quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Ficção real ou realidade ficcional?

Houve duas coisas que me fizeram regressar hoje ao blog (desculpem a longa ausência, a propósito, mas tenho bons motivos): o Sagan e um comentário.

Do Sagan já tratei na posta abaixo. Com uma profundíssima vénia. Vamos, então, ao comentário.

É que não podia deixar em claro o comentário que uma tal Dora deixou hoje na Spam Fiction nº 3, A triste sina de uma rapariga triste. Respondendo, presume-se, ao remate do conto ("sou uma rapariga triste, presa numa eterna adolescência."), a dorita retorquiu com um laminar:

És mas é uma estúpida!!


E eu achei delicioso.

Não faço ideia se a Dora percebeu ou não que aquilo era um conto. Ficção. Falso. Que não é a rapariga triste quem escreve neste blog. Que não é a rapariga triste quem irá ler o comentário. Se percebeu, o ter entrado no jogo é delicioso; e se não percebeu, o próprio facto não o é menos. Achei um piadão.

Beijoca, Dorita. Na testa, não vãs ser também tu adolescente, e a beijoca ser subvertida pedofilamente. Mereceste-a.

Cosmos

Apesar de milhares de anos de tradição que nos tenta convencer do contrário, nada existe mais maravilhoso do que o verdadeiro funcionamento do universo.

Sagan sabia-o bem.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Comentário a Rui Tavares



O Rui Tavares pôs hoje no blogue dele uma posta salomónica, com a qual concordo quase por inteiro. Mas como falta o quase, tentei deixar lá um comentário a explicar o quase que falta. Só que o weblog.com.pt está transformado na maior porcaria que já vi e o comentário não entrou. Assim, aqui fica:

Hm... não pode ser que andes a ler o que eu escrevo em sites de redes sociais... ou pode? Não, não pode!

Como já tinha escrito noutro sítio muito do que escreveste aqui, em forma condensada, menos desenvolvida e menos clara, o amen é óbvio e evidente. Só num ponto discrepo, e discrepo de modo fundamental: nos clássicos.

Não, não devem ser os clássicos a fornecer o esteio do ensino da literatura. Os clássicos atraem os miúdos que gostam de história mas afastam e reforçam o preconceito de que ler é chato em todos os outros. O ensino da literatura deve ser equilibrado, com material clássico, moderno, futurista, etc. e tal e coiso, mas fundamentalmente com material que não só seja boa literatura mas seja também divertido. Que ensine aos putos que ler pode estar muito longe de ser a seca que pensam que é.

Só assim se vai lá. Não com clássicos cheios de teias de aranha e chatos como a potassa, e/ou demasiado complexos para mentes imaturas, descrevendo mundos que não só já não existem mas que não lhes interessam nem um bocadinho. Ainda me lembro das estuchas que apanhei na escola a tentar ler alguns clássicos; se não tivesse já o hábito de ler e livros que realmente me interessavam com fartura, estou convencido de que teria pura e simplesmente desistido.

Declaração de voto

Não, não sou a favor de que se humilhem na praça pública, julguem nos tribunais e encarcerem nas prisões as mulheres que abortam. Basta isso para que vote SIM no referendo que aí vem. Evidentemente.

Oliveira vs. Fernandes

Daniel Oliveira espanca sem contemplações aquele projecto de assessor de imprensa dum partido qualquer de direita chamado José Manuel Fernandes. Imperdível.

(Cada vez mais triste Público!)

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Outra coisa que não percebo no Toni Vitorino...

É porque é que ele faz questão de pronunciar todas as consoantes mudas. Não é tanto o caso de "eurocéptico", cujo p muita gente pronuncia, mas quem, além do Vitorino, pronuncia o c de "acção"?! É mais esquisito ouvi-lo dizer "akção" do que escrever "ação", juro.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Cá está ele, o segundo

Cá está já o boneco de capa do segundo livro traduzido por mim, aquele que fui apresentar a Lisboa, no Fórum Fantástico, por indisponibilidade de última hora do autor, Harry Turtledove. É um romance quase com 500 páginas que me deu uma trabalheira imensa e uma satisfação enorme quando cheguei ao fim do trabalho pelo simples facto de ter sido capaz de chegar lá.

Explicando-me:

Aceitei o trabalho sem saber bem se seria capaz de o levar a bom termo, consciente de ser um desafio considerável, mas sem saber que seria tão grande como acabou por revelar-se. Aceitei-o porque precisava do trabalho e do respetivo pagamento, depois de uma leitura em diagonal que me deu uma ideia, só parcialmente correta, sobre aquilo que teria de enfrentar. Este é um romance de vulto, cheio de passagens em inglês do século XVI, passagens ou retiradas diretamente das obras do Shakespeare e de outros poetas/dramaturgos do tempo, ou adaptadas a partir dessas mesmas obras. Algumas estão claramente visíveis sob a forma de versos, outras estão dissimuladas no texto, à espreita de olhares atentos. A leitura em diagonal apanhou as primeiras, mas não as segundas. E tampouco apanhou a miríade de trocadilhos e subtilezas de linguagem que enriquecem o romance, detalhes esses que me esforcei por manter ou adaptar para que essa riqueza não se perdesse. É que foi só ao trabalhar este texto que me apercebi de até que ponto poderia ser arruinado por uma má tradução. E ainda por cima, o editor tinha prazos apertados por causa da projetada vinda do Turtledove a Portugal... E ainda por cima, esta era apenas a minha segunda tradução de vulto...

Mas consegui. Em cerca de dois meses tinha a coisa pronta, mesmo subestimando grosseiramente a dificuldade da tarefa (e arrependendo-me várias vezes de a ter aceite ao longo do caminho).

Na verdadeira atividade desportiva radical que foi aquela apresentação no Fórum Fantástico, tanta era a adrenalina que me corria nas veias, fiquei a saber mais algumas coisas. Parece que fui o terceiro tradutor daquele livro, tendo os dois primeiros renunciado ao trabalho, por algum motivo que desconheço (mas imagino). E parece que, segundo o próprio autor e várias outras pessoas que o leram em inglês, este romance em particular é especialmente difícil de traduzir. Foi bom de ouvir. E também foi bom ouvir o editor a elogiar-me o trabalho. Num país de elogio difícil, como o nosso, os que surgem são ainda mais preciosos.

Estou contente com o meu trabalho, e gostei bastante do livro em si. Não os acho perfeitos, nem o trabalho nem o livro, mas ambos me satisfazem. O livro por ser divertido, espantosamente bem pesquisado e sólido, cheio de personagens e cenários palpáveis, e o meu trabalho por me parecer que, mesmo tendo a componente de traição inevitável em todas as traduções, mesmo com uma gralha ou outra, não sofre quase nada com a minha inexperiência e acaba por estar mais ou menos ao nível da de A Cor do Céu, um livro não só muito mais curto, mas também quase infinitamente mais fácil de traduzir. Se esse nível é ou não bom, não me cabe a mim dizer. Leiam-no e digam-me vocês.

(Se clicarem na imagem da capa, ali em cima, poderão vê-la maior - embora sem o nome do autor e mais algum texto que consta da capa verdadeira - e ler aquilo que a editora tem a dizer sobre o livro)

Toni Vitorino e os "Eurocépticos"

Estou aqui a ouvir o Toni Vitorino, e está-me a soar a eurocepticismo. Fala o homenzinho da Holanda e do resultado das eleições holandesas, dizendo que "subiram os eurocépticos da esquerda e da direita". Como é que ele sabe que os que subiram são eurocépticos? Nada mais simples: quem está/esteve contra o abortado projecto de constituição europeia, é eurocéptico; quem está/esteve a favor, não é.

Ou seja, eu, europeísta, que nada tenho contra uma constituição europeia que não seja um documento neocon da cabeça aos pés, bem mais reaccionário do que a constituição portuguesa, sou eurocéptico. Eu, europeísta, que seria favorável a um documento que protegesse o sistema social europeu em vez de ir buscar inspiração ideológica aos Estados Unidos da América, sou eurocéptico. Para ser europeísta, eu, europeísta, teria de apoiar um documento eurocéptico, que recusa aquilo que a Europa tem de melhor. Como não apoio, sou eurocéptico. Eu, europeísta. Eurocéptico.

Por isso, cheira-me que o Toni Vitorino, o europeísta, é um eurocéptico. Diria mesmo mais, à Dupond (ou será Dupont?): um ganda eurocéptico.

O século XXI é mesmo muito complicado! Fosga-se!

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Solidariedade

Tens a minha, Bandeira. Total.

Eles sabem lá o que custa a quem se deita tarde e a más horas para tentar (finalmente) aproveitar algum do sossego que só a noite traz para realizar um pouco de trabalho útil ser assim arrancado ao descanso por martelos e rebarbadoras. Eles sabem lá.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

De volta...

