Vistos e respondidos os comentários, é hora de posta.
Não é sempre, mas às vezes dá-me para trabalhar a ouvir música, em especial quando tenho muito ruído de outro tipo em meu redor. Isso foi parte do motivo que me levou ontem a ligar a TV para ouvir - sim, porque quase nem a olhei - o festival da canção, versão eliminatória. O resto do motivo distribuiu-se por dois tipos de curiosidade: saber se a "canção" portuguesa era mesmo tão má como me tinham dito, pois já há longos anos que me recuso a ver ou ouvir o festival português, e ver se por acaso apareceria algo de semelhante ao bizarro vencedor do ano passado. Sim, porque se há coisa que eu nunca esperaria ver num festivaleco daqueles era uma canção de metal, e a ganhá-lo então...
Assim, lá passei a noite a trabalhar e a ouvir aquilo. Da experiência tirei umas quantas conclusões:
O festival está menos mau do que aqui há anos. Continuam, é certo, a aparacer por lá inenarráveis porcarias, daquelas que só por troça merecem a designação de música, o mais puro plástico continua a dominar de forma quase absoluta, mas vão aparecendo também coisas interessantes aqui e ali. Se continuar assim, melhorzinho, talvez volte a assistir regularmente ao programinha. Mesmo que em geral mauzinho, sempre dá a oportunidade de um ténue contacto com alguma música que se faz fora do eixo anglo-saxão, o que não é inteiramente de deitar fora.
A melhor canção da noite, e por sinal uma bela canção, excelentemente cantada, foi a da Hungria. Fiquei contente por a ver passar à final: é sinal de que há gente com dois ouvidos na cabeça a votar nestas coisas (ou gente com dois dedos de testa a manipulá-las, sei lá eu).
A pior canção da noite, se é que se pode chamar canção àquela porcaria, foi, claro, a portuguesa. Tive pena de o formato actual do programa não fornecer a classificação e os votos recebidos pelas canções que não seguem para a final porque me teria dado um gozo tremendo assistir à completa humilhação das nódoas que "escreveram" aquela bosta, e da não menos nódoa que a "cantou". Poderia, aliás, ser educativo. Ver aquela nojice pimba ficar destacada em último talvez levasse os responsáveis pela escolha portuguesa das canções a ganhar vergonha na cara e compositores dignos desse nome a fazer música digna desse nome para ser cantada por cantores dignos desse nome. A probabilidade disso acontecer não me parece alta, porque bem sei como neste país é sempre a mais completa mediocridade que é sistematicamente promovida e incentivada, mas também não acho que seja nula. Por pequena que a probabilidade fosse, teria valido a pena.
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