segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Lido: 2014 Campbellian Anthology - Joy Kennedy-O'Neill

Joy Kennedy-O'Neill está presente nesta antologia com um único texto, uma noveleta intitulada

Aftermath. Trata-se de uma abordagem de ficção científica ao tema dos zombies, numa história não linear que saltita entre um presente em que uma sociedade americana profundamente alterada e dividida entre aqueles que nunca adoeceram e os que sobreviveram ao vírus zombificante tenta lentamente recuperar do cataclismo epidémico, e vários episódios do passado em que se vai contando o progressivo mergulho no caos. O fulcro de tudo é o trauma. O trauma, sobretudo, dos que nunca adoeceram e por isso de tudo se lembram, vendo-se agora confrontados com uma escolha entre esquecer e recordar, entre guardarem ressentimento por aquilo que viram os doentes (tantas vezes gente próxima; amigos, vizinhos, família) fazer e perdoar, por todos os crimes, por todas as desumanidades (dos quais os que adoeceram nem se recordam) terem sido causadas por uma doença.

Não sendo nenhum zénite de originalidade, pois há desde sempre laços fortes entre as histórias de zombies e a ficção científica baseada em epidemias apocalípticas, esta noveleta está no entanto muito bem conseguida e termina de uma forma particularmente forte. É, portanto, boa. Bastante boa.

Lido: A Loja Mágica

A Loja Mágica (bibliografia) é um conto de fantasia de H. G. Wells que descreve, com evidente gozo e bom humor, a visita de um pai acompanhado por um filho que, como todas as crianças, assim reza a lenda romântica da infância, é fascinado por coisas de maravilha e magia, a uma loja localizada numa rua de Londres (suspeita-se) que vende aqueles artigos que é comum encontrar-se nos espetáculos de prestidigitação. No entanto, esta loja não é como as outras. Não é por acaso que a história se intitula A Loja Mágica (o nome da própria loja) e não A Loja de Magia. Sim, a própria loja, bem como tudo o que contém, é mágica. Nada de meros truques mecânicos, nada de ilusões. Magia.

É um bom conto, e divertido, embora esteja a certa distância de oferecer grandes surpresas a quem o lê. A ideia tem sido tão explorada, por tantos autores, que os caminhos que aqui percorre estão bem batidos. Mas esta história já é mais que centenária, à época os caminhos estavam ainda bem mais virgens, e portanto isso tem um impacto limitado sobre a sua qualidade. E, de resto, ela mantém-se hoje tão bem escrita, bem construída e divertida como em 1903.

Contos anteriores deste livro: