quarta-feira, 31 de março de 2004
A propósito do estupido...
Dêm um salto ao Barnabé, façam esse favor ao vosso conhecimento daquilo que nos governa. Mais concretamente aqui e aqui.
Estes gajos do Google são uns subversivos...
Este link dirige o inocente web-surfer para os resultados de uma busca no google pela palavra estupido. Então não é que o primeiríssimo resultado vai dar ao Portal do Governo? À biografia do primeiro-ministro no Portal do Governo?
Subversão! Subversão! Chamem o SIS!
Subversão! Subversão! Chamem o SIS!
terça-feira, 30 de março de 2004
Entrei em órbita
Uma das coisas que eu acho que quem escreve FC pode fazer de melhor, porque abre horizontes e tem pelo menos o potencial de gerar novos públicos para o género e para os próprios escritores, é procurar encontrar novos veículos para as suas produções.
Pela parte que me toca, sempre tentei fazer isso, e continuarei a tentar.
Por isso, quando o Rui C. Barbosa, editor bracarense de um boletim sobre astronáutica chamado Em Órbita, me convidou a escrever pequenas histórias de FC (com uma ou duas páginas A4, ou seja, 800 a 1600 palavras) para publicar no seu boletim de dois em dois meses não precisei de pensar muitas vezes para aceitar.
A primeira lá está, no recém-publicado Em Órbita nº 39, descarregável em PDF. Chama-se Uma mão-vazia de jogo.
Espero que vos agrade.
Pela parte que me toca, sempre tentei fazer isso, e continuarei a tentar.
Por isso, quando o Rui C. Barbosa, editor bracarense de um boletim sobre astronáutica chamado Em Órbita, me convidou a escrever pequenas histórias de FC (com uma ou duas páginas A4, ou seja, 800 a 1600 palavras) para publicar no seu boletim de dois em dois meses não precisei de pensar muitas vezes para aceitar.
A primeira lá está, no recém-publicado Em Órbita nº 39, descarregável em PDF. Chama-se Uma mão-vazia de jogo.
Espero que vos agrade.
Spamesia (327)
E na sexta-feira o fluxo de lixo voltou quase ao normal, com as 83 mensagens a chegar cá a casa. Felizmente, não deixaram de chegar títulos absolutamente geniais. Como este: "doorknob exhaustion".
A exaustão da maçaneta
Um dia a maçaneta cansou-se
deixou de aceitar a sua solidez
e passou a ser apenas uma
ilusão de metal sem substância
Desse dia em diante, as centenas
de pessoas que atravessavam
todos os dias a porta onde morava
a maçaneta passaram a olhar para
as mãos com a surpresa estampada
no rosto quando elas se fechavam
sobre uma inexistência onde a luz
se reflectia tal e qual como se ali
alguma coisa sólida existisse
Ao ver aquilo, a maçaneta, no
sossego do seu repouso
auto-decretado, começava a sorrir
A exaustão da maçaneta
Um dia a maçaneta cansou-se
deixou de aceitar a sua solidez
e passou a ser apenas uma
ilusão de metal sem substância
Desse dia em diante, as centenas
de pessoas que atravessavam
todos os dias a porta onde morava
a maçaneta passaram a olhar para
as mãos com a surpresa estampada
no rosto quando elas se fechavam
sobre uma inexistência onde a luz
se reflectia tal e qual como se ali
alguma coisa sólida existisse
Ao ver aquilo, a maçaneta, no
sossego do seu repouso
auto-decretado, começava a sorrir
Olha quem bloga também...
De visita à Formiga, dei com um discreto link, que já me tinha sido enviado há dias pelo Goblin. Afinal não é só por cá que os ilustres blogam.
E deixem-me dizer, já agora, que os de lá de fora são bem mais interessantes que os nossos.
E deixem-me dizer, já agora, que os de lá de fora são bem mais interessantes que os nossos.
Spamesia (326)
Na quinta prosseguiu o dilúvio, com mais 116 bocados de lixo a aterrar na minha inbox. De novo, no entanto, apareceu um título aleatório bestial: "clown annular".
O palhaço anelar
Há muitomuito tempo
havia num certo país
muitomuito distante
um palhaço gordo
com um buraco no peito
muitomuito grande
e as pernas e os braços
e até mesmo a cabeça
muitomuito pequenos
Rolava pelas ruas
com um ruído de relógios
rebentando risos
nos letreiros de todas as fachadas
mas ele, ele mesmo
e ao contrário do que acontece
em todas as histórias de palhaços
ria-se muitomuito, maisainda
É que o buraco lhe fazia cócegas
muitasmuitasmuitasmuitas!
O palhaço anelar
Há muitomuito tempo
havia num certo país
muitomuito distante
um palhaço gordo
com um buraco no peito
muitomuito grande
e as pernas e os braços
e até mesmo a cabeça
muitomuito pequenos
Rolava pelas ruas
com um ruído de relógios
rebentando risos
nos letreiros de todas as fachadas
mas ele, ele mesmo
e ao contrário do que acontece
em todas as histórias de palhaços
ria-se muitomuito, maisainda
É que o buraco lhe fazia cócegas
muitasmuitasmuitasmuitas!
Spamesia (325)
Hoje há dois assuntos. O primeiro é a contabilidade habitual, que na passada quarta-feira foi de 125 mensagens-lixo, uma invasão inesperada que teve tudo a ver com uma súbita onda de vírus vinda não se sabe de onde. O segundo é uma nova característica dos spams, que agora vêm com frequência embrulhados em títulos gerados aleatoriamente. Isto é uma chatice para os filtros anti-spam, porque lhes dificulta a tarefa, mas para mim é uma bênção porque me dá às vezes títulos geniais. Querem ver? Para hoje escolhi um spam que vinha intitulado "presumption thermostat".
Termostato de presunção
Devia haver um termostato de presunção
para ser instalado em saraus, assembleias
salões de casinos e noutros locais onde
as cabeças parecem ter tendência natural
para se empinar, pondo os narizes a apontar
para cima e as carecas ou as perucas louras
cheias de laca e gel para desmoronar-se sobre
quem tem o azar de se sentar na fila de trás
Um tal aparelho funcionaria por eliminação
aleatória de um presunçoso na multidão
baixando assim o nível global de presunção
na sala e contribuindo, em geral, para a
salubridade do planeta
Não é boa, a ideia?
