terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

O efeito-Carla

Uma das coisas mais engraçadas de ter um blog que funciona como um íman (involuntário) de pesquisas totalmente fora do contexto, que tentam encontrar imagens, digamos, estimulantes de um particular membro do nosso insignificante star system (não, não voltarei a escrever o nome completo da Carla. Já tenho visitas mais que suficientes, obrigado) é saber quase em primeira mão quando a menina surge de novo à tona do mar mediático: o número diário de visitas salta logo para 150, quase todas através de pesquisas no Google.

Portanto já sabem: se querem saber quando a beldade da vossa preferência aparece numa qualquer revista do coração ou programa de trash-TV, basta escrever umas quantas vezes o nome dela (ou dele) no vosso blog. Vão ver que é tiro e queda.

A mim, com toda a franqueza, já chateia. Mas não posso fazer nada, a não ser apagar as postas magnéticas. Realmente podia fazê-lo, mas sinto que isso é um bocado como espetar uma faca no tecido do blog. Sinto que o blog sangraria até à morte, ou quase, gemendo-me ensurdecedoramente ao ouvido durante as semanas que levasse até morrer ou sarar de vez.

Brr! Medo!

Portimão e o Bloco

Um comentário do Hélder, ali em baixo, despertou-me uma curiosidadezinha de modo que fui verificar quão bom foi de facto o resultado do Bloco em Portimão. Pois bem: não só foi o melhor resultado do Bloco no Algarve, como só houve 11 concelhos no país todo em que o Bloco teve melhores resultados. Quase todos da Grande Lisboa, em especial na Margem Sul (distrito de Setúbal), mais a Marinha Grande e o Entroncamento, onde o Bloco teve o melhor resultado a nível nacional. A seguir, em 12º lugar, veio Portimão.

Quem deve estar radiante a estas horas é o Fernando Gregório...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

Hondtices

Serei só eu a achar irritantes e até um pouco anti-democráticas as distorções que o método de Hondt causa na transformação dos resultados eleitorais em deputados à AR? Vejam bem: o PS conquista mais de metade dos deputados com só 45% dos votos. Não seria mais lógico que se menos de metade dos eleitores quisessem dar confiança a um partido, menos de metade dos eleitos fossem desse partido? Não seria mais democrático, mais respeitador da vontade do eleitorado? E que dizer dos partidos mais pequenos, que se vêem severamente prejudicados por este sistema?

Reparem nos resultados abaixo. Mostram os resultados destas eleições com 2 freguesias por apurar mais os círculos da emigração, seguidos do número de deputados eleitos, num total de 226, seguidos, entre parêntesis, do número de deputados que seriam eleitos por cada um se o sistema fosse, de facto proporcional:


PartidoVotosMandatos
Hondt
Mandatos
Proporcional
PS2 571 761119105
PPD/PSD1 638 9317367
PCP/PEV432 1391417
CDS/PP414 8551217
BE364 296815
PCTP/MRPP47 745
2
PND39 986
2
PH16 866
1
PNR9 365

POUS5 572

PDA1 604



Estão a ver? Nada menos que três partidos sem representação parlamentar teriam direito a ela no caso de existir uma verdadeira proporcionalidade que respeitasse por inteiro a vontade dos eleitores. O Bloco praticamente duplicaria o seu grupo parlamentar. O PP e a CDU teriam um número de deputados bastante mais coincidente com a proximidade dos respectivos números de votos. Serei só eu a achar isto desejável? Afinal de contas, em países que são democráticos há muito mais tempo que o nosso é normal formar-se parlamentos com 8 forças políticas ou mais e não é por isso que os respectivos sistemas são menos estáveris que o nosso. Às vezes, bem pelo contrário.

Estas são algumas dúvidas que me assaltam a cada eleição, de cada vez que constato a grande distância que há entre a vontade do eleitorado e aquilo que o método de apuramento retira dela e a enorme quantidade de votos que não são utilizados para eleger deputados. O meu, por exemplo.

domingo, 20 de fevereiro de 2005

Outras coisas que se sabem em dia de eleições

Há exactamente 500 fascistas no Algarve. Parecem muitos? São. São demasiados. Mas nós somos 30 vezes mais. E, se contarmos com todos os democratas, mesmo os duvidosos do PP, dá quase 400 vezes mais.

