domingo, 29 de fevereiro de 2004

<-------- Os livros que estão ali

É verdade: tenho andado a ler pouco. Há fases assim, os ritmos da vida (que são basicamente arrítmicos, mas deixemos isso por agora) têm fases, que até podem ter causas mas nem sempre as têm perceptíveis.

Mas não tenho andado a ler tão pouco como possa parecer pela não renovação da lista ali do lado nos últimos tempos. Desde a última vez que conversámos sobre este assunto, acabei O Romance de Nostradamus — o Presságio (achei interessante. Não propriamente obra-prima, mas interessante) e Beduínos a Gasóleo (um dos melhores romances de FC já escritos em Portugal. Mesmo que não seja propriamente FC, e que tenha algumas falhas). Para o lugar destes dois livros entraram:

- Weirdmonger, uma colectânea de mais de 60 histórias de D. F. Lewis escritas e publicadas entre 1986 e 1999. São principalmente histórias que andam pelo campo do fantástico e do macabro. Edição da Prime Books (2003), 383 páginas.
- Pecar a Sete é a antologia bilingue da Simetria de 1999, desta feita organizada por Silvana Moreira e António de Macedo, num total de 11 histórias. Edição da Simetria (1999), 165 páginas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

Spamesia (296)

Na terça-feira lá passaram mais 71 spams e bocados de outro lixo pela minha inboxa. e vão depressa chegaram, viiiiii, como se foram, rrrrooooommmmmm, deixando para trás apenas uma palavra: "membrane"

Membrana

Sinto-me como uma membrana
de um lado, a violência da realidade quotidiana
e do outro a placidez dos sentimentos
e eu no meio, semi-permeável

Star Wars era um site

Mas já não é. Foi-se. Puft. Desapareceu no limbo das coisas que em tempos idos existiram na internet.

Paz à sua alminha electrónica.

Spamesia (295)

Na segunda-feira foram 70, os visitantes fugazes que me atravesssaram a inbox, rumo ao esquecimento. E só um deles ganhou o direito à sobrevivência, numa forma alterada, e durante algum tempo. Vinha em português e chamava-se "Refazendo o passado."

Refazendo o passado

Estou aqui há muito tempo
neste lugar fora do tempo
onde o tempo passa sem tempo
para se dar conta do tempo que passa

Mexo no tempo com braços mecânicos
corto daqui
colo ali
fracção a fracção
momento a momento

O tempo é central na manipulação do tempo
há que aprender a esperar
e eu tenho esperado, oh, durante tanto tempo!
pois cada mudança tem seus efeitos
que se multiplicam
na cascata das relações de causa-efeito
e é preciso esperar que todas as consequiências fiquem claras
antes de dizer ao sistema que sim
que a alteração deverá ficar registada
ou que não
que há que revertê-la
que a teoria colidiu com a prática
que os efeitos do caos se sobrepuseram às probabilidades
que todo o tempo
que passou neste lugar sem tempo
foi desperdiçado

Nunca devia ter dito que sim
quando a mulher bonita me perguntou se queria
refazer o passado

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

Spamesia (294)

O domingo foi igual aos outros, só que mais frio e mais molhado, e se calhar por isso chegaram-me 68 spams em pelota, a escorrer e a tiritar. Mandei-os logo porta fora, naturalmente, que não estou para passar horas a secar a alcatifa, mas deixei ficar um, chamado "detestation". Gosto de coisas originais...

Detestação

De testa em acção
o jogador joga a dor
para dentro da baliza
rebola o povo
berrando "golo"
"cem mil macacos
micos fracos
da cabeça"
penso eu em plena acção
de - lá está - detestação
o povo berra
e eu só espero
que enfim morra
a bezerra
essa porra

Spamesia (293)

No sábado houve 70 spams, folhas mortas e mensagens tortas. Uma destas últimas vinha intitulada "The bigger the better.", e por pura coincidência foi essa mesma que eu escolhi:

Quanto maior, melhor

O João tinha-o pequeno

Ele não dava por isso
cheio como estava da sua
incontornabilidade

Mas nós, os reles mortais
as pessoas normais
bem sabíamos que o João
o tinha pequeno
bem pequenino

É que há coisas
- sabem? -
que quanto maiores,
melhor é

Falo, claro
do sentido ético da vida
Estavam a pensar em quê?

domingo, 22 de fevereiro de 2004

Um gajo descobre cada coisa...

