terça-feira, 21 de setembro de 2010

Lido: Cada Vez Mais Sós

Cada Vez Mais Sós é outra crónica de José Saramago em que ele faz referência ao espaço e à FC. Aquilo que lhe deu origem terá sido a passagem pelo planeta Marte, com seis dias de intervalo, das sondas americanas Mariner 6 e 7, e que terão enviado para a Terra fotografias que provavam sem margem para dúvidas que Marte era um planeta morto. Ainda que essas dúvidas se tenham reacendido várias vezes desde então, na época as fotos das Mariner representaram um fim definitivo para a imagem bradburiana (e lowelliana e wellsiana e de tantos outros) de Marte como um planeta moribundo, carente de água, habitado por uma raça antiga em lenta mas inexorável decadência. Na sua crónica, sem deixar de fazer uma referência a Bradbury, Saramago manifesta o seu desapontamento por estarmos sozinhos no sistema solar, rodeados de mundos sem vida. Vai saltando de mundo em mundo, para acabar por descer à Terra, único local de vida, e à responsabilidade humana por a manter viva. Para mim, hoje, o mais chocante é um número. Quando escreveu a crónica, há pouco mais de 40 anos, Saramago vivia neste planeta acompanhado de três mil milhões de seres humanos. Hoje somos seis. O dobro. É aterrador.

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