sábado, 10 de julho de 2004

A minha experiência como membro de uma mesa de voto

Há uns anos, resolvi viver por dentro a democracia em acção, e ofereci-me voluntário para participar por dentro do processo democrático no seu acto mais importante: o voto.

O dia foi longo e muito chato, especialmente nas horas mortas, quando a sala estava entregue a moscas zumbidoras e nós, na mesa, cabeceávamos de sono, sem nada para fazer nem grande tema de conversa entre os perfeitos desconhecidos que éramos.

Mas quando chegou a hora da contagem, tudo mudou. O tédio evaporou-se e o sono foi fechar outras pálpebras: ia saber, primeiro que todos os demais, qual tinha sido a decisão daquele bocadinho de povo que ali tinha deixado expressa a sua vontade.

Dos resultados, hoje não me lembro. Mas lembro-me de vez em quando de um único voto que apareceu lá misturado com os outros, muito correctamente dobrado em quatro, muito meticulosamente assinado no canto inferior direito e muito claramente ilustrado com uma frase escrita com uma letra cuidada. Dizia a frase:

"Vão todos para a real puta que os pariu"


Às vezes, lembro-me deste voto. Hoje foi uma dessas vezes.

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