico. Uma edição bilingue (português e inglês) da associação Simetria. 144 páginas em português, 136 em inglês (1997). Esta é uma releitura.
- Aguasfurtadas 4+5 tem este nome estranho porque, embora pareça um livro é, na realidade, os números 4 e 5 da revista Aguasfurtadas. Dezenas de poemas, e variadíssimos contos e outros textos literários compõem um valente volume de 359 páginas. Edição do Jornal Universitário do Porto (2003).

Da próxima vez que trocar de livro, voltarei a dizer qualquer coisinha sobre o novo...

quinta-feira, 26 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (6)

Talvez não tenha ficado claro em capítulos anteriores destes posts, mas esta olhadela sobre o ARGOS é feita com base em dados que me foram fornecidos pelo CLFC e que eu tratei de maneira a retirar dos dados em bruto alguns números com maior ou menor interesse.

Feito o esclarecimento, voltemos às publicações que serviram de veículo aos candidatos a melhor ficção.

Em 2000, como já se disse, apenas 8 publicações conseguiram levar textos à votação do ARGOS. Mas foi um ano equilibrado, sem nenhuma publicação que se destacasse muito das demais. Apesar disso, o Megalon, com 4 indicações, é a publicação mais indicada, seguindo-se-lhe a Quark e o Banco de Talentos FEBRABAN, com 3 cada, e um trio constituído por Somnium, editora Record e Coleção Fantástica com 2 indicações cada. Quanto aos premiados, o Somnium teve o primeiro classificado e a Coleção Fantástica o segundo e o terceiro.

2001 foi um ano muito diferente. Repleto (para o nível habitual de edição no Brasil) de edições de antologias e colectâneas, teve na colecção Terra Incognita a grande arrebatadora de indicações ao ARGOS de melhor ficção, com um total de 10, graças a três colectâneas diferentes. O Megalon volta a estar nos lugares cimeiros, com 6 indicações, tantas quantas as indicações provenientes da antologia Intempol. As antologias Phantastica Brasiliana e Lugar de Mulher é na Cozinha e a colectânea Interface com o Vampiro recolhem 4 indicações cada. O Megalon e o Somnium (2 indicações) são, neste ano, as únicas publicações periódicas que conseguem ter mais do que uma história indicada, o que não deixa de ser significativo.

O vencedor, curiosamente, não chega de nenhuma destas publicações, mas sim da editora Rocco. Também um dos terceiros classificados chega através de uma das publicações menos indicadas, a antologia portuguesa A Viagem (2 indicações). E do grupo das publicações com maior número de trabalhos postos a votação apenas a antologia Intempol se conseguiu impor, conquistando um segundo lugar e um terceiro.

E aqui faço mais um intervalo. Na próxima parte falar-vos-ei do ano passado e deste.

Casos de polícias

OK, este blog não é para trazer para cá a actualidade (apesar do que diz o blogo), mas de vez em quando tem mesmo de ser.

Segundo o telejornal da RTP 1, a Polícia Judiciária levou para o DIAP um grupo de "soldados" da Guarda Nacional Republicana. Estacionaram o carrito e lá levaram os agentes para o interrogatório, para ver se são, ou não, uns malandros corruptos.

Passava, entretanto, pela zona, uma patrulha de agentes da Polícia de Segurança Pública que, ao ver o carro da Judiciária mal estacionado, fiel aos princípios da defesa escrupulosa da lei, imediatamente bloqueou as rodas e chamou o reboque.

Esperam-se para breve as reacções da Polícia Marítima, Polícia Municipal de Lisboa e Guarda Fiscal.

Pérolas de sabedoria (17)

"O século dezanove foi um tempo de muitos pensamentos e invenções. As pessoas deixaram de reproduzir à mão e começaram a reproduzir mecanicamente. A invenção do barco a vapor levou ao nascimento de uma rede de rios. Cyrus McCormick inventou o McCormick Raper, que fazia o trabalho de cem homens. Louis Pasteur descobriu uma cura para a raiva. Charles Darwin foi um naturalista que escreveu O Órgão das Espécies. Mandão Curie descobriu o rádio. E Karl Marx entrou para os Irmãos Marx."

E assim termina o processamento destas pérolas d'além-mar. Vou ver se invento umas quantas mais tarde para continuar a trazer gente à Lâmpada, porque com os spoemas não vou lá...

Spamesia (52)

Mais de 30. Se o Cruzes-Canhoto! tem razão e os americanos estão a tentar acabar com o spam, o sucesso tem sido tão grande como o que têm tido em resolver os problemas do médio-oriente.

E hoje, como cá por aqui demasiado barulho de marteladas, resolvi ser breve e nem me preocupei com traduções. Peguei num "Vagas abertas" e aqui vai disto:

Vagas abertas

O mar às vezes parece abrir-se
em vagas que se espalham em torno das tuas pernas
e nada é mais doce que a espuma

Linques - MacJête

OK, tenho sido um malcriado do caraças, e nem tenho mencionado (muito menos agradecido a) quem linca a Lâmpada Mágica. Em parte foi porque o tracejador de acessos que uso estava configurado de forma a não me dizer de onde vêm os visitantes, mas isso foi só em parte. A outra parte foi desleixo do puro e do simples. OK, vamos resolver esse assunto, do mais recente para o mais antigo.

O mais recente tem cara de ter sido o MacJête, blog que pelos vistos é de defesa da minoria étnica algarvia na blogosfera. E escrito em algarvio e tudo. Acho muito bem. É capaz de não ter grande saí­da, que pouca gente compreende aquele algaraviada, mas a ideia é meritória. Bem-vindo, amigo Môce MacJête!

quarta-feira, 25 de junho de 2003

Spamesia (51)

Mais de 30, ontem. Alguém já se deu ao trabalho de estudar os padrões de variação da quantidade de spam? Era capaz de ser giro. Inútil, mas giro.

Hoje, peguei no título de um (aparente) porno-spam: "It is too big for me!". E politizei-o:

É demasiado grande para mim

Sim, sim, amigo, sim
aquilo é demasiado grande para mim
A minha pobre cabecinha
ainda para mais sozinha
não consegue pensar naquilo até ao fim

Não! Mas claro que não!
É evidente que não me demito do ministério
sou um homem sério
e a minha demissão
seria uma desastre para a nação

terça-feira, 24 de junho de 2003

Pérolas de sabedoria (16)

"Beethoven escreveu música, mesmo apesar de ser surdo. Era tão surdo que escreveu música ruidosa. Dava longos passeios pela floresta mesmo quando toda a gente chamava por ele. Beethoven expirou em 1827 e mais tarde isso causou a sua morte."

Spamesia (50)

Eis a meia centena de spamemas! Se tantos deles não fossem tão maus, até quase que já dava um livro!

E para comemorar o número redondo, os spammers resolveram brindar-me com 30 spams, incluindo vários com títulos inspiradores. Este que escolhi até acabou por não ser dos mais sugestivos. Mas foi um título que me dava liberdade, e eu hoje estava bastante virado para ela. Foi simplesmente "Hello !".

Olá!

