segunda-feira, 28 de julho de 2008

Por Vós lhe Mandarei Embaixadores

Eis a segunda-feira.

Vou começar por um pouco de história pessoal, se não se importam. Quem quiser ir directamente para os finalmentes sem passar pelo meu umbigo, é favor saltar os próximos dois parágrafos.

No final de 2002, perdi o emprego em que tinha ganho a vida durante os dois anos anteriores, um emprego bastante mal pago mas razoavelmente interessante - em grande medida porque me permitia ganhar a vida escrevendo - como jornalista num jornal algarvio. Apesar de parte dessa perda de emprego ter sido de minha responsabilidade (o chefe queria que eu continuasse, passando a trabalhar menos e a ganhar metade do salário, e eu recusei), fiz a mesma pergunta que faz muita gente quando perde um emprego: "E agora, faço o quê?"

Lá fiz aquelas coisas que se espera que um recém-desempregado faça: tentei sondar o mercado de trabalho para ver o que nele haveria disponível que me pudesse dar a ganhar a vida e inscrevi-me no centro de emprego. E, como é costume acontecer, coleccionei nãos e horas de espera por contactos que nunca chegaram.

Muita gente, chegada a este ponto, entra em depressão. Mas eu pus-me a escrever. Escrevi para me distrair, para me divertir, uma história que me desse para sorrir ou até, se possível, rir em voz alta, uma história muito louca sobre o que aconteceria se um emissário de uma espécie extraterrestre chegasse à Terra e deparasse com políticos mais interessados em saber se mantinham os cargos ou não do que no que o raio do "bicho" tinha a dizer. E escrevi, e escrevi, e escrevi.

Cerca de dois meses depois, tinha nas mãos um pequeno romance, uma sátira de ficção científica em que a ordem dos factores não é irrelevante porque é primeiro sátira e só depois FC (sim, caros puristas, vocês não vão gostar). Chamei-lhe Por Vós lhe Mandarei Embaixadores, um verso dos Lusíadas, por motivos que compreenderão quando o lerem. O livro cumpriu o seu desígnio: divertiu-me numa altura complicada da minha vida, e continua a divertir-me hoje quando lhe passo os olhos por cima. Mas será que diverte mais alguém?

Só o tentei publicar uma vez. Enviei-o para a Presença, pensando que talvez quisessem incluí-lo na colecção Viajantes do Tempo, mas veio de volta com a nota de que tinha muito humor e pouca FC, o que não me desapontou minimamente porque é verdade. Depois disso, olhei à volta e não encontrei nenhuma colecção ou editora em que achasse que o livro se enquadrava bem e não voltei a tentar publicá-lo. A não ser, talvez, a Antígona, esses anarcas, mas por lá não se aceitam propostas de originais, o que me deixou na mesma.

Mas deixá-lo eternamente na gaveta também não é ideia que me agrade. De modo que aqui o têm. Será publicado ao ritmo de um capítulo por semana, às segundas-feiras, no blogue criado para o efeito. O blogue está configurado por forma a ter apenas o último capítulo na página inicial; se quiserem ler os anteriores terão de ir vasculhar nos arquivos. E lá para fins de Setembro, princípios de Outubro, conto ter também à venda o romance em papel, para quem o preferir assim, com uma paginação decente, um posfácio, e, espero, uma capa catita.

Para já, têm disponível o primeiro capítulo. Não serão todos tão pequenos, não se preocupem; este primeiro capítulo é, provavelmente, o mais curto de todos. Mas são quase 30, de modo que temos paródia para bastante tempo.

Espero que se divirtam.

sábado, 26 de julho de 2008

Semana

Outra semana de muito trabalho e sem grande coisa a mencionar além do trabalho. Este, no entanto, aproxima-se do fim, de tal maneira que por aqui se começa já a pensar em descompressão. E, a propósito de descompressão, na segunda-feira vai haver novidades. Não se esqueçam de dar cá um saltinho na segunda. Acho que vão gostar da ideia.

Mas falemos do trabalho. O livro saltou até à página 1032, ou seja, foram despachadas mais 66. Com 96 pela frente, tenho mais semana e meia de trabalho e uma revisão à minha espera. Ou seja: o prazo será garantidamente cumprido. Descompressão é isto.

O wiki também esteve activo, embora desta vez sem ajudas. Mesmo assim, tem agora mais 141 páginas, um problema técnico resolvido (embora não propriamente a meu gosto, mas enfim) e um total de 13 217 páginas.

As leituras desta semana focaram-se principalmente em textos longos, o que não significa que não tenha lido contos. Ou conto. Li O Natal, de Orlando Neves, um pequeno conto algo surrealista sobre a inversão de papéis humano/não-humano. Bastante bem construído. Maiorzita é a novela Desencontro em Lankhmar de Fritz Leiber, uma fantasia vencedora de vários prémios que conta como se encontrou a dupla Fafhrd e Rateiro Cinzento e as peripécias, aventuras e desastres que esse encontro desencadeou. E com esta novela fechei o livro apropriadamente intitulado O Encontro. Fora isso, andei a passear-me por romances.

E não se esqueçam: segunda-feira.

sábado, 19 de julho de 2008

Semana

Mais uma semana de luta, na labuta.

OK, esqueçam. Muito trabalho dá nisto.

E também em 72 páginas a acrescentar à pilha das já traduzidas e a subtrair das por traduzir. O livro vai, pois, na página 966, e ainda faltam 162. A parte que falta ainda dava um romance dos da Argonauta...

