terça-feira, 30 de setembro de 2003

<-------- Os livros que estão ali

Isto de ler livros de 30 páginas tem destas consequências: devoram-se num ápice. E assim, desde a última vez que vos falei dos livros que vou lendo, há dias, já desapareceram dois, Acabou-se! e A Menina que Tinha Medo do Escuro, e já chegaram outros dois para os substituir:

- Mel e Propólis, de Alexandra Inês, é o outro premiado com o Prémio Revelação Manuel Teixeira Gomes de 2000. Edição das Edições Colibri e da Câmara Municipal de Portimão, 40 páginas (2000)
- Vinganças é a segunda parte da duologia / romance Galxmente, de Luís Filipe Silva sobre uma humanidade dividida em seres carnais e padrões informatizados e sujeita à direcção de um super-cérebro electrónico. Edição da Caminho, 178 páginas (1993).

Paráfrase adulterada de um poema famoso

(que até já deu em nome de blog)

Schschschschschschsch... a chuva lá fora

Ó Colónia de Formigas, nem penses em fechar o formigueiro!

Este senhor blogoanónimo anda a dar sinais preocupantes de que se apresta para fechar o seu blogoformigueiro e ir fazer carreirinhos para outras paragens. Acho que é hora de todos lhe dizermos que nem pense numa coisa dessas: a blogosfera portuguesa não é suficientemente evoluída para que uma das suas vozes mais inteligentes não faça falta. Portanto, ó Colónia, deixa-te mas é de fitas, e fica.

Mesmo com as tuas cedilhas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2003

Em Cena à venda em?...

Interrogaram-me ali em baixo, nos comentários, sobre o lugar onde estariam à venda as revistas Em Cena, e eu decidi responder aqui porque sempre é mais visível e pode haver mais gente interessada.

Mas a verdade é que ao certo não sei. Sei que na Ler Devagar, em Lisboa, vi números anteriores da revista da última vez que lá fui, logo suponho que também deverão ter este. Também sei que na sede dos Artistas, em Faro, há de certeza, e também sei que há uma porção de pontos de venda espalhados pelo Algarve: os quiosques e livrarias que costumam ter este tipo de publicação, em especial nas principais localidades. Finalmente, sei que ela também está à venda algures no Porto.

Se houver pedidos insistentes (os comentários estão ali mesmo em baixo, não sei se sabem), posso tentar saber qualquer coisa mais concreta.

Spamesia (144)

Na quinta-feira, recebi um total de 68 mensagens-lixo. Não que tenha recebido mais spam do habitual; muito menos que tenha sido invadido por alguma virose nova. Nada disso. Simplesmente houve um totó de um blogger que resolveu anunciar-se, enviando-me uma autêntica mail-bomb de dezenas de mensagens todas iguais (e todas sem assunto). Depois, ainda me enviou mais uma, intitulada "As minhas DESCULPAS..." É esta mensagem, aliás, o motivo de eu lhe chamar totó e não as coisas piores que lhe chamei cérebro adentro quando recebi tudo aquilo. E que tal é o blog, perguntam vocês, ao menos vale a pena, insistem vocês? Não sei. Não fui lá, não vou lá. E não linko. As minhas desculpas...

As minhas desculpas

Peço desculpa a todos os donos das verdades eternas
por não acreditar em verdades eternas

Também peço desculpa quem prefere as verdades internas
por achar que não há verdades verdadeiras que possam ser internas

Por fim, peço desculpa às verdades modernas
nem sei porquê, acho apenas que também preciso
de pedir desculpas às verdades modernas

sexta-feira, 26 de setembro de 2003

Olha! Publicaram-me!...

Pois é. Já que se fala de livros e revistas, permitam-me que vos dirija o olhar agora para a coluna da direita, onde poderão ver uma capa nova, pertencente ao mais recente número da Em Cena. Lá dentro, meio perdido no meio de muita outra coisa, vem um continho meu intitulado A Voz que Cantava Blues. Quem ler, espero que goste, como é óbvio...

<-------- Os livros que estão ali

Desde a última vez que vos falei dos livros (e revistas) que vão passando pela coluna ali do lado esquerdo, já desapareceram O Filho das Sombras, o livro "mestiço" A Beleza e a Felicidade e a revista Aguasfurtadas 4+5. Esta revista, em formato de livro (e livro grande), inclui um conto meu, assinado por acidente com o pseudónimo bizarro de "Rui Brado-Berro", e é interessante, com alguns textos experimentais, outros mais próximos da natureza tradicional do conto e muitos poemas, além de outras coisas. No geral, pareceu-me que a poesia é melhor que a prosa — houve alguma prosa de que, francamente, não gostei — mas que é uma edição a que vale bem a pena deitar a mão. Especialmente se sois tripeiros, carago — foi editada na Imbicta. Para o lugar dos que saíram, entraram:

- Acabou-se! é um conto de Luísa Marques da Silva, premiado com uma menção honrosa no Prémio Manuel Teixeira Gomes de 2000. Edição das Edições Colibri e da Câmara Municipal de Portimão, 30 páginas (2001)
- A Em Cena é uma revista de artes em geral, propriedade da Sociedade Recreativa e Artística Farense (mais conhecida pelo cognome de "Os Artistas", e por ser um dos pontos mais interessantes de música ao vivo nos verões de Faro). Este nº 5 data da primavera/verão de 2002. Edição d'Os Artistas, 56 páginas (2002)