Termostato de presunção
Devia haver um termostato de presunção
para ser instalado em saraus, assembleias
salões de casinos e noutros locais onde
as cabeças parecem ter tendência natural
para se empinar, pondo os narizes a apontar
para cima e as carecas ou as perucas louras
cheias de laca e gel para desmoronar-se sobre
quem tem o azar de se sentar na fila de trás
Um tal aparelho funcionaria por eliminação
aleatória de um presunçoso na multidão
baixando assim o nível global de presunção
na sala e contribuindo, em geral, para a
salubridade do planeta
Não é boa, a ideia?
segunda-feira, 29 de março de 2004
Spamesia (324)
E pronto, outra vez uma semana de atraso. Na terça-feira passada houve 86 spams, incluindo um, certamente encomendado pelo governo, que dizia que "The economy is a lot better now". Também acho, como se pode ver pelo que se segue. Chamo-lhe o meu spamema da retoma:
A economia está muito melhor agora
A economia está muito melhor agora
que já morreram todos os pobres à fome
de presente e há menos gente por quem
distribuir o pão e a cerveja e as outras
coisas que fazem com que viver seja
não só possível mas também valha a pena
A economia está muito melhor agora
A economia está muito melhor agora
que já morreram todos os pobres à fome
de presente e há menos gente por quem
distribuir o pão e a cerveja e as outras
coisas que fazem com que viver seja
não só possível mas também valha a pena
E agora? Que irão os pró-prisão desencantar a seguir?
Having an abortion does not increase a woman's risk of developing breast cancer, concludes a comprehensive analysis of studies from around the world. The authors hope to lay to rest a highly charged debate.
Início de um artigo da Nature. Mas leiam o resto, leiam...
sexta-feira, 26 de março de 2004
Spamesia (323)
Segunda-feira a dor de cabeça habitual trouxe 86 bocados de lixo, e um deles vinha iluminado como se estivesse à lareira. Chamava-se "firelight".
A luz das chamas
Chama a chama viva e vive-a
pois a vida não é nada de importante
e num instante a luz da chama morre
Corre, corre, faz de conta que o presente
tem tempo suficiente para durar para sempre
Bebe a luz das chamas como leite alaranjado
que o teu fado é seres nada e nada teres
e se morreres nada ficar de relevante
A luz das chamas
Chama a chama viva e vive-a
pois a vida não é nada de importante
e num instante a luz da chama morre
Corre, corre, faz de conta que o presente
tem tempo suficiente para durar para sempre
Bebe a luz das chamas como leite alaranjado
que o teu fado é seres nada e nada teres
e se morreres nada ficar de relevante
Spamesia (322)
No domingo foram 67 as partículas de lixo que passaram por aqui. Cada uma metida consigo menos uma, que vinha animada numa "conversation".
Conversa
De um lado, um sismo
do outro, um cataclismo
cada um tentanto ter razão
pelo peso sonoro dos argumentos
São dois tristes
lamento-os
Conversa
De um lado, um sismo
do outro, um cataclismo
cada um tentanto ter razão
pelo peso sonoro dos argumentos
São dois tristes
lamento-os
Spamesia (321)
No sábado, foram 80 as mensagens de lixo. Lá no meio, alguém falava de uma "Soul Mate".
Alma gémea
Alma gémea
siamesa
que cirurgião poderá
separar-me de ti?
Alma gémea
Alma gémea
siamesa
que cirurgião poderá
separar-me de ti?
Spamesia (320)
Há precisamente uma semana, recebi 68 spams. Um deles, que já tinha recebido várias vezes anteriormente, publicitava "Projects in Middle East". Pareceu-me ser o momento adequado para falar deles um bocadinho...
Projectos no Médio Oriente
Gostaríamos de interessá-lo numa proposta
onde confiamos que encontrará a resposta
para a maior parte dos seus problemas
Gostaríamos que comprasse terras no Médio Oriente
as nossas projecções dizem que não demorará muito tempo
até que o local fique de novo vazio de toda aquela gente
Talvez haja alguns problemas de contaminação
mas a verdade é que tanto adubo só pode melhorar a produção
agrícola, e há sempre quem queira emigrar - pode optar por construção
Projectos no Médio Oriente
Gostaríamos de interessá-lo numa proposta
onde confiamos que encontrará a resposta
para a maior parte dos seus problemas
Gostaríamos que comprasse terras no Médio Oriente
as nossas projecções dizem que não demorará muito tempo
até que o local fique de novo vazio de toda aquela gente
Talvez haja alguns problemas de contaminação
mas a verdade é que tanto adubo só pode melhorar a produção
agrícola, e há sempre quem queira emigrar - pode optar por construção
terça-feira, 23 de março de 2004
Spamesia (319)
Na quinta-feira o número de mensagens-lixo subiu até 99, entre as quais vinha uma intitulada "sixth". E eu escrevi uma coisinha sobre o médio oriente:
Sexto
O Sexto disse ao Quinto
"Baza, meu!
Agora quem manda sou eu!
E se alguém não gosta, azarinho
que há-de acabar em picadinho!"
O Sétimo levantou-se
de uma cadeira no fundo da sala
Era baixinho
mas trazia uma basuca
e tratou logo de usá-la
Sexto
O Sexto disse ao Quinto
"Baza, meu!
Agora quem manda sou eu!
E se alguém não gosta, azarinho
que há-de acabar em picadinho!"
O Sétimo levantou-se
de uma cadeira no fundo da sala
Era baixinho
mas trazia uma basuca
e tratou logo de usá-la
E se fosse só a guerra e o terrorismo...
Ecologists have unveiled strong evidence that huge numbers of the world's species are disappearing. A survey of British wildlife suggests that insects - thought to be among the most resilient species - are suffering similar extinction rates to larger, better-studied animals.
Início de um artigo da Nature. Pode ser lido online. Basta seguir o link.
Spamesia (318)
Quarta-feira houve 88 mensagens-lixo, e uma delas trazia um título apropriado: "Caos,". Deitei a vírgula fora e fiz uma coisinha caótica:
Caos
Caos homens maus
paus de ferro e pedra
balandraus
Não te espanta
que entre tanta
porcaria
ainda exista
harmonia?
Caos de selva
selva humana
sem um cérebro
de reserva
empilha mais destroços
na pilha de destroços
Caos
Caos homens maus
paus de ferro e pedra
balandraus
Não te espanta
que entre tanta
porcaria
ainda exista
harmonia?
Caos de selva
selva humana
sem um cérebro
de reserva
empilha mais destroços
na pilha de destroços
segunda-feira, 22 de março de 2004
Os maiores aliados do planeta
O sheik Yassin era um homem sinistro. Olhava-se para aqueles olhos de louco, ouvia-se aquele fio de voz sibilina e estremecia-se por dentro. Não por causa da deformidade, mas pelo que a deformidade significava. O sheik Yassin tinha um poder imenso, ordenando, a partir da sua cadeira de rodas forrada a ódio e fanatismo, que se matasse e morresse.
