O Conselho da Revolução declara: Vencemos! O grosso dos fascistas fugiu, e os poucos que vão aparecendo vão sendo enxotados rapidamente por um povo atento. Declaramos, portanto, o fim do período de vigilância. A Revolução triunfou, e pela última vez fomos ao arquivo morto, de onde trouxemos: "Message subject"
Tema de mensagem
O último tema da última mensagem
a atravessar o espaço e o tempo
e a chegar ao fim da sua viagem
dizia que «cada mensagem tem o seu tema
mas nem todos os temas têm mensagem»
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quarta-feira, 5 de maio de 2004
terça-feira, 4 de maio de 2004
Spamesia (365)
E ontem, o grupo expedicionário regressou com "lacunae"
Lacunas
Por vezes quero recordar um rosto antigo
e não consigo — há qualquer coisa que falta
lacunas, lugares vazios na imagem, bocados
de branco (ou, o que é mais frequente, de
negro), desaparecimentos. Então, imagino
o meu cérebro como queijo suíço, e um
ratinho diligente roendo, roendo sempre
com um relógio no pulso da pata direita
Lacunas
Por vezes quero recordar um rosto antigo
e não consigo — há qualquer coisa que falta
lacunas, lugares vazios na imagem, bocados
de branco (ou, o que é mais frequente, de
negro), desaparecimentos. Então, imagino
o meu cérebro como queijo suíço, e um
ratinho diligente roendo, roendo sempre
com um relógio no pulso da pata direita
Spamesia (364)
A sortida de anteontem trouxe outro título: "Re: Your picture"
A tua fotografia
Se quiser saber coisas de ti
de nada me serve olhar
para a tua fotografia
pois o que ela me diz é só
que não estás aqui
A tua fotografia
Se quiser saber coisas de ti
de nada me serve olhar
para a tua fotografia
pois o que ela me diz é só
que não estás aqui
Spamesia (363)
No dia antes de anteontem, mais uma sortida ao arquivo morto, mais um título resgatado. Desta feita, o azar bateu à porta de "Boing... (the sound produced by a little pill)"
Boing (o som que faz uma pequena pílula)
Boing (o som que faz uma pequena pílula)
Tunf (o som que faz uma mão a bater num peito)
Keee (o som que faz uma garganta em busca de ar)
Tuf (o som que faz um par de pulmões tentanto tossir)
Blém (o som que faz o pânico)
Tlim (o som que faz um corpo a perder as forças)
Brumblum (o som que faz um corpo a cair no chão)
Tktwktrmmm (o som que faz um corpo a estrebuchar)
............ (o som que faz a morte)
Boing (o som que faz uma pequena pílula)
Boing (o som que faz uma pequena pílula)
Tunf (o som que faz uma mão a bater num peito)
Keee (o som que faz uma garganta em busca de ar)
Tuf (o som que faz um par de pulmões tentanto tossir)
Blém (o som que faz o pânico)
Tlim (o som que faz um corpo a perder as forças)
Brumblum (o som que faz um corpo a cair no chão)
Tktwktrmmm (o som que faz um corpo a estrebuchar)
............ (o som que faz a morte)
domingo, 2 de maio de 2004
Spamesia (362)
Quase a terminar o período de vigilância, um fascista retardatário ou outro ergue a cabeça, aqui e ali, e é prontamente expulso para o arquivo morto. E foi a este que fui buscar, anteontem, o título de "Re: Your music"
A tua música
A tua música não tem sons
é feita de sedas e gestos de aragens
e enche-me a vida de acordes
de sétima, sexta e silêncio
onde me lavo, expulsando da pele
o solidó da monotonia quotidiana
Ah, quem me dera um dia poder
banhar-me nas tuas oitavas
e nadar ao compasso do teu vibrato!
E ao fundo, uma flauta desenha o horizonte
A tua música
A tua música não tem sons
é feita de sedas e gestos de aragens
e enche-me a vida de acordes
de sétima, sexta e silêncio
onde me lavo, expulsando da pele
o solidó da monotonia quotidiana
Ah, quem me dera um dia poder
banhar-me nas tuas oitavas
e nadar ao compasso do teu vibrato!
