Portimão está debaixo duma densa nuvem de fumo. No sul da cidade, a zona mais afastada do incêndio, a garganta arranha e os olhos lacrimejam e piscam de forma quase involuntária. O calor espalha-se em ondas de suor pelas costas nuas, e as garrafas vazias de água acumulam-se ao lado da secretária.
Viver nas margens do inferno é assim. No inferno, ali uns quilómetros para norte, é só um pouco mais quente, há só um pouco mais de fumo, e em vez da música e do palavreado inconsequente do rádio, os sons que se ouvem são gritos e o crepitar da lenha.
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