O sheik Yassin era um terrorista. Hoje morreu, num ataque em que os helicópteros militares nele utilizados não disfarçam o seu carácter terrorista. Foi apenas mais um assassínio duma longa série de assassínios cometidos por Israel, e que explicam tanta coisa no médio oriente. Até, provavlemente, a existência do sheik Yassin.
É que este ataque terrorista que matou o líder do Hamas gerou um mártir. Nunca Yassin teve tanto poder como o que passou a ter hoje. Nunca teve tanta gente disposta a morrer pelo seu nome, integrada numa qualquer organização que tenha como fito levar a morte aos infiéis: o Hamas, a Jihad... a Al Qaeda...
É assim que agem os aliados: ajudando-se mutuamente. No momento em que o sangrento atentado de Madrid levantava uma onda de indignação entre os moderados do mundo árabe, que ainda são a esmagadora maioria, Israel, o estado terrorista por excelência, desencadeia um ataque que acaba de um dia para o outro com essa indignação, substituindo-a por outra. A Al Qaeda suspirou de alívio: assim ganhou mais material humano com que trabalhar e, muito provavelmente, mais financiamentos. O futuro, para os terroristas, voltou a sorrir. A esta hora estará Bin Laden a endereçar os seus agradecimentos ao amigo Sharon.
E nós, na Europa, é bom que ponhamos duma vez por todas Israel no rol das organizações terroristas, porque é isso mesmo que aquilo é.
Adenda: a propósito disto, recomendo a leitura disto e disto (onde se diz quase o mesmo que eu digo) e, já agora, disto.
O sheik Yassin era um terrorista. Hoje morreu, num ataque em que os helicópteros militares nele utilizados não disfarçam o seu carácter terrorista. Foi apenas mais um assassínio duma longa série de assassínios cometidos por Israel, e que explicam tanta coisa no médio oriente. Até, provavlemente, a existência do sheik Yassin.
É que este ataque terrorista que matou o líder do Hamas gerou um mártir. Nunca Yassin teve tanto poder como o que passou a ter hoje. Nunca teve tanta gente disposta a morrer pelo seu nome, integrada numa qualquer organização que tenha como fito levar a morte aos infiéis: o Hamas, a Jihad... a Al Qaeda...
É assim que agem os aliados: ajudando-se mutuamente. No momento em que o sangrento atentado de Madrid levantava uma onda de indignação entre os moderados do mundo árabe, que ainda são a esmagadora maioria, Israel, o estado terrorista por excelência, desencadeia um ataque que acaba de um dia para o outro com essa indignação, substituindo-a por outra. A Al Qaeda suspirou de alívio: assim ganhou mais material humano com que trabalhar e, muito provavelmente, mais financiamentos. O futuro, para os terroristas, voltou a sorrir. A esta hora estará Bin Laden a endereçar os seus agradecimentos ao amigo Sharon.
E nós, na Europa, é bom que ponhamos duma vez por todas Israel no rol das organizações terroristas, porque é isso mesmo que aquilo é.
Adenda: a propósito disto, recomendo a leitura disto e disto (onde se diz quase o mesmo que eu digo) e, já agora, disto.
A chatice de deixar de ligar à bola...
É deixar de poder gozar com a lagartagem quando levam quatro secos duma equipa de segunda linha.
Chatice! Bem podia ter deixado de ligar à bola uns meses mais tarde, eu! Tsc...
Chatice! Bem podia ter deixado de ligar à bola uns meses mais tarde, eu! Tsc...
sexta-feira, 19 de março de 2004
Spamesia (317)
Na terça-feira chegou o spam de terça e o que teria chegado na segunda-feira caso eu tivesse estado de computador ligado até às horas do costume. A soma deu 90 e um título: "exception"
Excepção
Todos os homens têm direito
à sua dose de felicidade
Excepto, claro
aqueles que sentem as coisas
como se fizessem parte delas
e tentam - pelo menos tentam -
voltar as costas à banalidade
Excepção
Todos os homens têm direito
à sua dose de felicidade
Excepto, claro
aqueles que sentem as coisas
como se fizessem parte delas
e tentam - pelo menos tentam -
voltar as costas à banalidade
E fica tudo dito em meia dúzia de palavras
A verdade sobre a Al Qaeda e o Iraque, mais os terrorismos e as democracias, mais o PSOE e uma insignificância qualquer chamada Maria de Fátima Bonifácio acabou de ser exposta com uma clareza cristalina no Barnabé:
A Al Qaeda preferia a vitória do PSOE? Porquê? Acho altamente improvável que a Al Qaeda queira a saída das tropas da coligação do Iraque. Partindo do discutível princípio de que a Al Qaeda, tratando-se de uma rede de organizações bastante heterogenia, tenha objectivos tão claros, parece-me mais provável que prefira a presença do “Grande Satã” em território árabe. A Al Qaeda não quer a paz no Iraque, quer guerra global, em todos os cantos do Mundo. Como o Hamaas não quer a paz na Palestina. Como a ETA não quer referendo nenhum no País Basco. O terrorismo alimenta-se do ódio e o ódio alimenta-se do conflito.
Mas leiam, leiam o resto.
A Al Qaeda preferia a vitória do PSOE? Porquê? Acho altamente improvável que a Al Qaeda queira a saída das tropas da coligação do Iraque. Partindo do discutível princípio de que a Al Qaeda, tratando-se de uma rede de organizações bastante heterogenia, tenha objectivos tão claros, parece-me mais provável que prefira a presença do “Grande Satã” em território árabe. A Al Qaeda não quer a paz no Iraque, quer guerra global, em todos os cantos do Mundo. Como o Hamaas não quer a paz na Palestina. Como a ETA não quer referendo nenhum no País Basco. O terrorismo alimenta-se do ódio e o ódio alimenta-se do conflito.
Mas leiam, leiam o resto.
O Technorati passa-se...
... agora diz-me que há zero inbound blogs e inbound links para a Lâmpada Mágica. Zero.
A "grande ferramenta da blogosfera" cada vez me parece mais um belo pedaço de lixo.
A "grande ferramenta da blogosfera" cada vez me parece mais um belo pedaço de lixo.