Olá! Estás contente?
Gostas que o vento te despenteie os cabelos
e que o sol te sugue da pele gotas de sal?
Agrada-te o ruído das luzes estroboscópicas
ou das olhadelas telescópicas para o mar?
Gostas de gastar os teus euros em lugares
deles gulosos, lugares famosos e formosos
cientificamente planeados para que te sintas bem?
Então, ainda bem.
Relaxa, descansa, estica-te à borda da piscina
e não te preocupes
Os olhos ocos dos que passam fome não te irão incomodar

Pérolas de sabedoria (15)

"Johann Bach escreveu muitas composições e teve um grande número de filhos. Entre uma coisa e outra, praticava com uma velha fiandeira que mantinha no sótão. Bach morreu entre 1750 e o presente. Bach foi o mais famoso compositor do mundo, tal como Handel. Handel era metade alemão, metade italiano e metade inglês. Ele era muito grande."

segunda-feira, 23 de junho de 2003

Mais um! Mais um!

Isto é uma revolução do catano! Ontem deixei-vos notícia do nascimento de mais um blog tendencialmente FC na blogosfera portuguesa. Hoje, eis que surge outro! Na Trilha de Möbius é um blog colectivo, com um staff que à hora a que escrevo isto ainda não está fechado (mas do qual eu faço parte... [inserir gargalhada demoníaca]), que se irá transformar num blog mesmo de FC, fantástico e "literaturas alternativas". Querem saber mais? Cliquem no link, cliquem!

Spamesia (49)

Ontem foram mais uns quantos, mas dois gajos decidiram que não valia a pena pôr um título no spam, outros dois resolveram que me tinham de contar uma "joke" (seria a mesma?), uma tal Sarah Williams reenviou-me o email que já me enviou não sei quantas dezenas de vezes a tentar que eu adira a um esquema que trará milhares de visitantes ao meu site (leva tempo a perceber que não estou interessado, o raio da mulher), e cujo título é simplesmente ficcao.online.pt, de modo que aproveitável, aproveitável... para além de um "You forgot to answer", pouca coisa houve.

Esqueceste-te de responder

Esqueceste-te de responder
se o céu onde estás também se fragmenta em azuis
Esqueceste-te de me dizer
se de entre os dedos dos teus pés
também nascem árvores de folhas peludas
Esqueceste-te de confirmar
se é verdade que é bom ser alimentado
pela luz das estrelas distantes
Esqueceste-te de responder
às perguntas que te fiz
Esqueceste-te do meu olhar?

domingo, 22 de junho de 2003

Alguém precisa de uma transfusãozinha?

É que se sim, o amigo Goblin the Gook tem desde ontem montes de Hemogoblina Pura à disposição dos mais necessitados. E se não, também.

Sim! É mais um blog em português feito por um português para portugueses em Portugal e noutras partes com mais sal. E, de rajada, é mais um blog que é tendencialmente FC.

Vão lá cheirar, se fazem favor!...

Spamesia (48)

Onze! Onze spams apenas em 24 horas! Que escolha tão escassa!... Enfim, peguei num "Wantta see this?", e fiz um diálogo ficcionado (como ficcionada é a quase totalidade da spamesia que tem aparecido por aqui, mesmo a que parece mais umbigal) que tem tudo a ver com um dos posts recentemente colocados por aqui. Arte? Claro que não!

Querem ver isto?

“Querem ver isto?
É o meu blog
a minha alma empacotada
em letras luminosas
e em textos blógicos
ilógicos
antropofágicos.
Eu acho-os mágicos.
Querem ver isto?”

“Não!
Não, não, não!
E não!”

Pérolas de sabedoria (14)

"Abraham Lincoln tornou-se o maior Precedente da América. A mãe de Lincoln morreu na infância, e ele nasceu numa cabana de cepos que construiu com as suas próprias mãos. Abraham Lincoln libertou os escravos ao assinar a Proclamação da Emasculação. Na noite de 14 de Abril de 1865, Lincoln foi a uma sala de espectáculos e foi alvejado por um dos actores de um filme. Pensa-se que o assinador foi John Wilkes Booth, supostamente um actor louco. Isto arruinou a carreira de Booth."

Post umbiguista auto e alo-crítico

Não consigo dormir.

Mas que raio de interesse tem para quem quer que seja saber se eu consigo ou não dormir?

E porque diabos há-de estar esta blogosfera tão cheia de gente que acha que informar o mundo das suas dificuldades em dormir interessa a alguém?

Respostas no link abaixo. Agradeço estremunhado.

sábado, 21 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (5)

Depois de uma pausa, regresso à minha olhadela sobre o ARGOS, presente e passado. Concluída a parte dedicada aos autores das diferentes histórias candidatas à categoria de "melhor ficção", falta ainda falar sobre as publicações onde surgiram essas histórias.

No total, surgem nas listas do ARGOS 40 publicações diferentes, ainda que algumas estejam estreitamente relacionadas. É o caso, por exemplo, da Quark, primeiro fanzine e depois revista, e da Antologia Quark; É o caso do Banco de Talentos, que surge assim designado nas indicações de 2002 mas designado como Banco de Talentos FEBRABAN nas de 2000; É o caso do E-nigma e da antologia O Planeta das Traseiras; É o caso do fanzine Hiperespaço e da Nova Coleção Fantástica (e talvez também da Coleção Fantástica?); É o caso da antologia Intempol e do site Intempol; É o caso da Scarium e da Scarium / Hiperdrive. E será o caso, porventura, de algumas outras relações menos discerníveis à primeira vista por quem não conhece na perfeição a cena FC&F brasileira.

Mas são os números que ficam. E estes dizem-nos que, à excepção do ano 2000, em que apenas 8 publicações tiveram direito a trabalhos indicados ao ARGOS, a estabilidade tem sido quase total. Com efeito, em 2001 houve 15 publicações envolvidas nesta fase do prémio, voltou a haver 15 em 2002 e este ano há 14. Isto é particularmente curioso se atendermos a que tanto o número de autores como o número de trabalhos têm vindo a subir ano após ano.

Relativamente a totais, o grande dominador é o fanzine Megalon, que teve trabalhos indicados todos os anos em número suficiente para totalizar 22, e que deixa muito longe as restantes publicações periódicas. A que mais se aproxima é a extinta revista Quark, em quarto lugar com um total de 8 indicações, ficando os restantes 5 lugares de topo entregues às colectâneas, antologias e colecções da editora Ano-Luz, como Como Era Gostosa a Minha Alienígena! (14 indicações, uma impugnada), Terra Incognita (10 indicações, uma impugnada, em 3 colectâneas diferentes) e Intempol (6 indicações).

É bom notar aqui que a forma como estão organizadas as edições tem grande influência nestes números. Se cada uma das colectâneas incluídas em "Terra Incógnita" fosse apresentada separadamente, como acontece com outros livros, não só o quinto lugar do total teria de ser entregue às publicações com 5 indicações cada (os sites da Intempol e do E-nigma e o fanzine Somnium), como os totais de publicações teriam de ser revistos e o mais provável seria a tal estabilidade de que falo mais acima se desfazer, ou pelo menos tornar-se menos clara.

Por hoje, a conversa já vai longa. Deixo para a próxima uma análise ano a ano.