Quanto ao que se seguirá:

- A Menina que Tinha Medo do Escuro é um conto assinado com o pseudónimo de Janico, premiado com o Prémio Revelação no Prémio Manuel Teixeira Gomes de 2000. Edição das Edições Colibri e da Câmara Municipal de Portimão, 31 páginas (2001)

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

Spamesia (143)

Quarta-feira passada (e quem diria que foi ontem!), o spam voltou a semi-escassear na minha mailbox: "só" 27 mensagens. Mas o principal problema nem foi esse: foi que para trás já ficaram 142 spamemas e eu não quero repetir títulos (posso fazê-lo, de vez em quando, mas será sempre inadvertidamente), o que faz com que comece cada vez com mais frequência a ter de deitar fora os melhores, contentando-me com segundas escolhas. Foi o caso deste: "RE:Men & Scams"...

Homens e burlas

James Alan Lomberg
escreveu um tratado
sobre as burlas
onde afirma que o homem
é a origem de todas as burlas
e que todo o homem burla
desde que, bebé
chora não por ter dores
de corpo ou de espírito
mas porque tem fome
e quer leite
o dinheiro da infância

Não sei bem se concordo
mas sei que James Lomberg
e o seu tratado
nunca existiram

quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Spamesia (142)

Ontem, terça-feira, foi um mau dia. Não pelos números, que 39 é um valor que permite adivinhar abundância de escolhas, mas porque a abundância de escolhas nem sempre significa abundância, ou sequer presença, de boas escolhas. Foi o caso. De todo o lixo que me chegou, o título melhorzinho foi "Will it work? 9mt3xx2mx4xl":

Dará resultado?

Enquanto ligo os aparelhos
que a teoria afirma poderem dar-me
uma morte provisória
enquanto verifico, uma a uma
as várias fases de arrefecimento
reparação e renascimento
enquanto me dispo e me preparo
enquanto bebo o líquido amargo
que é suposto funcionar como
gerador de sangue provisório
não posso deixar de perguntar
a mim próprio e ao futuro
dará o procedimento resultado?

Spamesia (141)

Dos 38 spams de segunda-feira, apesar de ter gostado da sequência de "Hello" - "hey" - "Hi" (é simpático, digam lá que não é...), escolhi o que trazia como título "deluge":

Dilúvio

Nos dias de cigarras
em que o calor se eleva em ondas
e o horizonte estremece
como se visto através
de um limiar de irrealidade
fecho os olhos e sonho
com a frescura cinzenta
de um dilúvio

E então, do Sol cai
uma gota de água fresca

Spamesia (140)

No domingo tive direito a 43 spams, incluindo uma "Error message". E eu fiz a minha própria, muito sui generis...

Mensagem de erro

O programa não está a responder
deseja matá-lo?
Note que o assassínio de um programa
está previsto no código penal
ao abrigo do artigo treze, parágrafo final
e pressupõe a certeza da inevitabilidade
de assassinar um programa que deverá
estar certificadamente a funcionar mal
Se for esse o caso, ponha o dedo indicador
Da mão esquerda no amostrador
de ADN e diga “sim”.
O programa chegará ao fim
Caso contrário, aconselho-o vivamente
a cancelar a operação, senão
chamarei um programa-polícia
imediatamente

Spamesia (139)

Sábado foram só 30 spams, e um deles diza apenas "memorized". Lembrei-me do cavalheiro da mão estendida ali em baixo e escrevi:

Memorizado

O alvo foi memorizado
agora é só esperar um pouco mais
até que as cinzas do mundo inteiro
sejam suas, senhor presidente

terça-feira, 23 de setembro de 2003

Spamesia (138)

Sexta-feira foi dia de 41 mensagens, incluindo uma que dizia "What are you waiting for? zfn hq lfpd z". A parte do "zfn hq lfpd z" não percebi lá muito bem, mas o resto serviu para fazer isto:

De que estás à espera?

De que estás à espera?
A estrada está ali, à saída da cidade
e a verdade é que já não tens idade
para ficar à espera que uma velha fera
de pêlo negro de lustro até ao busto
te ataque e leve como se fosses leve
rumo ao fumo que cobre o horizonte
e esconde o monte e a fonte da eternidade

É tempo de seres tu e pores a nu
os buracos, os pontos fracos
toda a fragilidade da realidade
e de uma vez partir, largar tudo e ir
recolher do mundo apenas nacos
sem dar cavaco, só tu e o teu saco
um vagabundo com um rumo
que no fundo é bem profundo
até o mundo ficar mudo e tudo
estar pronto para que tu te deites
em deleites e te aprestes a dormir

Spamesia (137)

Na quinta-feira voltei a receber spam literário: das 44 mensagens, uma trazia o título de "livro". Certo. Eis, em tom minimalista:

Livro

Entre as páginas de um livro
sou livre
e vivo

Spamesia (136)

OK, já tiveram o Adolfo Bush cá em cima durante tempo suficiente, voltemos agora ao spam, que já tenho aqui outra vez uma semana dele à espera de ser reciclado. Recomeço com o spam de quarta-feira passada, 42 mensagens no total, entre as quais vinha uma que trazia no assunto simplesmente "read":



