quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os milionários pobrezinhos

Não confundir com os pobrezinhos milionários, designação sarcástica que traz consigo logo toda uma carga de desprezo pelos milionários que o são de facto. Não, não é disso que quero falar. Esta é mais uma para o departamento de coisas que não se pode pôr em histórias porque toda a gente acha que se está a esticar a corda da inverisomilhança: milionários pobrezinhos. Mesmo pobrezinhos.

Falo do Zimbabwe, país de muitas bizarrias (a começar pelo presidente), no qual uma crise económica absoluta levou a uma inflação monumental. Consequência: hoje, todos os zimbabueanos são milionários e uma refeição custa quinhentos milhões de dólares. Pois: quinhentos milhões de dólares por um bife com batatas frias, ou o que faz as vezes de bife com batatas fritas lá por aquelas bandas.

Claro que não são dólares daqueles que a gente costuma ouvir falar. São dólares deles, zimbabweanos, a moeda que menos valor tem no mundo inteiro.

Mas seja como for, se um de nós enfiasse numa história uma situação em que se alguém quisesse ir às compras de algo mais substancial teria de sair de casa com maços de notas empilhados num carrinho de mão, totalizando muitos milhões de milhões de dólares, não faltaria certamente quem empinasse o narizinho sabichão e opinasse de imediato algo como "pronto, lá está este com os seus sarcasmos e piadolas. Quando será que há alguém a fazer ficção científica a sério neste país?"

Quando a verdade, a deprimente e divertida verdade, é que há poucas coisas inverosímeis demais para poderem acontecer, pelo menos enquanto não se entra no reino das varinhas de condão. O insólito que acontece quotidianamente neste planeta está constantemente a tentar explicar-nos esse facto, mas nós parecemos ter uma enorme dificuldade em compreendê-lo.

O que não deixa de ter o seu quê de... insólito.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os pequenos e médios "empresários" que nós temos

Parece que os "pequenos e médios empresários" andam muito chateaditos por causa de um aumento do salário mínimo de 436 para 450 euros por mês, e ameaçam não renovar contratos por causa disso. Para se ver até que ponto chega a canalhice de tal posição, faça-se umas contas.

Um trabalhador que ganhe o salário mínimo depois do aumento passa a custar ao "empresário" (e empresário vai com aspas porque há melhor designação do que essa para esta gentalha) mais 14 euros por mês. 14 reles euros, que ao fim de um ano somam 196, já contando com subsídio de férias e décimo terceiro mês. 196 euros num ano. Tanto dinheiro como aquele que o pequeno e médio "empresário" típico arrecada num dia, ou no máximo em dois.

Que pena que eu tenho deles! Está-se mesmo a ver que o aumento de 14 euros por trabalhador e por mês vai levá-los a todos à falência, não está? Claro que só podem pôr toda a gente na rua. É que não têm mesmo outra hipótese.

Que nojo de gente!...

Edit: Ops... enganei-me num dado de base, o que faz com que todas as contas estejam erradas: o salário mínimo actual não é de 436, mas sim de 426 euros por mês. Ou seja, o aumento seria de 24 euros, ou, ao fim de um ano, 336 euros. Ou 376, contando com os descontos para a segurança social. Sempre é menos insignificante do que parecia à partida. Em vez de um ou dois dias, o pequeno-e-médio-empresário típico tem de esperar três ou quatro para arrecadar esta quantia. Fico na mesma com pena dele.

Lido no twitter (em inglês)

P: Porque foi que a galinha atravessou a fita de Möbius?

R: Para passar para o mesmo lado.

Mania das odisseias que esta malta tem

A malta da FC tem a mania das odisseias. Não que o Homero faça parte da malta da FC, note-se... embora se calhar até fizesse, se fosse vivo hoje. Mas há qualquer coisa em odisseias que parece apelar ao córtex pré-frontal dos feceítas. Ou ao sistema límbico, não sei bem.

Seja como e porque for, o certo é que apareceu por aí mais uma. Ou várias, porque em vez de Odisseia é Odisseias. Fantásticas, claro.