O imperialismo das pérolas sabedoras

Sim, meus caros. Depois de eu ter resolvido começar a traduzir, adaptar e colocar aqui algumas pérolas da sabedoria americana que demonstram a grandiosidade daquela grande nação ao provar que os burros americanos até conseguem ser mais burros que os nossos, eis que os Marretas também resolvem apresentar à sua vasta audiência algumas pérolas fruto da sua própria docência. Inicialmente intituladas "Pérolas de Sabedoria" (soa familiar), chamam-se elas agora "What's up, Doc?", mudança de nome que tem, certamente, a ver com a proveniência nacional do asneirame marreta.

É bom ver espalhar-se assim a Boa Nova...

Pérolas de sabedoria (13)

"Delegados dos 13 estados originais formaram o Congresso Contentinho. Thomas Jefferson, um Virgem, e Benjamin Franklin foram dois solistas da Declaração de Independência. Franklin descobriu a electricidade ao esfregar dois gatos ao contrário e declarou: "Um cavalo dividido por si próprio não se mantém de pé". Franklin morreu em 1790 e continua morto."

Spamesia (47)

Menos de 20 spams, alguns sem título, outros repetidos, e lá encontrei um chamado "Private gossip". Acrescentei um ponto de interrogação à tradução e:

Bisbilhotice privada?

O segredo dito a medo
entre as paredes de degredo
entre olhos falhos de óculos
e rituais conspiratórios
pode ser o fim da condição
de viver, e assim a nação
nazi se protege dos hereges
entre a bisbilhotice privada
e a delação a prisão a tortura
e o condicionamento mediático
que empurra o pensamento
para baixo duma enorme revoada

sexta-feira, 20 de junho de 2003

Pérolas de sabedoria (12)

"A escrever ao mesmo tempo de Shakespeare estava Miguel Cervantes. Escreveu "Dom que Enxote". O grande autor seguinte foi John Milton. Milton escreveu "Paraíso Perdido". Mas depois morreu-lhe a mulher e ele escreveu "Paraíso Recuperado"."

Spamesia (46)

Mais um dia escasso, em que se destacava uma mensagem com mais de 100 k que anunciava entusiasticamente "FW: Parece que dá certo !". Devia ser uma daquelas chainletters idiotas "faça isto e isto e isto e envie para 453 dos seus melhores amigos e todos os seus desejos realizarão-se!" (sim, realizarão-se. Já viram alguma destas coisas em bom português?). Lixo, claro. Quanto a mim, deixei cair o FW: e o ponto de exclamação e acrescentei umas linhas meio surreais. Mas fica aqui apenas a versão politicamente correcta, que a outra era demasiado Marilyn Manson:

Parece que dá certo

Há dias ensinaram-me um truque
Pega-se no que nos irrita e põe-se numa frigideira
frita-se e dstribui-se entre a retrete e a banheira
abre-se a torneira

Depois de um minuto de luta
a chatice deve ser levada para longe
Experimentei, e parece que dá certo

Pérolas de sabedoria (11)

"O maior escritor da Renascença foi William Shakespeare. Nasceu no ano de 1564, supostamente no seu aniversário. Nunca fez muito dinheiro e é famoso apenas devido às suas peças. Escreveu tragédias, comédias e histerectomias, todas em pentâmero islâmico. Romeu e Julieta é um exemplo de um casal heróico. O último desejo de Romeu foi deitar-se com a Julieta."

quinta-feira, 19 de junho de 2003

Pérolas de sabedoria (10)

"Foi uma época de grandes invenções e descobertas. Gutember inventou os tipos amovíveis e a Bíblia. Outra invenção importante foi a circulação do sangue. Sir Walter Raleigh é uma figura histórica porque inventou os cigarros e começou a fumar. Sir Francis Drake circuncisou o mundo com um clipper de 100 pés."

Spamesia (45)

Ontem foram vinte spams, mas todos muito desinteressantes no subject-line. "where are you sexy" acabou por ser o melhor que se arranjou, muito pela ausência de pontuação que, apesar de incorrecta, dá à frase uma ambiguidade vagamente inspiradora. E eu, escrevi:

Onde és tu sexy?

Olhando para ti através da névoa nocturna
que põe pardas todas as coisas
menos onde uma linha de luz vinda do candeeiro da rua
desenha contornos nos corpos nus
vejo-te sexy, mas não sei onde.

Será das ancas, da curva dos seios
dos olhos que brilham no contorno escuro do rosto
do sorriso que não vejo, mas que sei que está aí
das mãos, das ondas marítimas dos cabelos?

Fico perplexo, percorro-te o corpo inteiro com dúvidas
Onde, amor, és tu sexy?
Onde fica o centro em torno do qual eu gravito?

Então perguntas-me “que foi?”, e eu descubro

quarta-feira, 18 de junho de 2003

Pérolas de Sabedoria (9)

"A Rainha Isabel era a «Rainha Virgem». Como rainha, foi um sucesso. Quando se expôs à frente das suas tropas, todos os soldados gritaram «Hurra!»"

Há recordações que não se mexem



É o caso de A Recordação Imóvel, um dos melhores contos de Luís Filipe Silva, que o E-nigma acaba de republicar.

E que é aquilo ali em cima? É a capa, ora. Um belo trabalho de Gabriel Bozano feito sobre o design do site, que é cá do je.

Pérolas de sabedoria (8)

"Joana d'Arc foi queimada até ao refogado e foi canonizada por Bernard Shaw".

Pérolas de sabedoria (7)

"Júlio César extinguiu-se nos campos de batalha da Gália. Os Idos de Março assassinaram-no porque pensaram que ele ia ser feito rei. Ao morrer, suspirou: "Et voz, Brutus"."

Spamesia (44)

Doze, meus caros, doze. As comportas do lixo electrónico vão-se fechando, vá-se lá saber porquê. E o campo de escolha de títulos vai-se estreitando proporcionalmente. Hoje havia um quie dizia "Red Special", e eu respondi-lhe "tá bem":

Vermelho especial

O vermelho especial percorre as ruas
em busca dos sinais do futuro
que mais ninguém quer perceber
Encosta-se às paredes e observa
os cães vadios que revolvem o lixo
em busca de um osso, um fruto, um naco de pão
Esgueira-se entre os carros parados
uns decrépitos, outros bem escanhoados
e procura neles as marcas do pó

O vermelho especial observa durante muito tempo
mas depois pára, ergue os braços e o rosto, fica mais alto
e antes que as botas ferradas o atravessem com os seus ferros
grita bem alto ao vento a verdadeira natureza das coisas

Morre então, o vermelho especial
enchendo de vermelho as casas, brancas de cal

terça-feira, 17 de junho de 2003

Pérolas de sabedoria (6)

"Nos jogos Olímpicos, os gregos faziam corridas, saltavam, arremessavam biscoitos e atiravam a tarte."

Nada como uma polémica...

... para subir as visitas a um blog, nesta nossa blogosfera. Porreiro, A Lâmpada Mágica duplicou os visitantes nos últimos dias.

Mas olhem, meus amigos: os que gostaram do que viram por aqui e se sentem confortáveis nas minhas caixinhas azuis podem ir ficando e bebendo uns copos. Mas os outros, os que vieram só pela polémica, podem ir andando que ela parece ter acabado. Como diria o Agente Pascácio: "é circulari, é circulari, aqui não há nada para veri, é circulari!"

