Ao Serviço de Sua Majestade (bibliografia) é um conto de Luís Richheimer de Sequeira, de uma espécie de ficção científica ufológica à X-Files, de um modo geral bem escrito que, para "caber" numa antologia como esta, enfia a páginas tantas uma brevíssima menção a uma tal "amada Rainha D. Maria III" e... mais nada.
Essa é menos importante das suas duas grandes falhas. Menos importante porque só é falha no contexto da proposta temática do livro em que se integra, servindo-se de uma habilidadezinha para se enquadrar formalmente no tema, apesar de, no fundo, não o fazer. E porque, retirando-se este conto deste livro em concreto, a falha desaparece.
O conto descreve com um detalhe digno de romance uma tal Subdivisão de Crimes Extraordinários da Polícia Judiciária, dedicada à investigação de bizarrias variegadas, e as características e idiossincrasias do punhado de agentes que a compõem. Passa depois à apresentação de um caso novo, coisa oriunda da força aérea, depressa nos informando que envolve OVNIs e uma área secreta na Base Aérea de Beja, uma espécie de versão reduzida e alentejana da Área 51 dos americanos. E de seguida...
Pois de seguida, infelizmente, acaba.
E é essa a segunda e mais importante das suas falhas. No momento em que o conto ameaça ganhar algum interesse, em que se passa da descrição de ambiente e personagens a alguma ação, surge inopinadamente o ponto final a dar-lhe fim.
O caso é que Luís Sequeira não escreveu um conto, chame-lhe o que chamar; escreveu o início de uma novela ou romance. Apresentá-lo como conto é outra habilidadezinha que, sobretudo esta, corre francamente mal, transformando o que podia ser um bom início de um texto no mínimo agradável num bocado de prosa francamente insatisfatório. É pena.
Contos anteriores deste livro:
Antes de mais, obrigado!
ResponderEliminarE claro que tens razão, sou culpado do crime de reaproveitamento de textos :)
No entanto, tenho boas notícias, embora com fortes alterações, a história completa está actualmente em fase de revisão numa editora nacional. Eles apontaram também como defeito as longas e extensas descrições monótonas no início do texto — que fariam mais sentido num contexto da antologia, que supostamente remete para uma realidade alternativa associada ao final do século XIX e início do século XX, pelo que tentei, na altura, recorrer a essas descrições longas que eram típicas dos romances da época...
Mas estamos no século XXI, e a «nova» versão, que, com sorte, será talvez publicada no final do ano ou em 2016, não terá nada disso :)
Um abraço.
Acho que li, e tu também, a versão completa deste texto: Quando li este livro, há uns 8 anos, tal divisão da P.J., com sede ali p’ro Rato em Lisboa, fez-me lembrar de uma novela longa (ou romance curto) que o Sequeira enviou às postas para a mailing list de FC lá pr’a 1997 ou coisa assim. Acho que esse original não mencionava rainha nenhuma, e o título era outro. A história é realmente bem escrita, mas aliens humanos (não antropomrfos ou camulflados, mas genuínos Homo sapiens) estragaram-me o fruir.
ResponderEliminarAcho que te referes a uma novela, "Uma Turista do Outro Mundo." Sim, li, mas, embora já não me lembre muito bem dela, parece-me ser outra coisa. Provavelmente integrada no mesmo universo ficcional, mas outra coisa.
EliminarMas é bem possível que me engane.