Fácil: basta ver se ele dá mais importância ao que se passa na América do que em qualquer outro lugar do mundo. Para a detecção ser eficiente e inequívoca, em geral, os tempos de catástrofe são os mais adequados. Por exemplo.
Claro, não há americanófilo primário que resista à comparação do Katrina com o terremoto e tsunami do sudeste asiático. Alguns, os que têm mais vergonha, ainda conseguem fazer alguma distinção entre as duas situações; outros põem-nas em pé de igualdade.
Quando, sendo ambas catástrofes de grandes dimensões, são bem diferentes. O tsunami engloba-se nas catástrofes de carácter global, daquelas que afectam regiões significativas do planeta e modificariam a paisagem mesmo que não existissem estruturas humanas para destruir. Há apenas uma ou duas catástrofes deste tipo por século, se bem que algumas sejam bastante menos espectaculares. Catástrofes planetárias recentes (isto é, dos últimos cento e tal anos) houve o tsunami, e a explosão do Krakatoa, mas também a grande seca do Sahel, em África.
O Katrina é uma catástrofe regional. Em vez de afectar milhares de quilómetros, afectou centenas. Está na mesma categoria das grandes cheias que houve há muito pouco tempo na China (e que mataram quase mil pessoas - mas dessas pouco se falou), dos grandes sismos que houve na Turquia ou no Irão, etc., etc. Catástrofes que são raras mas não tão raras como as globais. Ao longo do último século, houve algumas dezenas de catástrofes desta dimensão, distribuídas por todo o planeta.
A única coisa que o Katrina teve de especial foi ter atingido directamente uma grande cidade (fora de tretas, o olho terá passado um pouco ao lado, mas Nova Orleães foi atingida directamente). Calhou passar por ali. É como se o Vesúvio entrasse em erupção e destruísse Nápoles. Na verdade, uma erupção do Vesúvio seria bastante pior, embora fosse na mesma uma catástrofe regional.
Claro, uma coisa é um desastre, outra uma catástrofe. Os fogos em Portugal e os governos do PSD/PP foram desastres. O Katrina foi uma catástrofe, e como tal uma coisa muito séria, muito grave, e com consequências que se irão prolongar no tempo. Mas compará-lo ao tsunami do sudoeste asiático é coisa que só entra mesmo na cabeça de americanófilos primários.
quarta-feira, 31 de agosto de 2005
terça-feira, 30 de agosto de 2005
Efeitos secundários da exposição prolongada à ficção científica
Um desses efeitos secundários é a única palavra que não me sai da cabeça ao ver a tremenda tragédia que se vai desenrolando em Nova Orleães:
Ballard.
Ballard.
terça-feira, 23 de agosto de 2005
Da circulação atmosférica
Vejam mas é se apagam depressa esses incêndios em Coimbra, que eu quero conseguir respirar aqui em Portimão.
sábado, 20 de agosto de 2005
quarta-feira, 17 de agosto de 2005
Pesos e medidas
Um colono israelita da Cisjordânia matou a tiro três palestinianos e feriu outros dois, alegadamente em protesto contra a retirada da Faixa de Gaza.
E agora a aviação palestiniana vai fazer raids de retaliação a Tel Aviv e Jerusalém para destruir casas pertencentes a conhecidos activistas da extrema-direita religiosa israelita e tentar dar-lhes cabo do canastro enquanto eles seguirem de carro pela marginal de Haifa.
Ah não?
E agora a aviação palestiniana vai fazer raids de retaliação a Tel Aviv e Jerusalém para destruir casas pertencentes a conhecidos activistas da extrema-direita religiosa israelita e tentar dar-lhes cabo do canastro enquanto eles seguirem de carro pela marginal de Haifa.
Ah não?
sábado, 13 de agosto de 2005
George Bush's Spin Doctor Speaks
Jovem, sabes inglês? Tens uma ligação relativamente rápida? Ainda tens tráfego internacional por gastar? Então não percas esta página! É... é... não tem descrição: só vendo. E ouvindo.
sexta-feira, 12 de agosto de 2005
Isto será verdade?
Recebi o seguinte mail, comparando soluções para os aeroportos de Lisboa e Málaga, Espanha:
Isto será verdade? É que se é verdade, a coisa, que já era grave na situação em que o país está, mais grave se torna.
Áreas:
- Aeroporto de Málaga: 320 hectares,
- Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.
Pistas:
- Aeroporto de Málaga: 1 pista,
- Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.
Tráfego (2004):
- Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento, 7% a 8%ao ano.
- Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento 4,5% ao ano.
Soluções para o aumento de capacidade:
- Málaga: 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
- Lisboa: 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a 40Km da cidade.
Isto será verdade? É que se é verdade, a coisa, que já era grave na situação em que o país está, mais grave se torna.
quinta-feira, 11 de agosto de 2005
Quão idiota será preciso ser-se para cair no conto do vigário de um vigarista estúpido?
