segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Autarquias, participação e cidadania

O Baeta tem uma interessante, embora curta, reflexão acerca do que significa (ou não) a tomada de posse dos novos órgãos autárquicos na sexta-feira passada e da completa indiferença com que o povo em geral encara essa data.

Pois é. Pois é.

Mas, convenhamos, essas cerimónias são tremendas secas. E eu, que tive de assitir a várias quando era jornalista, bem o sei.

Além disso, o povo alheia-se porque se trata de um acto normal, consequência directa de umas eleições, em que tomam posse exactamente aquelas pessoas que os eleitores escolhem. A tomada de posse é, portanto, secundária. Na verdade, é o acto da vida democrática em que menos importa que haja uma participação popular, ou, até, informação. Seria muito mais importante que as pessoas participassem, assistissem ou procurassem informar-se do que se vai passando nas assembleias municipais, por exemplo. Também são tremendas secas, que se arrastam invariavelmente durante horas e acabam em adiamento de metade da ordem de trabalhos para uma assembleia municipal extraordinária, porque os senhores deputados querem ganhar mais uns cobres, mas ao menos discutem-se aí assuntos relevantes para a vida dos municípios.

Há muita falta de participação cívica nesta terra, é um facto. Mas estaríamos muito bem se toda essa falta se resumisse à indiferença perante tomadas de posse e cerimónias similares e se o povo participasse naquilo que realmente importa.

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