Ah, pois!

Mas que noite tão linda!

E, além de tudo o que vocês já sabem, a gigantesca varridela que o povo português deu nesta extraordinária direita que nos caiu em rifa (extraordinária de incompetente e idiota, claro), olhem aqui uns dados que me dizem mais directamente respeito (e que já são definitivos):

- Portimão (freguesia): 3º BE - 9,41%
- Portimão (concelho): 3º BE - 9,42%
- Faro (distrito): 3º BE - 7,72%

Ainda está longe, mas está mais perto. Muito mais perto!

sábado, 19 de fevereiro de 2005

As vinte melhores bandas portuguesas de sempre

Ó Mug, viste isto? O PM quer sugestões sobre as 20 melhores bandas portuguesas de sempre. Eu acho que não consigo chegar a 20. Não têm de ser de rock, pois não?

Sem ordem nenhuma, vamos lá a ver:

1 - Quarteto 1111
2 - Da Weasel
3 - Xutos e Pontapés
4 - Clã
5 - Madredeus
6 - Jafúmega
7 - Ornatos Violeta
8 - Enapá 2000
9 - ...

Hum... de certeza que daqui a bocado me lembro de mais alguns. Mas vai ter de ser daqui a bocado.

E, já no "daqui a bocado":

9 - Blasted Mechanism
10 - Rádio Macau
11 - Banda do Casaco
12 - Blind Zero
13 - ...

Hum... acho que agora só amanhã.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Mais uma ironia da campanha

O Movimento Reorganizativo do Partido do Ploretariado, aparentemente só preocupado com o código de processo penal e o segredo de justiça. Ter-se-á dado o caso da reorganização ir longe demais?

Ironias da campanha II

Ora! Sempre pensei que alguém aproveitasse a deixa para a ironia mais óbvia:

- Santana Lopes a falar por trás de um cartão a dizer "competência"

A última ironia é:

- Levar-se um mês em campanha eleitoral, a gastar dinheiro e a torrar a paciência do cidadão, para praticamente nada.

Para que serve esta treta toda? As pessoas, a esmagadora maioria dos votantes, decidem o voto pesando o que faz ou deixa de fazer cada força política ao longo do tempo, se se aproxima ou não da sua própria maneira de ver o mundo e os resultados que tem a sua acção quando está no governo. Os indecisos são sempre uma minoria, e, ao que parece, quando se acabam por decidir em cima do acontecimento costumam seguir mais ou menos as proporções dos que já se decidiram há muito.

Portanto para que servem as campanhas eleitorais?

Ainda se ao menos se falasse nelas de política...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Ironias da campanha

O PSD a dizer que vai ganhar.
Fascistas a apelar ao voto
A voz da classe operária afónica.

Alguém se lembra de mais?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Fundamentalismos

Quem declara luto nacional pela morte de uma freira nonagenária é um Osama Bin Laden potencial. Com o ambiente adequado, com os estímulos necessários, com o dinheiro suficiente, facilmente se transforma num terrorista fundamentalista religioso pronto a atacar.

Bem, há outra hipótese: a de que não passe dum reles oportunista sem escrúpulos. A escolha é vossa.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Raios partam a tecnologia!

Quanto eu era puto, tínhamos cá em casa um daqueles velhos telefones de disco, pretos e pesadões. Marcar um número era operação cheia de zumbidos, mas não era lá muito demorada porque os números só tinham 5 algarismos. Nessa altura as coisas eram simples: se se levantasse o auscultador e não se ouvisse o sinal contínuo da linha era sinal de que o telefone estava avariado e era preciso pedir a um vizinho para ligar para os CTT.

Hoje, há telemóveis. O meu avariou-se. Não que não trabalhasse, que trabalhava, só que de vez em quando, a meio duma conversa, desligava-se. Era chato, mas descobri que isso não acontecia se lhe ligasse o auricular e, como andava fraco de finanças, passei a usar esse subterfúgio em permanência. Mais tarde, comecei a reparar que o telemóvel se desligava de vez em quando sem motivo aparente, mas como ligava normalmente a seguir, não achei que fosse relevante. Também começou a acontecer que telefonava para as pessoas e era como se do lado de lá me desligassem o telefone na cara. Às primeiras, não liguei, mas como a coisa se repetisse comecei a chatear-me. Não com o telemóvel, note-se: com as pessoas para as quais telefonava.