Pérolas de sabedoria (5)

"Sócrates foi um famoso professor grego que andava por aí a dar conselhos às pessoas. Mataram-no. Sócrates morreu duma overdose de matrimónio. Depois de morrer, a sua carreira sofreu um declínio dramático."

Spamesia (43)

Vinte e poucos spams, mas nada-nada-nada de títulos inspiradores. Que chatice. Esta malta não tem mesmo imaginação nenhuma. Lá tive de pegar numa "Boa ideia" e fazer uma pequena FC:

Boa ideia

Mas que boa ideia sair deste fato
e tentar respirar o gás carbónico
que recobre a terra vermelha, lá fora
Que boa ideia, deixar de estar farto
desta fuga sem fim, desta agonia
ter por fim uma forma de ir-me embora
Que boa ideia morrer lentamente
sufocado e com frio, e cair na areia
e lá ficar caído para todo o sempre
como um monumento a uma velha ideia

Que boa ideia, sereia de Marte
que boa ideia

segunda-feira, 16 de junho de 2003

Spamesia (42)

Ontem foi mais um dia com relativamente pouco spam. Começo a suspeitar de férias de verão a afectar a produtividade dos spammers. Na pilhazinha até havia um título sugestivo, mas achei-o demasiado comprido (we got So close... maybe we should try something else. Sim, a maiúscula estava assim), e acabei por optar por "YOU'RE BEING WATCHED?" e por fazer mais um textozito absurdo. Eu, pelo menos, acho-o absurdo...

Está a ser vigiado?

Está a ser vigiado, diz você?
Diz que vê coisas que mais ninguém vê?
Bem, eu também.
Vigia-me o macaco velho, o louco manco
que vive, ou sobrevive, dentro de mim.
Vejo no céu um chapéu cor de breu que é só meu
e que diz em letras pretas que há vida no fim
E assim sou feliz
embalado na ternura da loucura, e sem cura
nem que a pura energia
me devolva ao dia-a-dia
banal, sempre igual, com uma grande, esponjosa
falta de sal

Pérolas de sabedoria (4)

"Os gregos foram um povo altamente esculpido, sem o qual não teríamos história. Os gregos também tinham mitos. Um mito é um mico fêmea."

Pérolas de sabedoria (3)

"Salomão tinha trezentas esposas e setecentas columbinas."

domingo, 15 de junho de 2003

Pérolas de sabedoria (2)

"Moisés liderou os escravos hebreus para o mar Vermelho, onde fizeram pão ázimo, que é pão feito sem ingredientes nenhuns. Moisés subiu ao Monte Cianeto para obter os dez mandamentos. Morreu antes de chegar ao Canadá."

Spamesia (41)

Sexta-feira 13 pode ter sido na sexta-feira ("A sério?", pergunta o Sir Casmo), mas foi ontem que me chegaram 13 spams. Só 13, nada mais que 13. E quase tudo com títulos como Viagra - as low as $2.50 ! epypbvhezlyw.

Depois de muito procurar no meio da multidão, lá encontrei um spam chamado "Debt Troubles?" e escrevi:

Problemas com dívidas?

Problemas com dívidas?
Não se canse! Relaxe!
Nós temos a solução!
Aqui tem o meu cartão!

Deixando agora a conversa comercial
e passando a uma linguagem menos formal
porque afinal nós somos amigos
(passe-me aí dois desses figos)
devo dizer-lhe de forma confidencial
aqui entre nós, que as paredes fecharam os ouvidos
que a melhor maneira de se ver livre das dívidas
é contratar-me para “mudar” um par de vidas
Paga-me só uma pequena percentagem
mais alimentação, alojamento e viagem
e eu resolvo-lhe o assunto de forma limpa
com a garantia de eficiência e simpatia

Vou deixá-lo a pensar
Se resolver aceitar
basta telefonar

Pérolas de sabedoria (1)

"O Antigo Egipto era habitado por múmias, e elas escreviam todas em hidráulicos. Viviam no deserto da Sara. O clima da Sara é tal que os habitantes têm de viver noutro lugar."

Um blog de serviço público

Num contraste que não podia ser maior com os blogs de que falo no post anterior, eis um blog de verdadeiro serviço público para todos os que querem da blogosfera mais do que ruminações. O Bloco-Notas diz-nos em tempo real (ou quase) quais os últimos blogs a receber conteúdo na blogosfera portuguesa.

Só tem um defeito. Ó rapazes: desliguem lá a applet que vai modificando as cores. O efeito é muito engraçado, mas atrasa muito significativamente os sistemas dos vossos visitantes.

sábado, 14 de junho de 2003

Ele há cada um!...

No ano 2000, lá para o fim do ano, se bem me lembro ou em Outubro ou em Novembro, li, já não me lembro onde, a segunda ou terceira referência a esta coisa dos blogs, de modo que resolvi dar uma voltinha pela blogosfera de então, para ver o que havia.

Andei por blogs de língua inglesa, não sei bem se americanos se ingleses, andei por blogs brasileiros, duvido que tenha dado com algum blog português mas até é possível, enfim, passeei um bocado.

Deparei com uma série de páginas inconsequentes, onde quase não se escrevia nada de interesse, e das quais escorria EGO em doses absolutamente desproporcionadas. Eram páginas construídas em torno dos umbigos dos seus autores, e onde o mundo exterior a esse umbigo espreitava muito a medo, sendo rapidamente enxotado de volta à copa ou ao quarto da criada. Eram também páginas em geral muito mal escritas, com erros ortográficos e tudo.

Encolhi os ombros perante tal desperdício de electrões e afastei-me da blogosfera durante os dois anos seguintes.

No fim do ano passado, recomecei a passear de vez em quando, por aqui e por ali, e para minha surpresa, no meio do imenso mar de EGO que já esperava encontrar, lá fui encontrando também um ou outro blog que fugia da mais completa inutilidade, escrito por gente com algo a dizer para lá das ruminações umbiguistas do costume.

Começava a melhorar, a minha opinião dos blogs.

Até que em Abril, depois de dois amigos terem também embarcado na onda, resolvi experimentar. Afinal de contas, a opinião negativa mantinha-se, mas não é propriamente inteligente falar-se mal daquilo que se desconhece. E eu, muito embora conhecesse aquilo que tinha lido, não fazia a mais pequena ideia do que significava fazer mesmo um blog. Tanto quanto eu sabia, podia haver uma característica qualquer que ajudasse a fazer dos blogs... aquilo.

O último mês e meio tem sido de experimentação. Aprendi uma série de coisas que não poderia ter aprendido sem experimentar, portanto, por aí, ainda bem que me meti nisto. Reparei, por exemplo, que se criam interacções sociais curiosas que mimetizam as da vida real. Sabia que isso acontecia com outras formas de comunicação electrónica, como o IRC ou o email, mas nos blogs a coisa é subtilmente diferente - o meio influencia a comunicação.