... ajoujado sob o dobro do peso que me acompanhou até Lisboa, satisfeito com a parte que me coube no Fórum e por um lançamento de livro à tarde de um dia de trabalho e sem o autor presente não ter sido o completo desastre de público que temi que fosse, com todos os músculos a protestar violentamente e uma tremenda dor de garganta a servir de cereja no topo do bolo do incómodo corporal, chateado por não encontrar na FNAC o que precisava de encontrar (alguém conhece em português algum livro de referência que fale de mitologias célticas e germânicas?), com um guarda-chuva a menos no inventário pessoal, certamente o guarda chuva que menos tempo passou na minha posse pois foi comprado no próprio dia da partida para Lisboa, com muitas novidades a dar a várias pessoas, e com centenas de mensagens de email por tratar.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Viagem

Nos próximos dias vou estar aqui. Entre outras coisas vou apresentar um livro que traduzi e que não era suposto ser eu a apresentar. Vemo-nos lá?

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

O meu segundo livro

Se eu fosse editor, nunca editaria este livro. Um editor quer é vender livros, e quem sou eu? Um Zé Ninguém, cujo nome não atrai potenciais compradores além de um punhado de amigos e conhecidos. Uma edição que tenha o potencial de vendas que este livro tem é uma edição condenada a dar prejuízo.

Mas perguntaram-me algumas vezes por que não reunia em livro as crónicas que publiquei entre 2000 e 2002 no jornal Região Sul. Mas aconteceu algumas vezes que tive de ir perder muito tempo a vasculhar velhos jornais poeirentos à procura de uma ou outra dessas crónicas para mostrar a alguém, ou para verificar se tinha mesmo escrito isto ou aquilo. Mas quis testar-me, verificar se conseguia pôr sozinho um livro cá fora, fazendo eu tudo, da capa à paginação, da revisão às esotéricas esquisitices dos depósitos legais e ISBNs. E etc.

Vai daí, decidi fazer esta edição. O livro chama-se Os Pés e a Cabeça, título que é idêntico à designação genérica das crónicas do Região Sul. Contém uma variedade razoável de assuntos, embora pendendo mais para a política em todas as suas vertentes, do local ao regional, do nacional ao internacional. Contém duas ou três coisas que se assemelham mais a contos do que propriamente a crónicas. Contém humor e também irritações. Contém 164 páginas de prosas várias.

Suponho que quando se fizerem as contas, daqui a uns anos, se chegue à conclusão de que se acabaram por imprimir, ao todo, uns 30 exemplares deste livro. Mas ele aí está, para quem o quiser ler, e pela parte que me toca, agora que já o tenho na mão (demorou 11 dias a ser impresso e a chegar-me pelo correio), posso dizer que satisfaz plenamente o que esperava dele. E, como objeto, é um livro igualzinho aos outros, com uma encadernação impecável e uma impressão bastante boa.

Quanto a vocês, se gostam da maneira como escrevo talvez gostem deste livro. Se vos agradam os posts mais políticos e mais elaborados que têm lido aqui na Lâmpada talvez gostem deste livro. Talvez não seja um bom presente de natal para dar aos amigos e à família, mas se me quiserem dar a mim um presente de natal, podem encontrá-lo à venda aqui. Clicando na imagem, podem ver a capa em tamanho maior, e nas ligações que estão por baixo podem ver a contracapa e podem espreitar as primeiras dez páginas, que incluem a introdução, o índice e as duas primeiras crónicas (ainda num registo um pouco inseguro... afinal, sempre foram as primeiras).

sábado, 11 de novembro de 2006

Este blogue passa a ser escrito no português do acordo

A partir de hoje, a partir deste post, este blogue passa a ser escrito no português do acordo ortográfico. Por vários motivos: porque parece que só quando a sociedade civil se mexer é que o raio dos políticos (e os senhores linguistas que estão à espera não sei de quê para porem cá fora o Vocabulário Geral) desempacam esta obra de Santa Engrácia. Porque a resistência passiva de muita gente deste lado do Charco tem a ver com uma ideia errada que se gerou de que ia mudar muita coisa no modo de escrever português. E porque eu quero já estar completamente adaptado quando chegar a hora de ver o acordo finalmente adotado e em uso.

Adeus consoantes mudas!

Para os curiosos, imperfeitamente informados e desejosos de mais informação, o acordo pode ser encontrado, por exemplo, aqui.

(é provável que cometa algumas gafes. Corrijam-mas, sim?)

Alguém se junta a esta espécie de "movimento"?

Sites em baixo

Escusam de tentar ir aos sites em ficcao.online.pt. Estão em baixo. Até quando? Isso também eu queria saber...

E contactos comigo, só pelo endereço de gmail. Ou por Instant Messaging...

Entretanto, podem é ir já começando a pensar em ficcao-online.com.pt para o futuro. O domínio está adquirido, e passará a ser o principal num futuro que espero próximo.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Sondagens

Isto até seria uma ideia engraçada, mas com aquele grau de participação torna-se um bom bocado ridículo.

Ah, sim, é verdade...

Já me esquecia de avisar: estou sem correio em ficcao.online.pt. Os sites, por enquanto, funcionam mas não me é possível actualizá-los (o FTP dá erro), embora — estranhamente — o WordPress que lá tenho instalado funcione. Qualquer coisa, contactem-me via gmail.

Não faço ideia de quanto tempo isto irá durar.

Acabou de esgotar-se a paciência

O último benefício da dúvida que dei ao meu alojamento, o Netcode, acabou de esgotar-se. é pena: forneceram-me um bom serviço durante alguns anos, mas desde há alguns meses a esta parte a única palavra capaz de descrever aquilo é "lastimável". A paciência esgotou-se hoje. E vou mesmo passar pelo (sempre traumático) processo de mudança. Começa agora mesmo com um telefonema.

Fui plagiado!

Onde está o freedomtocopy quando é preciso?

;-)

domingo, 5 de novembro de 2006

Aquecimento local

Hoje saí para a rua de t-shirt, durante o dia, e senti frio. Foi a primeira vez este ano. E não estamos em Setembro; estamos em Novembro.

sábado, 4 de novembro de 2006

Palestina em discurso directo

Daniel Oliveira fala das suas impressões de uma viagem ao gueto palestiniano, acompanhando o relato de viagem com fotografias muito pesadas demais (mas ao menos não são tantas como no texto sobre a viagem a Damasco, que simplesmente me bloquearam o computador).

Façam um favor a vós próprios e leiam.

A Lâmpada Mágica, Dezembro de 2004

Certamente o mais curto dos meses da Lâmpada...

Diversos

- Feliz ano novo

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Ao pessoal que veio cá ter via Corta-Fitas

Olá, rapaziada. Talvez se sintam desapontados com o que viram por aqui, pois este é um blogue pessoal, com muito pouco de ficção científica. Deixem-me, portanto, redireccionar-vos para outros sítios, caso seja mesmo a FC que procuram. Para este, por exemplo. Ou para este. E, quem sabe, talvez nos encontremos por aqui.

E não se esqueçam de seguir os links que encontrarem nesses lugares.

Voltem sempre.

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Dois posts bestiais

Há dias em que dá gosto visitar a blogosfera. Hoje é um desses dias, logo com dois posts bestiais, O fim do mês como problema político, de Rui Tavares e Universo de plástico, de Ludwig Krippahl.

E agora, vou trabalhar. De barriga cheia.

Pato de internet

De vez em quando surge-nos à frente uma expressão tão genial que dá vontade propagar. Esta apareceu-me ontem e tem origem brasileira. "Já que pato é aquele bicho que nada, mas nada mal, anda, mas anda mal, canta, mas canta mal", escreve o amigo de quem li a expressão, assim o pato de internet seria aquele "tipo de pessoa que se mete a dar palpite no que lhe dá na cacholeta, mesmo que não entenda nem medianamente do assunto (o que costuma ser a regra)".

É brilhante.

Mas atenção: o verdadeiro pato de internet não deve ser confundido com aproximações parciais e pontuais, como a do Nuno Seabra Lopes quando se mete a discorrer sobre o caso de takeover do bloque freedomtocopy, blogue que ou foi fechado pelo seu criador e reaberto, no mesmo endereço, por outra pessoa - o que custa a crer - ou foi simplesmente roubado, chamando-lhe "reencaminhamento para um outro blogue promocional da obra Equador". E apetecer-me-ia perguntar por que motivo um acto que será pouco ético caso se confirme (a denúncia de plágio feita com base em manipulação da realidade) é condenável ao passo que um outro acto pouco ético (o roubo de um endereço electrónico com substituição de conteúdo) já é "genial" e digno de aplauso.

Não, o Nuno Seabra Lopes não é um pato de internet. Limitou-se a fazer figura de pato de internet naquele post. São coisas diferentes.

domingo, 29 de outubro de 2006

Iniciados?

Nunca compreenderei, parece-me, a mania que há por aí de pôr os iniciados acima do comum dos mortais. Então não é em seniores que se ganha dinheiro?