E ao fundo, uma flauta desenha o horizonte
sábado, 1 de maio de 2004
Spamesia (361)
Sim, meus amigos, a revolução parece que venceu mesmo, porque continua sem haver o mínimo sinal dos fascistas. Continuaremos atentos mais uns dias, mas por enqaunto tudo parece estar bem. Do arquivo morto, e cada vez mais morto, "air"
Ar
Do ar, a mais
fundamental
das naturezas
é que dele
caem coisas
zumbindo
pelo ar
Ar
Do ar, a mais
fundamental
das naturezas
é que dele
caem coisas
zumbindo
pelo ar
sexta-feira, 30 de abril de 2004
Spamesia (360)
Ontem (ou, se formos rigorosos em termos de calendário, anteontem) chegou a notícia: a revolução triunfou em toda a linha. De fascistas nem sinal: ou fugiram todos, ou se reconverteram de repente em democratas de vida inteira, em actos de contorcionismo político dignos de um Houdini. Traduzindo para temas mais terrenos, de spam nem sinal. Foi todo parar ao arquivo morto. E foi aí que eu tive de ir buscar o título de hoje, porque há que ficar uns dias vigilante não vão os fachos regressar. O título? "Stolen document".
Documento roubado
Apelo de um robot emitido em todas
as frequências do sector de Proxima:
«Procuro sem sossego um documento
que me foi roubado de um lugar
de segredo
Esse documento contém os códigos
para ter acesso aos meus sentimentos
É urgente encontrar o ladrão e recuperar
o documento
pois pouco a pouco vou ficando
sem sentimentos
e um robot
sem sentimentos
é como uma estrela sem hidrogénio
definha e morre
Ajudem um pobre robot desesperado
enquanto eu choro a perda da minha
mais íntima natureza
enquanto ainda posso»
Documento roubado
Apelo de um robot emitido em todas
as frequências do sector de Proxima:
«Procuro sem sossego um documento
que me foi roubado de um lugar
de segredo
Esse documento contém os códigos
para ter acesso aos meus sentimentos
É urgente encontrar o ladrão e recuperar
o documento
pois pouco a pouco vou ficando
sem sentimentos
e um robot
sem sentimentos
é como uma estrela sem hidrogénio
definha e morre
Ajudem um pobre robot desesperado
enquanto eu choro a perda da minha
mais íntima natureza
enquanto ainda posso»
quarta-feira, 28 de abril de 2004
Spamesia (359)
E ontem, mais uma vez, há-de ter havido spam aos montes, suponho. Mas a verdade é que não vi mais do que 6. A revolução domina o país e os fachos fogem para o Brasil. Quanto a escolhas, "ramify"
Ramifica
Ramifica sorrisos entre ramos de bétula
ramifica cravos dos charcos de sangue seco
ramifica sonhos em pomares de azinheiras
ramifica vida entre a fúria dos canhões
ramifica capilares
para que a toda a parte chegue a seiva
que alimenta o presente e serve de pilar
a que se podem agarrar as gavinhas do amanhã
Ramifica
Ramifica sorrisos entre ramos de bétula
ramifica cravos dos charcos de sangue seco
ramifica sonhos em pomares de azinheiras
ramifica vida entre a fúria dos canhões
ramifica capilares
para que a toda a parte chegue a seiva
que alimenta o presente e serve de pilar
a que se podem agarrar as gavinhas do amanhã
terça-feira, 27 de abril de 2004
Spamesia (358)
Ontem voltei a receber muito lixo, certamente, mas a verdade é que só vi 26 mensagens. A revolução transforma-se já em PREC. Para título do spamema do dia, escolhi aquele que falava de "Tecendo o Futuro."
Tecendo o futuro
Maria tecia o futuro
trabalhava duro e sabia
que um dia se recolheria
a esse mesmo futuro
que tecia
Tecendo o futuro
Maria tecia o futuro
trabalhava duro e sabia
que um dia se recolheria
a esse mesmo futuro
que tecia
segunda-feira, 26 de abril de 2004
Spamesia (357)
E ontem, que foi vinte e cinco do quatro, voltei a receber muitos spams mas de novo vi muito poucos: 30. A revolução continuava. Desses poucos, peguei num que trazia o título de "abacus" e...