Lê e vê o que lês
como outros pés
que te levam de passeio
por todo o multiverso
seja em prosa
seja em verso

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

Spamesia (135)

E eis-nos chegados a terça-feira, ou seja, a ontem. A cifra de 58 spams parece excelente para me dar títulos com fartura para escolher, mas infelizmente foi dia de repetições múltiplas. E voltaram em força as propostas de acrescento do pénis (sempre gostava de saber que pensará uma mulher ao acender o computador e deparar com dezenas de emails a propor-lhe "penis enlargement pills", ou "virilidad plena" ou a prometer "never fear impotence again", ou ainda a acenar-lhe com "free viagra prescription". Provavelmente o mesmo que eu penso quando me berram, entusiasmados, "Bikini zone!... No Diet, perfect abs!..." Mas divago). Acabei por pegar relutantemente num "Why not?" e escrever:

E porque não?

Dizem-me que eu devia encostar os pés à terra
e sentir a maneira como ela gira mas fica firme
dizem-me para retirar daí os ensinamentos
que me permitam viver uma vida sem tormentos
dizem-me que não devo erguer os olhos do comezinho
e passeá-los por mares e praias, por firmamentos

E porque não?
Se os meus pés caminham suaves sobre nuvens
e é só quando descem ao chão que estremecem
Porque não?

Spamesia (134)

Segunda-feira, a spamperatura voltou ao morno: 29 grau... aaa... mensagens. Quase todas com uns títulos muito maus, algumas com títulos bons mas já utilizados, e só um ou dois títulos verdadeiramente aproveitáveis. Sem grande hipótese de escolha, peguei num "awesome!" e:

Incrível!

Incrível! Ontem vi o impossível!
Estava sentado numa esplanada
calmamente como se não fosse nada
e não sei se era dos olhos
se da sombra dos sobrolhos
mas acho que o envolvia um halo de fada

Olhou-me e fez-me um aceno
e eu senti-me de novo moço pequeno

Spamesia (133)

Domingo, pelo contrário, a invasão foi quase invencível: 62 mensagens, muitas delas a tentar convencer-me de que preciso de um pénis maior. Obrigado, caros spammers, pela confiança demonstrada nas minhas características físicas, mas realmente não estou interessado. Lá pelo meio de toda aquela propaganda sexual, apareceu um "DIVINE INSTRUCTIONS". Ora, eu posso não acreditar em coisas místicas, mas acho que elas de vez em quando dão umas histórias porreiras, portanto toca a aproveitar:

Instruções divinas

As instruções diziam para
fazer explodir um certo ponto
e assim gerar um universo
e depois deixar o todo assim gerado
entregue a si próprio
por toda a sua eternidade

Mas ele, deus subordinado
não resistiu a espreitar

Em biliões de mundos que giravam
em torno de biliões de estrelas
biliões de espécies enlouqueceram de repente
e não ficou ninguém que pudesse
compreender porquê

segunda-feira, 15 de setembro de 2003

Spamesia (132)

Sábado houve ainda menos spam. Não passou de 29, o que inclui quer o spam normal, quer dois convites de um Daniel Oliveira (será este?) para uma exposição de esculturas suas em Lisboa. Desculpa lá, rapaz: não vai poder ser. Enfim... Desta feita os títulos decentes também escassearam, mas a verdade é que se arranja sempre qualquer coisinha. Desta vez, a "coisinha" chamava-se "combatibility":

Combatibilidade

A combatibilidade
é a habilidade
para combater
a desesperança
e a velha dança
de insanidade
que te leva a querer
desaparecer

Spamesia (131)

Sexta-feira houve menos spam (36), mas paradoxalmente houve mais títulos bons para trabalhar. A dificuldade, na realidade, foi a escolha. Acabei por me decidir por um "How is your husband?", que resultou em:

Como passa o teu marido?

Olá! Que surpresa!
Tantos anos sem ver-te e de repente aqui estás!
Como tens passado?
E como passa o teu marido?

Nunca me convenci lá muito bem de que te casaste
deves ter bebido para que ele te tenha convencido
não é nada coisa que fizesse a mulher que conheci
quando me disseram, só me ri
incrédulo e espantado como um pardal depenado
nunca consegui encaixar esse facto no nosso passado

Onde está a mulher que me arrastava
para as margens mais pardas da cidade?
Onde está a mulher que fazia amor
de janela escancarada para o mundo exterior?
Onde está agora aquela que respirava instabilidade?
Que fizeste tu da tua velha rebeldia
que dizia que a vida só é vida se vivida dia a dia?

Mas deixa estar
A vida é tua e só tua, apesar da saudade
e é inútil e errado tentar voltar para trás
por isso esquece o que disse, estava só confundido
Rebobina e repete olá! Que surpresa!
Tantos anos sem ver-te e de repente aqui estás!
Como tens passado sem o nosso passado?
E como passa o teu marido?