Spamesia (316)
Na segunda feira houve menos spam porque desliguei o computador mais cedo, mas mesmo assim o número quase atingia a meia centena: 48. Escolhi um que me dizia "contraband"
Contrabando
Atravessei a fronteira
com a tua voz escondida
num bolso secreto
e ao chegar entreguei-a
a quem mais dela precisava
agora tenho de voltar
a atravessar a fronteira
de novo de bolso vazio
Contrabando
Atravessei a fronteira
com a tua voz escondida
num bolso secreto
e ao chegar entreguei-a
a quem mais dela precisava
agora tenho de voltar
a atravessar a fronteira
de novo de bolso vazio
Spamesia (315)
No domingo também houve spam e vírus. E dos 66 títulos escolhi um "unreal" que me serviu para escrever mais um spamema que é de FC até certo ponto.
Irreal
Uma nuvem de detritos desceu
sobre as montanhas do planeta
pelos céus do sul viajava um cometa
ao norte, do dia fez-se noite
e todas as aragens traziam cheiro a morte
soprando pó sobre planuras vazias
Arranquei os olhos daquela realidade virtual
irritado por um ambiente de tal modo irreal
que nem sequer se ouvia um tiro
nem um grito de ódio nem uma ameaça
e ninguém nunca morria a mair terrível das mortes:
a morte ao sol, num lindo dia de primavera
Irreal
Uma nuvem de detritos desceu
sobre as montanhas do planeta
pelos céus do sul viajava um cometa
ao norte, do dia fez-se noite
e todas as aragens traziam cheiro a morte
soprando pó sobre planuras vazias
Arranquei os olhos daquela realidade virtual
irritado por um ambiente de tal modo irreal
que nem sequer se ouvia um tiro
nem um grito de ódio nem uma ameaça
e ninguém nunca morria a mair terrível das mortes:
a morte ao sol, num lindo dia de primavera
quarta-feira, 17 de março de 2004
Spamesia (314)
No sábado não houve muito lixo (61 mensagens), mas o que houve foi um lixo. Sem grande coisa por onde escolher, tive de pegar numa daquelas mensagens que todos nós recebemos (certamente) às dezenas, especialmente em épocas de worms como a que atravessamos: "Returned mail: User unknown". Lá fiz uma brincadeira, que acabou por ser inspirada por estes tipos.
Correio devolvido: utilizador desconhecido
"Correio devolvido
utilizador desconhecido"
assim fui impedido
de fazer um pedido
e assim fui coagido
a tornar-me bandido
Hoje estou escondido
num lugar subtraído
do universo expandido
num mundo perdido
Mas não faz mal
tenho comigo
um cartão cronal
Correio devolvido: utilizador desconhecido
"Correio devolvido
utilizador desconhecido"
assim fui impedido
de fazer um pedido
e assim fui coagido
a tornar-me bandido
Hoje estou escondido
num lugar subtraído
do universo expandido
num mundo perdido
Mas não faz mal
tenho comigo
um cartão cronal
A formiga no carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima
Duma espinhela caída
Furou furou à brava
Numa cova que ali estava
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
Zeca Afonso, claro. E, claro, a propósito do regresso deste gajo (qué das cedilhas, ó meu?), que só não trombeteei mais cedo porque tenho estado à espera a ver se é ou não sol de pouca dura. Parece que é sol que dura...
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima
Duma espinhela caída
Furou furou à brava
Numa cova que ali estava
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
Zeca Afonso, claro. E, claro, a propósito do regresso deste gajo (qué das cedilhas, ó meu?), que só não trombeteei mais cedo porque tenho estado à espera a ver se é ou não sol de pouca dura. Parece que é sol que dura...
Spamesia (313)
Na sexta-feira passada recebi 72 mensagens daquelas que só prestam para atirar borda fora. Uma delas trazia um título num inglês menos que perfeito: "GateWay to your". Resolvi aproveitar para fazer um spamemazito de FC, coisa que já não fazia há algum tempo:
Portal para o seu
«Este é o portal para o seu
Enviámo-lo para demonstrar como
Basta digitar os códigos do
e garantimos a chegada de tudo aquilo que
Para ficar dono desta maravilha da
basta depositar o pequeno valor de
na nossa»
Esta mensagem chegou-me através de uma coisa
parecida a um espelho de feira
daqueles que distorcem as imagens
até ao grotesco, ou até ao âmago da sua natureza
Com uma certa tristeza, enviei o portal de volta
com uma nota
que dizia que o analizador de sequências terminais
devia estar com defeito
Parece que nunca o receberam
e que passaram
vários anos a tentar enviar-me contas à cobrança
através dele
Portal para o seu
«Este é o portal para o seu
Enviámo-lo para demonstrar como
Basta digitar os códigos do
e garantimos a chegada de tudo aquilo que
Para ficar dono desta maravilha da
basta depositar o pequeno valor de
na nossa»
Esta mensagem chegou-me através de uma coisa
parecida a um espelho de feira
daqueles que distorcem as imagens
até ao grotesco, ou até ao âmago da sua natureza
Com uma certa tristeza, enviei o portal de volta
com uma nota
que dizia que o analizador de sequências terminais
devia estar com defeito
Parece que nunca o receberam
e que passaram
vários anos a tentar enviar-me contas à cobrança
através dele
LOL
Hilariante, o Contra Informação de hoje! Sempre gostava de saber o que achou dele o Daniel Oliveira. Muahahahahaha (gargalhada diabólica)
terça-feira, 16 de março de 2004
Spamesia (312)
Na quinta-feira foram só 59 papéis sujos. Um deles, entre nódoas de bolo e círculos de café, trazia escrito "metric". Foi esse que escolhi:
Métrico
O que sinto quando alguém morre
vale quatrocentos e vinte e três metros e trinta e um centímetros
mas quando um velho de cinco anos
me mostra a sua barriga de fome
são seiscentos e oitenta e um metros e vinte e quatro centímetros
A diferença na medida reflecte a diferença na duração do sofrimento
Métrico
O que sinto quando alguém morre
vale quatrocentos e vinte e três metros e trinta e um centímetros
mas quando um velho de cinco anos
me mostra a sua barriga de fome
são seiscentos e oitenta e um metros e vinte e quatro centímetros
A diferença na medida reflecte a diferença na duração do sofrimento
Spamesia (311)
Na passada quarta-feira, passaram pelos portões do lixo 63 mensagens. Uma delas dizia "Break"
Pausa
Alguém prime o botão de pausa
e enquanto fico parado
enquanto o tempo passa
aproveito o momento para
dar uso ao que tenho na cabeça
Pausa
Alguém prime o botão de pausa
e enquanto fico parado
enquanto o tempo passa
aproveito o momento para
dar uso ao que tenho na cabeça
Tinha vontade de escrever qualquer coisinha sobre o pós 11/3...
