quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo

Num apontamento muito rápido, não vou aqui repetir nada do muito que foi sendo dito nos últimos tempos sobre o Charlie Hebdo e o atentado que vitimou 12 dos homens e mulheres que nele trabalhavam. Nem das muitas coisas acertadas, nem dos disparates, que também têm sido muitos.

Quero apenas sublinhar a suprema ironia que é ver um grupo de iconoclastas subversivos em último grau, cuja missão na vida era satirizar tudo e todos, sem hesitações nem contemplações, terem as suas mortes assinaladas com... a sisuda formalidade de três dias de luto nacional.

Se não tivessem sido assassinados por um par de imbecis certamente estar-se-iam a rir à gargalhada de tudo isto.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Leituras de 2014

2014, por vários motivos, uns melhores que outros, foi um péssimo ano de leituras e ainda mais péssimo quando avaliado pela disponibilidade e vontade para ir falando aqui na Lâmpada do que foi sendo lido. As leituras foram as mais escassas desde que comecei a segui-las com as estatísticas do Goodreads e, quanto às opiniões, levo loooongos meses de atraso nas opiniões aos livros (e já estou farto de olhar para a pilha que eles formam aqui ao lado, pacientemente à espera), e só não vou igualmente atrasado nas opiniões individuais aos contos porque quando vi como a coisa ia decidi dar-lhes prioridade total.

Números? Até envergonham. Os livros propriamente ditos, lidos por lazer, não somaram mais que o miserável número de 18. A lista completa é a seguinte:

1- A Guardiã da Memória, de Gerson Lodi-Ribeiro (romance de ficção científica);
2- Textos Neo-Gnósticos, de António de Macedo (artigos e ensaios esotéricos);
3- Por Universos Nunca Dantes Navegados, org. por Luís Filipe Silva e Jorge Candeias (contos de ficção científica e fantástico);
4- Lisboa Triunfante, de David Soares (romance fantástico);
5- Cidade na Lua, de Murray Leinster (romance de ficção científica);
6- Contos Fantasmas, de vários (contos de horror);
7- O Caçador de Étês, de José Alberto Braga (textos variados de humor e cartoons);
8- O Jardim Diabólico, org. de Vic Ghidalia (contos de ficção científica e horror);
9- Contos Imaginários, de vários (contos de ficção científica);
10- 1º Concurso Cultural Kranik, org. Ademir Pascale (contos de ficção científica e fantástico);
11- Engenhos Mortíferos, de Phillip Reeve (romance de ficção científica);
12- O Senhor das Aranhas, de Michael Moorcock (romance de ficção científica);
13- Contos Dramáticos, de vários (contos mainstream);
14- O Fio das Missangas, de Mia Couto (contos mainstream e fantásticos);
15- Pêndulo, de A. E. Van Vogt (contos de ficção científica);
16- A Feira dos Assombrados, de José Eduardo Agualusa (contos e uma novela primordialmente fantásticos);
17- Brancos Estúpidos, de Michael Moore (ensaio político);
18- O Arranca-Corações, de Boris Vian (romance fantástico)

A acrescentar aos livros li também três revistas, e foi este o único número que subiu face ao ano anterior. Foram elas:

19- Isaac Asimov Magazine, nº 1 (contos de ficção científica e fantasia e alguns artigos);
20- Ficção Científica, nº 1 (contos de ficção científica);
21- Dagon, nº 0 (contos e artigos de fantasia e ficção científica)

Por fim, e como é hábito, li alguns livros por obrigação laboral. Este ano foram apenas três. Ei-los:

22- The Well of Ascension, de Brandon Sanderson (romance de fantasia);
23- The Hero of Ages, de Brandon Sanderson (romance de fantasia);
24- The World of Ice and Fire, de George R. R. Martin, Elio M. García, Jr. e Linda Antonsson (pseudofactual de fantasia)

Embora a quantidade tenha sido miserável, a qualidade, felizmente, não foi. Um livro, O Arranca-Corações, de Boris Vian, encheu-me por completo as medidas e houve vários a ocupar numa segunda linha de grande qualidade, dos quais destacaria A Feira dos Assombrados, do José Eduardo Agualusa, e Engenhos Mortíferos, de Robert Reeve, para formar o habitual top-3. E o livro do Mia Couto só não substitui um destes dois porque nem todos os contos estão ao nível dos melhores (na verdade, se estivessem, ia juntar-se ao do Boris Vian lá no topo).

Quanto ao bottom-3, houve dois livros que se destacaram. O pior foi O Senhor das Aranhas, do Michael Moorcock e a antologia do 1º Concurso Cultural Kranik só o ultrapassa por muito pouco, por causa dos dois ou três textos interessantes que contém. Para completar o trio, mas apesar de tudo muito acima, escolheria os Textos Neo-Gnósticos do António de Macedo.

Este ano de leituras ainda se prolongará na Lâmpada provavelmente durante meses. Quero cá publicar as opiniões do que falta e o que falta é, na verdade, quase tudo. O problema? Não tenho tempo, e não o terei pelo menos até fevereiro.

Veremos o que se arranja. Até lá ficaram aqui com um ténue cheirinho sobre duas ou três dessas opiniões.