segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O 11

Irrita um bocadinho o excesso de evocação do 11 de Setembro de 2001. Irrita um bocadinho a repetição ad infinitum das imagens dos aviões a esmagar-se contra as torres. Irrita um bocadinho a forma como a nossa cultura mediática nos força a rever, uma e outra vez, a reviver, uma e outra vez, aqueles momentos. Irrita um bocadinho pelo excesso. Mas também pela consciência da derrota. Estes têm sido cinco anos de derrotas sucessivas para a humanidade, submersa numa onda violenta de fascismo islâmico e de um fascismo neocon de fachada democrática que se aproveitou dos ataques terroristas da forma mais infame para impor primeiro aos Estados Unidos e depois ao mundo inteiro a sua estupidez. Cinco anos depois, os mortos não se contam aos milhares; contam-se às centenas de milhares. Cinco anos depois, o fascismo islâmico nunca esteve tão forte. Cinco anos depois, as forças democráticas do Islão, que são a nossa única defesa verdadeira contra os fanáticos (sim, a nossa, sim, a única), nunca tiveram tanta dificuldade em fazer passar a sua mensagem. Cinco anos depois, somos todos menos livres, menos felizes, menos prósperos, menos optimistas, mais cínicos, mais desesperados. Menos vivos.

Mas claro que estes cinco anos são apenas uma forma conveniente de marcar os processos históricos. O 11 de Setembro só mudou o mundo porque permitiu a expressão completa de forças e tendências que estavam activas há muito mais tempo. As mesmas forças que criaram Bin Laden e os Talibã para combater as tropas soviéticas e do regime pró-soviético no Afeganistão uniram-se para eleger (e nesta palavra talvez convenha colocar aspas) o presidente mais estúpido da história dos Estados Unidos. Muito antes do 11 de Setembro de 2001. Há muito mais do que 5 anos.

Da mesma forma, hoje há sinais de que poderemos por fim caminhar para o regresso às vitórias. De que os americanos começam enfim a acordar, de que o fascismo neocon de fachada democrática vai enfim começar a ser varrido para o caixote do lixo da História. De que o fascismo religioso israelita de fachada democrática poderá por fim ser forçado a acabar com o abuso das ocupações de território árabe. De que, por fim, estas duas condições prévias para que os moderados do Islão possam recomeçar a ganhar terreno aos fascistas islâmicos nos possam levar de novo a erguer a cabeça acima das trevas em que a temos mergulhada há já demasiado tempo.

Que assim seja. Embora ainda nada disto seja seguro, que assim seja.

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