Eis a segunda-feira.
Vou começar por um pouco de história pessoal, se não se importam. Quem quiser ir directamente para os finalmentes sem passar pelo meu umbigo, é favor saltar os próximos dois parágrafos.
No final de 2002, perdi o emprego em que tinha ganho a vida durante os dois anos anteriores, um emprego bastante mal pago mas razoavelmente interessante - em grande medida porque me permitia ganhar a vida escrevendo - como jornalista num jornal algarvio. Apesar de parte dessa perda de emprego ter sido de minha responsabilidade (o chefe queria que eu continuasse, passando a trabalhar menos e a ganhar metade do salário, e eu recusei), fiz a mesma pergunta que faz muita gente quando perde um emprego: "E agora, faço o quê?"
Lá fiz aquelas coisas que se espera que um recém-desempregado faça: tentei sondar o mercado de trabalho para ver o que nele haveria disponível que me pudesse dar a ganhar a vida e inscrevi-me no centro de emprego. E, como é costume acontecer, coleccionei nãos e horas de espera por contactos que nunca chegaram.
Muita gente, chegada a este ponto, entra em depressão. Mas eu pus-me a escrever. Escrevi para me distrair, para me divertir, uma história que me desse para sorrir ou até, se possível, rir em voz alta, uma história muito louca sobre o que aconteceria se um emissário de uma espécie extraterrestre chegasse à Terra e deparasse com políticos mais interessados em saber se mantinham os cargos ou não do que no que o raio do "bicho" tinha a dizer. E escrevi, e escrevi, e escrevi.
Cerca de dois meses depois, tinha nas mãos um pequeno romance, uma sátira de ficção científica em que a ordem dos factores não é irrelevante porque é primeiro sátira e só depois FC (sim, caros puristas, vocês não vão gostar). Chamei-lhe Por Vós lhe Mandarei Embaixadores, um verso dos Lusíadas, por motivos que compreenderão quando o lerem. O livro cumpriu o seu desígnio: divertiu-me numa altura complicada da minha vida, e continua a divertir-me hoje quando lhe passo os olhos por cima. Mas será que diverte mais alguém?
Só o tentei publicar uma vez. Enviei-o para a Presença, pensando que talvez quisessem incluí-lo na colecção Viajantes do Tempo, mas veio de volta com a nota de que tinha muito humor e pouca FC, o que não me desapontou minimamente porque é verdade. Depois disso, olhei à volta e não encontrei nenhuma colecção ou editora em que achasse que o livro se enquadrava bem e não voltei a tentar publicá-lo. A não ser, talvez, a Antígona, esses anarcas, mas por lá não se aceitam propostas de originais, o que me deixou na mesma.
Mas deixá-lo eternamente na gaveta também não é ideia que me agrade. De modo que aqui o têm. Será publicado ao ritmo de um capítulo por semana, às segundas-feiras, no blogue criado para o efeito. O blogue está configurado por forma a ter apenas o último capítulo na página inicial; se quiserem ler os anteriores terão de ir vasculhar nos arquivos. E lá para fins de Setembro, princípios de Outubro, conto ter também à venda o romance em papel, para quem o preferir assim, com uma paginação decente, um posfácio, e, espero, uma capa catita.
Para já, têm disponível o primeiro capítulo. Não serão todos tão pequenos, não se preocupem; este primeiro capítulo é, provavelmente, o mais curto de todos. Mas são quase 30, de modo que temos paródia para bastante tempo.
Espero que se divirtam.
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