Spamesia (130)

Quinta-feira trouxe outro batalhão de 51 membros, entre os quais havia um que dava para adulterar: "Last forever in the bedroom,". Nunca o spammer imaginaria que tal título, depois de uma tradução ligeiramente errada, fosse resultar em algo como isto:

Permanece para sempre, no quarto

A fronteira é defendida por uma porta
já um pouco torta
que se abre só através do telecomando
e tem uma portinhola
por onde entra a comida e uma ou outra esmola
e os papéis da escola
A um canto aparece de quando em quando
uma paisagem de azulejos
que exala um cheiro a lixívia e formol
quando há vontade
é aí que fica o alívio e um pouco de intimidade

Câmaras cobrem cada ângulo, e tu não sabes
o quarto é o teu mundo
e não tens qualquer ideia dos que te olham de outro mundo
de olhos pisados de cansaço
e um olhar baço, feito de um tempo que se faz escasso
e tu, actor involuntário
és pago com a mentira que faz mira e te retira
a vontade de sair e de rir
e tu, grato por te ajudarem a não existir
agradeces, representando

Spamesia (129)

Quarta-feira chegou a cavalaria spamiana, um batalhão inteiro de 52 spams, mais de meia centena de mensagens que eu, rato em punho, lá fui mandando para a caixinha do lixo que antes de o ser já o era. Fiquei só com um título: "Do you want for a prosperous future? ux"

Desejas um futuro próspero?

Desejas um futuro próspero
para ti e para os que
compartilham os teus dias?

Então pára e pensa que se
roubares tudo o que há
para roubar, destruires tudo
o que há por destruir
chegará um dia em que
do teu mundo nada restará

E que a menos que mates
todos os que te são próximos
antes de encontrares
o fim do teu vale dos prazeres
algum deles vai ter de limpar
a merda que fizeres

Spamesia (128)

Cá vem mais um, este referente a terça-feira passada, data em que de spam me chegou uma remessa de 30 exemplares. No meio da palha vinha um título surpreendente: "surprise her~~" (a surpresa, claro, foram os dois tiles - maldita excepção, que tive de ir confirmar o plural ao Ciberdúvidas e mesmo assim soa mal!). E eu, surpreendido que estava, surpreendi-a:

Surpreende-a

Escondida algures nos túneis sombrios do espaço e do tempo
protegida dos ventos de mudança, nua na sua eterna dança
rodopiando sozinha num lugar onde o espaço dispensa o tempo
e o tempo é apenas uma sombra na imobilidade do espaço
a morte observa o modo como se vai acumulando o teu cansaço
tremendo de prazer quando te sopram na cara os ventos do medo

Ainda é cedo. Mas quando o dia do fim do teu tempo chegar
surpreende-a por não ficares à espera que ela te vá procurar

domingo, 14 de setembro de 2003

Fartinho da Enetation

Estou cada vez mais fartinho da Enetation. Não só funciona pior que os comboios espanhóis (e segundo o Zé Mário Silva não são só os comboios), um pouco por todos os blogs onde está instalado, como agora lhe deu para me comer comentários que tento fazer aqui, a mim, o dono deste blog!

Consequência: depois de escrever várias vezes dentro dos comentários sem qualquer resultado prático, terei de sair dos comentários para algumas respostas a alguns dos visitantes da Lâmpada, que a esta hora já me devem andar a chamar os nomes todos, de malcriado para baixo. Não sou assim tão malcriado, meus amigos...

Então cá vai:

Láááááá pra baixo, a Simone de B. pergunta quem é a Carla Matadinho. A Carla Matadinho é uma moçoila que não era ninguém até aparecer aqui pelo ciberespaço uma colecção de fotografias dela no rebolanço com o namorado. A partir daí, transformou-se em sex-symbol e, como parece que não é parva, resolveu ganhar algum com esse facto: viu que tinha dois palmos de cara e mais alguns de corpo, pôs-se a correr concursos de beleza, e até ganhou alguns, tipo o da Playboy.

Mais cá pra cima, o Antonio Baeta Oliveira enganou-se no sítio onde era preciso clicar para me elogiar e agradecer a spamesia, e depois ficou todo atrapalhado, não fosse eu pensar que ele tava a gozar comigo. Tás na boa, Baeta. Agradeço os exageradíssimos elogios e os desnecessários agradecimentos e percebi que foi engano: eu já tive enganos desses e tudo... ;)

Hum... e acho que de respostas entupidas é só.

Até que enfim, morreu o Teller

Preparando-me para regressar à superfície depois de uns dias de hibernação internética quase total resolvi dar uma voltinha pelos blogs que visito habitualmente para ver o que se diz da morte de Edward Teller, aos 95 anos.

Nada. Rigorosa népia.

É pena. Teller foi um daqueles cientistas que não têm a mínima consideração pelos aspectos morais da sua pesquisa, e além disso foi um pulha cobarde, mantendo-se toda a vida agarrado como uma lapa ao complexo militar-industrial americano, sem ter nunca o mais pequeno pejo em apunhalar pelas costas colegas e mentores, como por exemplo Oppenheimer (este sim, um cientista com dimensão humana suficiente para, após ter feito muitas das descobertas fundamentais para ser possível criar uma bomba atómica funcional, ter passado a denunciar a ideia da guerra nuclear assim que a II Guerra Mundial acabou e desapareceu o perigo de serem os nazis a desenvolver a bomba).