Está aqui, e é um blogue agregador de blogues de gente ligada, de uma forma ou de outra, ao chamado fandom português. Escritores, tradutores, editores, críticos, organizadores de eventos, consumidores, estamos por lá já vários e como o blogue está muito no início e é assumidamente um trabalho em andamento o mais certo é que daqui a uns meses sejamos bastante mais. Eu pessoalmente conheço vários outros blogues que podiam perfeitamente entrar também no bando. E se se começar a incluir também brasileiros, mais um pouco.

A Lâmpada por lá anda, evidentemente. O que é giro. Porque este post, que fala do Odisseias Fantásticas, vai aparecer não tarda no... Odisseias Fantásticas. De cá liga-se para lá, e de lá para cá, sendo que "cá" e "lá" são relativos ao local onde este texto for lido.

É o chamado post circular.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A energia do virtual

Ora aqui está uma leitura interessante, embora já com dois anos de idade, acerca do consumo de energia dos avatares do Second Life, e respectiva comparação com o consumo de energia dos humanos de carne e osso.

E é interessante em especial para fãs e escritores de ficção científica. Porque nos admiráveis mundos novos que lemos e escrevemos não raro os constrangimentos energéticos são pura e simplesmente postos de lado, descartados como partes desinteressantes do cenário. É assim que temos nanomáquinas a fazer coisas maravilhosas, gastando energia que aparentemente obtém do nada, é assim que temos ambientes virtuais indistinguíveis da realidade e infinitamente extensíveis, é assim que temos ecologias hiperluxuriantes, com plantas e animais de crescimento instantâneo, etc., etc. Tudo para que escritores e leitores trepidem. Tudo pelo factor uau.

O problema é que às vezes há leitores capazes de fazer as perguntas chatas, como "de onde diabo vem a energia para isto?" Leitores que não se deixam deslumbrar pelos efeitos especiais, malandros dos gajos. Leitores para os quais este tipo de detalhe é suficiente para quebrar a suspensão da descrença, após o que a trepidação se transforma em bocejo e o uau se metamorfoseia em bah.

Como sair disto? Onde está o segredo? Não sei. Mas suspeito que é fazendo histórias que não exijam esse tipo de explicações. É possível; já li muitas. Mas claro que essa também é medalha com reverso. Não será difícil, por exemplo, encontrar quem, confrontado com a falta de efeitos especiais, ache as histórias empasteladas, quem exija todas as inverosimilhanças que outros rejeitam. O problema de quem cria - e também o de quem critica, e se calhar ainda mais o de quem edita e disso quer fazer negócio - é este: o público é múltiplo, procura coisas diferentes naquilo que lê, encontra qualidades onde outros só vêem falhas por nenhum outro motivo que não seja o simples olhar para as coisas sob diferentes perspectivas. E lá se foi a objectividade nas avaliações de qualidade.

Ou quase. Há coisas, não muitas, mas há, que podem ser avaliadas objectivamente. A qualidade do uso da língua, por exemplo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A dúvida

O que será a ficção científica fantástica?

Ou por outra: o que será a ficção científica não-fantástica?

A meio, mais ou menos

Sim, acabei de pôr lá no blogue o décimo quarto capítulo de Por Vós lhe Mandarei Embaixadores, fazendo com que cheguemos a meio da história, pelo menos se considerarmos o número de capítulos. Em páginas ainda falta um bocadinho. Mas não muito.

Este é de novo um capítulo longo, e foi mais ou menos por esta altura que eu comecei a divertir-me à brava enquanto escrevia a história, o que coincidiu, mas não por coincidência, com a altura em que o tradutor automático começa a ter maior evidência. Rima e é verdade. Continuando a rimar, vamos assistir aqui a uma conversa entre os dois cientistas, Serra e Grandelasca, que tentam descobrir como recuperar o ET da inconsciência. E Serra aproveita para tentar outras coisas também.

sábado, 25 de outubro de 2008

Semana

Os prognósticos da semana passada revelaram-se optimistas. Nem esta semana voltou ao normal, embora a próxima provavelmente já volte, nem a produtividade regressou aos níveis do costume.

