quarta-feira, 6 de julho de 2011

Um conselho grátis a quem faz críticas

Este é mais para quem faz críticas de traduções, mas não só. Sabe-se de casos de autores que passaram décadas a resmungar por causa do mesmo problema. Mas é mais para quem faz críticas de traduções porque afeta bastante mais os tradutores do que os autores. Que conselho é esse?

Não partam do princípio de que os títulos são escolhidos por quem escreve ou traduz o texto dos livros.

É que é muito frequente não ser. É muito frequente que sejam as editoras e, dentro destas, o departamento comercial, a determinar o título que acaba por vir a público. Por vezes por sugestão dos autores ou dos tradutores, mas por vezes contra os conselhos destes. Os motivos normalmente são os melhores: a editora acha que, com o título que prefere, o livro chegará melhor ao público, despertará mais a atenção. Mas isso não anula o facto de que o tradutor ou o próprio autor teriam escolhido um título diferente para a obra.

E por vezes acontecem autênticas catástrofes por essa via. Um dos títulos mais idiotas que me passou pelas mãos foi Samurai: Nome de Código. Foi assim que a editora resolveu chamar à tradução de Snow Crash, de Neal Stephenson. Só posso imaginar os cabelos que o pobre tradutor arrancou quando viu o livro nas livrarias, porque ele teria chamado ao livro Nevão Marado. É que Snow Crash é o nome duma droga criada pelo Stephenson, que o tradutor verteu para português como Nevão Marado, e foi assim que chamou ao livro numa nota que nele resolveu incluir.

Isto acontece com todos os tradutores e com bastantes autores. Raramente o resultado é tão desadequado como no exemplo acima, mas massacrar o tradutor por causa de um título que, muito provavelmente, não foi ele a escolher, não é nada boa ideia.

2 comentários:

  1. Esclarecimento muito relevante. Por acaso já me tinha perguntado se os títulos seriam da responsabilidade do tradutor, e acabei por chegar à conclusão que não podia ser.
    Principalmente quando são boas traduções dos livros, mas com títulos infelizes.
    Obrigada pelo esclarecimento.

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  2. De nada.

    É o mesmo fenómeno, já agora, que acontece com os filmes. Só que nos filmes é muito pior. MUITO pior.

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