sábado, 30 de abril de 2005

Do baú dos versos esquecidos

Voltei a atirar a mão ao baú dos versos esquecidos e agarrei em três, completamente ao calhas. Escolhi o menos mau, datado de novembro de 1992, e aqui o têm:

Breve Poema Sobre a Paz

Paz
CatraPaz


(Se calhar vou continuar com isto. Que vos parece?)

sexta-feira, 29 de abril de 2005

Do baú dos versos bem esquecidos

Em jeito de comemoração, regressando um pouco ao espírito inicial do blogue, eis aqui uns quantos versejos vindos directamente do baú das coisas bem esquecidas. Datam de Abril de 1992 e rezam assim:

A Princesa Que

Ela era uma princesa Que
Das muitas princesas
que havia naquele reino
Ela era uma das Que
Senhora do Castelo de Que
Descendendo da linhagem Que
Bela como sei lá o quê

E o seu nariz bicudo
erguia-se no orgulho de
saber ser uma pura Que

No entanto, sem que soubesse
habitavam nas suas veias
algumas gotas De

Parabéns a você lá lá lá

Este blogue faz hoje anos. Dois. É um blogue cota.

quinta-feira, 28 de abril de 2005

O estranho caso dos sapos explosivos

O que é porreiro na ciência é que até os fenómenos mais bizarros têm uma explicação perfeitamente banal, desde que seja possível estudá-los com atenção e cuidado.

O problema é quando não existe essa possibilidade, seja por que motivo for (ou porque o fenómeno é elusivo, ou quando o seu estudo aprofundado levanta problemas éticos inultrapassáveis, etc.). Nesses casos, temos fenómenos que vão alimentar procissões e santos milagreiros, o que muitas vezes tem a consequência desagradável de afastar do seu estudo toda a gente séria, pelo menos até que a solução surja sem ser chamada.

A natureza é assim: um lugar mais estranho que a ficção mais estranha.

Pelo menos durante algum tempo.

terça-feira, 26 de abril de 2005

Prós e Contras

Não sou público habitual do Prós e Contras, programa que, embora lhe veja interesse em princípio, cai demasiadas vezes, parece-me, num círculo vicioso de discursos inconsequentes dos quais nunca se parte para a concretização de alguma coisa e nem sequer serve para o esclarecimento dos cidadãos que precisam de facto de ser esclarecidos (não garanto, mas cheira-me que o público do P&C é composto quase integralmente por elites à partida bem informadas), mas o tema hoje interessou-me e vi o programa desde o princípio.

O programa ainda não acabou, mas já me irritaram profundamente duas coisas:

Parece que faz uma falta diabólica ao país gente como eu. Gente com competências formais e informais que lhes permitem mover-se com alguma à-vontade no admirável mundo novo das tecnologias de informação, gente que é capaz de gerar conteúdos, gente capaz de dialogar com o mundo que fica lá fora do nosso país e da nossa língua. Então se eu sou assim tão necessário, por que caraças não recebo uma proposta de emprego por semana? Por que caraças é que todos os licenciados desempregados que conheço me dizem que lhes é muito mais difícil encontrar emprego do que um qualquer matarruano que mal assinar o nome sabe? Por que caraças o mesmo já me foi dito por gente que trabalha no IEFP? Por que caraças os técnicos do IEFP admitem que não sabem como encontrar empregos para licenciados porque não há empresas a abrir vagas? Por que caraças toda esta conversa da necessidade de gente qualificada cada vez mais me soa como uma enorme e amarga mentira?

A outra: somos pequeninos, parece. Às vezes, somos muito pequeninos. E parece que isso é uma tragédia. Então não compreendo porque é que o mesmo não se passa com a Irlanda, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Áustria e Dinamarca, só para firarmos na Europa dos 15, todos países mais pequenos que Portugal. São 6 países mais pequenos que nós. Ou, se o critério for a população, podemos excluir a Holanda e incluir a Suécia e a Finlândia. Passam a 7, os países mais pequenos que nós, ou seja, metade da Europa dos 15 tem mais população que Portugal, a outra metade tem menos. Mas não, nós somos pequeninos, e por sermos pequeninos não temos hipótese no confronto com os outros, os grandes, dizem eles. Estou cada vez mais farto desta conversa de chacha, que só serve para atirar areia para os olhos das pessoas, para tentar levá-las a não ver aquilo que começa cada vez mais a ser impossível de esconder: a raiz dos problemas portugueses.

Que não é mais do que a superior incompetência dos nossos gestores, dos nossos empresários, do nosso sistema de justiça, da nossa administração, pública e privada, dos governos que tivemos de aturar ao longo de séculos. Esta é a raiz de todos os nosso problemas, não a fantasmagórica pequenez que cada vez menos existe. Na Europa actual, seja qual for o critério que se utilize à excepção da UE de antes do alargamento, que concentrava em si a maioria dos grandes países do continente, Portugal está no topo da tabela entre os estados, quer em dimensão territorial, quer em população. Metam-me isso nessas cabecinhas duras, meus senhores, e párem de dizer asneiras. Já fartam.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

domingo, 24 de abril de 2005

sexta-feira, 22 de abril de 2005

A fartura

Diz-me o feed de RSS que tem vindo aos poucos a substituir por aqui a listagem de blogs preferidos (por dois motivos: diz-me em directo e em primeira mão quando há conteúdo novo e a preguiça de editar o template é mais que muita) que o Blogs de Portimão já encontrou 50 blogues. Levando em conta que muitos bloggers não revelam a sua localização ou origem geográfica, é uma verdadeira fartura para uma cidade média como esta.

