sábado, 19 de novembro de 2005

Afinal há

Aqui há coisa de um mês, um pouco menos, mandei uma espécie de desafio/desabafo ao Pedro Magalhães acerca do tempo de antena dado pela comunicação social aos candidatos presidenciais. Na altura, dava-me a sensação de que só se falava do Cavaco, e de que mesmo quando se falava dos outros candidatos era do Cavaco que no fundo se falava, e sugeri que seria muito últil que se verificasse como é que a cominicação social estava a tratar os candidatos.

Pois bem, aquela esperança pouco esperançada que eu tinha, afinal, verificou-se justificada. A Marktest, ao que parece, está a fazer exactamente o que eu sugeri: a seguir as emissões noticiosas dos quatro canais abertos, contando o tempo em que cada um é "protagonista".

Os resultados são curiosos, mas não me surpreendem particularmente: surpreende-me um pouco que Louçã e Jerónimo tenham mais tempo de antena do que Soares e Alegre (mas, pensando melhor, nem isso é supreendente - ver à frente), mas não me surpreende que Cavaco se tenha afundado: é que desde que anunciou a candidatura o homem quase não abriu o bico. Antes discutia-se continuamente a eventualidade dele ser candidato, mas a partir daí, quando passaria a ser lógico que se começasse a falar do que ele disse ou dos sítios onde foi (à semelhança dos outros quatro), o homem nem diz quase nada nem vai a quase lugar nenhum, deixando os jornalistas (e até certo ponto os adversários também) mais ou menos "a seco".

No entanto, ainda há algumas coisas que gostaria de saber. Gostaria de saber, por exemplo, o que entende exactamente a Marktest por "protagonista". É-se "protagonista" só quando se aparece no écran, ou também quando o pivot fala de nós? É-se "protagonista" quando o foco dos holofotes está sobre um dos nossos apoiantes e ele fala de nós de forma mais ou menos clara? E quando é de forma mais ou menos velada? E quando Soares fala de Cavaco quem é o "protagonista"? O Soares ou o Cavaco? Ou ambos? Quem é o "protagonista" quando as televisões escolhem, entre tudo o que Louçã diz, a frase "Cavaco não diz nada"?

E também pergunto a mim próprio por que motivo foi escolhido o período de tempo que foi. É que desde 22 de Agosto até hoje houve as eleições autárquicas e uma campanha eleitoral (e uma longa pré-campanha) em que os líderes dos partidos se fartaram de aparecer, por inerência de cargo. E adivinhem quem são os líderes partidários que se candidataram a Belém? Nem mais: Louçã e Jerónimo, os dois mais "protagonistas" entre os "protagonistas". Dá-me a sensação de que aqui estamos a comparar coisas que não são comparáveis, o que é capaz de criar enviezamentos no método e, portanto, nos resultados.

Digo eu, que não faço disto profissão...

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