sábado, 24 de janeiro de 2009

Semana

Vivam, oh meus dois fiéis leitores, como costuma dizer o Lúcio Manfredi (para quem não sabe, um escritor brasileiro de FC&F cujo "day job" é escrever telenovelas).

Sim, sim, sim. A tradução terminou. Viva, pim pam pum, rebentam morteiros, cascatas e outros elementos de fogo de artifício cujos nomes tenho preguiça de ir agora pesquisar. Ainda não me lancei à revisão; isso começa amanhã. Por agora há uns problemas da vida não laboral a tentar resolver.

O wiki deu um pulinho. Com 15 399 artigos, cresceu 65 ao longo da última semana. E além disso tem uma novidade na página inicial, que passa agora a incluir uma lista dos nascimentos e falecimentos do dia, gerada automaticamente. Os visitantes habituais do site poderão ter de forçar um refrescamento da cache para apresentar a data correcta, mas fora isso está a funcionar sobre rodas. E parabéns à Safaa.

E no que toca a leituras, acabei umas coisas, como quase sempre.

Acabei um romance com o bizarro título de "Aconteceu Mesmo!?..." e, sim, tudo isto faz parte do título, incluindo as aspas. É de José Saibreira e não é tão catastroficamente mau como o título pode fazer crer, à excepção do segundo capítulo, que realmente é uma catástrofe. Pondo de parte este segundo capítulo, em que o autor se assume como protagonista, se descreve, e resolve usar esse púlpito para pregar de sua justiça, o romance é uma história de viagem no tempo que leva um grupo de alteradores da história insatisfeitos com a presente fraqueza de Portugal até ao século XVIII, onde introduzem tecnologia e alguns dos usos do presente, tentando transformar o país na superpotência da época, recuperar as colónias perdidas para holandeses e não só, e ganhar mais algumas, além de dar porrada nos espanhóis. Tudo com muito nacional-porreirismo à mistura, umas dosezinhas de pregação católica, apesar de também a inquisição levar no toutiço, e uma ideologia em geral francamente facholas. Porreiro, pá! Ou não: apesar de não ser catastroficamente mau, é mau.

Siga.

Também li Os Condutores de Cometas, mais uma das antiquíssimas noveletas de Edmond Hamilton. E, claro, há nela um imenso e muito mortal perigo, uma expedição com uma imensa frota de cruzadores espaciais para enfrentar o perigo, uma batalha que parece correr mal, um salvamento in extremis e a solução milagrosa que salva o universo. A marginal dose de originalidade reside em desta vez nem todos os expedicionários acabarem presos dos alienígenas malignos: são só alguns. Ah, sim, e a natureza do perigo, claro. Desta feita é um cometa (!) gigantesco que ameaça destruir a galáxia (!!!). A mente dá um nó com o tamanho do disparate: na época (1930) já se tinha uma ideia bastante correcta da monumental diferença de escala entre uma galáxia e um cometa. Esta péssima história encerra um péssimo livrinho que é das piores coisinhas que a FC me apresentou nos últimos anos: Patrulha Interstelar. FC pulp da pior espécie, formulaica, disparatada e infantil. Consegue ser pior que o Saibreira.

Para compensar, li A Hosita, de Serge Nigon, um conto de FC que apesar de não ser particularmente bom, admito, e de não estar lá muito bem traduzido, me deliciou por ser magnificamente subversivo. Descreve uma sociedade em que a igreja está transformada num autêntico centro de orgias, cheio de agarrados às "hositas" (e a semelhança com "hóstia" não é casual) que lhes causam grandes pedradas. Tudo dirigido por um computador central. E segue o trajecto duma espécie de sacristão que no meio de todo aquele regabofe se apaixona, violando todos os mandamentos. Herege até mais não, bem como eu gosto.

E também li O Comboio da Noite Para Babylon, de Ray Bradbury, um conto sobre um homem que, no dito comboio, depara com um ilusionista/aldrabão que engana uma multidão com o velho truque das três cartas. O protagonista conhece o truque e o conflito é inevitável. O tema não é dos mais chamativos, mas lá está a brilhante prosa de Bradbury, que compensa muita coisa.

E chega, que uma nova semana está aí a começar.

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