Teller, ao ser responsável directo por todos os mortos de Hiroshima e Nagasaki, e por todos os que poderão ainda surgir a partir das armas que desenvolveu e defendeu toda a vida, transformou-se num dos grandes monstros que a Humanidade criou no século XX. A sua morte, que pecou por muito tardia, deveria ter causado um suspiro de alívio colectivo.

Em vez disso, o silêncio.

sábado, 13 de setembro de 2003

A incomparável magnificência da natureza

Costumo visitar com regularidade o site Astronomy Picture of the Day, um magnífico repositório de algumas das melhores imagens astronómicas (e às vezes nem tanto) captadas pelos instrumentos científicos europeus e americanos e, de vez em quando, por cidadãos individuais. Ao ritmo de uma por dia, imagens em geral fascinantes vão-se sucedendo, dando conta do desenvolvimento das ciências astronómica e astronáutica e da magnificência do universo de que fazemos parte. E por entre todas aquelas pedras preciosas, de vez em quando surge um diamante de muitos quilates

Neste caso, no entanto, talvez seja mais adequado falar em esmeralda. Ora vejam bem esta imagenzinha reduzida que aqui vai:

sexta-feira, 12 de setembro de 2003

Spamesia (127)

Expulso o sr. Domingo, deve ter telefonado a Segunda-Feira recomendando-lhe que me massacrasse bem, o que a querida amiga do princípio da semana não deixou por mãos alheias: chegou, bateu-me à porta, esperou que eu abrisse e atirou-me para cima da cabeça um volumoso maço de 51 spams, após o que fungou, virou costas e se foi embora. Lá tive eu de estar a apanhar aquilo tudo, vendo de passagem alguns títulos interessantes mas já utilizados, e acabando por guardar um "I know all that" antes de atirar com tudo para o incinerador.

Eu sei tudo isso

Eu sei tudo isso que tu me queres explicar
o que não sei é porque insistes em tentar
explicar-me tudo o que me queres explicar

Já sei que tu achas que tem de haver um deus
algures a olhar por tudo e todos, até pelos ateus
e que é origem de tudo, até dos pensamentos
tanto dos teus como dos meus

Eu sei que tu julgas que a vida tem sentido
e que tudo o que fazemos é por algo conduzido
mesmo aquilo que tu dizes que é a todos proibido

Eu sei de tudo isso, o que não sei, não compreendo
é como é que não entendes que nada disso faz sentido
porque em todas as ideias de que me tentas convencer
encontram-se alfa e o seu contrário tentando conviver

Spamesia (126)

Olá, cá estou de volta com mais spam. Tinha ficado no sábado, e portanto o senhor que se segue é o sr. Domingo. E o Sr. Domingo chegou, de fraque e cartola, com uma pastinha de couro na mão contendo 38 spams, que examinava atentamente com a ajuda do seu monóculo. Roubei-lhos todos, escolhi um intitulado "I have the cure." O sr. Domingo ficou indignado (exclamou, britanicamente, "By jove!"), mas não evitou que eu deitasse todos os 38 spams no cesto dos papéis amarfanhados, sorrindo-lhe com insolência. Sou um insolente do caraças!...

Tenho a cura

Se a vida parece que se te esgota dia a dia
e a alegria se evapora como um charco
ao calor de um dia de sol musculado
deixando para trás apenas o sopro
poeirento e seco da melancolia
então estás em presença de uma doença
mas não há problema: eu tenho a cura
procura uma pessoa que se mantenha pura
e mergulha no lago da sua ternura

Há que ter em atenção, no entanto
que em alguns indivíduos o resultado do tratamento
pode não ser a cura, mas a loucura

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Mais pesquisas

Eu gostava de saber o que diz esta malta toda que chega à Lâmpada através das pesquisas nos motores de busca e depara com esta versejada toda. Deve ser um belo compêndio de calão de carroceiro, no mínimo. Senão, vejamos: as últimas 16 pesquisas foram:

- matadinho (sapo)
- carla matadinho (google)
- carla matadinho (google)
- matadinho (terravista)
- carla matadinho (google)
- carla matadinho (google)
- Carla matadinho (msn search)
- carla matadinho (google)
- "Lâmpada Mágica" "os livros" (google)
- carla matadinho (google)
- CARLA MATADINHO (sapo)
- matadinho (google)
- carla matadinho (clix)
- figura de lampada magica (google)
- carla matadinho (google)
- mas esqueceste de mim ingles (google)

Gostei da última. E uma destas pesquisas fui eu que a fiz, para encontrar uma coisa nos arquivos. O resto... é o resto.

Spamesia (125)

Sábado houve 34 spams e vírus e mensagens aparentemente provenientes de security@microsoft.com a apelar ao uso imediato de um remendo qualquer. De entre tal cacofonia, escolhi um título alfanumérico: "100% free"

100% Livre

Um dia gostaria de ser cem por cento livre
só eu e um livro em viagem por toda a parte
um dia gostaria de exercer a minha arte
como parte da vida sem pressões nem cadeias
um dia gostaria de pôr em prática as ideias
quem me enchessem os braços de vontade de ser livre

Um dia gostaria de partir para as estrelas
Um dia gostaria de ser parte das estrelas

<-------- Os livros que estão ali

Já vos falei duas vezes dos livros que vão passando ali pela coluna do lado, e desde a última vez já desapareceu A Cidade da Carne, apareceu O Filho das Sombras, que se apresta a desaparecer também, sendo substituído por A Beleza e a Felicidade.

