quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lido: Falsa Alvorada de Papagaios

Falsa Alvorada de Papagaios, de Rhys Hughes, é um conto surrealista, profusamente ilustrado, que anda vagamente em torno da ilha da Madeira, ou pelo menos duma versão muito hughesiana da ilha da Madeira. Saltitando de tema em tema num encadeamento muito onírico e ocasionalmente também muito irónico, este é provavelmente o mais caótico dos contos que já li deste autor. Fio condutor até existe, e até há uns fiapos que ligam este conto a outros do mesmo livro, mas é tão imaterial que quase não se dá por ele. Quem gosta de histórias com princípio, meio e fim deverá detestar este conto, porque ele funciona quase como um corredor cheio de obstáculos, curvas e contracurvas e até regressos a pontos de partida intermédios, no qual as portas que dão para os quartos onde as histórias se desenrolam se estejam sempre a abrir e a fechar sem motivo que se perceba. De modo que quem gosta deste tipo de caos aparente provavelmente adorará. Eu estou algures no meio; tal como aconteceu com outras histórias do autor, senti falta de um fio condutor mais sólido que fornecesse alguma estrutura a todo aquele malabarismo imagético. Mas pairo mais para junto do segundo grupo do que do primeiro.

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