sábado, 20 de junho de 2009

Semana

E pronto, lá se passou mais uma semaninha, entre descanso, um artigo complicado e comprido e (algum) desbaste no email acumulado. E calor, montes de calor, e de mudanças malucas de temperatura também, daquelas que deixam um tipo derreado, sem vontade de fazer nada.

Em todo o caso, sempre se foi fazendo qualquer coisinha, por exemplo, no wiki, que cresceu mais 62 páginas. Tem agora 16 466.

E leu-se também umas coisas, claro. E até se acabou uma delas: o número 324 da revista Asimov's. Não a acabei lendo algo de que valha a pena falar aqui — críticas a livros saídos nos States há uns anos —, mas o número em si é típico da Asimov's: uma ou duas coisas muito boas, mais uma ou duas boas e o resto, quase tudo, suficientemente interessante para fazer com que a revista valha muito a leitura. Pessoalmente, destaco The War on Treemon, de Nancy Kress, e The Ice, de Steven Popkes, como os melhores textos e Etiquette With Your Robot Wife, de Bruce Boston, como o mais divertido.

Noutras leituras, li Cultos da Carga da Ilha do Beijo Picante, de Rhys Hughes, uma excelente prosa metaliterária composta por uma autêntica cebola de histórias metidas dentro umas das outras e em tensão mútua, com uma revolta do leitor lá metida no meio. Achei muitíssimo curiosa a semelhança que esta história de Hughes tem com O Deus das Gaivotas, que escrevi com o meu pai e está publicada na colectânea Por Universos Nunca Dantes Navegados. Hughes faz rebelar-se o leitor enquanto nós sofremos a revolta da personagem, e também vai mais longe do que nós na exploração do absurdo da ideia, mas há mesmo assim muitos pontos de contacto entre as duas histórias. Mal posso esperar que o meu pai leia isto para ver o que diz.

Também li O Sinistro, de Carlos Patati, um misto de ficção científica e horror, com umas ideias bem interessantes, em especial a ideia principal: tatuagens que funcionam como uma espécie de rede neuronal artificial e complementar ao cérebro biológico, e que põem os tatuados em contacto com os monstros lovecraftianos. Mas apesar da ideia interessante, não gostei particularmente da sua concretização, que muito teria sido ajudada por uma revisão atenta ao texto. Há partes incompreensíveis, onde parecem faltar palavras, há erros ortográficos e gralhas, há trechos onde o estilo perde solidez, enfim... é pena.

Também li São Asas, crónica de Saramago sobre uma estátua de Camões, que achei muito esquecível. A crónica, não a estátua.

E li Encontro Nocturno, de Bradbury, outro conto que mistura a ficção científica e o horror, no qual um terrestre, recém-instalado no morto planeta Marte, se encontra com o fantasma de um marciano vindo de um passado em que a sua civilização se mostrava viva e pujante. Ou talvez fosse o marciano a encontrar-se com o fantasma do terrestre vindo do futuro. De uma forma ou de outra, uma coisa é certa: o conto é muitíssimo bom.

O Final do Verão é a outra história de Bradbury que li esta semana. Outra boa história, esta é praticamente mainstream, embora contenha um certo ambiente fantasmagórico, e conta uma escapadela sexual duma jovem geralmente muito composta e aprumada.

Si Tan Solo, de Gerardo Horacio Porcayo, é um poema em prosa sobre o sonho. Não me agradou por aí além.

Por fim, e também em estrangeiro, li The Convert, de Simon Ings, uma noveleta escrita numa linguagem muito rica em metáforas, sobre um homem que recebe como implante um sentido artificial que o informa sobre o fluxo do dinheiro e para isso se associa a um milionário com uma saúde mental algo débil. O mais curioso desta história é passar-se quase toda no Brasil, e por isso aparecerem coisas em português no texto inglês, mas que eu ache isso o mais curioso já mostra que não gostei lá muito do que li. Não gostei da caracterização das personagens, por exemplo, e como isso é boa parte do conto...

E pronto. Para a semana haverá mais.

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