terça-feira, 12 de março de 2013

Consagrações pelo uso

Muito se tem falado de exceções consagradas pelo uso a propósito do acordo ortográfico de 1990. Tanto que eu decidi ir ver ao texto quantas vezes tais expressões aparecem. E também, como termo de comparação, ao texto que define a ortografia de 1945. E descobri, com alguma surpresa, que é expressão que pouco aparece, tanto num como no outro. Na verdade, até eu, que já li aquilo tudo várias vezes, tinha ficado com a sensação de que era coisa mais frequente. Mas não. Vejamos:
  • O texto das bases do acordo de 1945 tem 10670 palavras;
  • O texto das bases do acordo de 1990 tem 9075 palavras;
  • A expressão "consagrado pelo uso", ou similares, aparece no texto das bases do acordo de 1945 apenas duas vezes;
  • A mesma expressão, ou similares, aparece no texto das bases do acordo de 1990 apenas quatro vezes;
  • em termos de frequência, pode-se dizer que ela mais que duplica de 1945 para 1990. Mas mesmo assim, surge neste último só uma vez por cada 2269 palavras.
Pessoalmente sou de opinião que essas quatro vezes são quatro vezes a mais. O ideal, em termos de coerência ortográfica, seria não haver nenhuma. Mas o facto permanece: os usos consagrados não são tão relevantes como a celeuma à volta deles pode levar a supor. E não são novidade de 1990, visto que eram coisa que já existia no texto de 1945.

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