... mas houve um gajo que ma tirou quase toda. É que disse quase tudo. Aqui.
segunda-feira, 15 de março de 2004
Spamesia (310)
Na terça-feira, não amanhã mas há uma semana, recebi mais 76 cascas de banana electrónicas. Foi tudo para o lixo, naturalmente, não sem antes sacar fora um "Re: ignore attempt".
Tentativa de ignorância
Tentaste ignorar
o fogo que arde
diariamente
noutro lugar
Mas alguém pegou
num cepo em brasa
e queimou-te a casa
E assim
chegou ao fim
a tua tentativa
de ignorância
afogada em sangue
e em violência
Há quem aproveite
olhos fechados
para matá-los
Tentativa de ignorância
Tentaste ignorar
o fogo que arde
diariamente
noutro lugar
Mas alguém pegou
num cepo em brasa
e queimou-te a casa
E assim
chegou ao fim
a tua tentativa
de ignorância
afogada em sangue
e em violência
Há quem aproveite
olhos fechados
para matá-los
Spamesia (309)
Na segunda-feira, não hoje mas há uma semana, foram 91 os exemplares da fauna electrónica mais aparentada com o lixo que me chegaram à inbox. Um deles tinha o título de "Status".
Estatuto
O estatuto vê-se por pequenas coisas
um fato caro, uma amante, um carro
descapotável ou então simplesmente confortável
um olhar auto-confiante, nada tímido
uma barriga importante e bem fornida
boa comida e melhor bebida
um saquinho de coca no porta-luvas
uma arma por baixo do banco do condutor
e, no banco de trás, numa maleta executiva
papéis com os timbres de companhias off-shore
Estatuto
O estatuto vê-se por pequenas coisas
um fato caro, uma amante, um carro
descapotável ou então simplesmente confortável
um olhar auto-confiante, nada tímido
uma barriga importante e bem fornida
boa comida e melhor bebida
um saquinho de coca no porta-luvas
uma arma por baixo do banco do condutor
e, no banco de trás, numa maleta executiva
papéis com os timbres de companhias off-shore
Spamesia (308)
Bem, e isto já leva mais de uma semana de atraso... No domingo, não ontem mas no outro anterior, chegaram-me 46 spams, um dos quais com o título de "my scream :(". Só deitei fora o smiley:
O meu grito
O meu grito soou liso na penumbra do fim do dia
e voou para longe levando as coisas que nunca te diria
Regressou anos mais tarde, quando em mim algo morria
O meu grito
O meu grito soou liso na penumbra do fim do dia
e voou para longe levando as coisas que nunca te diria
Regressou anos mais tarde, quando em mim algo morria
domingo, 14 de março de 2004
sábado, 13 de março de 2004
Dava tudo para estar neste momento em Madrid...
Em frente da sede do PP espanhol, aquele partido asqueroso que utiliza a morte de duas centenas de pessoas como trunfo eleitoral.
sexta-feira, 12 de março de 2004
Compreende-se, mas é ridículo
Se eu vivesse em Espanha, estaria de certeza a esta hora nas ruas de Madrid. Estar ali, engrossar aquela imensa multidão, é um acto com peso. Um acto que vale alguma coisa, que mostra aos terroristas, pelas imagens que correm mundo, a imensa multidão dos seus inimigos e até que ponto estão isolados perante aquela muralha de humanidade. Um acto, simplesmente.
Agora, estar sentado no sofá ou na cadeira e encher o blog de sinalefas gráficas de repúdio, parece-me ridículo. Compreensível, mas ridículo.
É que os terroristas não nos estão a ler, sabem? E este frenesi de mostrarmos uns aos outros que nós também não gostamos de assassinos é um bocadinho patético.
(Quanto aos pulhas que aproveitam o momento para atacar adversários políticos, e há vários espalhados pela blogosfera, um único comentário: vocês são totalmente repugnantes.)
Agora, estar sentado no sofá ou na cadeira e encher o blog de sinalefas gráficas de repúdio, parece-me ridículo. Compreensível, mas ridículo.
É que os terroristas não nos estão a ler, sabem? E este frenesi de mostrarmos uns aos outros que nós também não gostamos de assassinos é um bocadinho patético.
(Quanto aos pulhas que aproveitam o momento para atacar adversários políticos, e há vários espalhados pela blogosfera, um único comentário: vocês são totalmente repugnantes.)
quinta-feira, 11 de março de 2004
Em todo o caso, não deixa de ser curiosa...
... a pressa com que tanta gente atribuiu os atentados de Madrid à ETA. Até pode ser que tenha sido. Mas não só não os reivindicou como a mim, pessoalmente, me faz alguma confusão como é que uma organização que tem estado nos últimos tempos (e bem) sob severa repressão, com células desmanteladas atrás de células desmanteladas, com operacionais presos às dezenas, com quilos e quilos de explosivos apreendidos, consegue organizar e levar a cabo, no momento preciso em que foi planeado (3 dias antes das eleições não foi coincidência de certeza; o dia 11 até pode ter sido), um conjunto de atentados envolvendo mais de 10 explosões em 3 locais diferentes do sistema ferroviário madrileno.
Há aqui qualquer coisa que não encaixa. A ETA, tudo o indicava (e indica), estava praticamente extinta. E de repente isto?
Ná. Cheira-me a esturro.
Há aqui qualquer coisa que não encaixa. A ETA, tudo o indicava (e indica), estava praticamente extinta. E de repente isto?
Ná. Cheira-me a esturro.
Spamesia (307)
No sábado chegaram-me 80 mensagens-lixo e partiram 80 mensagens-lixo rumo ao lixo, não sem antes deixar uma pequena frase aqui no blog. Desta vez foi "as you wish..."
Como queiras
Como queiras
façam-se as coisas à tua vontade
mas depois não te venhas queixar
que o universo se expande
e não o consegues parar
Como queiras
Como queiras
façam-se as coisas à tua vontade
mas depois não te venhas queixar
que o universo se expande
e não o consegues parar
Sobre o spamema 305
"Aterrorizado" era sobre algo que já aconteceu várias vezes, no Médio Oriente e noutros lugares, e que inevitavelmente iria voltar a acontecer.
Não esperava é que fosse tão cedo.
Não esperava é que fosse tão cedo.
Spamesia (306)
Na sexta-feira passada, há já quase uma semana, recebi 62 mensagens de lixo. 61 foram directamente para o lixo. A 62ª ficou um bocadinho por aí, à espera que eu fizesse qualquer coisa com o seu título, "Play time". Depois, foi para o lixo.