- O Filho das Sombras é a segunda parte da trilogia Sevenwaters de Juliet Marillier, uma fantasia celta que desta vez se passa integralmente na Irlanda tendo como personagem principal a filha mais nova da protagonista de A Filha da Floresta, o primeiro romance da trilogia. Edição da Bertrand, 462 páginas (2002).
- A Beleza e a Felicidade é uma experiência literária de José Morais, algures entre o romance, a peça de teatro e o argumento para uma produção audiovisual, que tem como subtítulo Fantasia Científica. Edição da Campo das Letras, 107 páginas (2003).

Quando, ali ao lado, o segundo livro substituir o primeiro, para o seu lugar em "o que pretendo ler a seguir" irá mais um livro da Europa-América:

- Crónicas do Caos - Viagem a Neptuno é a primeira parte da trilogia Crónicas do Caos, de Jeffrey A. Carver, um exemplar de ficção científica dura ancorada numa exploração literária da teoria do caos, com extraterrestres à mistura. Edição da Europa-América, 314 páginas (1998).

Spamesia (124)

Sexta-feira houve mais uns quantos vírus, montes de propostas de engrandecimento do pénis e um total de 29 coisas que não interessam nem ao menino jesus. Ou ao profeta maomé. De entre a massa de títulos desinspirados e desinspiradores, apareceu um aproveitável: "hello ujay". Não me chamo Ujay. Nem sequer sou paquistanês. Mas se calhar há qualquer coisa de Ujay em mim:

Olá, Ujay

Olá, Ujay
Saúdo-te e à tua cidade poeirenta
onde os cheiros vivem soltos
e livres como o vento
e aperto-te a mão
naquele gesto de amizade ancestral
que é tão antigo como a nossa espécie

Porque nós somos da mesma espécie, Ujay
tu e eu
tu que cinco vezes por dia
encontras o azimute duma cidade estrangeira
e te ajoelhas num tapete
e apoias nele a tua testa
e eu, que aqui estou a escrever versos
num alfabeto que não é o teu

Somos da mesma espécie, Ujay
nós e os selvagens de pele branca
que te invadiram a pátria
com as suas bombas, os seus canhões
os seus tanques, os seus aviões
e que cometem crimes em nome da civilização
da minha civilização, Ujay

Somos da mesma espécie, nós os dois
e os selvagens de longas barbas e pele indiana
que cometem crimes em nome de Alá
em nome do teu deus, Ujay

Somos da mesma espécie, Ujay
e por isso somos cúmplices
a estupidez deles corre-nos no sangue
talvez fizéssemos as mesmas coisas que eles fazem
se estivéssemos nas situações em que eles estão

Talvez as fizéssemos
Talvez não soubéssemos, como eles não sabem
qual é o ponto em que é preciso parar
talvez não soubéssemos, tal como eles, pensar
talvez nunca ninguém nos tenha ensinado essa coisa
que parece tão simples: pensar
talvez só nos tenham ensinado a obediência
a um deus, a um chefe, a uma ideia
a alguma coisa que nos convenceram ser melhor do que nós

Mas como, Ujay, como?
Como foi que nos deixámos assim enganar?
Tu, eu, e todos os eles que possas imaginar
todos, Ujay, todos e cada um deles

Será que é verdade
que quanto maior a mentira mais gente nela acredita?

domingo, 7 de setembro de 2003

Spamesia (123)

Quinta-feira quase não recebi vírus e portanto o total de lixomail baixou para 29. Entre os títulos do spam, não muito inspiradores, peguei num que me dava os parabéns: "Congratulations, You Won !!!" Resultado: mais FC.

Parabéns, você ganhou!

Parabéns!
Você ganhou o direito de renascer
no corpo novo que escolher
e de recomeçar tudo, uma vida nova
uma nova cara, até um novo sexo
se quiser

Parabéns!
Você ganhou o direito de sair
da cidade por um dia
e viajar numa Reserva de Harmonia
ou numa biosfera controlada
ou onde a cidade acaba
e não há nada

Parabéns!
Você ganhou as eleições
pode começar a pensar em formar
governo, mas antes terá de passar
os testes de aptidão para dirigir a nação
é de lei

Parabéns!
Você ganhou o direito ao futuro
espero que não lhe seja
muito duro

Spamesia (122)

Quarta-feira chegou-me mais uma porção de vírus, ajudando a aumentar o total de lixomail para 48. Quanto a reciclagens, havia um "Whats Happening?" que ficou mesmo a jeito para fazer:

Que se passa?

