sábado, 18 de outubro de 2008

Semana

Melhorzinha. Foi melhorzinha. Mas esteve longe de ser boa. A martelada e berbequinada só se calou na sexta-feira, de modo que só esse dia e os do fim de semana foram realmente livres de ruídos intrusivos e persistentes. Por outro lado, o martelo pneumático ficou-se pela semana passada, e para fazer um pneumático são precisos uns dez normais. O martelo pneumático (e a britadeira) é a mais maligna maquineta já inventada.

De modo que foi melhorzinho. O livro vai na página 280, o que quer dizer que avançou 50. Não é o que traduziria numa semana normal, mas não anda muito longe. Faltam 110. E claro que estou bastante atrasado relativamente ao plano, mas como o plano desta vez tinha boa folga não há grande crise. Se as coisas voltarem ao normal.

Com a prioridade completamente posta em não deixar que a tradução se atrase demasiado, o wiki teve de ser posto em stand-by (a verdade é que até o email ficou por ler. Tenho quase uma semana de email à espera de melhores dias), e só subiu 6 páginas, graças fundamentalmente a uma ajuda externa. Está em 14 263.

Mas li e acabei coisas. Dois livros e uma listinha de contos.

Terminei A Conspiração dos Antepassados, de David Soares, um romance fantástico que explora a relação entre Fernando Pessoa e Aleister Crawley. O livro é bastante bom, muito melhor do que Os Ossos do Arco-Íris e também melhor do que As Trevas Fantásticas, as duas colectâneas do David que li. Mas tive um problema com ele: é que o tema não me desperta o mínimo interesse. Nem o mais mínimo. De modo que a leitura arrastou-se ao longo de muitos meses. Mas quem tiver mais tolerância do que eu por rosacrucianismos, alquimias, astrologias, e demais pregos na inteligência, leia, que irá gostar. O livro é bom.

Também li O Ano de 1993, um livro bizarro de José Saramago que parece que é geralmente considerado um livro de poemas, mas que a mim mais parece uma pequena novela de ficção científica distópica, escrita com grandes preocupações formais. Não me agradou o tom quase ludita com que se faz o contraponto entre o homem e a máquina, e certamente que este livro não é o melhor Saramago (data de 1975, uns aninhos antes de toda a qualidade do escritor literalmente rebentar por todo o lado), mas achei curioso o modo impressionista de contar uma história que ali acontece, a léguas da linearidade da escrita que se costuma aplicar na FC. O termo que melhor o descreve é curioso. É um exercício literário curioso que, estou certo, seria completamente odiado pela maior parte dos rapazes da FC, caso se dessem ao trabalho de o ler. Uma questão de curiosidade, suponho...

Para além dos livros, li mais uns contitos. Li Eu Matei Paolo Rossi, de Octavio Aragão, o conto inaugural da Intempol que relata o modo como um fanático brasileiro da bola se vê metido numa confusão diabólica e acaba a matar o jogador italiano, fazendo assim com que seja o Brasil a conquistar o campeonato do mundo de 1982. É um bom conto, um dos melhores do Octavio, e um conto fulcral da FC brasileira da última década. Mas seria melhor sem aquele irritante "Intempol®" que aparece bastante no fim, e com uma revisão que lhe removesse um ponto por volta dos 2/3 em que o ritmo é prejudicado por umas informações que em nada contribuem para a história. Ah, e "pesos espanhóis", Octávio?! Também li O Telefone, de Orlando Neves, um conto fantástico em que a personagem telefona (obviamente) e do lado de lá lhe responde alguém demasiado parecido consigo mesmo. Deste não gostei muito: achei-o demasiado previsível. Em estrangeiro, li Claws From the Night, de Fritz Leiber, um conto em que Fafhrd e o Rateiro Cinzento vão defrontar um bando de corvos ladrões. Também li A Floresta, de Octávio dos Santos, mais um continho demasiado óbvio, desta vez sobre uma floresta que se defende dos ataques ambientais que vai sofrendo. Muito fracote. E por fim, do Mário-Henrique Leiria li só um poemita, Que Bom, que como é hábito não me pareceu tão... ah... bom como as prosas.

E foi só isto. Para a semana terei, talvez, mais alguns contos lidos, estarei a cerca de 50 páginas do fim da tradução e haverá mais umas dezenas de páginas no Bibliowiki. Agora vamos a ver se esta zandinguice se cumpre.

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