segunda-feira, 6 de junho de 2011

L'11: Rescaldo geral

Então a coisa correu mais ou menos como eu temia. Gostaria que assim não fosse, gostaria que este povo ganhasse juízo e parasse de saltar de camartelo para explosivos e de explosivos para camartelo, mas não tinha esperança nenhuma de que assim fosse. Não estou minimamente desiludido, portanto, até porque sei perfeitamente que a diferença entre a política que vai desenvolver o governo do PSD ou por eles dominado e a que desenvolveria um putativo governo PS não é praticamente nenhuma. O programa de governo, contrariamente ao que diz o mentiroso de Belém, é o da troica, e seria sempre o da troica, a menos que acontecesse uma reviravolta completa e as pessoas dessem a maioria à esquerda. Ninguém acredita que isso pudesse acontecer, como é óbvio.

Tenho pena principalmente de uma coisa. Tenho pena da direita ficar com maioria absoluta. Não por causa do que ela irá fazer, mas porque já estou a ver o PS, agora na oposição, a fazer de conta que não é nada com ele, que não teve nada a ver com tudo isto, que o desastre anunciado é obra exclusiva das nulidades do PSD e do CDS. Teria havido alguma possibilidade de isso não ter acontecido se uma boa percentagem dos que ficaram em casa ou fizeram papel de patetas úteis votando branco e nulo tivessem votado na esquerda. Mais votos na esquerda significariam mais deputados para a esquerda, o que quereria dizer menos deputados para a direita. PSD e CDS ficaram 13 deputados acima da maioria absoluta (vão ser mais, quando estiverem apurados os votos da emigração, mas por agora são só 13); se esses 13 deputados, ou 14, 15 ou 16, tivessem ido para outros partidos o PSD seria obrigado a fazer governo com o PS (sem Sócrates, que se demitiria na mesma) e os próximos anos seriam muito mais verdadeiros. Assim...

Assim vamos ter uns aninhos de PS a fingir que não foi nada com ele e daqui a 4 anos (se o governo chegar até lá), com Portugal ainda mais falido do que já está, as pessoas com a corda de tal modo na garganta que começam realmente a ir para a rua em massa, e a renegociação da dívida, que para a esquerda devia ter acontecido em vez do 1º PEC, a acontecer mesmo e numa situação muitíssimo pior do que a que temos agora que por sua vez é pior do que a que tínhamos nessa altura, por mais que agora digam que não é possível, daqui a 4 anos, dizia, vai este povo que tem a memória de um peixe saltar a correr de camartelo para explosivos e voltar a votar PS.

Assim, nunca mais nos safamos.

Quanto ao BE, também desejava que não tivesse levado um banho tão grande, mas com a estupidez que tem sido a estratégia seguida nos últimos tempos não me surpreende minimamente que o tenha levado. Na verdade, é bem feito. Pode ser que aprenda. Mas isso ficará para outro post. Como para outro post ficará o que teria acontecido se em vez do sistema eleitoral que temos tivêssemos o que eu gostaria que tivêssemos. Para já só dou uma dica: em vez de termos 5 forças políticas no parlamento teríamos 7.

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