Joy Kennedy-O'Neill está presente nesta antologia com um único texto, uma noveleta intitulada
Aftermath. Trata-se de uma abordagem de ficção científica ao tema dos zombies, numa história não linear que saltita entre um presente em que uma sociedade americana profundamente alterada e dividida entre aqueles que nunca adoeceram e os que sobreviveram ao vírus zombificante tenta lentamente recuperar do cataclismo epidémico, e vários episódios do passado em que se vai contando o progressivo mergulho no caos. O fulcro de tudo é o trauma. O trauma, sobretudo, dos que nunca adoeceram e por isso de tudo se lembram, vendo-se agora confrontados com uma escolha entre esquecer e recordar, entre guardarem ressentimento por aquilo que viram os doentes (tantas vezes gente próxima; amigos, vizinhos, família) fazer e perdoar, por todos os crimes, por todas as desumanidades (dos quais os que adoeceram nem se recordam) terem sido causadas por uma doença.
Não sendo nenhum zénite de originalidade, pois há desde sempre laços fortes entre as histórias de zombies e a ficção científica baseada em epidemias apocalípticas, esta noveleta está no entanto muito bem conseguida e termina de uma forma particularmente forte. É, portanto, boa. Bastante boa.
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