sexta-feira, 27 de maio de 2005

A minha solução milagrosa para o défice

Vender a Madeira.

Pensem bem: é uma peça de imobiliário valiosa e com perspectivas de, se explorada competentemente, dar elevados dividendos aos novos donos. É certo que se trata de uma receita extraordinária, e que a dependência das receitas extraordinárias não é boa economia (alguém devia ter dito isso aos governos de Portugal desde o Cavaco até ao Santana, inclusive de ambos os lados), mas os fundos conseguidos com a venda daquela propriedade poderiam finalmente para a tão propalada e sempre adiada reforma do Estado, garantindo ao mesmo tempo, e por vários anos, o dinheiro necessário para o investimento público destinado à criação de infra-estruturas e à retoma económica.

Se escamotearmos a existência do Alberto João e do Jaime Ramos, podemos até ter a Madeira de volta passados alguns anos. O incauto comprador, confrontado com a existência desses exemplares da fauna local (e de outros animais da mesma espécie, que a ilha está cheia deles), e levará alguns anos a compreender que entre a chantagem, a má-gestão e o desperdício típico da fauna local, a ilhota, por mais promissora que fosse à partida, dá um prejuízo dos diabos. Como hoje em dia os campos de extermínio estão um pouco fora de moda, o comprador não terá coragem de implementar uma unidade industrial desse género e, em pânico, à beira da falência, proporá a Portugal a devolução da ilhota a troco de um preço em conta.

Portugal, claro, regateará. Nós já sabemos o que a casa gasta e talvez consigamos até recuperar o terreno quase de graça. Com sorte, nos entretantos o Alberto adoece, que já não vai caminhando para novo, e bate finalmente a bota meses depois. O Jaime Ramos ainda dura algum tempo, mas, desacompanhado pela abelha-mestra, não consegue fazer demasiados estragos.

Portugal, entretanto, está rico e recomenda-se, de tal modo que até Cabo Verde, empurrado pelos 62% da população que já vive na Grande Lisboa, resolve vir bater à porta para passar a região autónoma e entrar por essa via na União Europeia, para grande agrado de Mário Soares e Adriano Moreira, que por essa altura partilham uma enfermaria no Asilo Para a Terceira Idade da República, o Mário com Alzheimer, o Adriano com Parkinson.

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