sábado, 8 de novembro de 2008

Semana

Lá se foi mais uma, malta. A nossa Lua lá deu mais um quarto de volta em torno da Terra, e aqui estou eu uma vez mais a discorrer um bocadinho sobre a minha semana que passou.

Passou e deu para completar umas coisas. Acima de tudo, a tradução do próximo livro do Martin, claro. Está feita e meio revista, devendo ficar completamente revista dentro de alguns dias, após o que faltará apenas escolher um extracto para o próximo volume e traduzi-lo, preparar um ficheirito com os nomes do mapa que será incluído neste, mandar tudo à editora e receber o pagamento, que é sempre uma das partes agradáveis do trabalho.

No wiki, a semana não foi muito produtiva, com apenas 33 páginas novas que fizeram subir o total para 14 476, graças também a alguma ajuda externa.

E também houve uma série de coisas lidas.

Em estrangeiro, li Bazaar of the Bizarre, de Fritz Leiber, mais uma aventura do Fafhrd e do Rateiro Cinzento que desta vez os leva a confrontar-se com uma maligna instituição comercial que vende lixo magicamente disfarçado de preciosidades. Não pude deixar de sorrir com algumas associações que me vieram à cabeça. Ainda em estrangeiro, li OpenClose, de Terry Bisson, um conto de ficção científica muito curto e divertido (e assustador, também) sobre um homem que tem problemas com a IA do carro em plena zona de segurança de um aeroporto. Nada de superlativo, mas leu-se bem. Também li Something by the Sea, de Jeffrey Ford, uma fantasia surrealista e onírica, literariamente muito forte, mas que me deixou algo insatisfeito, com a sensação de haver ali muita forma e pouco conteúdo.

Em português, mas do Brasil, li Carta à Redação, de Braulio Tavares, outro conto epistolar sobre futebol que, não sendo mau, é ainda assim muito pior do que outras histórias do autor que já li. Este é história alternativa e consta de uma carta irritada de um leitor, que faz um apanhado de uma série de acontecimentos alo-histórico-futebolísticos e termina com a melhor parte do conto: o fim. Também história alternativa é Se Cortez Houvesse Vencido a Peleja de Cozumel, de Carla Cristina Pereira. Desta vez não estamos em presença de uma carta, mas de um artigo jornalístico ficcionado, no qual a jornalista realiza um exercício de reflexão histórica alternativa sobre quais poderiam ser as consequências de não se ter dado um acontecimento determinante na história do seu mundo. É um exercício bastante interessante, com uma história alternativa dentro da história alternativa, que foge ao facilitismo de dizer "ah, e tal, é como foi no nosso mundo", comum neste tipo de estrutura.

Em português de Portugal, li mais dois dos pequenos contos de Orlando Neves: O Feliz Parto, um continho insólito sobre uma mulher cujas sucessivas gravidezes redundam sempre em abortos, e Obsceno, o maior conto do livro, no qual um enviado do Vaticano comete um faux pas divertido num país de usos culturais muito peculiares. Ambos estão bem conseguidos, mas nenhum dos dois é tão bom como outros contos do livro. Também foram dois os contos lidos de Octávio dos Santos. Prisioneiro de Guerra é um conto de FC distópica sobre, claro, um prisioneiro numa guerra infindável. Francamente mau, quer literariamente, quer em termos de concepção e enredo. O Botão é bastante melhor: apesar de continuar a ter falhas ao nível da escrita, está razoavelmente bem concebido e tem um dos melhores finais que vi em contos deste autor. Também li A Vana, de Alain Dorémieux, uma história de amor de ficção científica entre um homem e o seu animal de estimação, que apesar de irracional e proveniente de um planeta distante é igualzinho a uma mulher. Gostei da construção do conto, gostei da linguagem, mas não gostei nada nem do absurdo biológico que contém nem do final moralista. Mediano menos, portanto. Por fim, de regresso ao português do Brasil, li Vanda Volta, Vingativa (tanto V), um conto de fantasmas de Giulia Moon que achei bastante bom, em particular na forma como consegue levar o leitor por caminhos enganadores.

E foi só isto. Até à semana que vem.

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