quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Como olhar para o copo

Estou farto, mas farto até aos cabelos, de Calimeros. Apesar de ter "república portuguesa" no BI não me revejo no fado. Estou-me cada vez mais nas tintas para arautos da desgraça. Se fosse eu o ditador universal de todos os universos (título propositadamente ridículo para o caso de haver alguém por aí suficientemente palerma para o levar a sério) mandava-os fuzilar a todos, sem excepção. Aliás, fuzilar talvez não fosse o suficiente: um empalamento em massa satisfar-me-ia melhor o ódio, desde que se conseguisse encontrar um número suficiente de estacas.

Os Calimeros são o cancro do país. Não um cancro; o. Alimentam-se de estupidez, ignorância, um balofo e muito inchado sentido de auto-importância que os leva a considerar-se acima da "piolheira" generalizada e uma completa ausência de sentido de orientação, de consciência dos caminhos a percorrer. E o pior que tudo é que estão por todo o lado, fazem estragos em tudo quanto é sítio. Um Calimero de Primeiro Nível é uma poderosa força destruidora capaz de arrasar quarteirões, certificando-se assim de que realmente fica tudo mal, tal como passam a vida a choramingar.

Vem isto a propósito, por estranho que pareça, de ter acabado ontem de madrugada a tradução do mais difícil capítulo do livro que tenho entre mãos, quase vinte páginas de pura dor de cabeça. Nos meus tempos de Calimero renitente (nunca mergulhei por completo na farsa calimérica, mas tenho de admitir, com vergonha, que andei perto) provavelmente não teria chegado a acabá-lo, passando depois os meses seguintes a choramingar que era muito difícil, que era impossível de traduzir, e, já agora, para compor o ramalhete, que todos os tradutores que de facto acabam o que começam são umas nulidades que só fazem disparates e cometem erros atrás de erros. Atrás de erros. Agora, em convalescença mas ainda combalido, queixo-me durante o processo, ah pois queixo. Mas chego ao fim, e chegado ao fim lanço o olhar pelo que falta ainda fazer.

É que depois de terminar aquele capítulo, o objectivo final ficou um pouco mais próximo e o caminho a percorrer encurtou. Portanto, pés à estrada, que o futuro espera mas não fica à espera.

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