Tempo de jogar
É tempo de arriscar
tempo de ver se as pedras
sempre são imutáveis
ou se é apenas o musgo
que as fazer parecer assim
é tempo de pôr a vida ao sol
pendurá-la da corda
e esperar que seque ou
pelo contrário
que recobre a vida
que o vento lhe trouxer
é tempo de pegar nos dados
soprar-lhes em segredo
o resultado desejado
e fazê-los rolar
Tempo de jogar
É tempo de arriscar
tempo de ver se as pedras
sempre são imutáveis
ou se é apenas o musgo
que as fazer parecer assim
é tempo de pôr a vida ao sol
pendurá-la da corda
e esperar que seque ou
pelo contrário
que recobre a vida
que o vento lhe trouxer
é tempo de pegar nos dados
soprar-lhes em segredo
o resultado desejado
e fazê-los rolar
terça-feira, 9 de março de 2004
Anúncio
Foi publicada há pouco tempo a minha segunda contribuição para o I Concurso de Literatura Para Blogues. Nela, há alguns bloggers que se transformaram em personagens. Vão lá ler, se fazem favor.
Obrigado.
Obrigado.
Etiquetas:
blogosfera,
coisas obsoletas,
ficções,
literatura
Nova novidade no E-nigma
Pleonasmo à parte, acabou de ser posta no E-nigma mais uma novidade. É outra crítica, de outro crítico, esta ao romance de Karel Capek A Guerra das Salamandras.
Be my guest(s)...
Be my guest(s)...
segunda-feira, 8 de março de 2004
Novidade no E-nigma
Acaba de ser publicada uma crítica nova no E-nigma. É criticada a antologia Fronteiras, da Simetria.
Vão lá ler.
Vão lá ler.
domingo, 7 de março de 2004
Declaração solene
Declaro aqui solenemente que a Ella Fitzgerald foi absolutamente genial. Absolutamente.
sábado, 6 de março de 2004
Spamesia (305)
Na quinta-feira chegaram-me 91 mensagens-lixo, muitas delas virais. Mas a que escolhi, intitulada "Re: aghast", era spam genuíno. Acho. Não abri. Seja como for, utilizei-a para escrever uma fábula do futuro próximo:
Aterrorizado
Aterrorizado o povo olha
em volta à procura
de uma cara mais escura
em que os olhos brilhem
mais do que é costume
com a luz interior
do fanatismo
ou dos mesmos olhos
em caras de outra cor
Aterrorizado, o povo corre
refugiando-se na segurança
relativa de um tecto porque
à sua volta há gente que morre
morta por balas que não se
sabe nunca bem quem disparou
Aterrorizado o povo vota
numa violência feita
de cruzes num papel
sem sequer se dar bem conta
de que dessa violência virtual
uma outra nascerá, bem real
botas negras, coletes
à prova de bala, bastões
armas de guerra ligeira
e urbana, ecos de outras eras
Aterrorizado, o povo é gado
Aterrorizado
Aterrorizado o povo olha
em volta à procura
de uma cara mais escura
em que os olhos brilhem
mais do que é costume
com a luz interior
do fanatismo
ou dos mesmos olhos
em caras de outra cor
Aterrorizado, o povo corre
refugiando-se na segurança
relativa de um tecto porque
à sua volta há gente que morre
morta por balas que não se
sabe nunca bem quem disparou
Aterrorizado o povo vota
numa violência feita
de cruzes num papel
sem sequer se dar bem conta
de que dessa violência virtual
uma outra nascerá, bem real
botas negras, coletes
à prova de bala, bastões
armas de guerra ligeira
e urbana, ecos de outras eras
Aterrorizado, o povo é gado
Trigésimo sétimo?!
sexta-feira, 5 de março de 2004
Há muito tempo que não me indignava tanto
Um energúmeno chamado Jerónimo Gomes, que por acaso é padre da igreja católica, achou que a melhor forma de promover o julgamento e provável encarceramento das mulheres que interrompem a gravidez, mais quem as ajuda a fazê-lo, era mostrar a crianças de 9 anos um "catálogo" de fetos deformados, completo com afirmações completamente delirantes que chegam ao cúmulo de relatar uma imaginária venda de fetos para consumo humano em mercados de Taiwan.
Esta última é apenas a mais grave de uma série inacreditável de patacoadas completamente desprovidas de bases na realidade, que servem apenas para aterrorizar as crianças, e que têm como objectivo traumatizá-las o suficiente para as tornar incapazes de utilizar o cérebro que, diz a instituição a que pertence tal anormal, deus lhes deu. É assim que se faz, no Portugal do século XXI, a promoção da estupidez mais crassa e da ignorância fundamentalista de que qualquer talibã se orgulharia.
Se a igreja católica praticasse aquilo que prega (amor pelo próximo, compaixão, etc., etc.), um doente mental que fizesse uma barbaridade destas seria imediatamente destituído de todas as suas funções e nunca mais poderia aproximar-se a menos de 10 metros de uma criança que fosse.
Quanto aos chamados "pró-vida" (mais adequadamente chamados "pró-prisão"), nem sei que diga. Isto fez parte de uma campanha que saiu para a rua com a aprovação de uma das organizações pró-prisão, mas quero crer que a maioria dos seus membros e simpatizantes sente repugnância por tal acto. Quero mesmo crer nisso. Gostaria mesmo muito de acreditar que a mais abjecta das barbáries, escondida por detrás de trajes beatos, não é regra mas excepção naquela gente.
Esta última é apenas a mais grave de uma série inacreditável de patacoadas completamente desprovidas de bases na realidade, que servem apenas para aterrorizar as crianças, e que têm como objectivo traumatizá-las o suficiente para as tornar incapazes de utilizar o cérebro que, diz a instituição a que pertence tal anormal, deus lhes deu. É assim que se faz, no Portugal do século XXI, a promoção da estupidez mais crassa e da ignorância fundamentalista de que qualquer talibã se orgulharia.
Se a igreja católica praticasse aquilo que prega (amor pelo próximo, compaixão, etc., etc.), um doente mental que fizesse uma barbaridade destas seria imediatamente destituído de todas as suas funções e nunca mais poderia aproximar-se a menos de 10 metros de uma criança que fosse.
Quanto aos chamados "pró-vida" (mais adequadamente chamados "pró-prisão"), nem sei que diga. Isto fez parte de uma campanha que saiu para a rua com a aprovação de uma das organizações pró-prisão, mas quero crer que a maioria dos seus membros e simpatizantes sente repugnância por tal acto. Quero mesmo crer nisso. Gostaria mesmo muito de acreditar que a mais abjecta das barbáries, escondida por detrás de trajes beatos, não é regra mas excepção naquela gente.