A opinião que faço dos blogs voltou a cair com a turbulência por que passou a luso-blogosfera nos últimos tempos. O nível a que desceram, por exemplo, alguns dos comentários dos leitores do Blog de Esquerda é absolutamente inqualificável. Faz lembrar os newsgroups nos seus piores dias. Eu cá, assisti de fora. Não há paciência para brincadeiras de crianças.

Mas eis que o inevitável se mostra inevitável. Eis que me sai na rifa um Umbigo aborrecido. Fã de uma tal Cora Rónai, cujo blog internETC apareceu no endereço do blog do Cachapa, a criatura desata a queixar-se um pouco por todo o lado de que o Blogo só dá destaque a "disparates" e a "imbecilidades". Aqui, no blog dele, no outro blog dele e não fui ver se também nos outros dois blogs que pelos vistos também são dele porque paciência tem limites.

Alguns egos é que parece que não. O indivíduo tem, aparentemente, 4-blogs-4, e pelo menos em dois deles se queixa de eu ter chamado "treta" ao internETC. Quanto a este, sigam o link ali em cima e avaliem. É precisamente um daqueles blogs que me afastaram da blogosfera em 2000: EGO por todo o lado, montes de fotografias ronronantes cheias de gatos, servindo como fórum para ajustar contas privadas, enfim, o rosário completo. Parece que a senhora é colunista respeitada no Brasil. Bem, nós também cá temos a Filomena Mónica, portanto isso não quer dizer grande coisa.

Em todo o caso fui, pacientemente, respondendo às queixas do homem. Expliquei-me pacientemente ali em baixo na caixinha de comentários, fiz copy-paste para a caixinha de comentários de um dos blogues dele e de novo para a caixinha de comentários do outro. Como é da natureza do copy-paste, não alterei uma vírgula. Curiosamente, o tipo resolveu apagar a minha resposta de um dos blogs, ainda permanecendo, sabe-se lá por quanto tempo, no outro. Parece que isso é sinal de má-criação segundo a etiqueta bloguiana. Não sei bem, sou novo nisto.

Os blogues em questão são um tal "Binoculista" e um tal "Meu Problema é Sexo". Resisto à tentação de brincar com o título deste último, ainda que com alguma dificuldade. Mas não resisto à tentação de fazer algumas citações. No Binoculista pode ler-se pérolas como:

Penso que o blogo.no.sapo tem muita culpa em dar destaque apenas a alguns blogs e ignorar outros.
São sempre os mesmos a serem destacados. Ao menos no "posto de escuta" deveriam ter escrito algo a respeito daquele meu post acerca dos blogs portugueses e brasileiros.


ou:

Novos Blogueiros portugueses, a maioria convencidos e herméticos.
O meu post sobre a comparação entre blogs portugueses e blogs brasileiros, mereceu o destaque e a referência de vários brasileiros.


ou:

Os blogs não são uma coisa, assim, tão recente.
Portugal é que é um país de atrasados.


Como é que Portugal não há-de ser um país de atrasados se ninguém presta atenção ao homem? Toda a razão! Como é possível ignorar-se tal luminar, tal visionário, tal pioneiro da nova fronteira? Dêm-lhe já uma comenda! E, já agora, a mim também, por ter a visão de lhe dar a importância devida!

No outro, o tal do problema, pode ler-se isto:

A roupa suja, no que se refere aos arrogantes e snobes blogueiros portugueses, será de agora em diante, lavada preferencialmente num outro blog que não me faça sentir vergonha junto de vocês, meus amigos brasileiros


e logo a seguir, lê-se isto:

E do lado da blogosfera portuguesa, o que temos ?
Esta imbecilidade aqui (a "imbecilidade" deste vosso criado), que mereceu até destaque:


Admiro a coerência, admiro a boa educação, enfim, admiro. Fiquei fã. Estas pérolas têm de ficar gravadas a fogo nos anais da blogosfera. Alvíssaras! Hossanas! Parabéns!

Spamesia (40)

A rarefacção do spam prossegue, e ontem, uma vez mais, o que me chegou foi escasso e sem títulos de jeito. Nada, nada estimulante. Acabei por escolher um "oh ya, right..." e traduzi-lo, produzindo mais um panfletito sem nada de artístico:

Oh, sim, claro

Oh, sim, claro
quem governa é por definição
um exemplo para toda a nação
o que é raro
é que não deva estar na prisão
não é interessante, esta noção?

sexta-feira, 13 de junho de 2003

Spamesia (39)

Ontem foi uma porcaria de dia. Correu tudo mal, e até o spam contribuiu para o descalabro. Recebi 20, mas nem um único com um título minimamente aproveitável.

Bem... minimamente até houve: "reservar agora". E se alguém perceber alguma coisa do que escrevi, avise-me...

Reservar agora

Para reservar agora as reservas
que agora se expandem nas mentes
que andam espantadas na cidade
basta ter terror da tenra idade
que corre e salta e grita e ri
enchendo de ruído o rio redondo

É preciso desconfiar, olhar
com olhos de agiota a cepa torta
que tarde ou nunca se endireita

E quanto às bolas, é recusá-las

quinta-feira, 12 de junho de 2003

Spamesia (38)

Quase 30 spams, ontem, e alguns títulos interessantes no meio dos Viagras (ou antes: dos V i a g r a s, que é preciso arranjar truques para contornar os spam-killers). Uma tal Olga Heybroek, que pelo nome impronunciável deve ser holandesa, mandou-me "Great news". Terão sido estas aqui em baixo?

Grandes notícias!

Tenho grandes notícias para lhe dar:
Portugal finalmente caiu ao mar
e afundou-se devagar
sem ninguém notar

A primeira vez nunca se esquece...

... a não ser quando, post factum, se descobre que afinal não foi a primeira vez.

Aconteceu com o Posto de Escuta, que afinal já me tinha escutado pelo menos uma vez antes do Caso do Cachapa e do Etc. Brasileiro, quando comecei os posts sobre o ARGOS.

Isto de um tipo ter primeiras vezes e não dar por nada é uma frustração!...

quarta-feira, 11 de junho de 2003

Este ARGOS e os Outros (4)

São 26 os autores presentes em listas de indicados de anos anteriores mas ausentes delas este ano. A esmagadora maioria (21) destes autores passou pelo ARGOS uma única vez, o que não significa grande coisa em termos de qualidade, visto que neste grupo encontramos nomes como Max Mallmann, vencedor do prémio em 2001 graças ao seu romance Síndrome de Quimera, ou Ignácio de Loyola Brandão, prestigiado escritor brasileiro. Hidemberg Alves da Frota, Maria Helena Bandeira e Ricardo Rebelo já publicaram em Portugal, sendo que este último é português. Os restantes é que são, de facto, menos conhecidos, particularmente do lado oriental do oceano.

Restam cinco nomes. Deles, quem tem mais indicações é Ivan Carlos Regina, com 4 trabalhos indicados, mas ausente do ARGOS já pelo 2º ano consecutivo. A ausência de maior vulto é, no entanto, a de Jorge Luiz Calife, cujas 3 indicações lhe proporcionaram duas presenças entre os premiados, ambas em 3º lugar. Em 2000 através de Invasores da Sétima Dimensão, e em 2002 graças a Uma Semana na Vida de Fernando Alonso Filho.

Por fim, com duas indicações surge Martha Argel de braço dado com dois intempolianos: Jorge Nunes e Osmarco Valladão.