É que, entretanto, outras chamadas aconteciam normalmente. O som não diminuiu de qualidade, nessa altura ainda não se notava nenhuma alteração na capacidade do aparelho de "conversar" com a central, enfim, por vezes parecia estar tudo a 100%.

Mas por fim, comecei a desconfiar e fiz alguns testes. Um tipo não pode ser obtuso a tempo inteiro, pelo menos se não vota PSD nem CDS. E com o telemóvel numa mão e o fixo na outra descobri que de vez em quando a central não encontrava o telemóvel com ele ligado, outras vezes a ligação fazia-se, o telemóvel tocava uma ou duas vezes mas desligava-se logo depois e outras vezes nada parecia estar mal.

Acabei por levar o "bicho" à assistência. Uma semana depois, devolveram-mo explicando que o software estava cheio de bugs e tiveram de o actualizar e que a bateria estava gasta e a pedir substituição rápida. Os "sintomas", disseram-me, às vezes aconteciam. Era assim.

Ou seja: o velho telefone preto quando se avariava emudecia. Não havia nada que enganar. Hoje, é como se o raio da engenhoca apanhasse uma gripe. Chama-se o doutor? Não se chama o doutor? Será que com umas aspirinas vai lá? Isto será estômago ou brônquios? Umas vitaminas?...

Raios partam!

Mas não há nada a fazer. O velho telefone de disco não tinha nem SMS nem jogos, nem receptor de chamadas nem agenda embutida. Era só telefone, um simplicíssimo telefone. E a complexidade tem os seus custos, toda a gente sabe disso. Neste caso, custou-me umas dezenas de euros e umas quantas zangas, pelo menos do meu lado. Essas, estão resolvidas. O mais provável é ninguém me ter desligado mesmo o telefone na cara. Só o telefone.

Quanto aos lados de lá vou agora ver se houve estragos e, se sim, procurar remediá-los até onde for possível.

No fundo isto torna a vida mais interessante. Os tempos são, certamente, interessantes. É essa uma velha praga chinesa, não é verdade? Pois.

Já estou mesmo a ver as novas doenças de um futuro próximo, com a hipocondria tecnológica à cabeça.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2005

A Lâmpada Mágica recomenda...

Um artigo interessante, embora relativamente pequeno, acerca das possibilidades de criar um efeito de estufa eficaz em Marte. Se um dia quisermos mesmo viver lá, estes poderão ser os primeiros passos.

La Lámpara Mágica en castellano

Ou pelo menos uma pequena parte dela. É que aconteceu a tradução do conto Flor do Trovão para a língua de Cervantes, a segunda tradução de uma coisa minha. E como uma tradução não faz sentido só por si, eis que aparece publicada como Flor de Trueno na revista online argentina de FC&F Axxon. É a estreia da FC portuguesa na Axxon, mas parece que há mais coisas a caminho, de outros autores.

Os meus agradecimentos à tradutora, Cláudia de Bella, à ilustradora, Valeria Uccelli, e ao editor da Axxon, Sergio Gaut vel Hartman, por um bom trabalho.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Evangelismo de burlões

Esta é boa para o Diário Ateísta...

Hoje, na sequência da descoberta do Blogs de Portimão deu-me para fazer uma buscazita pela net a ver o que se encontrava sobre a minha terra e encontrei um magnífico exemplo do nível de aldrabice que parece comum entre aquilo a que se costuma dar o nome de "pastores evangélicos".

Nesta página divulgam-se cartas que "pastores missionários" enviaram para a "Igreja Evangélica / Assembléia de Deus" de Tabuaté, São Paulo, Brasil. Um desses "missionários" resolveu vir missionar para Portimão e eis alguns excertos da sua carta:

[...] Temos aqui um grupo de uns 15 irmaos abençoados. estamos estruturando a igreja primeiro para depois iniciar um trabalho de evangelismo em massa. Portimao é uma cidade de uns 300 mil habitantes


300 mil?! O Algarve todo tem 400 mil habitantes. Mas que importa isso? Como justificar a presença de 15 "irmãos abençoados" numa cidade com 40 mil habitantes sem inflacionar quase dez vezes esse número?