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Como te compreendo...

A angústia de quem quer escrever FC nos dias que correm...

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Qual a importância...

Mais uma busca deliciosa que veio ter aqui à Lâmpada:

- "Qual a importancia do fato a língua dos sapos e rãs solta atras e presa na frente"

Suponho que o/a visitante não terá saído daqui esclarecido/a...

And now for something completely different: deeeeep life!

Vida profunda foi o que encontraram num buraco escavado quase 4 km abaixo da superfície terrestre, na África do Sul. Bactérias, claro, mas umas bactérias especialíssimas que retiram a sua energia não do Sol, não de reacções químicas, mas do decaimento radioactivo das rochas no interior da Terra. Parece que estão isoladas do resto da biosfera há pelo menos três milhões de anos, se bem que a incerteza neste número é tão grande que pode chegar aos 25 milhões de anos...

Em tempos, pensou-se que toda a vida dependia do Sol para sobreviver. É com base nessa ideia que ainda hoje se procuram noutros locais indícios de vida. Mas essa parece ser cada vez mais uma ideia errada. O Sol limita-se a ser a fonte mais acessível de energia, nada mais.

É oficial: o tipinho não passa dum aldrabão de feira

Não nutro grandes simpatias por este governo, por vários motivos, entre os quais ser tão PPD como o PSD. Mas quando vejo aldrabões de feira como este a tentar passar mentiras como verdades com o fito único de fazer propaganda, irrito-me.

Ontem assisti ao noticiário da RTP, à noite. Estava também online, no ICQ, a trocar mensagens com um amigo. Antes de as reportagens sobre o mau tempo chegarem ao fim, comentei com esse amigo o tempo que a coisa estava a durar. A mensagem ficou registada no log; eram 20:10. As reportagens ainda prosseguiram mais uns minutos. Depois, o noticiário passou a outros assuntos e a seguir ao intervalo voltaram a esse durante mais uns 4 ou 5 minutos, para reportagens sobre o que se passou no Sul. E hoje, já agora, voltei a ver (na RTP) longos minutos de reportagens sobre o que se passou ontem, incluindo as críticas do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses à organização dos serviços de protecção civil. Provavelmente vê-las-emos de novo logo à noite.

Quanto às mentiras deste "fv" (que parece que é autarca em Tavira; pobres tavirenses) são isso mesmo: mentiras. É oficial: o tipinho não passa mesmo dum aldrabão de feira. É pena. Mas parece que, salvo honorabilíssimas excepções, a direita portuguesa só tem gente rasca deste género.

Quanto ao seu blogue vai ser mesmo desinfectado da minha lista de blogues assim que arranje tempo e paciência para fazer uma reformulação geral da dita-cuja. Há outras coisas a remover (blogues mortos e outro lixo), e uma quantidade de coisas novas a acrescentar.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Nojo do esqueleto

Não é um romance, é um conto. Magnífico. De Ray Bradbury.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Delicious searches

Muitos dos blogueiros que conheço (e mesmo sem ser blogueiros; basta terem um site) divertem-se com as buscas que trazem visitantes às suas páginas. Não sou excepção. Hoje ri-me com duas:

- homens nus famosos que mostre o rosto e o pênis
- frases de agradecimentos pele chegada do bebe

Ó pró sorriso aqui: :)

Eles não me perguntam, mas eu respondo

Os tipos que fazem sondagens nunca me perguntaram nada na vida. Minto: uma vez fui interrogado "à boca das urnas" sobre o sentido do voto que tinha acabado de despejar na caixinha. E foi tudo.

Pois bem, resolvi que também tenho direito a responder, mesmo que eles não me perguntem. Portanto aqui vão as minhas respostas sobre a tal sondagem da Católica de que muito se fala por aí. E justificadas, que é coisa que nunca se vê em sondagens.

P: É a favor ou contra que haja educação sexual nas escolas?

R: Vou com a maioria, claro. Sou a favor, e sem a mínima hesitação. Embora ache que o ideal seria se a educação sexual fosse dada pela família, sei perfeitamente que a maioria das famílias se demite dessa tarefa até ser tarde demais ou presta informação errada às crianças. Por esse motivo, a existência de educação sexual nas escolas é um imperativo de saúde pública.

P: Acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte de um paciente com doença incurável ou dolorosa, desde que o doente assim o solicitasse?

R: Também vou com a maioria, ao achar que deveria ser legal. Se há coisa de que uma pessoa deve poder dispor sempre é da sua própria vida. Nenhuma instituição deve arrogar-se o direito de impedir que alguém procure pôr termo a uma sobrevivência insuportável.

P: E se o doente estivesse em estado de coma: acha que deveria ser legal ou ilegal para um médico provocar a morte desse doente a solicitação dos familiares?

R: O Pedro Magalhães que me desculpe, mas esta pergunta está mal elaborada. Há comas e há comas. Há comas ligeiros de que as pessoas têm grandes possibilidades de despertar, e há comas profundos e irreversíveis, dos quais ninguém desperta. E há ainda todas as variações possíveis, todos os gradientes, entre um tipo de coma e o outro. E parece-me óbvio que a resposta perante uns e outros tem de ser diferente. Por isso, junto-me aos 15% que não respondem.

P: Acha que a prostituição devia ser uma actividade legal ou ilegal?

R: Junto-me, uma vez mais, à maioria e acho que devia ser legal. A prostituição é uma actividade degradante em si mesma, mas é muito pior do que poderia ser por envolver ilegalidade e clandestinidade. Julgo que legalizando a prostituição seria possível combater mais eficazmente o tráfico de mulheres, seria possível controlar mais eficientemente as condições sanitárias de quem se dedica a essa actividade (lá está: saúde pública) e provavelmente também seria uma forma de diminuir o próprio mercado. Frutos que deixam de ser tão proibidos assim, se calhar, já não apetecem tanto.

P: Acha que o consumo de marijuana ou haxixe devia ser legal?

R: Estou em minoria, mas acho sem hesitação que devia ser legal. Embora não seja tão inócuo como alguns dos seus defensores querem fazer crer, o consumo de marijuana ou haxixe é menos prejudicial do que o consumo de tabaco ou mesmo de álcool. Algum consumo de haxixe é, mesmo, medicinal (tal como o de álcool, aliás). E é falso que sirva de degrau para as drogas duras: só uma muito pequena percentagem dos que fumam haxixe ou marijuana dá esse salto, e se calhar dão-no mais facilmente porque o mesmo traficante que lhes vende haxixe também tem coca, speeds ou cavalo para vender. A venda de haxixe em estabelecimentos autorizados, como se faz na Holanda, parece-me absolutamente urgente.

P: Acha que seria bom ou mau que as mulheres pudessem ser ordenadas como sacerdotes na Igreja Católica?

R: Estou-me nas tintas. Estou totalmente a favor da promoção da igualdade, mas isso é em organizações públicas e na vida de todos os dias. Não me interessa meter o nariz no que fazem organizações privadas às quais não pertenço e que rejeito activamente, como a igreja católica (e agradeço, já agora, que essas organizações não tentem meter o nariz naquilo que não lhes diz respeito, como a minha vida). Se promovem a discriminação, isso é apenas mais um motivo para que eu as rejeite, mas não acho que tenha o direito de opinar sobre a sua organização interna. Que essas organizações não ajam de igual modo comigo, procurando impôr a sua moralzinha hipócrita à sociedade como um todo, só demonstra a sua inferioridade moral e não é razão para eu passar a agir de igual forma, bem pelo contrário. Ou seja: estou nos 20% que não respondem.

P: Acha que a investigação com células estaminais obtidas de embriões humanos devia ser permitida ou proibida?

R: Permitida, claro. Não só porque essa investigação poderá vir no futuro não muito longínquo a salvar muitas vidas (incluindo a minha, se calhar), como porque essas células estaminais são em geral recolhidas de embriões excedentários que caso não sejam aproveitados para investigação são, pura e simplesmente, deitados para o lixo.

P: É a favor ou contra a existência de quotas para as mulheres em lugares políticos elegíveis?

R: Não sei. Já fui frontalmente contra, achando que as mulheres se devem impôr na política pelas suas próprias qualidades, e não através de métodos artificiais de discriminação positiva. Já o fizeram em muitas outras actividades e não vejo nenhum motivo para que não o façam também na política. Mas há alguns argumentos pró-quotas que fazem sentido, de modo que hoje em dia estou mais numa posição de esperar para ver. Continuo a inclinar-me para o "contra", mas não com força suficiente para escolher essa resposta.

P: É a favor ou contra a pena de morte para pessoas condenadas por homicídio?

R: Completamente contra. Por um motivo simples: a justiça não é perfeita e comete erros. Já é suficientemente mau que se destruam as vidas de inocentes, prendendo-os e, por vezes, condenando-os, mas é intolerável que além disso ainda sejam assassinados pelo Estado. Se a ideia de ser cúmplice no assassínio de um culpado já me perturba, a possibilidade de assassinar um inocente é intolerável.

