terça-feira, 5 de abril de 2011

"Obrigado, malta" e o futuro próximo

Um último agradecimento ficou por fazer: a vocês. Todos os que me (nos) foram apoiando ao longo desta doença terrível, e me (nos) continuaram a apoiar quando ela teve o seu desenlace. Muito, muito obrigado.

Antes disto, eu só muito raramente dizia ou fazia alguma coisa quando alguém das minhas relações passava por aquilo que eu passei agora. Porque nunca sabia o que fazer ou dizer. Porque podia imaginar vagamente o que as pessoas estavam a sentir mas não sabia realmente, não tinha nenhum termo de comparação. Porque tinha receio de ser desastrado, de dizer ou fazer a coisa errada, de piorar as coisas. E porque pensava que, mesmo que não metesse os pés pelas mãos, não conseguiria realmente beneficiar em nada o outro. De que serve um "força" perante uma dor tão grande?

Pois bem, fiquei a saber que mesmo não servindo de muito sempre serve de alguma coisa. É verdade que às vezes reavivava a dor, mas também me deu uma noção bastante concreta de que toda a gente passa por isto, mais tarde ou mais cedo, e depois de passar continua funcional e razoavelmente sã. Que a ferida até pode nunca sarar mas pelo menos deixa de incomodar todos os dias. Que a ausência nunca desaparece, mas vai mudando de natureza com o passar do tempo, perdendo as bordas aguçadas e tornando-se mais suave. E isto foi muito importante ao longo do mês que passou, e tenho a certeza de que continuará a sê-lo daqui em diante. Por isso o meu obrigado a todos vocês. Vocês sabem quem são.

Aqui a Lâmpada vai regressar ao normal nos próximos dias, e só não o fez já porque tenho estado afanosamente a recuperar o atraso na atual tradução. Isso e a muita papelada que há que tratar na sequência de uma morte (e também a absoluta necessidade de dar uns passeios por aí, sair de casa, desopilar, ver que o mundo continua a ter beleza para ver) não me têm deixado tempo livre quase nenhum. Mas agora que o atraso está praticamente recuperado e tudo aponta para mais um prazo cumprido, está na hora de voltar cá. Não falo de leituras há três meses. E se é verdade que li pouquíssimo nestes três meses, não é menos verdade que entre ler pouquíssimo e não ler nada há alguma diferença. E tenho, claro, algumas coisas a dizer sobre o que fui lendo (e vamos ver se ainda me lembro de algumas dessas coisas). Contudo, devo também avisar que estou a reler a minha tradução de As Crónicas de Gelo e Fogo, e disso, como é óbvio, não falarei por cá. Ou seja: mesmo depois de recuperar o tempo perdido no que às notas de leitura diz respeito, elas serão, durante bastante tempo (os livros são vários e todos grandes), menos frequentes do que tem sido hábito. A Lâmpada regressará ao normal, sim, mas a um normal atenuado enquanto durar esta releitura.

Mas a despedida agora é até já. A gente vê-se em breve.

2 comentários:

  1. Revi-me muito nas tuas palavras de não saber bem o que dizer, e se dizer algo de todo será melhor do que não dizer nada. Obrigada por me fazeres ver que é sempre melhor dizer qualquer coisa.

    Quanto à tua releitura, é engraçado ver uma vaga de pessoas voltar a estes livros à medida que se aproxima "o dia D", de Dance :D
    No teu caso é uma revisitação diferente mas o objectivo de refrescar a memória é o mesmo, e sempre relembras a excelente tradução que fizeste (talvez sirva de incentivo para atacar o monstro que lá vem :P)

    Até já.

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