segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Lido: Perro de Luz

Um problema grave de que esta antologia em PDF sofre é ter tantos erros de paginação que alguns contos, que até talvez tivessem algum interesse se bem editados, se tornam praticamente ilegíveis. Perro de Luz é um desses contos. Gerardo Sifuentes cria nele uma história com muito de ciberpunk, a qual parece ser ambientada num futuro longínquo em que a cidade — seja ela qual for... talvez uma cidade global — se transformou num labirinto cavernícola semiarruinado, subdividido em níveis não se percebe bem se provenientes de um crescimento para cima ou para baixo, para o subsolo. Mas tudo é vago, apesar de todo o tecnobabble de FC, muitíssimo piorado pelos tais erros de edição (e são-no certamente, porque não é este o único conto que atacaram, apesar de não terem atacado todos) que transformam o conto em meia dúzia de muito confusos blocos de texto sólido, os quais incluem diálogos e conjuntos de espaços que se sucedem alguns pontos finais e muito provavelmente deveriam ter sido fins ou inícios de parágrafos.

No entanto, creio, e só creio porque a paginação torna a leitura tão penosa que é difícil ter certezas, creio, dizia, que não é só isso a causar problemas no conto. Ele também parece sofrer de um outro problema que tende a acometer os escritos de futuro mais ou menos longínquo feitos por autores demasiado inábeis para tornar compreensível a extravagância inerente ao que está muito afastado da experiência humana contemporânea. Um bom escritor torna compreensíveis e agradáveis de ler até histórias sobre a morte térmica do Universo. Um mau por vezes tenta, por vezes nem isso. E Sifuentes parece que nem isso.

Mas, repito, isto é o que me parece depois de me faltar a paciência para analisar detidamente a parede de texto em que este conto foi transformado. Li tudo mas confesso que li pela rama. Se tivesse tido essa paciência, a vontade para abrir caminho à catanada por esta impenetrável selva de palavras, é possível que a opinião final fosse diferente. Não creio que seja provável, mas possível certamente é.

Contos anteriores deste livro:

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