Ábaco
No ábaco dos meus sentimentos
somo um mais um
e por mais que procure que as contas
se abriguem ao resultado correcto
obtenho sempre o resultado de zero
Mesmo triste, ainda espero
Ábaco
No ábaco dos meus sentimentos
somo um mais um
e por mais que procure que as contas
se abriguem ao resultado correcto
obtenho sempre o resultado de zero
Mesmo triste, ainda espero
Spamesia (356)
No Sábado, 24, recebi muitos spams mas só vi 45. A revolução começava. No meio dessa malta desagradável que há que afastar rapidamente, vinha um intitulado "real", e foi esse que eu escolhi. Afinal, tem um R...
Real
Realmente não sei bem o que é real
se a substância escondida em cada sinal
se os sinais em si mesmos, o que vejo afinal
Real
Realmente não sei bem o que é real
se a substância escondida em cada sinal
se os sinais em si mesmos, o que vejo afinal
sábado, 24 de abril de 2004
Spamesia (355)
Desta vez (isto é: ontem), foram 119 as mensagens-lixo que me chegaram. Lá no meio vinha um título que não podia deixar passar: "Time in a bottle for you".
Tempo numa garrafa para si
Caro amigo, temos aqui
exclusivamente para si
alguns decilitros de tempo engarrafado
para que possa deixar de dizer que não tem tempo
para fazer tudo aquilo para que é solicitado
Não pode é beber em grande quantidade
corre o risco de entrar am laço temporal
e de sair por completo da nossa realidade
Tempo numa garrafa para si
Caro amigo, temos aqui
exclusivamente para si
alguns decilitros de tempo engarrafado
para que possa deixar de dizer que não tem tempo
para fazer tudo aquilo para que é solicitado
Não pode é beber em grande quantidade
corre o risco de entrar am laço temporal
e de sair por completo da nossa realidade
Spamesia (354)
Diga lá 123. Não é por nada - foi só a quantidade de lixo que tive o prazer de receber no dia de ontem por aqui. Que título escolhi? "Brownish"
Acastanhado
Há frases que me dizem
que me fazem sentir
acastanhado
coberto por pústulas
e por palavras esdrúxulas
Mas depois olho-me a cara
ao espelho e estou
igualzinho
ao que sempre sou
são decerto efeitos do vinho
Acastanhado
Há frases que me dizem
que me fazem sentir
acastanhado
coberto por pústulas
e por palavras esdrúxulas
Mas depois olho-me a cara
ao espelho e estou
igualzinho
ao que sempre sou
são decerto efeitos do vinho
quinta-feira, 22 de abril de 2004
Spamesia (353)
E ontem foram ainda mais: 142. Naturalmente, foi tudo para o lixo, com excepção do título de uma dessas mensagens: "Limbo".
Limbo
Um limbo é um local fascinante
onde nada está bem definido
e tudo não passa nunca de
potencialidade
Um limbo é um local onde a luz
se escoa pelos interstícios das paredes
deixando-o envolvo em cinzentos
e tons de pastel
que são assim como que casulos
de dentro dos quais espreitam as cores
vivas em que se podem tornar
Um limbo é um local sem arestas
onde todos os muros transitam
com suavidade entre o ser e o não ser
e nunca nada acaba num sítio concreto
Um limbo é, afinal, mais ou menos igual
a uma qualquer sociedade humana
Limbo
Um limbo é um local fascinante
onde nada está bem definido
e tudo não passa nunca de
potencialidade
Um limbo é um local onde a luz
se escoa pelos interstícios das paredes
deixando-o envolvo em cinzentos
e tons de pastel
que são assim como que casulos
de dentro dos quais espreitam as cores
vivas em que se podem tornar
Um limbo é um local sem arestas
onde todos os muros transitam
com suavidade entre o ser e o não ser
e nunca nada acaba num sítio concreto
Um limbo é, afinal, mais ou menos igual
a uma qualquer sociedade humana
quarta-feira, 21 de abril de 2004
Spamesia (352)
Ontem (e tanto tempo se passou já desde que usei pela última vez esta palavra neste contexto!) recebi mais uma valente dose de 126 spams e vírus, tendo resolvido escolher entre eles um enviado por um(a?) tal Brandi, intitulado "tangible"