Ou não? Alguma outra terra tem um blog assim, que possa servir de comparação?

quarta-feira, 20 de abril de 2005

O 25 de Abril na minha terra

- Mostra de trabalhos escolares
- apresentação de um livro
- oferta do livro apresentado acima "aos alunos", talvez aqueles que fizeram os trabalhos acima do livro
- actividades radicais
- actividades desportivas
- animação de rua
- danças sevilhanas e flamenco
- mais actividades radicais
- mais actividades desportivas
- mais animação de rua
- folclore
- fanfarra dos bombeiros
- actuação de bandas jovens
- hastear da bandeira
- arruada da filarmónica
- fanfarra dos bombeiros
- largada de pombos
- corrida da liberdade
- ainda mais actividades radicais
- ainda mais actividades desportivas
- ainda mais animação de rua
- sessão solene com canto coral e diplomas para vencedores do prémio literário
- e ainda mais actividades radicais
- e ainda mais actividades desportivas
- e ainda mais animação de rua
- mais folclore
- discursos dos parlamentares municipais
- Adelaide Ferreira

Salvo alterações pontuais, é assim há anos e anos e anos. Mesmo numa câmara de esquerda, o 25 de Abril é cada vez mais uma questão de rotina.

terça-feira, 19 de abril de 2005

Do provincianismo. Ou melhor, do absoluto ridículo

Fátima Campos Ferreira, na RTP, rejubila com o novo papa. Porquê? Não pelas qualidades (?), ideias ou características do homem. Não pelo futuro que ele trará à igreja católica. Não pelo ecumenismo ou falta dele. Nada disso. Pelos insignes laços que o unem à nossa magnífica pátria: "o papa gosta de vinho do Porto", diz, de olhinhos brilhantes e sorriso nos lábios. É oficial: o papa gosta de vinho do Porto. Estamos no centro do mundo. Viva nós.

Haja pachorra!

Grandes notícias para os anticlericalistas do mundo inteiro

A Igreja Católica, ou melhor, 115 homens de saias, acabou de escolher um papa nazi para governar a mais velha ditadura do mundo. Iupi!

Eurogeografia

Foi um bocadinho melhor que o Zé Mário, provavelmente porque me saíram fáceis no início: 93% (41 em 44), erro médio 19 milhas, 396 segundos. Os erros foram todos nos micro-estados...

domingo, 17 de abril de 2005

Talentos

Para tudo é preciso talento. Até para parasitar as ideias dos outros. Afinal de contas, só a ténia seria capaz de levar vida de ténia.

sábado, 16 de abril de 2005

...e lido

... e já alguém o acabou de ler cá por casa! Mesmo com queixas de demasiada política demasiado branda (!), parece que o Barnabé mereceu a aprovação do velho patriarca...

Redux

Há uma década, a Caminho publicou aquele que é certamente o maior romance de ficção científica já escrito em Portugal, com a vantagem de ser por muita gente considerado também o melhor. Terrarium, assim se chamam as 600 páginas que constroem a coisa. Quanto às cabeças por trás das palavras, têm os nomes de João Barreiros e Luís Filipe Silva. Leiam, que é bom.

Há 10 anos, não havia blogues. Mas como agora há, e um dos autores já anda metido nisto há quase dois anos, apareceu há dias uma novidade que tem grande promessa: a de um blog dedicado a ir publicando uma versão actualizada e livre de condicionamentos editoriais do Terrarium. A tarefa é gigantesca, mas aqui a Lâmpada faz figas que os autores a levem até ao fim.

Ah, sim... é no Terrarium Redux, mesmo aqui ao lado.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Recebido

Bem recebido o exemplar do Barnabé, the book, relativo ao passatempo do São Bordalo. Obrigado, barnabés! Já alguém o está a ler cá por casa...

quarta-feira, 13 de abril de 2005

A lógica da batata

A minhoca, por onde passa, deixa buraco.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Só faço o linque

E, da plateia, aplaudo em pé.

Tirado e traduzido de uma lista de correio electrónico

Há tempos, a minha filha de 6 anos viu-me fascinado a utilizar uma máquina de escrever velhinha e disse-me: "Que computador porreiro tu tens! Ao mesmo tempo que usas o teclado, vai-te imprimindo a página!"

domingo, 10 de abril de 2005

Monomanias

Lisboa, seis da tarde. Um cabo-verdeano entra num autocarro rumo ao sul. No meio dos sacos e sacolas, um par de auscultadores espreita o mundo cá fora à semi-transparência do plástico branco. Os outros passageiros vão entrando, acenando, aquietando-se e, por fim, o transporte arranca. O cabo-verdeano coloca os auscultadores e começa a ouvir-se cá fora a batida da quizomba.

Quase quatro horas mais tarde, o cabo-verdeano chega ao seu destino. Pega nos sacos, ajeita o corpo para sair, espera que o autocarro pare. Com o ar um pouco surpreendido de quem se lembra de qualquer coisa esquecida, desliga a quizomba e põe os auscultadores ao pescoço. Sai.

Não posso garantir, mas julgo ter ouvido, quando o autocarro arrancou, o motor a fazer turum-tum-tum... turum-tum-tum...