No wiki a semana foi calma, o que significa que cresceu pouco. Tem agora 13 076 artigos, mas 40 do que na semana passada. Se não der um salto valente nas próximas duas semanas (e é provável que não dê), este vai ser outro mês fraco.

Quanto a leituras, foram lidos alguns contos. O Senhor da Terra, de David Garnett, uma sátira de fantasia razoavelmente divertida (que a tradução se esforça por estragar) sobre um mago de um mundo paralelo que se apanha de repente nos EUA da era hippie. Nada de especial, mas leu-se bem. Pânico, de Octávio dos Santos, um continho inconsequente que tenta ser insólito mas não consegue. Muito fraquito. Imenso Adeus, de João Aniceto, um conto de ficção científica sobre o que significa partir para as estrelas. Literariamente melhor do que é hábito neste autor, o suficiente para o tornar razoável. Li também uma série de sonetos da Sor Juana Inés de la Cruz, poetisa e freira mexicana, uma espécie de Mariana Alcoforado lá do sítio, e O Testamento de Heiligenstadt, texto breve de Beethoven (sim, o compositor) em que ele dá largas ao desespero que lhe causou o ensurdecimento. Em "estrangeiro", li Strood, de Neal Asher, um conto curioso de FC sobre o modo como um doente terminal de cancro tem a maior surpresa da sua vida. Bom, apesar de só no fim ter chegado a essa conclusão. E li várias coisas do Mário-Henrique Leiria: Teobaldo, o Meu Amigo, um conto de vampiros bem esgalhado; As Portas, um daqueles contos de ciclo, e muito bem feito, por sinal, que a FC nos trouxe em grande quantidade numa dada época; O Repouso do Guerreiro, continho que pisca o olho à Ilha do Dr. Moreau do Wells; A Praia, mais um conto de ciclo, este não tão bom como o das portas; Anfibiologia, uma pequena perolazinha anedótica; Basta!, um poema irritado de que não gostei lá muito, o que aliás é comum acontecer-me com os poemas do MHL. Mas tirando o poema, tudo muito bom.

Pratinho cheio, portanto. Na semana passada avisei que ficava para esta, não foi? Os avisos são para se cumprir.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Receita para ter posts republicados no Público

1. Pegar numa piada de internet que circulou por todo o lado há mais de um ano;

2. Fazer-lhe umas alterações, tirando-lhe parte da piada e adaptando-a ao gosto ideológico da direcção do jornal;

3. Publicar no blogue.

É tiro e queda. E se alguém tem dúvidas, veja o Público de hoje.

sábado, 12 de julho de 2008

Semana

Esta foi normal: trabalho, mais trabalho e pouco mais que trabalho.

O livrito subiu à página 894, mais 70 do que há uma semana. Faltam, portanto, 234. Ou seja, falta aquilo que num livro normal seria o livro todo. O que mais me espanta nisto é que depois de o Martin levar à volta de um ano (ou mais) a escrever cada uma destas metades e de eu levar cerca de três meses a traduzi-las, há pessoal que as devora em três ou quatro dias.

No wiki voltou a haver movimento mais vigoroso, e o lucro da semana foi de 112 páginas, subindo o total para 13 036. Dados obtidos durante a estada em Lisboa, principalmente.

Leituras? Houve. Não muitas, mas houve. Mas não terminei nem um continho para amostra. Fica prá semana.

terça-feira, 8 de julho de 2008

E cá estamos nós



Conforme prometido, aqui está uma imagem do autor e do seu tradutor cavaqueando na FNAC do Colombo. Ou melhor, o autor falando e o tradutor ouvindo e fazendo-lhe uma perguntinha de vez em quando. Deixo a cargo do leitor tentar adivinhar quem é quem...

Obrigado, Safaa

sábado, 5 de julho de 2008

Semana

Semana incomum, esta. Em vez de estar fechado em casa a trabalhar, como é hábito, dei um salto à capital do império para socializar um pouco com uma série de gente, em especial com o americano que escreve os gigantescos livros que tenho vindo a traduzir ao longo do último ano. Um tipo porreiro, o nosso amigo George R. R. Martin. E a nossa conversa em público, na FNAC, parece ter corrido bem, apesar dos meus gaguejos.

Não, não sou gago: tinha dormido 3 horas na noite anterior...

Se descobrir alguém que tenha tirado fotos e conseguir autorização, hei-de mostrar uma aqui.

Consequências para o trabalho? Óbvio: com a ida a Lisboa, os preparativos da ida a Lisboa e o regresso de Lisboa, atrasou. O avanço foi só de 16 páginas, para a 824ª. Faltam 304.

No wiki também pouco mexi, mas como houve quem mexesse (e duas pessoas, no less!), subiu para as 12 924 páginas, mais 11 do que há uma semana.

Quanto a leituras, enquanto estive em Lisboa li um livro bastante estranho intitulado Fadas Láureas, uma compilação de historietas (e algumas não-historietas) de uma página inspiradas por ilustrações de "pornofantasia" do Luís Louro, cheias de fadas lúbricas, faunos perversos, folhas mortas, orquídeas e cogumelos. Pena é as histórias, com duas ou três honrosas excepções, estarem muito longe de acompanhar a qualidade das ilustrações. Mas também... com autores como o João Baião...

À parte esse livro, limitei-me a dar um avanço nos dois romances que tenho actualmente entre mãos.