No livro, vou na página 330, o que quer dizer que foram 50 as páginas que ficaram feitas nos últimos sete dias, faltando agora 60. Já agora, talvez vos interesse saber quanto é que isso dá em material traduzido. São 365 páginas. Continuam a ser mais ou menos 11 páginas traduzidas por cada 10 originais, o que quer dizer que estas 50 páginas de hardback acabam por não ser muito menos do que o normal em livros anteriores (e paperback), nos quais cada 10 páginas de original davam entre 8 e 9 de tradução. Vai dar um livro maior do que os primeiros da série, mas mais pequeno do que os dois últimos e do que A Fúria dos Reis.

Idealmente sem gralhas. Mas é para isso que há as revisões.

O wiki foi o único sítio em que a produtividade subiu, mas a verdade é que não foi muito. 32 páginas novas, com o total a subir para 14 295. Este mês corre o sério risco de ser o primeiro em que nem 200 páginas o wiki cresce. Vamos a ver se dá para impedir que isso aconteça.

E quanto a leituras, ando por um romance de que já falei aqui em baixo, e ainda não o acabei, de modo que nada há a dizer. Fica para a semana. Espero eu.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Coincidência cósmica

Um dos vários livros que tenho actualmente em leitura (sete, mais uma revista), um dos dois romances (os outros são livros - e revista - de contos), e, na verdade, o único de que se pode dizer com propriedade que já comecei (e estou quase a acabar), visto que do outro não li mais do que um punhado de páginas, é A Invenção de Leonardo, título que em Portugal foi dado a Pasquale's Angel, de Paul McAuley. Publicado pela mesma Saída de Emergência que tantos livros do Martin (e não só) me tem dado para traduzir.

Não tem nada a ver, mas um dos blogues que visito com maior regularidade e de que mais gosto, fruto da minha velha pancada por tudo o que tenha a ver com o Universo, é o Universe Today. É aí que obtenho a minha dose quase diária de notícias espaciais. Não é o único sítio, mas é provavelmente o principal. E além das notícias tem uma espécie de jogo, uma imagem espacial por semana, que os frequentadores deverão tentar identificar. Costumo jogar. E até acerto com uma certa regularidade, pelo menos quando não se põem com galáxias e nebulosas, que tendem a parecer-me todas iguais.

Foi o que aconteceu hoje. Reconheci de imediato a imagem, de Tritão, a maior lua de Neptuno, e lá fui deixar a notinha. Calhou ser o segundo comentador a fazê-lo, e o primeiro a dar a resposta certa, mas houve outro comentário a entrar segundos depois do meu (a hora dos dois é idêntica), também com a resposta certa. De quem?

Do Paul McAuley.

A sério. Se não é ele, é alguém que não só se apropriou do nome como liga para o blog dele, o que me parece muito pouco provável.

Ou seja, o autor do romance que estou a ler neste momento, publicado pela "minha" editora, põe um comentário quase idêntico ao meu, no mesmo blogue que eu, segundos depois de eu lá deixar o meu.

What are the odds?

Claro que quem puser uma destas numa história é imediatamente ridicularizado por quase toda a gente por usar um plot device tão inverosímil. Quem é que acredita em coincidências cósmicas? É preciso ser pateta de todo, não é?

Não é?

Pois é.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tchã tchã tchã tchããã







Aparentemente, sou o Beethoven. Mas tenho os ouvidos a zumbir, num violento protesto, e tenho de lhes dar razão: ouço. E não só ouço, como ouço o suficiente para não conseguir dormir decentemente. Consequências de viver rodeado de escumalha. E de não ser surdo.

De modo que não, não sou o Beethoven.

Mas e se no futuro fosse assim? Se bastassem dez toques na secretária-écran, ou dez respostas ao netipod enquanto se faz jogging, para se ficar a saber, com toda a precisão e sem qualquer ambiguidade, quem se é? Se o joguinho inconsequente para aproveitar um minutinho de descanso entre uma página e a seguinte se transformasse em forma de orientação e categorização na sociedade? Inflexível? Sem possibilidade de fuga?

