terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Lido: Naturalmente Feliz

Alguém com um nome como Alexandra Pereira que começa um conto com "a senhora dona escritora sentou-se no café" corre sérios riscos de que quem o leia o suspeite autobiográfico. Especialmente se o que se segue a esse início é uma daquelas tipicíssimas histórias contemplativas de escritor-a-escrever-sobre-escritor, repletas de observação da banalidade do quotidiano e de reflexões sobre este ou aquele aspeto desse quotidiano (ou dessa banalidade?). Naturalmente Feliz é um risco desses; um conto sobre uma "senhora dona escritora," já entradota, que se senta num café a observar o que a rodeia, aquela típica vida de café que praticamente todos os portugueses conhecem bem, mas em especial uma jovem, entre o divertimento, a curiosidade e a inveja. É também um conto bem escrito, como a maioria dos outros, mas é banal, limitando-se a repetir situações e ideias já expressos numa miríade de outros contos realistas de escritor-a-escrever-sobre-escritor que o umbiguismo de tantos escritores foi produzindo ao longo das décadas. Só uma coisa, na verdade, se destaca: o fim. O fim é interessante (e não, não vou revelá-lo), o suficiente para arrancar esta história à maior das medianias. Mas mesmo assim há histórias bem melhores neste volume.

Contos anteriores deste livro:

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