Mas continuemos:

é um grande desafio para o evangelho, e pelo fato de ser uma cidade turistica ( litoral ) nesta é poca do ano a populaçao chega a casa de um milhao de habitantes.


Já se estão a rir? Esperem, há mais:

Este fator faz com que o custo de vida aqui seje a Lisboa (capital) e Porto (segunda maior cidade). Portanto o mínimo para se viver aqui e 1200 dólares. Ore por nós!


E aqui temos o fulcro da questão: o pedido de 1200 dólares por mês e por cabeça para cuidar das alminhas de um milhão de pecadores. Sim, porque toda a gente sabe que abaixo de 1200 dólares por mês se passa fome de cão preto no Algarve, e que o diga quem ganha o salário mínimo (uns 400 dólares, mais coisa, menos coisa), que é uma boa parte das pessoas que trabalham em funções não qualificadas.

E assim temos um burlão chamado Pastor Ivaldo Luiz da Conceição a missionar a 40 mil habitantes e 960 mil fantasmas enquanto enche a conta bancária com 1200 dólares por mês, mínimo. A princípio até é divertido ver este escroto a roubar descaradamente a sua própria igreja, mas o divertimento depressa se esfuma quando nos lembramos de que o dinheiro da "Assembléia de Deus" vem directamente dos bolsos de todos os palermas que acreditam piamente nas patranhas desta gente. Palermas esses que até costumam ser pobres, sofredores e cumpridores com as obrigações do dízimo, atirando janela fora dinheiro que muita falta lhes faria para outras coisas infinitamente mais úteis.

Mas a fraude compensa. Oremos, irmãos.

Olha que bela ideia...

Olhem só o que deu à costa aqui da Lâmpada: um blog-listagem dos blogs de Portimão. É uma bela ideia: depois da falência das tentativas de manter listagens semelhantes de nível nacional, uma rede de listagens cidade a cidade pode resolver o problema. Haja é quem as crie e mantenha. É que este tipo de coisa é necessária: basta dizer que dos blogs da minha terra listados até agora eu não conhecia nenhum. E, olhando para os perfis Technorati de cada um deles, quer-me parecer que eles também não se conheciam uns aos outros. A visibilidade dos novos blogs no meio da cacofonia é nula.

(E acho que começo a mudar de opinião relativamente ao Technorati. É verdade que dei por este blog via Truefresco, mas também é verdade que o Technorati também já o tinha topado...)

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Esquecimentos de escritor

Numa visita ao blog do Baeta, deparo com uma referência à revista brasileira Bestiário, a propósito de um conto que o Helder F. Raimundo lá publica no último número e recordo-me que fui há tempos convidado a contribuir com um conto para ela. Recordo também que enviei o conto e que ou não recebi qualquer confirmação ou aviso de publicação, ou então alguma mensagem se perdeu algures sobre o oceano Atlântico. E resolvo verificar se por acaso o meu nome consta do índice de créditos.

Consta.

Fui publicado no nº 9, em novembro de 2004, e nem sabia... Isto há coisas!

O conto chama-se O Armário.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

A verdura das nações

Um grupo de cientistas das universidades americanas de Yale e de Columbia (em colaboração com a UE e com o Fórum Económico Mundial) fez um estudo para aferir das sustentabilidade ecológica de 146 nações da Terra. O índice obtido por este grupo, como todos os índices deste género, tem pontos discutíveis (não há nenhuma hipótese de aferir a "capacidade de uma sociedade para melhorar o seu desempenho ambiental" sem entrar pelas areias movediças da análise política adentro), mas oferece um quadro interessante e merecedor de análise.

Portugal está em 37º lugar, entalado entre a França e a Malásia, atrás de países como a Finlândia (1º), Brasil (11º), Japão (30º) ou Rússia (33º), mas à frente de países como os Estados Unidos (45º), Cuba (53º), Israel (62º), Reino Unido (66º) ou Coreia do Norte (146º e último). Entre os países da UE, estamos logo abaixo do meio, em 12º.

O relatório completo, em PDF, está aqui.

A Lâmpada Mágica recomenda...

... uma fascinante notícia da Nature acerca das possibilidades de evolução de uma vida bem diferente da nossa em Titã e noutros ambientes do Sistema Solar.

Ine ingliche, ófe córsse...