Utopia? Distopia? Simples topia sem prefixo?

E será que importa? Ou será que o que importa é quem será capaz de escrever as melhores histórias baseadas em tal premissa?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O décimo terceiro capítulo...

... de Por Vós lhe Mandarei Embaixadores acabou de ser publicado no seu blogue. É outro capítulo relativamente curto, no qual se aproveita um compasso de espera, enquanto um aparelhómetro analisa medicamente o extraterrestre, para lançar um olhar sobre o estado actual da Tona e algumas das histórias da sua história.

Há uma coisa que tem de ser referida a propósito destas notas: elas são feitas tentando evitar grandes spoilers mas dando uma ideia daquilo que se encontra no capítulo da semana. É uma tentativa de despertar curiosidade, claro. Mas tem como consequência que acabam por ir ficando dicas sobre o desenrolar da história, ainda que não acerca dos pormenores. Nem sobre os pormenores (que eu acho) mais divertidos. O que isto quer dizer é que quem tenha intenção de ler tudo só depois de concluída a publicação, ou então em papel, e não goste de spoilers, provavelmente deverá evitar as notas que aqui vou deixando semana a semana. Talvez devesse ter escrito isto logo de início, mas a verdade é que quando comecei a deixá-las não sabia ainda o carácter que iriam tomar. Escrevo agora. Seja como for, ainda nem a meio chegámos.

sábado, 18 de outubro de 2008

Semana

Melhorzinha. Foi melhorzinha. Mas esteve longe de ser boa. A martelada e berbequinada só se calou na sexta-feira, de modo que só esse dia e os do fim de semana foram realmente livres de ruídos intrusivos e persistentes. Por outro lado, o martelo pneumático ficou-se pela semana passada, e para fazer um pneumático são precisos uns dez normais. O martelo pneumático (e a britadeira) é a mais maligna maquineta já inventada.

De modo que foi melhorzinho. O livro vai na página 280, o que quer dizer que avançou 50. Não é o que traduziria numa semana normal, mas não anda muito longe. Faltam 110. E claro que estou bastante atrasado relativamente ao plano, mas como o plano desta vez tinha boa folga não há grande crise. Se as coisas voltarem ao normal.

Com a prioridade completamente posta em não deixar que a tradução se atrase demasiado, o wiki teve de ser posto em stand-by (a verdade é que até o email ficou por ler. Tenho quase uma semana de email à espera de melhores dias), e só subiu 6 páginas, graças fundamentalmente a uma ajuda externa. Está em 14 263.

Mas li e acabei coisas. Dois livros e uma listinha de contos.

Terminei A Conspiração dos Antepassados, de David Soares, um romance fantástico que explora a relação entre Fernando Pessoa e Aleister Crawley. O livro é bastante bom, muito melhor do que Os Ossos do Arco-Íris e também melhor do que As Trevas Fantásticas, as duas colectâneas do David que li. Mas tive um problema com ele: é que o tema não me desperta o mínimo interesse. Nem o mais mínimo. De modo que a leitura arrastou-se ao longo de muitos meses. Mas quem tiver mais tolerância do que eu por rosacrucianismos, alquimias, astrologias, e demais pregos na inteligência, leia, que irá gostar. O livro é bom.

Também li O Ano de 1993, um livro bizarro de José Saramago que parece que é geralmente considerado um livro de poemas, mas que a mim mais parece uma pequena novela de ficção científica distópica, escrita com grandes preocupações formais. Não me agradou o tom quase ludita com que se faz o contraponto entre o homem e a máquina, e certamente que este livro não é o melhor Saramago (data de 1975, uns aninhos antes de toda a qualidade do escritor literalmente rebentar por todo o lado), mas achei curioso o modo impressionista de contar uma história que ali acontece, a léguas da linearidade da escrita que se costuma aplicar na FC. O termo que melhor o descreve é curioso. É um exercício literário curioso que, estou certo, seria completamente odiado pela maior parte dos rapazes da FC, caso se dessem ao trabalho de o ler. Uma questão de curiosidade, suponho...