Spamesia (304)
And now for something completely different: Na quarta-feira houve mais 92 mensagens-lixo. Estou a receber mais vírus outra vez — deve andar por aí bicho novo. Uma dessas mensagens pareceria críptica a alguém com falta de capacidade de discernimento. Talvez o Burroughs? Dizia: "H-a-r-d as R-o-c-k rf"
Duro como pedra
O muro é duro como pedra porque é de pedra
O murro é duro como pedra porque é uma perda
Um burro é duro como pedra porque zurra e vai à burra
E o Burroughs é duro como pedra porque é burro
Mudo tudo
A pedra é dura como muro porque é pedra
A perda é pedra como um murro porque é dura
Um duro zurra e é de pedra porque é burro e vai à burra
E o Burroughs é duro como pedra porque é burro
OK, não mudei tudo
Disse ao Burroughs para se mexer, mas ele não entendeu
ou então ficou à espera de ordens do Rumsfeld
Duro como pedra
O muro é duro como pedra porque é de pedra
O murro é duro como pedra porque é uma perda
Um burro é duro como pedra porque zurra e vai à burra
E o Burroughs é duro como pedra porque é burro
Mudo tudo
A pedra é dura como muro porque é pedra
A perda é pedra como um murro porque é dura
Um duro zurra e é de pedra porque é burro e vai à burra
E o Burroughs é duro como pedra porque é burro
OK, não mudei tudo
Disse ao Burroughs para se mexer, mas ele não entendeu
ou então ficou à espera de ordens do Rumsfeld
Spamesia (303)
Na terça-feira houve mais 80 mensagens-lixo. Uma delas dava uma ordem: "Pack your bags"
Faz as malas
Depressa
faz as malas
o autocarro
do futuro
vem aí
Faz as malas
Depressa
faz as malas
o autocarro
do futuro
vem aí
Spamesia (302)
Na segunda-feira houve 79 spams, vírus e outros equivalentes electrónicos de embrulhos de pastilhas elásticas, folhas mortas e pontas de cigarro apagadas. Escolhi uma dessas coisas, que ostentava um letreiro luminoso a dizer "unknown":
Desconhecido
Há dias passeava distraído
e dei por mim a olhar bem
nos olhos o desconhecido
Eram escuros, como poços
infinitos sem luz e também
sem um lugar onde me possa
sentar a olhar para eles
Nada entendi, e parti sem
remorso, embalado no remanso
confortável de ignorância
Só hoje, ao aprender uma
coisa nova brilhou uma luz
na recordação daquele olhar
e percebi que afinal está
tudo lá, bem arrumado em
caixinhas, à minha espera
simplesmente à minha espera
Desconhecido
Há dias passeava distraído
e dei por mim a olhar bem
nos olhos o desconhecido
Eram escuros, como poços
infinitos sem luz e também
sem um lugar onde me possa
sentar a olhar para eles
Nada entendi, e parti sem
remorso, embalado no remanso
confortável de ignorância
Só hoje, ao aprender uma
coisa nova brilhou uma luz
na recordação daquele olhar
e percebi que afinal está
tudo lá, bem arrumado em
caixinhas, à minha espera
simplesmente à minha espera
Novidade no E-nigma
A partir de hoje, a Lâmpada Mágica passa também a funcionar como canal de anúncios para o que se vai passando no E-nigma.
E hoje, o anúncio é que acabou de ser reeditado o conto Terror em Pedra Torta, de Gerson Lodi-Ribeiro e Miguel Carqueija. A capa do PDF, como de costume, é de Gabriel Bozano. Todos brasileiros. Só o editor é português.
E hoje, o anúncio é que acabou de ser reeditado o conto Terror em Pedra Torta, de Gerson Lodi-Ribeiro e Miguel Carqueija. A capa do PDF, como de costume, é de Gabriel Bozano. Todos brasileiros. Só o editor é português.
terça-feira, 2 de março de 2004
Os fins, os princípios, as motivações e os amigos delas
No mesmo dia em que em publiquei o 300º spamema, o Henrique fechou o blog. Não há nisso nada de espantoso nem de invulgar, para além de o Henrique ter chegado à blogosfera depois de mim e entretanto se ter tornado visitante mais ou menos habitual aqui das caixas azuis. O facto é que blogs começam e acabam todos os dias e a blogosfera continua, num espelho acelerado da própria vivência humana. Portanto, o facto não deveria ter tido importância.
Mas teve. Ou pelo menos deixou-me a pensar. Mas antes de continuarem a ler, fiquem avisados de que se seguem doses invulgares de umbiguismo.
Eu sou um tipo que tem uma deficiência: preciso de sentir uma utilidade qualquer, uma qualquer relevância, em quase tudo aquilo que faço. O prazer não me chega, nem o próprio nem o alheio. O simples passar de tempo, de uma forma mais ou menos agradável, também não. E se me falta esse estímulo, se perco de vista a utilidade, se sinto que no fundo o que estou a fazer é irrelevante, torno-me desleixado, incompetente, indiferente. E isto é assim quer falte a sensação de utilidade, quer pareça que as chatices que as coisas dão (e tudo dá chatices, em maior ou menor grau) são maiores que o resultado que delas se obtém.
Este blog, de vez em quando, sempre que é abandonado às baratas durante vários dias, sofre um pouco com isso. O E-nigma, até porque dá mais chatices e mais trabalho, tem sofrido mais.
Mas depois acontecem as tais coisas: alguém deixa cair uma palavra que, sozinha, compensa todas as dificuldades, ou atinge-se o 300º texto baseado noutros tantos spams, ou um projecto por que se tem lutado intermitentemente durante meses começa finalmente a tomar forma. E nessas alturas dou por mim a amaldiçoar as horas de desânimo, todo o tempo desperdiçado a fazer outras coisas, que na altura me pareceram mais relevantes e que de repente passaram a parecê-lo menos, ou as horas sentadas no sofá a ver televisão. É um regresso repentino da motivação, um assalto às ameias abandonadas do castelo, um dar ordens a torto e a direito, um reavivar de todos os interesses.
O pior é quando, no auge do desânimo ou da irritação, os afastamentos acabam em roturas. O E-nigma, por exemplo, esteve para acabar várias vezes. Mas se tivesse mesmo acabado, não estaria agora à procura de bons contos sobre Marte para editar num livro "a sério", em papel.
O pior é quando não há regresso. Há quem nunca aprenda isso e passe a vida queimando pontes. Conheço algumas pessoas assim. Eu próprio tenho um passado cheio de tocos enegrecidos. Mas hoje estou contente por ter poupado, por exemplo, a ponte do E-nigma.