Star Wars é um site. Não. Não é um site sobre aquilo que estão a pensar. Não tem nada a ver com o George Lucas. Nem com FC.

É um site onde o cibernauta sem nada para fazer pode escolher entre as celebridades (ou nem por isso) mais sexys, em magníficos mano-a-manos que servem para as classificar num ranking das figuras públicas mais desejáveis. Há versão masculina e feminina, mas na masculina o Donald Rumsfeld está no top por ter ganho um frente a frente e não ter perdido nenhum, o que se calhar prova que o mulherio e os homossexuais não acham piada à ideia.

A versão feminina, por outro lado, é divertidíssima. Tá bem, já sei, é tratar as pessoas como nacos de carne, patati, patata, mas todos nós temos direito a ser trogloditas de vez em quando, portanto não me lixem.

É que um gajo se diverte. Seja a tentar decidir entre a Fernanda Serrano e a Bárbara Guimarães, seja a fazer o mesmo entre a Manuela Ferreira Leite e a Odete Santos.

sábado, 21 de fevereiro de 2004

Spamesia (292)

Ontem, sexta, recebi só 59 mensagens-lixo. Isto vem às ondas, está visto. Entre elas, havia uma de título "arrest" e eu traduzi convenientemente a palavra, mas depois levei o resultado em português por significados bem diferentes:

Prisão

Prisão é um convite em voz de mulher
e as mãos atadas
os olhos baixos em remorsos tímidos
e a palavra sempre
sempre errada na hora errada

Spamesia (291)

Na quinta-feira resolvi desligar o assassino de spam, porque estou à espera de um mail automático que é necessário mas nunca mais chega. Consequência: um alagamento imediato por 100 mensagens-lixo, entre as quais vinha uma com o curioso título de "what's up QFI 95". Que será um QFI 95? Não faço ideia, portanto resolvi seguir o exemplo de todos os inventores de mitos e inventei o meu próprio QFI 95:

Que se passa QFI 95?

Que se passa, QFI 95?
Porque encolheste os teus manípulos de zinco?
Uma fuga de óleo, um rangido
estranho
que não está incluído
nos protocolos de funcionamento
da tua armadura
de estanho?
Se for assim, lamento
a vida é dura
mesmo a vida sem vida de um robot espacial
de um objecto utilitário feito de metal
e por isso vamos ter que desligar-te
e reinicializar-te
para podermos fazer todo o diagnóstico
e obter um prognóstico
sobre o que há a esperar do teu futuro
E quanto ao furo
que tentavas furar no permafrost de Calisto
vai ter de ser abandonado
está mais que visto
não podemos fazer nada com um robot estragado

Que me dizes, QFI 95?
Que estás fechado numa espécie de recinto?
Rodeado de quê? De vinte objectos todos iguais?
É isso?
Erguem para ti vinte manípulos horizontais
e tentam abrir o teu painel de serviço?
Não te entendo. Estás a chegar com muita estática
e a comunicação, que já era pouco prática
com tantos minutos a separar a pergunta da resposta
está agora fraccionada, decomposta
Já não te ouço. Já não te sinto.
QFI 95?
QFI 95!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

O Luís Ene...

Está a promover o

Primeiro Concurso de Literatura Para Blogs


Acho que vou participar.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Grrr...

Já se esgotaram as três horas. E o servidor continua em baixo.

Servidor em baixo

Servidor em baixo

O servidor de ficcao.online.pt está em baixo e assim deverá ficar por 1 a 3 horas. Entretanto, este blog estará privado de imagens, e todos os visitantes do E-nigma, Enciclopédia de FC&F ou do meu site de escritor baterão com o nariz na porta. Também não tenho email, nem para enviar nem para receber.

Embora totalmente alheio ao facto, peço desculpa. Fica sempre bem.