Para além dos livros, li mais uns contitos. Li Eu Matei Paolo Rossi, de Octavio Aragão, o conto inaugural da Intempol que relata o modo como um fanático brasileiro da bola se vê metido numa confusão diabólica e acaba a matar o jogador italiano, fazendo assim com que seja o Brasil a conquistar o campeonato do mundo de 1982. É um bom conto, um dos melhores do Octavio, e um conto fulcral da FC brasileira da última década. Mas seria melhor sem aquele irritante "Intempol®" que aparece bastante no fim, e com uma revisão que lhe removesse um ponto por volta dos 2/3 em que o ritmo é prejudicado por umas informações que em nada contribuem para a história. Ah, e "pesos espanhóis", Octávio?! Também li O Telefone, de Orlando Neves, um conto fantástico em que a personagem telefona (obviamente) e do lado de lá lhe responde alguém demasiado parecido consigo mesmo. Deste não gostei muito: achei-o demasiado previsível. Em estrangeiro, li Claws From the Night, de Fritz Leiber, um conto em que Fafhrd e o Rateiro Cinzento vão defrontar um bando de corvos ladrões. Também li A Floresta, de Octávio dos Santos, mais um continho demasiado óbvio, desta vez sobre uma floresta que se defende dos ataques ambientais que vai sofrendo. Muito fracote. E por fim, do Mário-Henrique Leiria li só um poemita, Que Bom, que como é hábito não me pareceu tão... ah... bom como as prosas.

E foi só isto. Para a semana terei, talvez, mais alguns contos lidos, estarei a cerca de 50 páginas do fim da tradução e haverá mais umas dezenas de páginas no Bibliowiki. Agora vamos a ver se esta zandinguice se cumpre.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Capítulo 12

Pois é: o capítulo da semana de Por Vós lhe Mandarei Embaixadores já lá se encontra, publicado e disponível para os ávidos olhos dos leitores. Ou para os aborrecidos olhos dos leitores. Ou para os pestanudos olhos dos leitores. Ou das leitoras. Ou para os indiferentes olhos dos leitores. Ou para...

Bem, já está disponível. Fiquemos por aqui.

Este é razoavelmente curto, mas voltamos finalmente a ter contacto directo com o ET, que como sabem tem passado os últimos capítulos caído sem sentidos entre as mais altas individualidades do planeta, as quais, obviamente, não lhe ligam pêva.

sábado, 11 de outubro de 2008

Dos estados da matéria financeira

Serei só eu a achar bizarro que um mercado sólido seja aquele que tem muita liquidez?

Faz pensar que tudo isto é capaz de ser um bocado gasoso, não faz?

Semana

Uma completa porcaria de semana, esta que passou. Vizinho do lado em obras em casa, quando não era martelo era berbequim, quando não era berbequim era martelo pneumático. De enlouquecer. Literalmente. Se querem ver-me doido varrido basta que me mergulhem num ambiente em que seja impossível fugir a ruídos com muitos decibéis. É coisa de deixar os nervos em franja e um tipo fica completamente incapaz de fazer seja o que for.

Como passei mais tempo em fuga do chinfrim do que em casa, a produtividade (em tudo e mais alguma coisa) caiu quase tanto como a bolsa. E obviamente que o trabalho atrasou significativamente. Querem ver?

O livro vai na página 230. Ou seja, a semana só rendeu 20, número que em circunstâncias normais seria cumprido em dois ou três dias. Faltam 160.

O wiki subiu para 14 256 páginas, ou seja, subiu 13.

E nem sequer li nada que se visse. De modo que não tenho mais nada a dizer. Vou trabalhar hoje e amanhã, que eles não trabalham, e vou esperar que as obras acabem segunda ou terça como me disseram que acabariam. Ou seja: vou esperar que as notícias de hoje a uma semana sejam melhores.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Décimo primeiro capítulo

OK, todos em coro: acabou de ser publicado no blogue o décimo primeiro capítulo de Por Vós lhe Mandarei Embaixadores. Isso mesmo! Vêem como já conhecem a cantiga?