P: Acha que duas pessoas do mesmo sexo devem poder...

R: Casar. Do mesmo modo que não me meto no que fazem as instituições privadas, muito menos penso que tenho o direito de meter-me no que fazem indivíduos adultos e conscientes das suas acções. Se é casar que querem, pois que casem e sejam felizes. Também acho, já agora, que se preferirem "formar uniões com os mesmos direitos legais de um casamento" ou "formar uniões só com alguns dos direitos legais de um casamento", ou nenhuma das anteriores, também deviam poder fazê-lo.

P: Acha que pessoas homossexuais devem poder adoptar crianças?

R: Estou nos 8% que não sabem. Acho que aqui as crianças se sobrepõem aos direitos individuais dos adultos. Não fosse isso, responderia claramente que sim. Mas não sei que efeitos tem sobre as crianças serem educadas por casais homossexuais, se é que tem alguns. Precisava de saber mais para responder a esta.

P: Em geral qual acha que devia ser o objectivo mais importante para a nossa sociedade hoje em dia?

R: Encorajar maior tolerância em relação a pessoas com diferentes tradições e estilos de vida, sem sombra de dúvida. Os valores sociais e morais tradicionais, na sua esmagadora maioria, deviam, isso sim, ser mortos e enterrados hoje, já, e para sempre. São eles que determinam em boa medida o atraso deste país.

Finis

A Lâmpada Mágica, Outubro de 2004

Há dois anos, portanto. Um mês grandote e cheio de coisas que gostei de ler.

Políticas e afins

- A morte da Joana ou o povo
- Chegou-me por email mais uma coisa que gostei de ler
- Censura
- E por falar em censura?
- Última hora
- Última hora da última hora
- Relação P/U

Este blogue e os outros

- E outra coisa que eu gostei de ler...
- Novo template
- Outra coisa que gostei de ler...
- Mais uma coisa que eu gostei de ler
- Outra coisa que gostei de ler
- Raios partam o Blogger!
- Clang
- Uma coisa que gostei de ler
- Outra coisa que gostei de ler
- Outra coisa que gostei de ler
- Pedimos desculpa por esta interrupção
- Blogus interruptus

Tentativas de humor

- O «roubo do século»
- A Roménia é um país muito estranho!
- Come-me o cartão e sofre as consequências!

Livros

- Os livros que estão ali ao lado
- Os livros que estão ali ao lado
- Os livros que estão ali ao lado

Literaturas

- Nau Catrineta
- Spam Fiction
- Sobre "Uma coisa que nunca te direi"
- Sobre "O terrível destino de Santana Nobre"
- O caso Cachapa

Meteo

- Aquecimento global?

Dos canalhas e de suas canalhices

- Falar e fazer

Ficções

Spam Fiction

10. Uma coisa que nunca te direi
11. O terrível destino de Santana Nobre

Sérgio Godinho

O Sérgio nasceu em 1945. Tem, portanto, 61 anos. Parece? Não. É muito mais jovem, sob todos os aspectos, do que muita gente com 20, 30, 40 anos a menos. O Sérgio é daqueles gajos que não se reformam porque a reforma é para os velhos e ele nunca será velho.

Admiro pessoas assim. Mais: quero ser uma pessoa assim a vida toda. Os mortos-vivos de todas as idades irritam-me sobremaneira.

domingo, 22 de outubro de 2006

Homo vomitus

Os monstros continuam a mostrar os seus rostos cheios de pústulas. De um lado, Israel admitiu por fim algo que já toda a gente sabia (excepto os cegos selectivos, naturalmente): o uso de armas químicas contra o Líbano. Se é o Saddam a usá-las é mau; se é Israel é bom, parece. Do outro, um ministro do Hamas chamou a Israel um "cancro". Supõe-se que deseje operá-lo, à semelhança do chefe de estado-maior israelita que usou a mesmíssima terminologia, há meses, referindo-se, claro, aos palestinianos.

Ainda restará algum homem naquela terra? Ou foram todos substituídos por animais?

sábado, 21 de outubro de 2006

Pedofilia soft

Há qualquer coisa de perturbador num grupo de quatro meninas pré-adolescentes a cantar coisas como "mil e uma noites sábias / tu foste um homem das arábias"...

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Pumba!

A Terra está constantemente a ser atingida por tralha vinda do espaço. Agora, parece que um pobre septuagenário alemão ficou sem casa por causa de um calhauzinho que sobreviveu à entrada na atmosfera e causou um incêndio. O tamanho da coisa? 10 mm. Sim, milímetros.

Razão tinham os gauleses do Astérix em ter medo que o céu lhes caísse em cima da cabeça.

O sistemático prejuízo do Algarve

Quase sempre que se fazem contas e se distribuem dinheiros, o Algarve sai seriamente prejudicado em relação a outras zonas do país, especialmente quando se quer passar uma imagem de "objectividade" e se vai buscar dados estatísticos "objectivos" como a população ou o PIB per capita.

O problema é que o Algarve é a zona turística portuguesa onde é maior a desproporção entre a população residente (cerca de 400 mil pessoas) e a quantidade de pessoas envolvida na sua actividade económica, que pode chegar aos dois milhões.

Ora, todas as contas são feitas com base nos residentes. Vai-se ver o PIB per capita e é por cabeça residente, quando a verdade é que parte desse PIB é gerado por residentes de outros pontos do país que vêm para o Algarve na época alta do turismo não apenas para fazer férias mas também para trabalhar. Vai-se ver se a rede viária se adequa às necessidades e compara-se os km de estradas e auto-estradas com a população residente, quando a verdade é que esses km de estradas e auto-estradas têm de servir não só os 400 mil que cá vivem todo o ano, mas também o mais de milhão e meio que nos cai em cima de vez em quando. E quem fala de auto-estradas, fala de todas as infra-estruturas, fala de saneamento, fala de fornecimento de água e energia, fala de instalações de saúde, fala de comércio.

E já nem falo da engorda estatística que é consequência do Algarve ser local de refúgio de gente rica, porque isso levaria muito longe noutras direcções.

A consequência é que o Algarve recebe sistematicamente menos do que necessita e do que aquilo a que teria direito caso as contas fossem feitas tomando em atenção todas as suas características. E a consequência disso é que se é verdade que a vida dos residentes é razoavelmente confortável e de boa qualidade durante a época baixa, não é menos verdade que durante a época alta o Algarve se transforma, a muitos níveis, num verdadeiro inferno não só para os residentes como também — o que é pior no que diz respeito à economia — para os turistas. São os locais apinhados, são os intermináveis engarrafamentos nas estradas e nas ruas das cidades, são as idas às compras que se transformam em slaloms de pôr os cabelos em pé, cheios de encontrões e de bichas, são as sobrecargas ocasionais no sistema de distribuição de energia eléctrica que levam a cortes, são os odores nauseabundos vindos das ETARs, incapazes de lidar eficientemente com o excesso de efluentes, etc., etc., etc.

E depois, lá vem a lengalenga do costume, nos escritos sufocados dos escribas da imprensa, de referência ou não, que ano após ano cascam neste estado de coisas, clamando que o Algarve é isto e aquilo e aqueloutro. Não é que o Algarve o seja de facto: se fosse só para nós, os residentes, estava bastante bem equipado. É bom viver no Algarve na época baixa e eu, juro, não trocaria esta terra por nenhuma outra. Especialmente se pudesse daqui sair de 15 de Julho a 15 de Setembro todos os anos. Porque durante esses dois meses, é o sufoco, o Algarve não aguenta, rebenta pelas costuras, a qualidade de vida cai a pique, surge uma componente de stress em coisas tão simples como andar na rua, viver aqui ou andar por aqui torna-se algo difícil de suportar. Os escribas, coitados, não vêm nada a não ser isto. E cascam, cascam, cascam. Também a mim me apetece cascar, cascar, cascar, mas ao contrário deles, a mim apetece cascar neles, porque sei que quem traz o sufoco todos os anos são eles.

Há aspectos desse sufoco estival que são inevitáveis. Mas outros têm soluções, que passam também por deixar de fazer contas simplistas com a população residente quando de facto o maior impacto sobre o Algarve vem da população flutuante. População flutuante essa que é composta por vocês, amiguinhos. Por vocês, os que desta terra só conhecem a poeira e a multidão de corpos suados. É para vos dar condições a vocês que são precisas as infra-estruturas para dois milhões de pessoas. É por causa de vocês que a EN125 não poderá nunca ser vista como alternativa à Via do Infante. É para vos dar sítios para dormir, a vocês, que o litoral algarvio está praticamente transformado numa cidade contínua de Lagos a Tavira. É por causa de vocês (e duma rede perdulária), para vos dar que beber, cozinhar e lavar, que sofremos de falta de água. É para vocês que o Algarve precisa de mais. Nós já temos mais ou menos o que nos faz falta, ou pelo menos estaríamos melhor do que a maior parte do país caso vocês não viessem para cá todos os anos. Os investimentos que fazem falta são fundamentalmente para vosso usufruto. Metam isto, por favor, nas vossas cabeças.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Livros de FC que ninguém lê?