Todos vocês já conhecem o célebérrimo "nigerian scam", não conhecem? Só para o caso de não conhecerem, trata-se de um esquema, originário da Nigéria, onde um fulano qualquer, invariavelmente próximo do poder político e/ou financeiro de um país qualquer, se propõe dar aos otários lucros fabulosos em troca da intermediação nas trasacções. Trocando por miúdos: o otário é intermediário, os fundos são fornecidos pelo vigarista e o otário fica com uma comissão. Claro que depois nada se passa assim, e para que o negócio avance o otário acaba a desembolsar quantias razoáveis e nunca chega a ver um chavo. Mas como há muita gente estúpida por este mundo fora, e como os canalhas sempre se aproveitaram da burrice alheia, parece que a vigarice dá bom dinheiro, caso contrário nunca duraria há tanto tempo.
Recebo regularmente exemplares sortidos do "nigerian scam" aparentemente vindos das mais diversas partes do mundo, em especial de África e da Europa de Leste. É parte do fluxo habitual de spam, que é quase sempre devidamente enviado para o junk folder pelo filtro de email. Mas de vez em quando há um título que me chama a atenção. Foi o caso de hoje. O motivo? Pela primeira vez envolvia um PALOP: São Tomé e Príncipe.
O vigarista seguia a cartilha habitual. Que era tradutor do antigo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, patati patata, que se chama Afonso dos Santos, patata patati, que tinha uma proposta de investimentos a fazer-me patati patata blá blá blá blá. Nada de novo. Mas o mais interessante estava reservado para o fim. O nosso inteligente amigo "Afonso dos Santos" achou que era boa ideia terminar o seu email da seguinte forma:
Thanks as I await your response.
Yours Faithfully
Joyce Russell
Quão burro terá de ser o otário para cair nesta?
Recebo regularmente exemplares sortidos do "nigerian scam" aparentemente vindos das mais diversas partes do mundo, em especial de África e da Europa de Leste. É parte do fluxo habitual de spam, que é quase sempre devidamente enviado para o junk folder pelo filtro de email. Mas de vez em quando há um título que me chama a atenção. Foi o caso de hoje. O motivo? Pela primeira vez envolvia um PALOP: São Tomé e Príncipe.
O vigarista seguia a cartilha habitual. Que era tradutor do antigo primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, patati patata, que se chama Afonso dos Santos, patata patati, que tinha uma proposta de investimentos a fazer-me patati patata blá blá blá blá. Nada de novo. Mas o mais interessante estava reservado para o fim. O nosso inteligente amigo "Afonso dos Santos" achou que era boa ideia terminar o seu email da seguinte forma:
Thanks as I await your response.
Yours Faithfully
Joyce Russell
Quão burro terá de ser o otário para cair nesta?
quarta-feira, 10 de agosto de 2005
domingo, 7 de agosto de 2005
sábado, 6 de agosto de 2005
... e ainda...
Uma Família Inglesa, de Júlio Dinis.
Isto devia ser sempre assim: bastar eu falar mal e as coisas começarem a acontecer. Infelizmente, por mais que eu diga que o governo é uma porcaria e só faz asneiras, nada muda: o governo continua a só fazer asneiras, seja qual for o(s) partido(s) que lá está.
(olha, ó espírito da contradição cósmica, falei mal. Agora faz favor de me contradizer, sim? O país agradece)
Isto devia ser sempre assim: bastar eu falar mal e as coisas começarem a acontecer. Infelizmente, por mais que eu diga que o governo é uma porcaria e só faz asneiras, nada muda: o governo continua a só fazer asneiras, seja qual for o(s) partido(s) que lá está.
(olha, ó espírito da contradição cósmica, falei mal. Agora faz favor de me contradizer, sim? O país agradece)
Última hora
Esgotados os bilhetes de comboio para Ferrara e para as outras pequenas cidades do baixo Pó. A CP pondera a criação de pelo menos um comboio especial até à fronteira francesa, mas está a sentir dificuldades na coordenação dos transportes com outros países europeus, que experimentam igualmente um inusitado aumento de viajantes para aquela área do norte de Itália. Os motivos permanecem misteriosos.
sexta-feira, 5 de agosto de 2005
Foi só eu falar em raridade...
Foi só eu falar em raridade, os malandros lusófonos do Gutemberg trataram logo de contradizer-me. Hoje apareceram logo dois livros novos: Os Fidalgos da Casa Mourisca, de Júlio Dinis, e Contos para a Infância, de Guerra Junqueiro.
As coisas que se encontram no Pó
Cientistas italianos descobriram que o rio Po contém os restos do consumo de mais de 4 kg diários de cocaína - o equivalente a um festival anual de branquinha de 1500 km por ano, entre os cinco milhões de habitantes do vale do Po.
Mas que outra coisa esperavam eles encontrar num rio chamado Pó?!
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
Raridade no Gutemberg
O que aconteceu hoje no Projecto Gutemberg é raríssimo: a disponibilização de uma obra em português. Coube a honra ao Amor de Perdição, do CCB.
terça-feira, 2 de agosto de 2005
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