segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Lido: A Respiração

É isso mesmo, caríssimos. Voltámos à Alexandra Pereira e às dedicatórias. E desta vez, para variar, não é uma mas logo duas para que não nos queixemos de escassez. Uma a um famoso, o Doutor (assim mesmo, por extenso) Miguel Lobo Antunes, e outra a um desfamoso, um tal "Miguel em Coimbra".

E o conto da vez, A Respiração, é sobre um refugiado alemão da II Guerra Mundial. Trata-se praticamente de um estudo de personagem, quase sem enredo e com o final em aberto (de novo excessivamente, a meu ver), escrito numa prosa se não poética pelo menos poetizada, com alguns achados linguísticos bastante interessantes mas também com aquele ar de coisa que se autocompraz no malabarismo das palavras que tantos textos deste género parecem mostrar. E que tão pouco me agrada.

E além disso...

Antigamente, a literatura estava cheia de histórias que se pretendiam contos de sucedidos verdadeiros, relatados por forma a proteger a identidade dos protagonistas, para o que os escritores se socorriam de uma série de técnicas das quais a mais óbvia era substituir nomes por iniciais. O século XX desembaraçou-se dessa espécie de engano, dessa maneira de tentar fazer o que é falso parecer mais verdadeiro por via de uma ocultação desnecessária de identidades. Porquê? Porque essa técnica para promover a suspensão da descrença é, convenhamos, bastante tosca e há formas melhores, mais sofisticadas, até mais eficazes, de alcançar esse objetivo. Mas a verdade é que ainda vão aparecendo aqui e ali umas histórias anacrónicas que se valem do mesmo truque, por ultrapassado que ele esteja. Esta é uma dessas histórias. E também isso me desagrada.

Tudo somado, esta é na minha opinião mais uma história que não ultrapassa o razoável.

Contos anteriores deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de idiotas. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.