segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Lido: Reconversão de Excedentes

Por esta altura, imagino, ao verem esta imagem aqui ao lado, e se acompanham o que vai sendo escrito aqui para a Lâmpada, já deverão estar à espera do que se segue. Com Reconversão de Excedentes (bibliografia), Telmo Marçal volta aos seus ambientes típicos, aos seus mundos miseráveis e sobrepovoados, aos seus futuros de absoluta distopia, contando desta feita a história da ascensão de um jovem recém graduado que tem a duvidosa sorte de obter emprego como operador de uma central automática de tratamento de resíduos.

Trata-se de um conto com múltiplos pontos de contacto com contos anteriores deste livro. De facto, a páginas tantas durante a leitura ocorreu-me a interrogação sobre se Marçal terá alguma vez pensado em construir com estas histórias uma série ambientada num universo ficcional coerente. Não foi a primeira vez que esta dúvida me veio à mente, mas foi aquela que resultou em mais reflexão — até porque o livro se aproxima do fim. É que, embora nem todas as histórias pareçam poder ambientar-se no mesmo universo ficcional (há algumas diferenças até no planeta que serve de cenário), cerca de metade mostra uma identidade tão grande de ambientes que facilmente poderiam ser vistas como partes de um todo mais vasto.

Voltando a este conto, ele relata a ascensão do jovem trabalhador, como ficou dito, concentrando-se nas relações entre este e a gigantesca maquinaria, por um lado, e, pelo outro, com o supervisor da central, um velho intratável e abusador cujo mau génio é exacerbado por se julgar na iminência de ser substituído pelo jovem aprendiz, com tudo o que isso, numa sociedade daquelas, implica. É mais um bom conto, que só peca verdadeiramente por se tornar um pouco previsível.

Contos anteriores deste livro:

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