Conclui-se aqui a parte desta série dedicada aos autores candidatos a Melhor Ficção. No próximo capítulo falarei um pouco acerca das publicações em que estes trabalhos surgiram.

O Posto de Escuta escutou-me!

Viva, viva! Já não grito no deserto! Já não ouço só o eco! O Posto de Escuta escutou-me!

Mas a irrelevância actual da citação quase que me faz ter pena que o cruzamento de linhas blogspotianas que meteu um tal "internETC." no endereço do Cachapa não tivesse durado mais do que as dezenas de minutos que durou. Quase.

Soundbytes, é o que é. Às vezes perdem o sound e ficam só os bytes.

Spamesia (37)

Ontem houve um pouco mais de spam, mas não propriamente mais títulos sugestivos. Acabei por agarrar num "Where is it?" e por fazer um spamemazito de FC:

Onde está?

Olho à volta e não vejo na cidade bolbosa
nem sinal do ser sensível que vim procurar
vejo olhos e antenas, sete patas verrugosas
e no céu cor de ametista paracelsos a voar
mas não vejo em lado algum a tua pele preciosa
nem os olhos nem os beijos que aqui vim procurar
ó estrelas que tudo sabem do que foi e que será
falem dela a este bípede, onde está? Onde está?

terça-feira, 10 de junho de 2003

Ah!

OK, eram só coisas do Blogger. Afinal o Prazer Inculto tá de volta ao mesmo sítio. Vá lá.

Que é feito do Cachapa?

Que aconteceu ao blog do Possidónio Cachapa, que estava onde agora se encontra uma treta qualquer brasileira chamada internETC.?

Que raio se passa aqui?

Spamesia (36)

Mais um dia médio no que ao spam diz respeito, mas com poucos títulos claramente indicados para o fim em vista. Mesmo assim, houve alguns. Incluindo, claro está, o "lonely nights". Nada há de mais spamético que noites solitárias!

Noites solitárias

Muito se tem falado
um pouco por todo o lado
de estar só e da tristeza
que estar só causa
a quem quer estar com alguém
o que não é dito por ninguém
é que as noites solitárias
foram feitas para ouvir
os acordes do silêncio
e que o silêncio
é a nascente mais pura da pureza

segunda-feira, 9 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (3)

Como já sabem, o número de autores indicados uma vez para o ARGOS deste ano ascende à bonita cifra de 14, o que é mais do que todos os indicados de 2000, e é metade mais um dos indicados deste ano.

É um grupo cheio de estreantes nas andanças do ARGOS. São oito nomes novos, que se vêm juntar aos dois que estreiam com duas indicações. À primeira vista poderá parecer que se trata de uma onde da renovação na FC brasileira (e portuguesa), mas só em parte isso é verdade.

Vários dos nomes novos correspondem a autores que já andam por estas andanças há algum tempo. Os dois casos mais paradigmáticos são os de Daniel Alvarez (indicação impugnada - trata-se de um pseudónimo de Gerson Lodi-Ribeiro) e da portuguesa Maria de Menezes, ambos com carreiras com mais de 10 anos. Mas também entre os restantes (Alexandre Mandarino, Gian Danton, Luiz Felipe Vasquez, Marcia Kupstas, Marta Rolim e Paulo Elache) há autores com alguma experiência, a par de novidades absolutas, particularmente aqueles autores ligados à INTEMPOL.

Este grupo de 14 não se esgota, evidentemente, nos estreantes, e inclui alguns autores importantes também em edições anteriores do prémio e na FC de língua portuguesa em geral. Miguel Carqueija e Octávio Aragão têm a sua 5ª indicação, ambos têm nome firmado na FC brasileira, e o segundo alcançou, inclusive, um terceiro lugar em 2001 pelo conto que lançou o universo Intempol: Eu Matei Paolo Rossi. Roberval Barcellos, presença constante desde 2001, recolhe este ano a sua 4ª indicação. Ataíde Tartari e Luís Filipe Silva, sendo que este último é um dos principais autores portugueses, atingem a terceira indicação. Finalmente, Adriana Simon, depois de passar dois anos ausente das listas de indicados do ARGOS, regressa com a sua segunda indicação.

No próximo capítulo falarei um pouco de alguns dos ausentes.

Spamesia (35)

Ontem foi um domingo atipicamente calmo, na linha dos dias anteriores. Quase que se diria que o 10 de Junho se comemora em todo o mundo e que os spammers internacionais meteram uns diazitos de férias. Foram menos de 20 spams, dos quais poucos trouxeram títulos sugestivos. Mas, já que estamos a falar de ontem, havia um que me dizia "About yesterday". E eu respondi: "Então tá bem".

Acerca de ontem

Ontem foi o tempo das viagens de aventura
em que a morte se resumia a uma inconveniência
traçada a lápis na linha curva das vidas dos homens de ontem

Ontem foi o tempo da barbárie natural
do maniqueísmo, da eterna luta do bem contra o mal
se bem que nunca o bem fosse tão branco como diziam
nem o mal tão negro e pantanoso como o pintavam

Ontem foi o tempo enevoado da ignorância
um tempo de infância, o tempo dos terrores
dos monstros debaixo da cama ou escondidos
nas florestas de sombra, nos mares ou nas montanhas

Ontem foi o tempo que já passou
mas foi também o tempo que ficou
e que assalta os dias de hoje como ladrão
e assassino, roubando ao futuro a esperança
e ao passado a luz que emana da lembrança

domingo, 8 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (2)

Relativamente aos autores propriamente ditos, a lista de indicados deste ano é, como já vimos, mais extensa do que em anos anteriores, o que tem como consequência que há menos nomeações concentradas num número pequeno de autores. Este ano ninguém tem mais de 3 nomeações, e esse número só é atingido por dois autores: Carlos Orsi Martinho e Simone Sauerressig. Martinho é, aliás, e de longe, quem teve mais trabalhos indicados para o ARGOS durante os últimos quatro anos: nada menos que 17, dos quais um, As Dez Torres de Sangue, conquistou o segundo lugar em 2000. Sauerressig, com um total de 8 indicações, encerra o top-3 dos autores mais indicados, mas nunca teve nenhum trabalho premiado.

Segue-se a este duo um grupo de 11 autores com duas indicações cada. Neste grupo inclui-se Fábio Fernandes, o segundo mais indicado de sempre com as suas 9 indicações, e também o mais premiado graças ao primeiro lugar de 2002 com A Revanche da Ampulheta e ao segundo lugar de 2001 com A Vingança da Ampulheta. Lúcio Manfredi e Roberto de Sousa Causo têm este ano 2 das suas 5 indicações (Causo teve uma delas impugnada), e Carla Cristina Pereira, João Barreiros e eu próprio duplicamos as indicações, sendo que quer Pereira (3º lugar em 2001 por Xoxiquetzal e a Esquadra da Vingança), quer Barreiros (2º lugar em 2002 por Disney no Céu Entre os Dumbos) foram já premiados.

Gabriel Bozano e Rogério Amaral de Vasconcellos conseguem este ano mais uma indicação do que em anos anteriores, e André Carneiro, Ernesto Nakamura e Georgiana Calimeris estreiam-se no ARGOS em 2003, e logo a dobrar.