Tangível
Por qualquer razão prefiro o tangível
deve ser questão de personalidade
tenho a impressão de que é impossível
pôr de verdade a mão no que é intangível
por isso é que não acredito em metade
do que me tentam vender como verdade
Tangível
Por qualquer razão prefiro o tangível
deve ser questão de personalidade
tenho a impressão de que é impossível
pôr de verdade a mão no que é intangível
por isso é que não acredito em metade
do que me tentam vender como verdade
Spamesia (351)
Na segunda-feira foram mais 107. Decididamente, estes spammers não querem que me faltem títulos. Escolhi um "reversal" para escrever:
Reversão
Uma re versão é uma nova versão
de algo antigo e triste
como tudo o que é antigo
Mas há quem se encoste a essa tristeza
murmurando sílabas melancólicas
por entre lágrimas de saudade
São os reversionários
os inimigos declarados de todos
os revolucionários
Algo me diz que no fim de todas as coisas
a reversão não passará
mas muita água passará sob as pontes até lá
Reversão
Uma re versão é uma nova versão
de algo antigo e triste
como tudo o que é antigo
Mas há quem se encoste a essa tristeza
murmurando sílabas melancólicas
por entre lágrimas de saudade
São os reversionários
os inimigos declarados de todos
os revolucionários
Algo me diz que no fim de todas as coisas
a reversão não passará
mas muita água passará sob as pontes até lá
terça-feira, 20 de abril de 2004
Spamesia (350)
No domingo continuou a inundação de spam aqui por estas bandas, desta vez com o total a subir aos 113. Lá pelo meio vinha um "lifespan".
Tempo de vida
O tempo de uma vida
é um murmúrio
das galáxias
Tempo de vida
O tempo de uma vida
é um murmúrio
das galáxias
Spamesia (349)
E no sábado, pimba, 111, que é por causa das tosses. Peguei num "poet" e resolvi o assunto com:
Poeta
Um dia um amigo perguntou-me
se eu teria alguma ideia
sobre a natureza dos poetas
Respondi-lhe: «Olha, pá
eu não percebo nada disso
mas cá para mim, poeta é
quem não sabe ser
mais nada.»
Poeta
Um dia um amigo perguntou-me
se eu teria alguma ideia
sobre a natureza dos poetas
Respondi-lhe: «Olha, pá
eu não percebo nada disso
mas cá para mim, poeta é
quem não sabe ser
mais nada.»
Spamesia (348)
Na sexta-feira o número se spams baixou 33, fixando-se em 97. Plenty, man, como diriam os jamaicanos. E mais que suficiente para pegar em "peaceable" e tratar do assunto:
Pacífico
O lugar mais pacífico que existe
é o lugar onde nada mexe
e tudo está imóvel
e morto
Deve ser esse o objectivo
de quem faz guerras
pela paz
Pacífico
O lugar mais pacífico que existe
é o lugar onde nada mexe
e tudo está imóvel
e morto
Deve ser esse o objectivo
de quem faz guerras
pela paz
segunda-feira, 19 de abril de 2004
Spamesia (347)
Na quinta quase que se batia por aqui um record qualquer: chegaram-me 130 mensagens-lixo. Cento e trinta. Em cerca de vinte e quatro horas. Quanto à escolha, recaiu sobre "meridional".
Meridional
Meridional é um local diagonal
onde o mal é sugado pelo sal
e não há nada que seja tal e qual
aquilo que apregoa o seu foral
No futuro um furo inseguro
chegará até lá, vindo de cá
e do local chamado Meridional
não restará nem anona nem fubá
é que nós por cá, todos mal
doentes, sem dentes e dementes
odiamos que outros sejam contentes
Meridional
Meridional é um local diagonal
onde o mal é sugado pelo sal
e não há nada que seja tal e qual
aquilo que apregoa o seu foral
No futuro um furo inseguro
chegará até lá, vindo de cá
e do local chamado Meridional
não restará nem anona nem fubá
é que nós por cá, todos mal
doentes, sem dentes e dementes
odiamos que outros sejam contentes
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