Mas haverá doutros?

O Iraque, hoje

Um absoluto inferno. E vivam as consciências adormecidas que, no Ocidente, se deitam confortáveis com os seus soldados a pôr em prática (em teoria) conceitos tão imbecis como a imposição da democracia à bomba. Limpem as mãozinhas à parede, que fizeram um trabalho magnífico. Magnífico!

domingo, 15 de outubro de 2006

Mais um

E pronto: já tá mais um livro entregue ao editor. Este não será todo "meu", que é um livro de contos e há outro tradutor (e um dos bons). Mas é como se fosse: serão ao todo oito contos e uma introdução, e eu lá tive de verter para português (hehehehe... estes linguajares presunçosos partem-me todo) a introdução e sete dos contos.

Suponho que ao fim de alguns anos estes momentos passem com um encolher de ombros. Mas por enquanto, cada trabalho terminado traz consigo um sentido de realização que não é nada displicendo. Realização que, às vezes, vem acompanhada por um indisfarçável alívio.

Enfim; agora há tempo para tratar de uma série de assuntos pendentes. E alguns deles estão pendentes há demasiado tempo!

Ó pra ti a funcionar

Este vídeo é magnífico. Magnífico, digo-vos eu.

Vasco Pulido Valente, como sempre, engana-se

Diz o Vasco Pulido Valente no Público de hoje, a propósito do novo concurso pateta da RTP sobre os "grandes portugueses", que este vai ser um belo retrato dos portugueses de hoje.

Como de costume, engana-se redondamente.

O concurso até poderá constituir um belo retrato daqueles portugueses de hoje que lhe prestam alguma atenção. Os portugueses como o Vasco Pulido Valente, por exemplo. Para portugueses como eu, os portugueses que se estão nas tintas para concursos de popularidade parvos, e que têm mais que fazer do que ver nem que seja cinco minutos daquela chachada, portugueses esses que são tão portugueses como os outros, o concurseco não vai ser retrato nenhum. Tal como não vai ser retrato nenhum de outro tipo de português: aqueles que não têm nem telefone nem internet, o lupen-tuga que para gente como o VPV não interessa para nada. Mas que são tão portugueses como todos os outros.

Reaproveitar o lixo

Aqui na Lâmpada, durante muito tempo, reaproveitou-se lixo, primeiro com a spamesia e depois com a Spam Fiction. Mas julgam que sou o único? Nah! Aqui os Manos MacLeod utilizam o spam para fazer filmes em flash, numa série a que chamaram, logicamente, Spamland.

Welcome to the spam cultural crib, folks!

sábado, 14 de outubro de 2006

Mas que raio?!

A Lâmpada recebeu hoje aquela que terá sido, provavelmente, a visita que lhe foi mandada pelo Google com base na pesquisa mais bizarra: "raspar pêlos do pénis". Mas que raio?! Que haverá na Lâmpada que atraia uma pesquisa destas?...

Resposta do Google: a spam fiction intitulada O Teu Dia, onde constam as palavras raspar e pénis, mas não pêlos... o/a gajo/a deve ter tido que escavar bem fundo para vir cá parar, caramba!

As campanhas contra o Algarve e as suas consequências

É extremamente recomendável (não sou adepto de obrigações) ler este artigo que José Carlos Barros publicou no Jornal do Algarve e republica agora no seu blogue.

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Perdão?...

Desculpem lá, mas vocês têm mesmo a certeza de que nos vão obrigar a pagar taxas de internamento por isto?

Juram?

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

A Lâmpada Mágica, Agosto de 2004

Mais um mês curtinho. Assim é rápido...

Literaturas

Versos avulso

- Nada a dizer
- As palavras
- Dias

Este blogue e os outros

- Só para que conste
- Oh, raios partam!
- Uma pérola da blogosfera

Políticas e afins

- Efeitos secundários de se saber demais
- Os Jogos Olímpicos e a manada
- Uma perguntinha indiscreta

Intimidades

- Hoje nasceu qq coisa
- Quando as experiências inibem a vida

Tentativas de humor

- As perguntas que eles fazem

Hoje recebi um nigerian scam porreiro

Pois. O entrevadinho cos-pés-pá-cova, tadinho ("chamado" Simon Robson, esse nome tão lusitano), era de... txarã!... Portugal!

A imaginação dos aldrabões não tem limites.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Cores celestes

Aqui a Lâmpada recebeu há pouco tempo uma visita de alguém que procurava por "james runcie cor céu", e eu, curioso, fui ver o que se apanhava com essa busca.

Pouca coisa: o site da editora, a Lâmpada, claro, um fórum onde está reproduzido o texto promocional sobre o livro, sem comentários, e duas coisas que desconhecia: uma crítica de Luís Mateus, bastante amável, no Portugal Diário, e um post num blogue onde não se compram jornais (pelo menos hoje), que acha o livro de leitura obrigatória.

Nenhum destes textos fala da tradução. Parece-me bom sinal.

Que digo eu?

Que digo eu? Milhares? Se calhar é mais correcto falar em centenas de milhares!

A Lâmpada Mágica, Julho de 2004

Um comentário ali em baixo recordou-me do motivo por que faço isto. E este mês é curtinho, portanto cá vai:

Intimidades

- Pois é...
- Para pôr num sítio há que tirar de outro

Literaturas

Versos avulso

- Triste
- Para um poeta que nunca soube que o era
- Corda

Política e afins

- Qual é a diferença entre isto...
- As certas alturas
- A minha experiência como membro de uma mesa de voto
- Sempre quero ver...
- Este país está a morrer?

Tentativas de humor

- Um comentário filosófico ao jeito de Lili Caneças

Meteo

- Derrete-se

Este blog e os outros

- Despendurar coisas penduradas

terça-feira, 10 de outubro de 2006

A Lâmpada Mágica, Junho de 2004

Mais um mês de arquivos. Devagarinho, vai-se avançando.

Este blog e os outros

- E já tenho traquebaque!
- Ainda a spamesia
- A Lâmpada por email
- Toc toc...

Intimidades

- Sem comentários...
- Hospitais
- Já devemos estar perto do Euro, não é?
- Bem-vindos ao admirável mundo novo dos hospitais-empresa
- O (meu) jogo inaugural do Euro 2004

Ficções

Spam Fiction

4. A Vida Bela de Klaus Miragata

Literaturas

- Sobre "A vida bela de Klaus Miragata"
- Ena, ena, uma crítica à séria!
- E viva o PÚBLICO e a sua promoção da leitura!
- Críticas e catalogações
- Spam Fiction
- Entretanto, noutro local...
- Aguarfurtadas nº 6

Política e afins

- E lá se foi o Reagan
- Na morte de Sousa Franco
- Respira-se um pouco melhor neste país
- Esquerda/direita aditivado
- Um post "vagamente" sádico

Tentativas de humor

- Sobre o dia de reflexão

Desculpa lá qualquer coisinha

Epah, desculpa lá que haja quem ache que um teste, ainda que de uma arma, ainda que provavelmente de uma arma nuclear, ainda que por um regime que é a maior aberração que existe hoje em dia à face da Terra, ainda que gravíssimo pelo que pode significar para o futuro, é menos grave no imediato do que o assassínio de inocentes às centenas ou aos milhares. Até porque perigos futuros são evitáveis, mas assassínios consumados não.

Posts como este fazem-me cá um asco!

(hum... e ali a listinha de blogues está se calhar mesmo a precisar de uma desinfecção)

Declaração

O Cais de Gaia é um GRANDE blog!

Mira elevada?

Não acham estranho que a malta da GNR, querendo sempre acertar nos pneus, acabe sempre por acertar nos passageiros dos carros? Serão as armas que têm a mira elevada? Serão lombas na estrada que se intrometem (sempre) nos disparos? Será deus-nosso-senhor a desviar a trajectória das balas, na sua infinda misericórdia, para que elas acertem nos culpados e não nos pobres pneus, coitadinhos, que de nada têm culpa? Será?

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

A Lâmpada Mágica, Maio de 2004

Outro mesito de arquivos, para não deixar atrasar. É neste mês que termina aquilo que a Lâmpada teve de mais interessante ao longo de toda a sua existência. De então para cá, decadência. Bem sei.