Spamesia (290)

Ontem, quarta-feira, o número de spam e vírus voltou a subir, até aos 82. Parece que falei cedo demais, quando falei do sábado... Enfim... Quanto a títulos, desta vez peguei num que dizia "that piece of paper":

Aquele pedaço de papel

Ontem encontrei aquele pedaço de papel
em que me deste conta das tuas esperanças
estava amarelo, roído pelas traças
num canto, uma mancha de bolor alastrava pelas letras
fazendo-as confundir-se e confundir-me
à procura de significados que o tempo se encarregou
de ir destruindo, passo a passo, letra a letra

Aquele pedaço de papel foi em tempos um mapa
um lugar onde os caminhos possíveis eram esboçados
hoje, transformou-se em parábola
em monumento à desistência e aos sonhos destroçados

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

Spamesia (289)

Ontem chegaram-me 66 spams e vírus, incluindo alguns, de uns e de outros, "identificados" com nomes e endereços de amigos e conhecidos, às vezes tão próximos como eu próprio. Treta, claro. O Paulo Querido bem diz que este email tem os dias contados, sendo que a sua próxima encarnação irá necessariamente incluir uma forma qualquer viável de certificar a identidade do remetente. Mas adiante. Destes 66 títulos (na realidade foram menos que 66 títlos, mas isso pouco interesse tem), houve um que me agarrou: "subliminal phrase":

Frase subliminal

A frase subliminal vagueou durante semanas
pela selva dos parágrafos
rodeou cada ponto final
e saltitou em todas as reticências
ignorou as vírgulas
endireitou todos os pontos de interrogação
e subliminarmente foi contaminando todas as outras frases
fazendo-as serem, também elas, um pouco subliminais
Por onde passava a frase subliminal
já nada significava exactamente
o que as palavras gostariam de dizer
o branco transformava-se em tons claros de todas as cores
e o preto ganhava luzes
o amor, mal virava os olhos doces para outro lado
via-se contaminado por uma pitadinha de raiva
em grãos brancos como sal
e a chuva das palavras vinha seca
esquecida de anticiclones e baixas pressões
cascateando um pouco para o lado
e criando prismas diminutos que, todos juntos,
construíam arcos-íris levemente enrugados
Quando chegou ao fim de todos os livros
a frase subliminal olhou a sua obra e sentiu-se contente
tinha conseguido, sozinha, cumprir os sonhos de muita gente
colocar em cada futuro algumas gramas de passado
e em todos os passados bocadinhos do presente

terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Spamesia (288)

Ontem, segunda feira, a quantidade de lixo subiu até às 63 mensagens. E houve alguns títulos curiosos, incluindo um spam, aparentemente enviado por mim, de uma conta de email que já não uso há anos, que anunciava um "incest site"... Sou tão porquinho, mesmo sem saber disso! Quanto a coisas aproveitáveis, havia uma sobre "Visibility":

Visibilidade

Da bruma saem os esboços fantasmais de silhuetas
coisas que na bruma parecem todas pretas
sombras de cores que talvez existissem num qualquer
outro universo, onde todas as regras fossem diferentes
e da bruma em vez de confusão e medo
só saísse claridade, sabedoria, capacidade de escolher
entre opções bem definidas e sem ambiguidade
No fundo, é tudo uma questão de visibilidade

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

Spamesia (287)

Domingo, 60. Um deles, "acoustic". Stop.

Acústico

Nada, não sai nada
das cordas da guitarra
o som sai baço
e o espaço à minha frente
está morto, sem ecos
nem sinais de feed-back

Quer dizer que há que
ligar qualquer coisa à corrente
o quê, é indiferente.

Spamesia (286)

No sábado, o número de partículas electrónicas de lixo caiu para as 55. Parece que o pior está a passar. Óptimo! Quanto aos títulos, foram beras, e por isso lá tive de pegar num "Your position is confirmed" para escrever:

A tua posição está confirmada

A tua posição
está confirmada
de barriga para cima
olhos abertos
e mãos encalvinhadas
na areia quente
do deserto
deves ficar lá
à espera
ou da água
ou da morte

sábado, 14 de fevereiro de 2004

Spamesia (285)

Ontem voltaram às 90, as mensagens-lixo na minha caixa de correio. Dessas 90, a maioria tinha, como sempre, títulos insuportavelmente bocejantes, daqueles que só de ler parece que pesam nas pálpebras.Mas lá havia um aproveitável, desta vez um "Re: doltish". E não, não tive de fazer mais do que deitar o "Re:" fora para escrever:

O parvalhote

O parvalhote vai todos os domingos passear o fato de treino para o centro comercial
ou melhor, para o chópingue, porque o parvalhote fala muito inglês
seja em casa, seja no cinema, seja no lugar do mundo de que mais gosta
aquela esplanada repleta de mesas de alumínio e plástico
rodeada de casas de comida de plástico
(fastefude, diz o parvalhote, enquanto aperta com dificuldade os atacadores dos sapatos)
iluminada por uma luz crua tão morta que mais parece uma múmia
uma coisa branca, sem forma, nem sequer a memória de ter sido em tempos parte de estrela
mas, claro, o parvalhote disso não percebe nada
só sabe que se sente bem ali no remoinho das conversas
das quais também não percebe nada
mas que tem isso? o parvalhote não percebe nada de nada
nem que quando o dia acaba e o fato de treino finalmente regressa para as costas da cadeira
a única coisa que realmente lhe aconteceu não lhe aconteceu a ele mas sim a todos os outros
o mundo deu mais uma volta
e para o parvalhote foi como dar mais uma volta num sono sem fim
ressonando banalidades sem sentido ou objectivo

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

Spamesia (284)

Na quinta-feira foram 88 mensagens, de novo com títulos bastante mauzinhos. Acabei por pegar num em português: "Teste Gratuito"

Teste gratuito

Faço-te um teste ao surrealismo
é gratuito
basta pedir
e pôr uma cascata ou duas
na conta dos meus barcos voadores
ou então uma folha de jacarandá
no túmulo de Tutankamon

Spamesia (283)

Na quarta-feira, uma vez mais, a quantidade de lixo que atravessou todos os filtros aproximou-se da centena: 97. Só que desta vez nem um único título interessante me apareceu para amostra. Raisparta! Lá tive de pegar em "lasts for 36 hours kvhsxjhbvzba", deitar fora o "kvhsxjhbvzba" e escrever uma coisinha qualquer:

Dura 36 horas

Uma efémera nasce já aflita
esvoaça tão atenta que até parece que grita
um pensamento apenas presente em permanência
na sua mente minuatura
fazer sexo
produzir progenitura
quando morre, morta de cansaço
sabe apenas que viveu toda a vida num instante
dura só trinta e seis horas
mas se tivesse sentimentos morreria contente

Spamesia (282)

Na terça-feira, mesmo com filtros a mandar fora parte do lixo que me é endereçado e que nem chega a insinuar o nariz nas mailboxes do meu servidor de correio, mesmo assim, a quantidade de porcaria que me chegou a casa subiu às 99 mensagens. Nem quero imaginar quantas seriam sem o filtro instalado. Quanto a títulos, embatotei um bocado. Desta vez, pela primeira (e provavelmente última) vez, "escrevi" o poema na cabeça primeiro e só depois fui ver se havia algum título compatível. E havia, obrigando porém a alguns (não muitos) ajustes: "Feeling tired?"

Estás cansada?

Coço o braço e caço o olhar baço que me lanças
do outro lado do leito largo em que descansas
e compreendo que entre nós já não há risos nem esperanças
Estás cansada? Também eu
preparamos outras danças

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

Spamesia (281)

Segunda-feira foram mais uns quantos: 79. E de novo com alguns títulos aproveitáveis, entre os quais escolhi "bernadine". Como me ando a enganar um bocado nas traduções, ficou:

Bernardina

Bernardina era senhora fina
passava férias em Vilamoura
tinha um chalé na Praia da Oura
e viajava de vez em quando
para onde lhe mandasse o capricho
da última vez, fora a Londres
fazer um "tratamento de fertilidade"
porque, dizia, já não tinha idade

A filha que não teve, Bernardina
teria sido uma menina
menina fina

Spamesia (280)

No domingo, atravessaram os filtros mais 70 mensagens de lixo, trazendo consigo alguns títulos interessantes. Entre estes, o mais interessante foi um que dizia: "(82)respect of all". Deitei fora o número, os parênteses, e enganei-me um bocadinho na tradução para fazer perguntas de que não tenho respostas.

