sábado, 9 de agosto de 2003

Spamesia (96)

E pronto, cheguei a ontem, sexta-feira. Pus a spamesia em dia, contra fumos e suores. Amanhã terei apenas o spam de hoje para tratar, que o de ontem, as 37 mensagens de ontem, acabou de ser despachado através de um "Maybe we can try?" que eu traduzi e adaptei ligeiramente para aquele que é, de muito longe, o mais extenso spamema desta série:

Talvez pudéssemos tentar?

Bem sei que é difícil resistir à tentação
de encolher os ombros
afinal de contas
as coisas não permitem respostas simples
são demasiado complexas
novelos formados por demasiados fios
demasiado embaraçados

Bem sei que é mais fácil voltar costas
do que pôr o cérebro a funcionar
pensar gasta um terço da energia do corpo
e um terço do bife com batatas
é muito bife com batatas
sem ele, como aproveitar até ao fim
a tontura dos néons e da batida sincopada
do disco sound?

Bem sei que o futuro só se pode conhecer
verdadeiramente
no momento em que se transforma em presente
e que para tentar prevê-lo há que ter em conta
uma multidão de factores
tão desorganizada como qualquer outra multidão

Bem sei que mudar as coisas
é trabalho a mais para uma pessoa só
e que encontrar almas gémeas
é tarefa para durar uma vida inteira

Bem sei que há demasiados idiotas
demasiados filhos da puta
demasiados assassinos escondidos por trás de todos os fanatismos
ou mascarados com fatos e gravatas de executivo
demasiado que fazer e demasiado pouco tempo
demasiado pouco tempo

Bem sei que para transformar um homem num incendiário basta um fósforo
e que para apagar os fogos que ele ateia
é preciso sangue, suor, lágrimas
gritos e raivas, vidas inteiras

Bem sei que não vale a pena
que é inútil
que as leis de entropia têm encontro marcado com a vitória
mas, para podermos olhar-nos no espelho de consciência limpa
(é só uma ideia louca, só uma ideia)
talvez pudéssemos tentar?...

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