domingo, 22 de abril de 2018

Lido: A Menina sem Mãos

Em A Menina sem Mãos, os Grimm voltam a pegar em mais do que uma história, neste caso duas, e a fundi-las para com elas criarem um conto mais complexo. Ao contrário do que acontece com muitas das outras, que parecem ter sido pouco adulteradas pelo cristianismo e estar mais próximas das suas raízes ancestrais, esta é muito cristã, tendo como protagonista uma rapariga, filha de um moleiro, que é vendida inadvertidamente pelo pai ao diabo, ato que vai ser a origem de uma catadupa de consequências. A rapariga resiste ao mafarrico, acaba por isso por perder as mãos, mas há rezas e anjos e um rei que com ela casa não porque lhe tenha grande amizade mas porque "é bonita e devota" e está sozinha no mundo, e mais peripécias quando o diabo não se fica e tudo parece correr sempre mal, mas depois, no fim, tudo acaba no inevitável felizes para sempre.

É uma daquelas histórias maniqueístas, muito baseadas na ideia cristã da virtude e na ainda mais cristã noção de superação das dificuldades não porque se faça alguma coisa mas através de rezas e da intervenção angélica. Um conto moral conservador, portanto, o que é coisa que tende a desagradar-me por vários motivos. Mas não há dúvida de que os manos Grimm fizeram bem o que se propuseram a fazer: o conto está bem amarrado e é eficaz.

Contos anteriores deste livro:

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