Respeito por todos

Serve para quê a parte pouca do respeito?
Aquela parte que diz que sim mas que mas
que a verdade é que nós e só nós sabemos mais
e que portanto e por tanto e tão pouco
só nós entre todos temos direito a todo o respeito?
Será mesmo tão difícil ter respeito por todos
mesmo por aqueles que por nós não mostram
nem o mais mínimo sinal de respeito
mesmo pelos cegos de olhos bons
pelos surdos que ouvem bem todos os sons
pelos egos centrados nos seus egos, pelos tolos
pelos vândalos de sandálias e pelas suas represálias
pelos pedófilos e pelos filhos da pedofilia
que mais tarde, caninos repletos de saliva
numa dança de sangue procuram vingança
pelos governos que se governam com o nosso
governo de todos os dias que se vai esboroando
por todos os assassinos que só vivem matando?

Será mesmo impossível ter respeito por todos
mesmo por todos que não merecem nenhum respeito?

Infopoesia

Sim, mais um palavrão. Mas este é simples. É que a malta da Janela publicou hoje uns quantos haikus baseados em erros variados destas coisas em que teclamos. Estão em inglês, não são grande coisa como poesia, mas são divertidos e estão aqui.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

Estamos a 123 dias do europeu de futebol...

... e eu já estou fartinho dele até à medula.

Spamesia (279)

No sábado, foram mais 75 os spams e os vírus que me chegaram através dos filtros. Desses três quartos de centena, escolhi um que vinha intitulado "give", e escrevi uma historinha do quotidiano urbano numa qualquer sociedade de consumo:



Dá!, diz o puto de braço estendido
e dedo espetado como minúscula
mas afilada lança capaz de matar
os dragões de todas as carteiras

E o pai, dá, cabisbaixo e cansado
sorrindo sorrisos que julga alegres
arrastando pelo chão os palpos
moles das olheiras e dos músculos
flácidos dos trinta e tal anos como
se a vida que teve outrora lhe
estivesse agora a ser sugada por
pequenos mas implacáveis vampiros

Spamesia (278)

Na sexta-feira, farto de apagar vírus, e depois de ficar sem receber email pela segunda vez, instalei um filtro anti-spam que também identifica uma parte dos vírus e os apaga antes de eles atravessarem os portões do servidor. Resultado: a quantidade de lixo caiu para metade, o que mesmo assim ainda significou 75 mensagens. Uma dessas mensagens vinha intitulada "demonstrable", e eu escrevi esta patetice que se demonstra alguma coisa é que eu não sou o José Sesinando:

Demonstrável

Demonstra o sável
com pele de monstro
que o monstro estável
não mostra o rosto
e é demonstrável
que a cor do mosto
é insuportável
pra qualquer monstro

Spamesia (277)

Tinha-vos deixado a pensar sobre a quarta-feira e os seus 133 spams e vírus, e regresso falando-vos da quinta e dos seus 139 spams e vírus. Vou-me tentando manter à tona deste mar de lixo que me entra todos os dias pelo cano aberto do correio, e desta vez escolhi um spam russo que anunciava "Бижутерия":

Bijuteria

Tratas os afectos como se fossem simples bijuteria
penduras sentimentos das orelhas como qualquer quinquilharia
por isso deixei-te só para não te dizer coisas que nunca te diria

Efeitos secundários do vírus

Já conheço o email (privado?) do Vital Moreira.

O que realmente aconteceu ao Spirit...

... está aqui, em rigoroso exclusivo. Aviso: exige Quicktime.

Voltei

... e em breve voltarão os spamemas, que o lixo acumulado nas minhas caixas de correio já é demasiado.

(e o w.bloggar deixou de funcionar)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2004

Post só para visitantes regulares do blog e dos comentários

Realmente, a Nádia... nham... e com um bocadinho mais de carne... nham, chlép!

Spamesia (276)

Quem se admirou dos 70 mails de terça, fique sabendo que nesse dia começaram os meus problemas de email (provocados directamente, sei agora de ciência feita, pelo vírus), e que só tive tanto spam porque o único dos meus endereços que não foi afectado foi um, antigo, de onde me chega a maior parte do lixo. E decerto ficará mais sossegado se lhe disser que na quarta, ao chegar todo (espero eu) o mail que tinha ficado retido, algures, veio com ele todo o lixo que não chegou na terça. Resultado? 133 mensagens. Ah pois! A vantagem é a do costume: bons títulos. Desta vez foi "contrite"...