Que se passa?
Nada se passa
é só a loucura que se instala
na cabeça, e amassa
um bocado aqui e ali outro
bocado de matéria cinzenta
até sentir-se confortável
mais nada

E o ar que não passa pela garganta
enquanto algures, muito longe
alguém canta

Spamesia (121)

Terça-feira foram mais 40 exemplares de lixo-mail, incluindo, que me lembre, o meu primeiro spam em alemão. Para esta primeira vez, peguei noutro spam intitulado "First time" e recordei um dia, há uma série de anos, noutra cidade:

A primeira vez

A primeira vez foi como ter cabelos compridos
e estar de costas para um vento de norte
a mesma agitação a mesma hesitação o mesmo desnorte
a mesma sensação de que a vontade é uma coisa
muito certa, mas há algo mais forte
que a aperta e aperta e aperta até que dela nada reste
até que ela desista, não insista e deixe que as coisas
aconteçam como teias que se tecem sozinhas

Spamesia (120)

Na segunda-feira voltei a receber mais vírus, o que ajudou a que o total de mensagens para reciclar subisse a 45. Entre essas apareceu-me um "success guaranteed", e eu pus-me a pensar no que poderia garantir o sucesso em algumas profissões ou ambientes:

Sucesso garantido

Nos jornais é não falar demais
nas empresas é ter sempre certezas
na política é ser bom de retórica
na ciência é ter paciência
e no mundo da moda dizem que é a foda

toctoctoc...

... Isto já mexe?...

sábado, 6 de setembro de 2003

A imensa variedade das pesquisas

É incrível a imensa variedade das pesquisas que se fazem para chegar à Lâmpada Mágica. Eis a lista completa das últimas 11:

- carla matadinho (clix)
- carla matadinho (clix)
- "carla matadinho" (google)
- a lampada magica (google)
- carla matadinho (sapo)
- carla matadinho (google)
- fotos de carla matadinho (google)
- Carla Matadinho (MSN search)
- lampada magica (google)
- carla matadinho (sapo)
- lampada magica (google)

Uau!!!

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Sobre o gerador de dobra dimensional

Este spam, que deu origem ao meu 119º spamema, merece ser divulgado. Segue abaixo uma tentativa de tradução, muito embora o texto em inglês seja, de origem, algo incoerente:

"Olá,
Sou um viajante no tempo preso aqui em 2003. Uma vez que ninguém por aqui parece ser capaz de me arranjar o que preciso (o que é uma segurança para mim), terei de ser eu próprio a construir um circuito simples de viagem no tempo. Vou precisar de um diagrama simples de seguir para um circuito simples de viagem no tempo, que possa ser construído com peças (fáceis de encontrar) existentes em 2003. Por favor, envie-me por email quaisquer esquemas que possua. Pagarei bom dinheiro por qualquer coisa que me seja enviada e que eu possa usar. Ou, se tiver disponível uma unidade de relógio de pulso / gerador AMD recargável de dobra dimensional, e se tiver 100% de certeza de dispor de um meio (seguro) de mo entregar, peço também que me responda. Envie-me um email para webmaster@custompaintshop.net.
Não responda directamente para este email, porque só conseguirá que a mensagem lhe seja devolvida."


É ou não é genial? Um gajo dá-se ao trabalho de inventar esta história e de fazer mass-spamming só para lançar a confusão e deixar a malta a pensar "Será? Não será? Terá o tipo vindo mesmo do futuro? Ou de outra dimensão?"

É a ficção científica (neste caso, de baixo calibre) a infiltrar-se insidiosamente na realidade, gota a gota. Ou se calhar segundo a segundo...

Spamesia (119)

Domingo. Continuo a receber vírus, mas de uma forma bem mais controlada - só alguns por dia. Mas neste dia, entre os 35 pedacinhos de lixo electrónico que recebi, apareceu uma jóia, um dos pouquíssimos spams que eu abri para ver o que estava lá dentro. Não me digam que não fariam o mesmo com algo intitulado "Dimensional Warp Generator Needed tfz hzouxz"?...

Precisa-se gerador de dobra dimensional

Preciso de um gerador de dobra dimensional
é fundamental
para que eu possa regressar ao futuro de onde vim
pois só assim
poderei evitar o desastre que acontecerá
— disso dúvidas não há —
se eu algum dia vier parar ao presente
e não tente
confundir-me dizendo que no presente já eu estou
não estou

sou só uma possibilidade sem finalidade
nem quântica nem semântica
uma simples nulidade

quarta-feira, 3 de setembro de 2003

Post minimalista II

... muito demorada!...

Post minimalista

Imprimir um livro dá uma sensação estranha.

E demorada.

Spamesia (118)

Sábado, e abri um pouco as comportas, para ver como andava a inundação. Andava mais calma, mas ainda inundada. Quanto a spam, chegaram-me 35 mensagens, incluindo uma mesmo boa para outro spamema de FC: "Wanna be a Bionic Lover? nm ytuka kci" O transumanismo chegou ao sexo...

Queres ser um amante biónico?

Queres ser um amante biónico?
Liga-te à rede neural universal
e adapta a prótese-interface ao nervo pudendo
depois é só partir para a noite virtual
em busca de parceiro do teu sexo favorito
combinar um encontro presencial
e enfrentar o caos das ruas decadentes
Dentro de poucos momentos
já poderás estar a ter sexo bem real
de arrepiar os pêlos todos, dos joelhos às patilhas

Não te esqueças é das pilhas...

Algarve, o cosmopolita

Por curiosidade, fui surfando o cibermar até ao site do SEF, onde encontrei dados sobre a população residente e legal em Portugal em 2002. A frieza dos números é cristalina: o Algarve é, de muito longe, a região mais cosmopolita do país. Vejam bem:

O distrito onde vivem mais estrangeiros é Lisboa. Vivem aí quase 130 mil estrangeiros, numa população total de muito mais de milhão e meio de pessoas. O segundo distrito onde mais estrangeiros vivem é Faro, à frente de Setúbal e muito à frente do Porto: são 31 mil estrangeiros que vivem connosco, numa população de 400 mil pessoas. Quase 10% da população, portanto.

