sábado, 30 de maio de 2015

Sobre pessoas que nunca mais deviam pôr os pés na RTP

A história é edificante.

Aqui há tempos, a RTP emitiu, tanto no primeiro como no segundo canais, uma peça miserável sobre o acordo ortográfico, repleta de mentiras, de desinformação, de comentários ao lado sobre coisas que nada têm a ver com o AO, e por aí fora. Uma coisa inqualificável.

Margarita Correia teve o desplante, vejam só, de contactar o provedor do telespetador a queixar-se da peça, ainda para mais emitida numa estação que tem obrigação de fazer serviço público. O resultado desse contacto pode ser visto aqui.

Rita Marrafa de Carvalho ficou histérica. Publicou no facebook uma imagem retirada do programa com o seguinte comentário:


E eu, quando vi isto a ser partilhado no meu facebook, fiquei abismado com tamanha falta de noção. Quem diabo é a Rita Marrafa de Carvalho para querer proibir a Margarita Correia ou seja quem for de "pôr os pés na RTP," essa televisão de serviço público pago, também, com os meus impostos?!

Perguntei-lhe isto mesmo no twitter, onde era um dos meus contactos. Era. Já não é. Porquê?

Ora, porque respondeu desta forma:


Por enquanto, enfim, escapa. Apesar de se custar a perceber onde raio está a indecência de protestar contra uma peça miseravelmente mal feita e tendenciosa, ou qual a desonestidade intelectual de repor a verdade, isto é uma resposta que se aceita, com alguma boa vontade. Ah, mas logo a seguir veio isto:


À segunda mensagem, sem sequer me dar tempo para responder à primeira, veio o primeiro insulto. Quando eu finalmente consegui responder à primeira mensagem com um "Cuspir no prato?! Fazem peças carregadas de aldrabices e depois quem vos corrige está a cuspir no prato?!" a resposta foi a seguinte:

E logo a seguir:

E logo a seguir:

Não, não estou a omitir nada. A coisa veio mesmo assim, incoerente, saltando de umas coisas para outras sem que se perceba um fio condutor, com jornalistas que pelos vistos deviam ter sido "perturbadas," e por aí fora. Daqui, no meio de muita patetice, regista-se uma coisa importante: para a Marrafa, a jornalista não está obrigada a procurar o contraditório: pode dizer todas as asneiras possíveis e imaginárias numa peça, todas as aldrabices, que não se passa nada. Mas quem se queixa ao provedor, isso sim, tem de procurar contraditório. Nem é o próprio provedor, note-se, porque a sanha da Marrafa está dirigida contra a Margarita Correia, não contra o provedor e quem elabora o respetivo programa: para a Marrafa, são os que se queixam da qualidade miserável do trabalho jornalístico que têm a obrigação de tentar ir perguntar à "jornalista" que o fez quem foram as fontes, e se calhar, já agora, por que raio não consultou uma fonte que soubesse alguma coisa sobre o que estava a falar. Sabem? Porque raio não fez... como é a palavra?... Ah!, sim.

Contraditório.

Entretanto, eu tinha conseguido finalmente responder à mensagem com o primeiro insulto, a segunda deste arrazoado, com uma mensagem sarcástica:

Citando: "Se calhar, esta senhora nunca mais põe os pés na RTP, não? "

Não é proibir nada, claro. Naaada.

 E a Marrafa:


Claaaro que não é. Pois haveria de ser o quê?


Aqui seria eu a exclamar "olhem-me bem para a indecorosa desculpabilização que aqui vai!" Seria, mas não tive tempo, porque entretanto estava a tentar responder àquela em que a pseudo-dona-disto-tudo "garante que [Margarita Correia] não volta mesmo" a pôr os pés na RTP, mais ou menos ao mesmo tempo que me tentava fazer de parvo a dizer que não estava armada em porteira de discoteca a decidir quem entra e quem não entra. E devo confessar que aqui já estava eu também enxofrado. Um tipo só consegue aturar estupidez e má-criação até certo ponto. O que lhe mandei foi o seguinte:

A fürer Marrafa manda. Indecoroso é desinformar, indecoroso é mentir. Indecoroso é aldrabar o povo.
E aí, a nossa queridinha remata com:


Boa educação a toda a prova, hã? Mas esperem. A seguir ainda veio outra:
 
Sobre as dezenas de aldrabices que a coleguinha disse, nem palavra. Aliás, é "desonestidade intelectual" falar delas. Mas a única parte da intervenção da Margarita Correia em que ela não foi cem porcento factual (sim, é verdade, ratificar não é assinar, se bem que também seja absoluta verdade que TODOS assinaram... entretanto, a miserável peça que a Marrafa defende com unhas e dentes dizia que só quatro países ratificaram, quando a verdade é que SEIS países ratificaram... mas que interessa isso?), ah, isso justifica proibi-la de entrar na RTP. E quem chama a atenção para a vigarice da peça é intelectualmente desonesto, iletrado semântico sem uma "life" e um alarve que diz alarvidades.

E é a isto que o dinheiro dos meus impostos paga o salário.

De facto há aqui alguém que devia ser proibido de entrar na RTP. Mas de certeza que não estou a falar da Margarita Correia.

No meu twitter, pelo menos, não volta a entrar. O block é uma grande invenção. E espero bem que não me voltem a maçar no facebook com partilhas de asneiras bolsadas por esta senhora.

Adenda: Este blogue é moderado precisamente para evitar que comentários que comecem com "ó Candeias, mete o AO naquele sítio," ou coisas do género, venham poluí-lo. Querem mandar-me comentários desses? Façam favor. Eu até me divirto a lê-los. Fazem bem ao ego. Mostram até que ponto estou do lado certo. Mas não esperem que eles sejam publicados, porque não serão. Esclarecidos? Ainda bem.

Adenda de 2 de maio: Parece que os "tradutores contra o acordo ortográfico" (é pelo menos um tipo, que até já foi à televisão e tudo, começar a gritar por cima de quem estava — infrutiferamente — a tentar debater com ele) acham muito bem a atitude da Marrafa. Ora veja-se:


Parece-me naturalíssimo: não há nada que mais ameace os aldrabões do que haver quem lhes rebata as mentiras. É natural que queiram proibir quem fala a verdade de ir à RTP e a qualquer outro canal de televisão. E à rádio e aos jornais e por aí fora. Para esta gente, devia haver censura prévia, não fosse dar-se o caso de alguém conseguir furar o bloqueio de vigarice e explicar as coisas tais como elas são. Aliás, há quem se aproxime de tal forma de algo que só pode ser qualificado como fascismo ortográfico que qualquer dia vão querer enfiar os "acordistas", e especialmente os "empedernidos", num tarrafalzeco para lhes passar essa tendência para "trair a pátria". Já faltou mais. Não propriamente pelo texto (até porque é texto obtido na imprensa, não é de lavra própria), mas o título... ah, o título é todo um programa político.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estes tipinhos são divertidos.

    Eu digo que Fulano "até já foi à televisão e tudo" e aparece-me um iluminado que até "sabe" quem é o Fulano e a que programa foi, e depois me insulta de alcoviteira porque o Fulano que ele, do alto da sua ignorância, acha que é aquele a quem me refiro foi "ao programa" que ele, do alto da sua incapacidade de compreensão do mais básico da língua portuguesa, acha que é aquele de que falo.

    Eu digo "até já foi à televisão e tudo," o nabo acha estou a dizer que foi à televisão no programa que é contestado na emissão do programa do provedor. Admira que este tipo de gente, incapaz de compreender português, seja igualmente incapaz de compreender o acordo ortográfico?

    Claro que não. Compreende-se na perfeição.

    Já agora, este é o mesmo bestunto que queria que eu enfiasse o AO ele lá saberá onde. E depois de ser malcriado e ser corrido, insiste, com mais estupidez e mais insultos. Estão a ver com o que temos de lidar?

    Horta, primeira e última vez que apareces nas páginas deste blogue, pazeco. Este comentário não foi diretamente para o lixo porque achei que seria serviço público mostrar ao mundo até que ponto chega a imbecilidade com que temos que lidar; Mas outros comentários que haja, seja qual for o seu teor, irão todos, sem qualquer exceção. Tenho mais que fazer do que estar a perder tempo com gente como tu.

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