Trata-se de um capítulo de tamanho médio, no qual sucede uma peripécia que tem a ver com a segurança e conhecemos Joanina Grandelasca, uma colaboradora do nosso compincha Serra que irá ter uma intervenção importante na história. A vários níveis, acrescente-se com uma piscadela de olho marota.

domingo, 5 de outubro de 2008

Alerta de Bandeira!

Em Maio, o Bandeira fechou o blogue. Na altura não disse nada, porque não adiantava dizer nada. Comprovei-o nas várias vezes que os autores de blogues que seguia com prazer resolveram acabar com eles, explicita ou implicitamente, pois nunca vi nenhum deles ser demovido por fosse o que fosse escrito por mim, ou pelos outros bloguistas e comentadores que se referiram ao facto.

De modo que fiquei calado quando o Bandeira fechou o blogue. Já há tristezas mais que suficientes por aí sem andarmos todos a poluir a blogosfera com tristezinhas deste calibre.

Ah, mas agora que o reabriu, não! Agora que voltou às lides, agora que regressou para junto de nós, não me calo! Porque agora é tempo de exprimir alegria.

Bem-vindo de volta, pá!

Semana

Uma semana de pouco trabalho, para variar, composta com uma ida a Lisboa para passear (sim, porque este ano, ao contrário do que tem sido hábito, não apresentei nem debati nada) pelo Fórum Fantástico, encurtada por uns problemas que apareceram aqui na base operacional. Nada de sério, mas só o soube (embora já suspeitasse) quando cá cheguei.

O pouco trabalho reflecte-se nos números. O livro está na página 210, o que significa um crescimento de apenas 32 desde a semana passada. Mas já passou de meio: faltam 180.

O wiki, embora lhe tenha acrescentado umas coisas em Lisboa (isto antes da porcaria das actualizações da m**da do Vista me terem comido toda a largura de banda), subiu só para 14 243 páginas, o que dá 74 novidades. Não é mau, mas é bastante menos do que tem sido regra em semanas anteriores.

Quanto a leituras, li Santos F. C., um pequeno conto epistolar de Ivan Carlos Regina, que achei demasiado fanzinesco para uma antologia profissional, seja em elaboração, seja em estrutura e no uso do português. Fracote. Li também vários dos pequenos contos de Orlando Neves: O Espelho é uma variação bem concebida daquelas histórias em que o espelho não se comporta exactamente como é suposto. As Luvas é um conto subversivo sobre um presidente arrivista de que não gostei grandemente: a comparação com Mário-Henrique Leiria é inevitável, e neste tipo de conto, o Mário-Henrique é imbatível. A Mãe é um conto fantástico e bastante bom sobre um homem de meia-idade que se vê de súbito transplantado para a infância. A Fuga é um conto brilhante, entre o surrealista e o horror, sobre um condenado que foge da prisão de uma forma inédita. O Comboio é surrealismo puro, mas não gostei muito: pareceu-me que a ideia exigia um texto maior, talvez com o dobro ou o triplo da extensão. Finalmente, Os Destroços, é um excelente conto de fantasmas, em que o horror (embora bem-humorado) se exerce não sobre quem os vê, como o cliché manda, mas sim sobre o próprio fantasma. O bando de contos de Orlando Neves foi acompanhado por outro bando de contos (maiores) de Fritz Leiber, todos, naturalmente, em estrangeiro: The Bleak Shore leva os heróis, Fafhrd e Rateiro Cinzento, a uma misteriosa terra do outro lado do mar. The Howling Tower continua por paragens distantes, e desta feita os heróis têm de decifrar o mistério de uma torre que uiva. Regressando a casa, os heróis vão deparar com The Sunken Land, uma espécie de Atlântida de Nehwon. E em The Seven Black Priests os dois roubam algo de sagrado e vão sendo perseguidos por todo o Canto Gélido por sacerdotes com sede de sangue.

E foi só isto. Para a semana haverá mais, de novo ao sábado.