Devíamos ter as cabeças mais arejadas, caros conterrâneos... afinal de contas se uma das condições fundamentais para uma pujança cultural é a existência de um "melting pot", nós aqui estamos em pleno privilégio. Devíamos aproveitá-lo decentemente, coisa que não fazemos, muito por culpa duma certa pato-bravice ignorante que está profundamente enraizada e que custa muito a erradicar.

Mas permitam-me, já agora, duvidar dos números do SEF. Dizem esses números que há 20 moldavos no Algarve. Devo conhecê-los a todos, pelo menos de vista...

Não me parece.

Spamesia (117)

Sexta-feira, e idem aspas. A mailbox não era uma porta de entrada, mas sim uma porta através da qual só se passava com autorização especial. Obtiveram-na 21 mensagens inúteis, entre spam, vírus e respostas a vírus, e eu resolvi tornar útil aquela que trazia no título a palavra "URGENT."

Urgente

É urgente arranjar uma forma de descerrar os punhos
e deixar de comprimir os lábios numa linha fina
é urgente acabar com o ranger de dentes
que espirala cóclea acima soando ao cordame de veleiros
é urgente parar e ficar a olhar para o mar
e perder-me no seu ritmo, esquecendo, renascendo

terça-feira, 2 de setembro de 2003

Micro-entrevista à Lâmpada Mágica

De certeza que a esta hora está algum distraído a pensar com os seus botões qualquer coisa como: "Quê?! Este gajo entrevistou-se a si próprio?!" Não. Embora tivesse, oh, tantas coisas a dizer-me! Mas não. A entrevista não foi pico: foi micro. E portanto não fui eu que a fiz, e sim o Luís N., lá no Ene Coisas. Vão ler se acharem interessante saber o que eu tenho a dizer acerca de blogs e literatura.

segunda-feira, 1 de setembro de 2003

Spamesia (116)

Quinta-feira, a caixa de correio continuava atafulhada, a servir de crivo por onde só passavam poucas mensagens. Muito poucas mensagens. Mais concretamente, 15 mensagens, das quais só pouco mais de metade foram spam genuíno. No meio de tal escassez, ainda assim, apareceu um título aproveitável, à cabeça de uma aldrabice nigeriana: "PLEASE READ". E o spamema que eu fiz é dedicado a uma pessoa que eu cá sei. E ela também saberá, se ler isto:

Leia, por favor

Não que tu morras se não tiveres quem te leia
Não que grites “Que porra! Maldita a velha alcateia
de lobos de olhos amarelos que só gostam de parábolas!”
Não que te aborreças, não que exclames “Arre bolas!”
quando vês quem não gostas ter o sucesso que não tens
Mas o certo é que só estás bem quando te dão parabéns
e que se fosses pedinte em vez da moedinha de vinte
a tua lamúria seria “ó doutor! Leia, leia, por favor!”

A Ficções recusou-me um conto

A Ficções recusou-me um conto hoje. Nada há nisso de invulgar. É o primeiro, mas não será certamente o último. A rejeição é o pão-nosso de cada dia na vida de quem escreve. Os editores têm essa responsabilidade. Umas vezes (a maior parte das vezes) acertam, outras vezes enganam-se. É assim que as coisas são.

O que é giro é que o conto que foi hoje rejeitado já o tinha sido em Maio. E não, eu não voltei a submetê-lo. :)

Spamesia (115)

Na quarta-feira, já com a caixa de correio abarrotada de mensagens com mais de 100 k cada uma, muita coisa voltou para trás, e só passou aquilo que se conseguiu esgueirar pelo pequeno interstício que permaneceu aberto. Mesmo assim, isso significou 21 spams e mensagens relacionadas com os vírus (mas sem anexos). Peguei numa mensagem intitulada "This is great", e como há muito tempo já que não vos dava FC, aqui vai:

Isto é porreiro!

Querida Ana, gravo-te este hipergrama
do topo do monte Helena, em Valerian-sete
o célebre planeta do anel cadente
não imaginas o que é estar aqui, a olhar para sul
onde uma imensa parede espreita no céu azul
e cai em rios de fogo o dia inteiro
Querida Ana, querida Ana, isto é porreiro!
Mas melhor seria se aqui estivesses
e pudesses partilhar comigo a minha cama

Pico-entrevista à Formiga de Langton

E eis-nos chegados ao último dos pico-entrevistados com entrevistas pendentes desde que o país começou a arder, em Agosto. A Formiga de Langton, blog cuja natureza é fazer com que a corrente eléctrica passe por sinapses pouco usadas do cérebro de quem lê, respondeu com simplicidade à pergunta simples que lhe foi colocada:

LM - As formigas de Langton também passam a vida a antenar-se umas às outras em carreirinhos, como as nossas?
A Formiga de Langton - ... Não, ... de modo algum. São auto-organizadas, e acima de tudo, sabem o que querem!

Moral da história: as formigas de Langton são mais inteligentes do que os homens do planeta Terra.

Onde fica a embaixada? Têm acordos de imigração connosco?