Spamesia

361. Ar
362. A tua música
363. Boing (o som que faz uma pequena pílula)
364. A tua fotografia
365. Lacunas
366. Tema de mensagem

Literaturas

- Fim
- Fast Fiction? Not for me!
- A Lâmpada Mágica apresenta...
- Spamesia em papel
- Uma spam fiction parente do Roger Rabbitt
- Sobre "Flor do Trovão"
- O que está incompleto na spam fiction?
- Sobre "A triste sina de uma rapariga triste"
- Sci-fi teen pop?
- Correcção de um erro

Ficções

- Tosse
- Resmungo redondo que rola
- Joselito
- As armas de destruição maciça
- A promessa do futuro

Spam Fiction

2. Flor do Trovão
3. A triste sina de uma rapariga triste

Tentativas de humor

- Uma pergunta e uma resposta provável
- Como funcionam pelo menos 95% dos políticos portugueses

Da língua que se escreve e fala

- Uma questãozinha ortográfica

FC

- Mais FC no Blog de Esquerda

Política e afins

- 22 dicas sobre como ser um homem às direitas
- Estão bem uns para os outros
- 150 mil provas
- Assassinos

Internet

- Spam do além
- 19 megabytes

Este blog e os outros

- A Lâmpada Mágica apresenta...
- Quantos?
- Anúncio importante
- Quem estiver mais de um mês sem dar notícias, leva com um †
- O grande paradoxo deste blog...

Livros

- <-------- Os livros que estão ali
- <-------- Os livros que estão ali

Todas as medalhas têm um reverso

E o reverso desta medalha do Bandeira é que a maior parte das pessoas que preferem o caminho diagonal para as palavras fá-lo para poder mascarar o insulto e a falta de respeito pelo(s) interlocutor(es) com um véu de dubiedade. Não é por haver candelabros no mato que ele deixa de ser mato. E não é obrigatório que o discurso directo ande despido de subtilezas e figuras de estilo.

A mais séria sondagem da história?

O Público online tem uma nova encarnação. Acho óptimo. Boa parte daquilo que foi pago por uns tempos voltou a ser gratuito, dando razão a todos os que sempre acharam que passar aos conteúdos pagos era uma patetice (ó um deles aqui). Mas o mais engraçado da nova versão do Público é uma sondagem que todos os artigos trazem agora. É assim:

Achou este artigo interessante? [ ] Sim

Uau! Mas que variedade de escolha!

A praga das ordens

Dei, por vias travessas, com um post que subscrevo por inteiro acerca desse cancro nacional que são as ordens profissionais. Vamo-nos aproximando pé ante pé do ideal salazarista do estado corporativo, em que a "ralé" nunca poderá chegar às profissões que não são "próprias" para a "ralé". É cada vez mais evidente que a destruição do sistema das ordens é condição prévia para a existência em Portugal de uma democracia social que vá além, ainda que apenas um pouco, de uma retórica vazia de conteúdo.

Ufa e comentários

Mais um "pedimos desculpa por esta interrupção o programa segue dentro de momentos" causado por uma maratona laboral que terminou ontem à noite. O programa segue já. Entretanto, os comentários passaram ao estado moderado devido a uma invasão de lixo nazi. Quando/se desampararem a loja, voltar-se-á ao normal, regressando-se à moderação sempre que for necessário (mas essas mudanças não serão anunciadas).

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Doença cardíaca na família próxima é...

... uma montanha russa.

Num momento ri-se como se a vida fosse normal, no seguinte o coração cai-nos aos pés, no seguinte ri-se de novo, mas agora de alívio, no seguinte os olhos perdem-se no horizonte com medo do futuro, no seguinte forçamo-nos a esquecer e a rir de novo como se a vida fosse normal.

E até é. Normal como uma rajada de vento que se vai tão depressa como vem, por mais que cada rajada se goste de julgar eterna.

domingo, 24 de setembro de 2006

Deus está realmente em todo o lado!

Como se comprova por esta página.

(obrigado pela imensa gargalhada, Diário Ateísta!)

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

O Literolixo

O cada vez mais desinteressante Aspirina B (Ó Rainha! Ó Rainha! Salva aquilo!) ainda vai tendo uns motivozinhos de interesse de vez em quando, em geral nos comentários, por estranho que pareça. O último foi este post, que em si mesmo é apenas mais uma variante da celebérrima Choldra queirosiana, mas que serviu ao Fernando Venâncio para, nos comentários, claro, declarar a sua definição do que é um bom texto.

Sem citar integralmente o comentário, que é sempre chato citar coisas integralmente sem pedir licença, e resumindo, o que ele defende é que um bom texto se reconhece por "aquela vaga, quase indetectável, mas oh tão saborosa vontade de ler mais, de prosseguir, de haver mais páginas para virar", e que é essa qualidade que falta à ficção portuguesa. Gostaria de ter respondido lá, mas aquele sistema de comentários anda, ou é, almariado da cabeça, e não deixou. Por isso, e como o tema até tem piada, respondo aqui:

Venâncio, essa teoria é muito linda. O problema ululantemente óbvio (já sentia falta de ironizar com esta palavrita) é, claro, que não há nenhum iluminado que tenha a verdade no bolso e o monopólio do bom gosto. Um texto que dá uma vaga quase indetectável mas oh tão saborosa vontade de ler mais ao sr. Fulano de Abreu, não passa de um monte de palavras estapafúrdias a escorrer chatice para o dr. Sicrano de Oliveira. E geralmente têm os dois razão.

É verdade, todavia, que a grande maioria dos livros de ficção nacional não mostra uma única dessas virtudes. É natural: aqueles que as mostram para o sr. Fulano de Abreu não as mostram para o dr. Sicrano de Oliveira, o eng. Beltrano Cunhal e mais um imenso mar de criaturas tão ou mais cultas que o Fulano apreciador original. Porque aquilo de que não se gosta é sempre mais do que aquilo de que se gosta. Está na própria natureza do gosto.

Pois, gosto e não qualidade. É que essa maneira de decidir o que é "bom" ou "mau", na realidade, não é nada disso: não passa de uma forma de se decidir aquilo de que se gosta ou não. O mais subjectivo gosto pessoal dos gostos pessoais.

Eu também gostava muito mais que em Portugal se publicasse toda a melhor ficção científica contemporânea do que todo o lixo vazio que enche os escaparates, seja em original, seja em tradução. Mas, infelizmente, estou rodeado de Sicranos de Oliveira e Beltranos Cunhais e outros maus gostos mais. Fazer o quê...

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Compromisso Portugal

Mas que raio de nome! "Compromisso Com o Meu Bolso" não era muito mais adequado?

Não durou duas semanas...

... sem que os absolutos merdas que têm alojada a Netcode não voltassem a avariar aquilo tudo.

Arre porra que é demais!

Continuo na Ciméria

Por aqui não há agentes de viagens. É território selvagem, habitado por brutamontes. Até as mulheres têm cabelos no peito do excesso de testosterona que paira no ar. O ambiente é opressivo, e um tipo, passeando pelas ruas de máquina fotográfica ao peito, à japonesa, sente-se assim numa espécie de Parque Jurássico feito de palhotas e becos enlameados.

Vou-me embora amanhã. Juro. E só cá voltarei se tiver mesmo de ser!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Pitacos

Dei com uma carioca, chamada Renata, que está a escrever aos poucos um artigo sobre "As Narratiavas de Terror e Ficção Científica na Literatura Juvenil". Não parece nada de muito profundo, mas pode ter o seu interesse. A seguir.

Admiração

Tenho de declarar aqui a minha mais profunda admiração por quem tem paciência e tempo para tentar explicar o óbvio a idiotas.

Se passarem por aqui

Se passarem por aqui, deixem uma palavrinha. Pode ser a palavrinha que quiserem. Até lhe podem cortar o inha e deixar palavra. A escolha é vossa e escolham à vontade. Mas deixem uma palavrinha, ou palavra, ou palavrão. Ou isso.

domingo, 17 de setembro de 2006

Coisas do marquetim

Nasceu por aí um Sol. Com uma das figurinhas mais hilariantes da imprensa portuguesa como director e uma monumental campanha de marketing a abrir-lhe alas. Não comprei, claro: se detestava o Espesso e se o director do Espesso de então é a mesma alimária que se calhar continua a "escrever para ganhar um Nobel" no Sol, nada me diz que não iria detestar igualmente o sucedâneo. O meu rico dinheirinho é demasiado inho para ser atirado assim pela janela. Mas, como ir aos sites é grátes (ou por outra: um gajo paga o mesmo estando ligado ou não), dei um pulinho ao solarengo site. Surpresa: dão alojamento para blogues e, "em breve", sítios! Grátes, supõe-se.

O que pergunto a mim próprio é o que farão se algum maroto resolver criar um blogue e/ou sítio com o objectivo expresso de cascar no sol...