Contrito

Contrito fito teus olhos belos
admito tudo o que eles me gritam
e espero que o mero acto de baixar o rosto
te mostre tudo o que eu digo, mudo

Submisso sou só um suspiro teu

Spamesia (275)

Já gostei mais do título que me chegou na terça-feira, embrulhado em 70 fragmentos de lixo elecrónico: "Your year":

O teu ano

Esperas do teu ano que seja breve de tão cheio
de todas aquelas coisas
que fazem com que a vida seja leve
Esperas do teu ano que te traga todos os remédios
e que resolva duma assentada os rancores e os ódios
Esperas do teu ano que seja um bom bissexto
e que daqui a outro ano ainda cá estejas
para esperar coisas do teu ano
Esperas do teu ano que tenha
trezentos e sessenta e seis dias
como terá o ano de todos os sobreviventes

Spamesia (274)

Na segunda-feira, claro, continuou o dilúvio, com um total de 98 canddatos à lixeira, e com a adicional irritação de não haver um único título de que se pudesse dizer sim senhor, é isto mesmo. Lá tive de pegar num manhoso, "hate hangovers?", e escrevi:

Detestas ressacas?

Detestas ressacas?
Detestas dquela sensação de nuvem
seca a pairar sobre o teu pescoço?
Detestas enterrar os pés na terra
e senti-la fria e oscilante como o
convés de um velho navio fantasma?
Detestas sentir que os teus olhos
não estão bem presos às órbitas
e sacolejam de bordo a bordo
tilintando como as chaves num chaveiro?
Detestas tremer de frio no chuveiro?

Então, caro amigo, bebe mais
se beberes muito, deixarás de ter ressacas
ou, pelo menos, se as tiveres à mesma
já não terão a mínima importância
nada já terá a mínima importância

Spamesia (273)

No domingo houve um bocado menos de lixo: só 86 mensagens. O principal problema é que também houve só títulos muito maus, e eu tive de pegar num "Virus Alert". Mas mesmo assim acabei por escrever uma coisa razoavelmente grande:

Alerta de vírus

Estás só entre colinas
rodeado de árvores que se movem na brisa
em movimentos harónicos simples
pássaros cantam ao longe canções repetitivas
pitii-puuu, pitii-puuu, pitii-puuu
e o único outro som que te sobe pelas pernas
é o marchar profundo de uma centopeia
que te rodeia
e rodeia
estás em paz contigo e com o mundo

Só entre colinas
onde surgem de repente manchas cristalinas
que alastram
ocupando o lugar deixado vago pelos pássaros
que se calam com um rangido de máquina
e de ferrugem

E de repente estás só
entre cadáveres pixelados de colinas
e no céu, entre nuvens de onde chovem números
letras piscam, gigantescas:

ALERTA DE VÍRUS
ALERTA DE VÍRUS

Movimento harmónico simples

Já vos disse que este gajo é brilhante? Acho que sim, mas repito: este gajo é brilhante.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004

Os nabos e os que estão em recuperação

Bem, para evitar mais mal-entendidos, que isto há por aí uns visitantes suceptíveis, vamos pôr uns termos em pratos limpos. Que é um nabo informático? Um nabo informático é um membro daquela espécie tão comum na nossa info-fauna, que não só é completamente ignorante na utilização dos computadores, como nutre uma raiva surda contra todos aqueles que sabem mais alguma coisa do que ele e se recusa terminantemente a aprender o que quer que seja. Esta espécie é particularmente perigosa (e confesso que sempre que acontecem coisas como as que têm acontecido nos últimos dias cedo à tentação de simpatizar com o extermínio) e particularmente insuportável.

Depois há os que estão em recuperação. Podem ter sido nabos que finalmente compreenderam que a sua irresponsabilidade tem consequências graves para os demais, ou podem ser novos utilizadores que podem não saber lá muito disto mas querem aprender, são curiosos e fazem perguntas a quem sabe. Estes têm a desculpa de terem acabado de chegar à cidade e de ser preciso algum tempo até atingir níveis de competência básicos.

Contra os segundos não tenho nada, bem pelo contrário. Que diabo: eu próprio já fui assim, há uns anos, e ainda hoje aquilo que não sei supera em muito aquilo que sei.