Deixarei para outro dia os 14 autores com uma indicação cada.

Spamesia (34)

Pouco spam, ontem, na minha inbox. Dá ideia de que os spammers resolveram fazer ponte. Também têm direito, julgo eu. De entre o que havia, saltou-me ao olho um cujo subject-line era "pebbles". Pebbles? OK, seja pebbles:

Calhaus

Os calhaus
são maus
não por serem maus
só por serem calhaus
do Big Brother aos saraus
está tudo cheio de calhaus
tão maus, tão maus
tão maus

sábado, 7 de junho de 2003

Este ARGOS e os outros (1)

Começo aqui uma série de posts acerca do prémio ARGOS, que mais tarde poderão vir a ser reunidos num artigo a ser publicado ou no E-nigma ou nalguma outra publicação, digital ou não, que se mostre interessada.

A ideia é fazer um apanhado geral do que tem sido o ARGOS nos últimos anos, comparando com a edição deste ano, analisando as indicações e os vencedores, categoria a categoria.

Começo pela categoria desde sempre mais disputada: a de melhor ficção. Trata-se de uma categoria que pretende premiar narrativas individuais, sejam contos, novelas ou romances, publicadas individualmente ou integradas em outras publicações.

Este ano foram indicados pelos sócios do CLFC como merecedores de disputar o prémio 42 trabalhos, tendo duas dessas indicações sido impugnadas. É o segundo valor mais elevado de sempre, só perdendo para o ano de 2001, em que houve 45 indicações (uma impugnação). 2002, com 27 indicações, e 2000, com 18, ficaram bastante longe destes valores.

Este ano é, por outro lado, o recordista no que se refere ao número de autores envolvidos nesta fase do prémio. 27 autores indicados (um impugnado) são bastante mais do que os 22 de 2001, 21 de 2002 e 13 de 2000. Já agora, eu chamo "autor" quer a autores individuais, quer a equipas, mas o único efeito prático que isso tem é o de fazer aparecer duas vezes nas listas o nome de Patati.

Ou seja, parece que os números frios e, quem sabe, pouco significativos, mostram um ceto progresso, pelo menos, no interesse que o prémio desperta.

Por hoje fico-me por aqui.

Spamesia (33)

Quem olhar para as horas deste post e do anterior pode ser levado a pensar que eu sou um ultra-rápido digitador de spamemas, capaz de arrotar dois posts com verso e rima em questão de segundos. Não será lógico, mas como nem toda a gente se rege pela lógica, há-de haver quem pense assim.

Mas não. Foi só o blogger que esteve marado e eu resolvi blogar em off-line para ir adiantando trabalho. Nada de mágico, nada de trágico, nada de sinistro, nada de ministro.

OK, spamesia, diz aquilo lá em cima. OK. Pois são os spams de sexta, rigorosamente trinta, com uma proporção invulgarmente alta de vírus, entre os quais apareceu um porno-spam intitulado "Dad and mom doing their daughter", uma visão decerto fascinante que aliará incesto com pedofilia com sabe-se lá mais o quê, e que eu resolvi reaproveitar, adrabando a tradução do título para um mais inocente "Papá e mamã a fazer a filhinha":

Papá e mamã a fazer a filhinha

Ver o papá e a mamã e fazer a filhinha,
ver o que eles fazem da coisinha e da pilinha
através do buraquinho onde entra a chavinha
é quase tão giro como comer um diospiro
por uma palhinha

Spamesia (32)

Voltando à liça, depois de um dia de ontem demasiado ocupado ou cansado para mexer uma palha bloguina, eis que me deparo com o spam de quinta-feira, heterogénea colecção de quase 30 exemplos dos mais variados tipos de lixo, entre as quais foi possível encontrar um exemplar do infame "nigerian scam" (ainda haverá patos a cair naquela esparrela?!) intitulado "AGREEMENT". E eu, sentindo o cinto a apertar o pneu, lá escrevi:

Acordo

De acordo, ser gordo é um fardo
mesmo se não comes que nem javardo
torresmos, mata-fomes, coisas de gordo
Mas vamos concordar também
aqui entre nós que não nos lê ninguém
que mais vale estar sentado
debaixo do bafo do ar condicionado
que bufar com falta de ar e suar ao calor

quinta-feira, 5 de junho de 2003

Spamesia (31)

Hoje estou preguiçoso. Ou muito ocupado com outras coisas, nem sei bem. Portanto peguei num spam em português intitulado "De um amigo" e:

De um amigo

De um amigo espera-se mais do que
girar em círculos à volta do umbigo

quarta-feira, 4 de junho de 2003

Xavi

O Blogaris é um bocado intermitente e encapsulado em si mesmo, sem comentários nem mesmo um endereçozito de email. Mas está a criar um universo coerente e, de vez em quando, bastante interessante.

É o caso do último mini-conto (ou fragmento, ou o que seja), postado ontem e intitulado Xavi. Vão lá ler, que é giro.

Edit de 2008: don't bother... a coisa morreu há anos.

Spamesia (30)

Um mês de spamesia! Em geral, um spamema por dia, sem esperar por inspirações ou musas e restrito aos títulos do spam do dia. E pela primeira vez dei por mim a esperar com antecipação as surpresas que me reserva o lixo diário!

Ou seja, o objectivo principal disto, o de pôr alguma utilidade num dilúvio irritante de coisa nenhuma, foi não só alcançado como ultrapassado. E se, no processo, produzi alguma coisa de válido, isso é um bónus inesperado.

Bem, mas vamos ao de hoje. Pouca coisa por onde escolher, com muitos títulos sem qualquer significado, acabei por me virar para um "Contact her", e:

Contacta-a

Quando olhas outros olhos e os vês inseguros
quando as mãos se apertam em gestos nervosos
quando os sopros do vento te trazem murmúrios
quando as paisagens do sonho se cobrem de carícias
estende a mão para a nascente de todas as delícias
e contacta-a
a consequência do gesto será a que tiver de ser

terça-feira, 3 de junho de 2003

E prontos, o Filipe Faria já não é o Tolkien português

Pois é, meus amigos. Quando a Lusa, certamente na ignorância do título duramente conquistado pelo jovem criador das Crónicas de Allarya, chama "Tolkien português" a outro gajo, o pobre do Faria não tem outra hipótese que não seja resmungar uns quantos impropérios contra a futilidade da imprensa e ir escrever mais uma arrasadora crónica. De preferência para Allarya.

Portanto, meus amigos, é oficial e até já vi passar em rodapé no telejornal: Ricardo Pinto é o novo "Tolkien português". O rei morreu, viva o rei!