Se eu não tivesse mais que fazer...

sábado, 16 de setembro de 2006

Picuinhices da língua

Há coisas que eu, realmente, não percebo. Será que o Fernando Venâncio nunca pensou uma coisa e escreveu outra? Será que não sofre também daquela peculiar forma de dislexia tão comum nesta era de computadores que advém de não sermos capazes de dactilografar à mesma velocidade a que nos surgem os pensamentos e de, portanto, os dedos nos fugirem para teclas erradas? Será que não confia implicitamente, como todos nós, nos correctores ortográficos para detectar esses erros? Será que nunca deixou passar gralhas nos textos que reviu, uma e outra vez e outra ainda? Será que nunca mudou de ideias a meio de uma frase, nomeadamente quanto à estrutura que ficaria melhor e às melhores palavras para exprimir a ideia, e teve como resultado uma frase híbrida e, portanto, completamente disparatada? É que eu sim. E, ajuizando pelo que tenho visto ao ler blogues, emails, submissões literárias e etc., estou muito, muito, muito longe de ser o único.

Outra coisa que eu não percebo é que se dê importância a um texto publicado na Bola. Mas esse já é outro assunto...

Sobre a liberdade

Apesar de tantas vezes pensarem através de um nevoeiro alcoólico permanente, a verdade é que os vagabundos têm toda a razão: ninguém é realmente livre se não for dono do seu tempo.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Deus é uma mentira perigosa

A minha verdade é esta: Deus é uma mentira perigosa. Tudo, no mundo contemporâneo, reforça em mim esta certeza: Deus é uma mentira perigosa. Mas atenção: esta é a minha verdade; não a quero impor a ninguém.

Exijo ser tratado de igual forma.

2003 UB313

Perdão: Eris.

Ou seja, os dez maiores planetas do sistema solar são agora, do maior para o menor: Júpiter, Saturno, Urano, Neptuno, Terra, Vénus, Marte, Mercúrio, Eris e Plutão.

E a luazinha de Eris também já tem um nome a sério: Dysnomia.

Disnomia? Prefixo de negação + "Nomia"? Hum... estes astrónomos são uns malandros...

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Jovens tias e já tão tias

Historinha deliciosa, esta, do Zarolho. Hehehehe...

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O 11

Irrita um bocadinho o excesso de evocação do 11 de Setembro de 2001. Irrita um bocadinho a repetição ad infinitum das imagens dos aviões a esmagar-se contra as torres. Irrita um bocadinho a forma como a nossa cultura mediática nos força a rever, uma e outra vez, a reviver, uma e outra vez, aqueles momentos. Irrita um bocadinho pelo excesso. Mas também pela consciência da derrota. Estes têm sido cinco anos de derrotas sucessivas para a humanidade, submersa numa onda violenta de fascismo islâmico e de um fascismo neocon de fachada democrática que se aproveitou dos ataques terroristas da forma mais infame para impor primeiro aos Estados Unidos e depois ao mundo inteiro a sua estupidez. Cinco anos depois, os mortos não se contam aos milhares; contam-se às centenas de milhares. Cinco anos depois, o fascismo islâmico nunca esteve tão forte. Cinco anos depois, as forças democráticas do Islão, que são a nossa única defesa verdadeira contra os fanáticos (sim, a nossa, sim, a única), nunca tiveram tanta dificuldade em fazer passar a sua mensagem. Cinco anos depois, somos todos menos livres, menos felizes, menos prósperos, menos optimistas, mais cínicos, mais desesperados. Menos vivos.

Mas claro que estes cinco anos são apenas uma forma conveniente de marcar os processos históricos. O 11 de Setembro só mudou o mundo porque permitiu a expressão completa de forças e tendências que estavam activas há muito mais tempo. As mesmas forças que criaram Bin Laden e os Talibã para combater as tropas soviéticas e do regime pró-soviético no Afeganistão uniram-se para eleger (e nesta palavra talvez convenha colocar aspas) o presidente mais estúpido da história dos Estados Unidos. Muito antes do 11 de Setembro de 2001. Há muito mais do que 5 anos.

Da mesma forma, hoje há sinais de que poderemos por fim caminhar para o regresso às vitórias. De que os americanos começam enfim a acordar, de que o fascismo neocon de fachada democrática vai enfim começar a ser varrido para o caixote do lixo da História. De que o fascismo religioso israelita de fachada democrática poderá por fim ser forçado a acabar com o abuso das ocupações de território árabe. De que, por fim, estas duas condições prévias para que os moderados do Islão possam recomeçar a ganhar terreno aos fascistas islâmicos nos possam levar de novo a erguer a cabeça acima das trevas em que a temos mergulhada há já demasiado tempo.

Que assim seja. Embora ainda nada disto seja seguro, que assim seja.

domingo, 10 de setembro de 2006

Outra vez

Outra vez com problemas no email. Ou seja: outra vez sem email. Algures, nos EUA, há um datacenter gerido por perfeitos incompetentes. Algures, no Norte de Portugal, há um fornecedor de acesso que não muda de datacenter por falta de recursos... mas que se arrisca realmente a ficar sem clientes se isto continua assim. Que recursos serão capazes de obter sem clientes é a pergunta que eles devem fazer a si próprios...

Vá lá que desta vez (ainda) não se foi nada além do email. Os sites mantém-se (por enquanto) no ar.

E vá lá que desta vez o problema aconteceu (ou melhor: agravou-se) a um domingo; tivesse sido numa sexta-feira, como da outra vez, e de certeza que ficaria três dias sem correio.

Grandes azelhas!

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Achismo

Acho que é mais o dilema, pá...

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Armadilhas da ficção

Hoje recebi spam de uma tal "Sally". E, durante um momento, senti-me como se a personagem do meu livrinho tivesse decidido de repente falar comigo...

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

O caso Mateus

Perdi um bocado (demasiado) de tempo a ver parte da entrevista que dois-jornalistas-dois da RTP estão a tentar fazer ao presidente do Gil Vicente, para tentar perceber o que diabo se passa com a bola portuguesa que ainda seja pior do que o triste estado habitual das coisas.

Não percebi. Mas percebi outra coisa:

Ao contrário do que é hábito nos dirigentes desportivos, que são canalhas, mafiosos ou as duas coisas, aquele patético homenzinho parece limitar-se a ser estúpido que nem uma porta.

Tinha um piadão que por causa dele Portugal ficasse sem clubes nas competições da UEFA e sem selecção no próximo Europeu. Juro: fartava-me de rir. À falta de um sistema de justiça capaz de fazer justiça e controlar a alta criminalidade que encaruncha a bola tuga até ao seu âmago, que seja a pura estupidez sem adornos a derrubar aquela corja.

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

O debate do milénio

Tenho muita pena que os americanos não tenham aceite a proposta dos iranianos para juntar Bush e Ahmadinejad num debate televisivo, a dois. Julgo que seria um espectáculo a todos os níveis notável, com aqueles que provavelmente serão os dois maiores palhaços que há hoje na política mundial. Uma sala em que estivessem aqueles dois não acolheria QI suficiente para um homem normal, e vê-los a "esgrimir" "argumentos" na TV devia ser uma delícia.

Outro debate delicioso seria um que juntasse Olmert a Kim Jong Il, mais duas figuras de topo da cretinocracia internacional.

Qual wrestling, qual carapuça!

Ignorâncias

Há a ignorância e há a inguenurânssia, que é assim uma ignorância ignorante, com aditivos. Adubo, portantos.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Vale de Almeida

É por causa de coisas como esta que eu gostava mesmo que o MVA se preocupasse menos com a sua, e dos outros, condição de homossexual e escrevesse mais. Porque a orientação sexual devia ser irrelevante mas o talento não, em vez do contrário.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Blogue novo

É para avisar que tenho desde hoje um blogue novo, com tema muito específico e em inglês. Chama-se Thousands of Planets. Welcome aboard!

domingo, 27 de agosto de 2006

Maravilhas do Unicode

Acabei de receber um spam em Unicode: o endereço vinha em caracteres latinos, o título vinha em hebraico e o corpo em cirílico russo.

Como reconhecer canalhas

Há muitos anos, costumava pensar que os canalhas se reconheciam pela forma insidiosa como fazem as coisas. Pela intriga. Pelas mentiras bacteriologicamente puras e pelas meias-verdades que emitem, aquelas mais em privado, estas mais em público, pois aquelas são mais facilmente detectáveis que estas. Por determinarem as suas relações sociais pelas vantagens que delas se julgam capazes de obter. E há, de facto, canalhas que se podem detectar assim. Mas há-os também de outro tipo, canalhas-camaleão que se confundem com o meio numa camuflagem mimética, por vezes durante anos a fio, escondendo de todos e até de si próprios a sua condição de canalhas, até que de repente, sem que nada sirva de sinal, lançam o seu ataque, em geral quando a vítima está mais desprevenida e mais solitária. Estes são muito mais daninhos, muito mais perigosos. Não só porque se aproveitam com eficiência da confiança que neles é depositada, mas também porque, tantas vezes, para o mundo lá fora é como se nada se tivesse passado. As suas canalhices não costumam deixar provas. Eles conhecem-nas, as suas vítimas também, mas para os outros, todos os outros, permanecem tão impecavelmente dissimulados como sempre. Os mais canalhas desses canalhas começam então a fase seguinte: a calúnia em privado. O raciocínio é simples: há que corroer a credibilidade da vítima caso esta resolva denunciá-los. Faz parte do mimetismo. É assim que são capazes de voltar a desaparecer no meio da multidão, disfarçados de homens ou mulheres como os outros à procura dos próximos "amigos" insuspeitos. Há quem consiga viver assim uma vida inteira e ser recordado como um bom ser humano. Há quem conseguiria assim viver durante vinte vidas, se as tivesse. Indetectável. Camaleão perfeito. Mas nem por isso menos canalha.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

A definição mais estúpida do Universo

Era difícil, mas os astrónomos reunidos em Praga conseguiram: depois de um início prometeder, que parecia destinado a, finalmente, colocar algum bom senso na nomenclatura planetária, eis que a volta foi de 180º e o que saiu da capital checa deverá ser a mais estúpida definição do Universo. E arredores.

