sábado, 20 de janeiro de 2018

Lido: Dagon, nº 2

Um editorial, um conto, um conto curto, um poema e um artigo. Assim se compõe este número da Dagon, o segundo (bibliografia), em 66 páginas quase inteiramente de e sobre ficção científica que, no entanto, sabem a pouco. Sabem a pouco apesar de o conto ser bom, porque está muito mal traduzido e/ou revisto, carregadinho de erros. Sabem a pouco apesar de o conto curto ser dos melhores ciberpunk portugueses que li, porque isso não quer dizer que passe do razoável. Sabem a pouco porque o poema se sabota a si próprio com um final desastrado. E sabem a pouco porque o artigo, apesar de ser o texto mais relevante (e mais extenso) presente nesta publicação, não é suficiente por si próprio para a arrancar a uma grande mediania, até porque tem um interesse limitado às pessoas que se dedicam mais profundamente ao género. Mas falemos um pouco dele, já que não recebeu opinião autónoma.

Intitulado P.K. Dick - Um Visionário entre Charlatães, este artigo, escrito por Stanislaw Lem e publicado em 1975, é uma longa análise à obra de Philip K. Dick, acompanhada por opiniões variadas sobre o género como um todo (e especialmente sobre a abordagem americana à FC) e o papel da crítica. É um texto muito interessante e intelectualmente estimulante, que não envelheceu muito nestes últimos 40 anos porque ainda nos debatemos com muitos dos mesmos problemas e a obra de Dick continua a ser o que era (embora tenha tido acrescentos posteriores, claro), mas exige algumas coisas ao leitor para um desfrute pleno: um conhecimento do género acima da média, mente aberta para alguns conceitos não muito pacíficos e sobretudo conhecimentos sólidos sobre a obra de Dick.

Para alguém como eu, este artigo vale por si só a publicação. Mas julgo que para um leitor de FC mais casual ele terá um interesse limitado, baixando o interesse global deste número do fanzine. Para esses leitores seria necessário um conto realmente forte para compensar tanto espaço gasto com as opiniões de Lem. Mas esse conto não se encontra aqui. E o resultado é uma publicação que, para a generalidade dos seus leitores, deverá surgir como coxa.

Eis o que achei dos contos e do poema:
Publicação lida em versão PDF de distribuição gratuita.

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