Mas contra os primeiros tenho, e muito. E se for preciso massacrá-los com as consequências dos seus actos para que finalmente compreendam, massacrá-los-ei.

Entendido?

Béque in bizniss

OK, problema resolvido. Já tenho email outra vez Mas se por acaso me mandaram alguma coisa nos últimos dois dias e eu não responder hoje ou amanhã, voltem a mandar porque é sinal de que se perdeu algures num limbo qualquer.

Para quem acha que não há problema em espalhar vírus, informo que...

... neste momento estou sem mail.

Escusam de me mandar correio electrónico, que a incompetência de milhares de utilizadores espalhados por esta internet fora teve como efeito secundário que eu (e provavelmente muitas outras pessoas) deixei de receber email.

Obrigado a todos os nabos que por aí há. Do coração.

Lindo!

Não! A sério! Lindo! Lindo assim tipo lindo! Se sabem bem inglês vão rir-se até cair da cadeira. Juro!

BUAHAHAHAHAHAHA!!!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2004

Spamesia (272)

E no sábado?, perguntam vocês. Pois no sábado foram 99 mensagens de lixo, entre spams e vírus (apagados (grr) um (grr) a (grr) um (grr) à (grr) mão). Lá no meio havia um título sem grande sentido, com que eu fiz um spamema sem sentido nenhum... ou talvez não. O título era "ow dingo caricature", e o spamema foi:

Oh! A caricatura de um dingo!

Tenho um amigo australiano
que vive, coitado, todo o ano
ao contrário dos outros de nós
tem um álbum de negativos
usa maçãs como aperitivos
e chama crianças às suas avós
Nem de propósito, um dia encontrou
um governante que lhe perguntou
se o que dizia fazia sentido
O meu amigo, com ar sabedor
lá lhe foi dizendo que sim senhor
que aquele caminho que era seguido
tinha de levar até à nascente
e que ele gostava de ser presidente

Querido Dingo, amigo, my friend
suspeito que aqui ninguém te entende...

Spamesia (271)

Sexta-feira foram menos: só 90. Muitos avisos disparatados de mensagem devolvida, muitos relatórios inúteis de servidor, enfim, muito lixo. Peguei num "You will love it" não particularmente entusiasmante e escrevi:

Vais adorar isto

Vais adorar isto!
É mesmo daquelas coisas
que te fazem sair
por um momento
da ferrugem dos teus dias
É um bocado de seda
feita de nada

Spamesia (270)

Na quinta-feira, spam e vírus somaram 109 mensagens, gerando um atafulhamento completo na minha caixa de correio. Dez dos vírus, nada menos, traziam de título "test" (ou "Test"), e eu verguei-me a tanta insistência:

Teste

Vê se passas este teste:
Um dia houve um homem
que morreu jovem
assolado por uma insuportável
preguiça de viver
tudo nele era lento
e até a voz
tinha a forma de um lamento
Já te reconheceste?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004

Ainda bem que não tenho de quebrar uma regra...

Ia quebrar uma regra aqui na Lâmpada. Ia escrever sobre futebol, a propósito do que se passou neste fim de semana. Até cheguei a escrever um rascunho, irritadíssimo, que guardei para suavizar mais tarde. Mas felizmente não vai ser necessário. Numa ronda pelos meus moribundos links humorísticos, descobri que estes tipos, inactivos vai para dois meses, deram finalmente sinais de vida. E logo a dizer exactemente o que eu queria dizer.

Só acrescento uma coisa: para mim, este fim de semana o futebol morreu. Da próxima vez que me aparecer à frente bola na TV, mudo de canal. Imediatamente. Seja qual for o jogo.

Tenho dito.

Vinte mil

A Lâmpada acabou há minutos de ultrapassar a marca das vinte mil visitas desde alguns dias depois da sua fundação, no fim de Abril último, que foi quando instalei o contador. Fico contente por ver que os fãs da Carla continuam a gostar tanto da Lâmpada que chegam cá em grande número. Fico também contente por ver que até vai havendo alguns de vocês que vêm cá regularmente por causa do que o blog realmente tem (não, meus caros fãs da Carla, aqui não há fotografias de gajas nuas). Um obrigado a uns e a outros, e siga pra Bingo!