Spamesia (29)

Ontem foi preciso esperar pelo último dos 31 spams do dia para encontrar o título mais adequado: "Fountain of youth". O resultado volta a ser ficção científica, mas provavelmente não será bem aquilo de que vocês estariam à espera:

Fonte da juventude

No país deserto havia uma fonte
de água tão amarela como a areia
mesmo ao lado, no alto dum monte
uma torre erguia-se como uma ideia

Quem bebia da água amarela
saboreando a sua doçura granulada
sentia um calor a descer a goela
assaltando os pêlos, a crista reclinada

Espalhava-se o calor pelo corpo inteiro
em ondas de dunas, ao luar vermelho
e das bossas antigas saíam primeiro
duas asas cobertas de couro velho

O bebedor voava, ao luar de prata
e pousava na torre pela última vez
aí havia um cofre numa pequena mata
e túmulos agrupados três a três

Do cofre retirava uma chave bizarra
abria um túmulo e cheirava o ar
se estivesse vazio, atava uma amarra
e ficava à espera de se transformar

Mas se contivesse um ovo cinzento
as asas caíam, partia-se em dois
a seu modo, um renascimento
um retorno à juventude, pouco depois

Era então que um dos jovens partia
rumo a nova vida, pela escadaria
e o outro ainda ficava mais um pouco
e bebia do ovo as velhas memórias
as velhas derrotas, as velhas vitórias
do seu novo eu, ali deixado pelo passado

Portugal e o ARGOS

Mais uma entradazita bloguiana acerca do ARGOS, desta vez para falar da representação portuguesa num prémio que embora seja aberto a toda a língua portuguesa, acaba por ser apenas luso-brasileiro dada a inexistência, que se saiba, de literaturas de FC&F nos restantes países lusófonos.

Então, que há de português nesta edição do ARGOS? Além das minhas coisas, já referidas abaixo, aparece o nome de João Barreiros, com duas nomeações: Não Estamos Divertidos e Quatro Milhões de Lolitas. Luís Filipe Silva também lá aparece com uma indicação, por Pequenos Prazeres Inconfessáveis. E, a rematar o quarteto português, surge o nome de Maria de Menezes, indicada por Boas-Vindas. À excepção do primeiro trabalho de Barreiros (e dos meus), todas as outras indicações portuguesas surgem através da antologia Como era Gostosa a Minha Alienígena!, sendo que há duas indicações brasileiras que aparecem através duma publicação portuguesa: as duas indicações de Gabriel Bozano, por contos publicados no Dragão Quântico e no E-nigma.

Por fim, a melhor publicação concorre ainda o site Tecnofantasia, do Luís Filipe Silva.

E tudo o resto é verde e amarelo...

segunda-feira, 2 de junho de 2003

Ainda sobre spam

Há bocadinho uma habituée das caixinhas comentariais do Blog de Esquerda (e de outros blogs de elite - este não é um deles, evidentemente) meteu num dos seus múltiplos comentários um link muito útil. Pitonescamente útil. Vão lá vê-lo e digam-me depois se não tenho razão.

Spamesia (28)

Pronto, cá está! Vocês, os 3 ou 4 visitantes habituais deste blog, que sem dúvida vêm cá apenas na expectativa de ver quando é que a spamesia se debruça sobre o pungente tema do tamanho do pénis ou dos tratamentos para a disfunção eréctil que, como toda a gente sabe, constituem pelo menos 60% de todo o spam (sendo o restante constituído por publicidade a sites XXX-hot, claro. OK, exagero...), vocês, dizia eu, têm aqui finalmente aquilo que há muito esperavam. Pronto. Ainda resisti quase um mês, mas acabei derrotado, como era obviamente inevitável desde o início.

Pois o spam ontem escolhido entre 40 mensagens foi o "Better is bigger", e:

Melhor é maior

Ah? Afinal dizem-me que há diferença?
Que o tamanho é mais relevante do que se pensa?
Que um pénis de 20cm precisa de prótese?
Que, em síntese
entre glande e testículo tem de haver
mais carne do que a que se consegue ver?

E eu que pensava
que o tamanho não interessava!

Eu e o ARGOS

Pois lá tou, mais um ano, nas listinhas do ARGOS, prémio brasileiro que premeia os trabalhos que são considerados os melhores na FC e fantástico em língua portuguesa. Mais um ano sem a mínima ilusão acerca de me aproximar sequer dos 3 finalistas (pena que não há prémio para melhor livro, que O Planeta das Traseiras era um dos dois indicados), mas é sempre saboroso fazer parte das listas.

E estou nas listas com o quê? Com Sally e com No Vento Frio de Tharsis, a concorrer a melhor ficção com mais 38 trabalhos, e com o E-nigma na luta pelo prémio de melhor publicação entre 16 revistas, fanzines, ezines, etc.

Este ano, os portugueses também podem votar, o que põe mais algum equilíbrio nas possibilidades das publicações em papel, que têm grandes dificuldades em atravessar o oceano. Isso talvez impeça a Sally de sair da liça com um rotundo zero no número de votos. Mas pouco mais.

Desejo boa sorte a todos, e que ganhem os melhores. Eu sei quem são. Não sou eu.

domingo, 1 de junho de 2003

Spamesia (27)

Se sexta-feira houve pouco spam, no sábado houve ainda menos: 12 mensagens apenas (e duas eram de vírus). No meio da escassez, lá deu para desencantar uma que anunciava que "Your Car troubles are over Friend" (assim mesmo, com estas capitalização e sinalização criativas), e eu lá desarrinquei qualquer coisinha sobre o assunto:

Os teus problemas com o carro acabaram, amigo

Os teus problemas com o carro acabaram, amigo
agora somos nós os donos do petróleo, nós definimos
as regras do jogo, nós marcamos os preços, nós
distribuímos energia ao nosso critério, tu, amigo
poderás escolher entre ser amigo e não ser, portanto
entre recebê-lo e não o receber. Seja como for,
acabaram para sempre os teus problemas com o
carro. De futuro, os teus problemas serão connosco.

Spamesia (26)

Pouco spam, anteontem, mas a "Nancy" foi uma querida e enviou-me uma mensagem intitulada: "Don't wait until the storm approaches!". Não podia resistir a tal apelo, logo:

Não esperes até que a tempestade se aproxime

O tempo pode parecer-te calmo quando te levantas de manhã
pode ser que não haja vento e que os pardais saltem no passeio
presos apenas do nervosismo típico da condição de ser pardal
pode ser que o sol brilhe e a terra quente lhe envie ondas de ar
fazendo rodopiar folhas mortas e sacos de plástico num bailado
pode ser que não se ouçam os estrondos dos motores de aviões
que evoluem em manobras para lá do horizonte, sobre o mar
sobre a imensidão amarela do deserto, pode ser que o vento
seja demasiado fraco para te trazer o cheiro do óleo dos motores
e dos milhões de litros de combustível que estão ali, prontos a usar
pode ser que não ouças os gritos dos assassinos
os primeiros gritos dos primeiros assassínios
os primeiros disparos, as primeiras explosões
os primeiros vagidos de morte, as últimas vontades das primeiras vítimas
pode ser que nem notes que a tempestade se vai construindo
peça a peça, para lá dos teus horizontes imediatos
mas há sempre sinais, há sempre rumores, há sempre aragens geladas
se estiveres com atenção, notá-los-ás, e não terás dúvidas
podes fingir que não vês, fugir para um qualquer dos mundos de esquecimento
mas haverá um momento em que não poderás fugir mais
e terás de enfrentar a tempestade, talvez tarde demais
Não esperes que ela se aproxime, não te escondas do inevitável
porque quando os assassinos preparam as suas armas
é sinal de que chegou a hora para lutar