A definição em causa, traduzida, é esta:

A IAU decide, portanto, que os "planetas" e os outros corpos do Sistema Solar, sejam definidos em três categorias distintas da seguinte forma:

(1) Um "planeta" é um corpo celeste que (a) está em órbita em torno do Sol, (b) tem massa suficiente para que a sua própria gravidade supere as forças do corpo rígido de modo que assume uma forma de equilíbrio hidrostático (praticamente redonda) e (c) que tenha limpo a vizinhança da sua órbita.

(2) Um "planeta anão" é um corpo celeste que (a) está em órbita em torno do Sol, (b) tem massa suficiente para que a sua própria gravidade supere as forças do corpo rígido de modo que assume uma forma de equilíbrio hidrostático (praticamente redonda), (c) não tenha limpo a vizinhança da sua órbita e (d) não é um satélite.

(3) Todos os outros objectos, excepto os satélites, que orbitam o Sol serão colectivamente denominados como "Pequenos Corpos do Sistema Solar".


A isto são acrescentadas três notas:

1. Os oito planetas são: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urrano e Neptuno.

2. Será estabelecido um procedimento da IAU para atribuir aos objectos de fronteira o estatuto ou de planeta anão ou de outras categorias.

3 Os Pequenos Corpos do Sistema Solar incluem actualmente a maior parte dos asteróides do Sistema Solar, a maior parte dos Objectos Trans-Neptunianos (TNOs) e outros pequenos corpos.


Onde está a estupidez? Por todo o lado. Para começar dizer que um planeta anão não é um planeta está ao mesmo nível lógico de dizer que um anão não é uma pessoa. Ou de dizer que uma estrela anã não é uma estrela. Ora, como o Sol é uma estrela anã, resulta daí que, a aplicar a "lógica" desta definição, nós, habitantes do planeta Terra, não somos iluminados nem aquecidos por uma estrela. Pior um pouco ficam aqueles de nós que sofrem de nanismo, que não só deixam assim de ser iluminados e aquecidos por uma estrela, como inclusivamente perdem todos os privilégios de pertencer à espécie humana. Se bem que, a ajuizar por esta definição, nesse ponto perdem muito pouco.

Mas se fosse essa a única questão estaríamos nós bem. Longe disso. Acontece que na última década e tal têm vindo a ser descobertos corpos à volta de outras estrelas e até a vogar livres pelo espaço interestelar que vão desde o tamanho de Calisto (uma lua de Júpiter não muito maior que a nossa) até muitas vezes o tamanho de Júpiter. Já vai em mais de 200. Mas, como esta definição diz que só são planetas os corpos do Sistema Solar que giram em torno do Sol, tem-se que os plan... erm... corpos que giram em torno de outras estrelas ficam sem nome. Suponho que se pode propor um, certo? Gambuzinos! Que tal?

Temos, portanto, um universo composto por biliões de estrelas conhecidas (ou não, já que a maioria são anãs e, segundo a lógica da IAU, não serão estrelas... lá vou ter de chamar-lhes outro nome... hum... trelas? OK, trelas!). Recapitulando: Temos, então, um universo composto por biliões de estrelas, muitos mais biliões de trelas, mais biliões de objectos exóticos como buracos negros, pulsares, nebulosas de vários tipos, etc., etc., e depois 8 planetas, pelo menos 3 planetas anões que não são planetas embora sejam planetas, uns quantos objectos ainda indefinidos, largas dezenas de satélites e largos milhares de pequenos corpos do sistema solar, mais duzentos e tal gambuzinos em volta de outras estrelas, trelas e pulsares ou até a vogar livres pelo espaço. E não me perguntem como se chamarão os pequenos corpos que giram em torno de outras estrelas e de outras trelas porque não quero pensar nisso agora, OK? Portanto é isso.

Ou será que não é?

É que há aquela coisa das órbitas limpas e mais não sei o quê. Deixem-me explicar: à medida que se vai passando o tempo, os planetas vão acumulando material vindo do espaço, que vai caindo e formando crateras quando o planeta não tem atmosfera ou a tem fina demais para o tamanho do calhau, ou ardendo na atmosfera quando o calhau é pequeno demais para a atmosfera. Aqui na Terra aos primeiros chamam-se meteoritos e aos segundos meteoros. Lá no espaço, chamam-se todos asteróides ou então poeira. Onde deixa de ser asteróide e passa a ser poeira, ninguém sabe, mas também não quero que me falem nisso agora se fazem favor. Ah, sim, e lá no espaço, são eles que fazem as crateras da Lua, por exemplo.

Ora bem, em tempos que já lá vão, havia muito mais asteróides e poeiras do que há hoje. Como é fácil de entender, quanto maior o planeta mais coisas destas atrai, e ao longo do tempo, vai "limpando" as redondezas da sua órbita. E, como é fácil de compreender também, quanto maior a órbita e menor o planeta, mais devagar ela fica "limpa". Ou seja: um corpo do mesmo tamanho torna-se "planeta" muito mais depressa se estiver onde está Mercúrio do que onde está Plutão. Pior: quanto mais pequeno o corpo, mais afectado é pelos outros corpos; ao fim de tempo suficiente, todos os corpos mais pequenos acabarão ou por se esmagar contra um dos corpos maiores, ou por serem atirados por um destes ou para o Sol ou para fora do sistema. E isso implica que se lhes dermos tempo suficiente, todos os corpos com uma dimensão razoável acabam por se transformar em planetas, mesmo que nada neles mude. Pior ainda, como bem sabemos, ainda hoje a Terra continua a ser bombardeada com asteróides, o que significa, obviamente, que não tem as redondezas limpas. Ops! Acabámos de excluir a Terra do grupo dos planetas?!

Bem, dado que não está definido nem o que significa "limpo" nem o que significa "vizinhança", e dado que há material de pequenas dimensões em todo o Sistema Solar, se formos aplicar a definição à letra, não só acabámos de excluir a Terra do grupo dos planetas como acabámos de excluir todos os planetas do grupo dos planetas! Não é brilhante? De repente, seguindo a definição da IAU, ficámos com 11 planetas anões onde, segundo a mesma definição, devíamos ter 3 planetas anões (que não são planetas, não se esqueçam!) e acabámos de chegar à conclusão que não há um único planeta em todo o vasto Universo! Há é 200 e tal gambuzinos.

Magnífico!

É ou não é a coisa mais imbecil que já viram?

Por minha parte, borrifo-me nos gajos e parto para o radicalismo. As definições devem ser simples. Devem basear-se em propriedades das coisas definidas. Devem ser coerentes. E as propriedades mais evidentes devem servir para definir as subdivisões de nível superior, deixando-se as subdivisões dessas subdivisões para propriedades menos convincentes, ou mais arbitrárias, ou mais incertas. Por isso, a partir de hoje o que é um planeta no meu léxico passa a ser definido pela simples frase:

Um planeta é qualquer objecto que tem massa suficiente para que a sua própria gravidade supere as forças do corpo rígido de modo que assume uma forma de equilíbrio hidrostático e não tem massa suficiente para gerar reacções nucleares no seu interior.


E mainada. Depois disto, subdivide-se em categorias. Querem planetas anões? Com certeza: saem planetas anões, planetas como os outros, mas anões; tal como os planetas gigantes que há (4) em volta da nossa estrela e também (quase 200) em volta das outras são planetas como os outros, mas gigantes. Tal como os planetas terrestres. Ou os planetas satélites (eu avisei que ia ser radical), que seriam planetas de pleno direito se girassem em torno de uma estrela. Querem subcategorizar os planetas? Força! Dêm-lhes com subcategorias em cima. Mas planetas são os corpos suficientemente grandes para ser redondos. Ceres é planeta. A Lua é planeta. Plutão é planeta. Calisto é planeta. Mimas é planeta. Vesta e Pallas vamos ver, tal como iremos ver aqueles trans-neptunianos mais pequenos. "Xena" é planeta. Epsilon Eridani b é planeta, Mu Arae e é planeta. Nada mais simples. E muito mais válido, sob todos os aspectos, do que cretinice que saiu da IAU.

Tenho dito.