segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ah, os grandes, esses próceres

«Pois é, para verem que também os grandes tropeçam». Oh, que lindo é ver um grande homem ter a humildade de reconhecer que errou. Que alegria, que coisa de elevar o coração às alturas, que êxtase quase, diria eu, religioso. Como que se vê um halo de grandeza em volta da cabeça do prócer, só mais engrandecida ainda pelo reconhecimento do erro. Como que levita mais alto acima do pedestal da estátua equestre, qual monge budista em pleno nirvana. Cavalo e tudo.

As justificações do erro também são lindas de se ler. Que era o sono, a directa, os prazos, as casas, que havia factos a latir ao ouvido béu-béu-béu a dizer que não era assim, que o «bias» é perigoso, esse malandro, e ainda por cima um «bias» anglo-saxónico, portanto com muito mais nível do que o rasteirinho e lusitaníssimo viés, que provavelmente tira macacos do nariz e cheira mal dos pés. Oh, só vos digo, oh!

Mas voltemos à terra.

Curioso é que o Bibliowiki continue a ser tratado como pouco fiável, quando a informação que dele consta, neste caso concreto, é a certa, ao contrário da desinformação do João Seixas. Curioso é que depois do ataque à credibilidade de todo um projecto, com base em dados falsos, e por alguém que nunca moveu uma palha que fosse para que sejam corrigidas as falhas, omissões e erros que um site com quase quinze mil páginas necessariamente terá, se insista na sua infiabilidade, ainda que (vá lá) mitigada pelo «caos nas edições portuguesas». Curioso que a Biblioteca Nacional continue «descredibilizada de vez», sem saber como nem porquê. Curioso que a reacção ao duplo ataque seja atirada para a conta de «frustrações», enquanto o ataque propriamente dito e outras cutucadas menores passem sem sequer um simulacro de pedido de desculpa. Curioso que, em tudo isto, o autoproclamado «grande homem», que sabe onde eu estou, tem o meu número de telefone e conhece pelo menos dois dos meus endereços de correio electrónico, nunca tenha feito a mínima tentativa de me contactar com as dúvidas que diz que teve e provavelmente continuará a ter, a menos que voltem a ser substituídas por mais certezas falsas à próxima oportunidade. Curioso, curioso, curioso e mais uma camada de curioso a cobrir o bolo.

Sim, o fandom português tem problemas. E a presunção balofa, a diarreia verbal, o achar-se que só os «grandes homens» são inteligentes enquanto todos os outros não passam duma cambada de imbecis, ao mesmo tempo que se vai escrevendo asneira atrás de asneira, estão longe de ser os menores desses problemas. No fandom, e no país em geral.

E assim ponho uma pedra neste assunto, espero. Será preciso algo de muito grave para voltar a ele. É que tenho mais que fazer. Coisas a traduzir, por exemplo. Ou fazer o que as más-línguas não fazem: tornar o Bibliowiki um site melhor, mais completo e com menos erros, uma referência para o futuro o mais completa e correcta possível, e não uma série de lamentos sobre tristes tristezas disfarçados de artigos.

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