segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Tamanhos e populações de cidades e zonas metropolitanas

Refletindo mais um pouco sobre o que escrevi no fim deste post, cheguei à conclusão de que devia colocar aqui uma palavrinha de cautela, porque embora tenha a certeza de que a ideia geral está certa, os valores concretos dependem de alguns fatores que não tenho informação suficiente para avaliar. É que aquilo a que o WG chama área metropolitana depende daquilo a que as fontes, geralmente organismos oficiais (no nosso caso, o INE), chamam áreas metropolitanas, e isso varia bastante de país para país. Não faço a mínima ideia do modo como os espanhóis agregam as cidades em zonas metropolitanas, mas sei que os portugueses têm quanto a isso uma abordagem restritiva.

Explicando:

Portimão é a maior cidade do Barlavento do Algarve, e serve de pólo de atração de pessoas vindas de cerca de 20 km em redor, ou em certos casos até mais, seja para trabalhar, descansar ou fazer compras. É, sob esse ponto de vista, um pequeno centro metropolitano, que tem uma espécie de Almada, Seixal e Barreiro do outro lado do rio, que no nosso caso se chamam Parchal, Ferragudo e Mexilhoeira da Carregação, terras tão intimamente ligadas a Portimão (e umas às outras, até por uma urbanização que já é contínua) como a Margem Sul está a Lisboa. Ou mais até: pelo menos temos mais pontes.

Mas não são só as duas margens do Arade que são urbanizadas. A vila de Alvor, cujo centro dista 5 km do de Portimão, está também já unida à cidade por uma urbanização que é basicamente contínua. E já nem falo duma sére de antigas aldeias, outrora próximas da cidade, que se transformaram primeiro em dormitórios e que acabaram depois engolidas pela malha urbana: Cardosas, Sesmarias, Donalda, Três Bicos, Praia da Rocha, Pedra Mourinha, Boavista, etc., etc.

Não sei se os 39783 habitantes calculados pelo World Gazetteer para Portimão incluem estas antigas aldeias ou não (suponho que sim), mas sei que não incluem nem Alvor nem as nossas "Almadas" do outro lado do rio. Quando se segue o link para as áreas metropolitanas portuguesas lá está a de Portimão em 12º lugar, incluindo apenas a cidade propriamente dita. Não é real. A verdadeira área urbana da cidade que aqui existe deveria incluir tudo o que é urbanização contígua, pelo menos de Alvor até Estômbar, uma cidade que se deverá aproximar dos 60 mil habitantes e que se vai também "esticando" para Lagoa de um lado e para a Mexilhoeira Grande do outro, mais cerca de 10 mil habitantes.

Sei que Portimão não é caso único. Ainda no Algarve, Faro é o centro de uma área metropolitana que vai das Gambelas, Montenegro e da Ilha de Faro à periferia oriental de Olhão, uma zona metropolitana com urbanização contínua que deverá superar os 80 mil habitantes, mas que no WG também surge restringida à cidade propriamente dita, no 10º lugar da lista. E imagino que o mesmo aconteça com outras cidades portuguesas, em particular as do Minho.

Se os dados espanhóis refletirem melhor do que os nossos a realidade no terreno, é possível que o desequilíbrio no número de cidades relevantes não seja assim tão grande como parece. Não deverá haver alterações nas maiores, pois a terceira área metropolitana portuguesa - a de Braga - está demasiado longe dos 500 mil habitantes para que chegue lá se lhe forem agregados núcleos populacionais que poderão eventualmente estar intimamente ligados à cidade, mas as áreas urbanas portuguesas com mais de 100 mil habitantes não deverão ser apenas 4.

Por outro lado, estarão sempre muito longe das 42 de Espanha.

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