E por isso garanto que mesmo que possa passar uns tempos vazia e apagada, de vez em quando, mesmo que venha a mudar de rumo, mesmo até que pareça andar perdida no oceano blogosférico, a Lâmpada continuará.
Mas teve. Ou pelo menos deixou-me a pensar. Mas antes de continuarem a ler, fiquem avisados de que se seguem doses invulgares de umbiguismo.
Eu sou um tipo que tem uma deficiência: preciso de sentir uma utilidade qualquer, uma qualquer relevância, em quase tudo aquilo que faço. O prazer não me chega, nem o próprio nem o alheio. O simples passar de tempo, de uma forma mais ou menos agradável, também não. E se me falta esse estímulo, se perco de vista a utilidade, se sinto que no fundo o que estou a fazer é irrelevante, torno-me desleixado, incompetente, indiferente. E isto é assim quer falte a sensação de utilidade, quer pareça que as chatices que as coisas dão (e tudo dá chatices, em maior ou menor grau) são maiores que o resultado que delas se obtém.
Este blog, de vez em quando, sempre que é abandonado às baratas durante vários dias, sofre um pouco com isso. O E-nigma, até porque dá mais chatices e mais trabalho, tem sofrido mais.
Mas depois acontecem as tais coisas: alguém deixa cair uma palavra que, sozinha, compensa todas as dificuldades, ou atinge-se o 300º texto baseado noutros tantos spams, ou um projecto por que se tem lutado intermitentemente durante meses começa finalmente a tomar forma. E nessas alturas dou por mim a amaldiçoar as horas de desânimo, todo o tempo desperdiçado a fazer outras coisas, que na altura me pareceram mais relevantes e que de repente passaram a parecê-lo menos, ou as horas sentadas no sofá a ver televisão. É um regresso repentino da motivação, um assalto às ameias abandonadas do castelo, um dar ordens a torto e a direito, um reavivar de todos os interesses.
O pior é quando, no auge do desânimo ou da irritação, os afastamentos acabam em roturas. O E-nigma, por exemplo, esteve para acabar várias vezes. Mas se tivesse mesmo acabado, não estaria agora à procura de bons contos sobre Marte para editar num livro "a sério", em papel.
O pior é quando não há regresso. Há quem nunca aprenda isso e passe a vida queimando pontes. Conheço algumas pessoas assim. Eu próprio tenho um passado cheio de tocos enegrecidos. Mas hoje estou contente por ter poupado, por exemplo, a ponte do E-nigma.
E por isso garanto que mesmo que possa passar uns tempos vazia e apagada, de vez em quando, mesmo que venha a mudar de rumo, mesmo até que pareça andar perdida no oceano blogosférico, a Lâmpada continuará.
Spamesia (301)
Como os spammers não estão nada preocupados com números redondos, depois do trezentos seguiu-se inevitavelmente o trezentos e um. Era domingo, e no vento electrónico que viaja continuamente pelo cabo chegavam-me 91 spams. Um deles, aparentemente, era filosófico: chamava-se "Gestalt".
Gestalt
Uma caneta não tem significado
sem a mão que nela segura
e sem os olhos que observam
a mão a segurar a caneta
ou a caneta a segurar-se à mão
Assim é uma arma
Gestalt
Uma caneta não tem significado
sem a mão que nela segura
e sem os olhos que observam
a mão a segurar a caneta
ou a caneta a segurar-se à mão
Assim é uma arma
Spamesia (300)
Trezentos! Três centos! Dez vezes trinta, trinta vezes dez!
Quando me aparece um número destes no topo da caixa de edição ponho-me a pensar: que estou eu aqui a fazer? Isto serve para quê? Quem me devolve as horas gastas ao longo destes trezentos fragmentos de qualquer coisa?
É sentimento rápido mas arreliador. Arranha.
Adiante. Venha a contabilidade e o spamema habituais: no sábado houve 56 spams, e um deles chamava-se "fake".
Falso
É falso o ar que respiro
e dele nada retiro
é oco
e sufoco
Quando me aparece um número destes no topo da caixa de edição ponho-me a pensar: que estou eu aqui a fazer? Isto serve para quê? Quem me devolve as horas gastas ao longo destes trezentos fragmentos de qualquer coisa?
É sentimento rápido mas arreliador. Arranha.
Adiante. Venha a contabilidade e o spamema habituais: no sábado houve 56 spams, e um deles chamava-se "fake".
Falso
É falso o ar que respiro
e dele nada retiro
é oco
e sufoco
segunda-feira, 1 de março de 2004
Como é óbvio...
Uma vez que o futebol português atrai tudo o que há de repugnante neste país, o Avelino Ferreira Torres não poderia faltar.
Spamesia (299)
Na sexta-feira houve 72 emails de onde escolher um título. Optei, proque sim, porque era um desafio, por um que veio em duplicado: "dyer".
Tintureiro
Tintureiro velho esteiro de mil cores
velho andeiro pelos vales dos amores
colhendo grão a grão a essência das flores
Imagem bucólica de um tempo que passou
falsa como todas as imagens bucólicas
do tempo que há muito tempo já ficou
perdido nas mais velhas das memórias
A verdade era bem mais fumarenta
e o tintureiro, de barba já cinzenta
ia morrendo envenenado pelos vapores
que inalava durante o tempo que esperava
que se tingissem as roupas dos senhores
Tintureiro
Tintureiro velho esteiro de mil cores
velho andeiro pelos vales dos amores
colhendo grão a grão a essência das flores
Imagem bucólica de um tempo que passou
falsa como todas as imagens bucólicas
do tempo que há muito tempo já ficou
perdido nas mais velhas das memórias
A verdade era bem mais fumarenta
e o tintureiro, de barba já cinzenta
ia morrendo envenenado pelos vapores
que inalava durante o tempo que esperava
que se tingissem as roupas dos senhores
Spamesia (298)
Na quinta-feira chegou o spam que não tinha chegado na véspera, ou seja, chegaram 82 mensagens. Entre elas, escolhi uma que dizia "stolen":
Roubado
Fui roubado
Levaram-me um bocado de cérebro
e deixaram no seu lugar um novelo de sono
Roubam-me tempo todos os dias
Roubado
Fui roubado
Levaram-me um bocado de cérebro
e deixaram no seu lugar um novelo de sono
Roubam-me tempo todos os dias
Spamesia (297)
Quarta-feira, apenas 42 bocados de lixo. E, telegraficamente, apareceu um chamado "Re: fantastic!"
Fantástico!
É deveras
fantástico
o poder que tem
um sorriso
de plástico
Fantástico!
É deveras
fantástico
o poder que tem
um sorriso
de plástico
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