Último fim de semana do ano, e por aqui continua-se a bulir, que os prazos não alargam lá porque há feriados, pontes e fins de semana. Trabalhar em modo freelancer tem enormes vantagens (não há colegas parvos, não há horários, não há código de vestuário, não há deslocações diárias para o emprego), mas também tem as suas partes gagas (não há colegas porreiros e, quando os prazos são curtos, não há feriados nem fins de semana). Mas adiante.
O livro não-prioritário ficou parado, e acho que já posso garantir com (quase) toda a certeza que assim permanecerá até que o prioritário esteja pronto. Quanto a este, está na página 138, 54 a mais do que na semana passada, um número curto cuja exiguidade foi mais fruto de um dia em que o cérebro não conseguia ligar o inglês nem à lei da bala do que de qualquer outra coisa. Seja como for, não há atrasos: limitei-me a trabalhar num dia em que tinha planeado descansar e/ou fazer outras coisas; ou trabalhar também, se estivesse para aí virado. Faltam agora 206 páginas.
O wiki cresceu muito pouco: só houve 21 páginas novas que fizeram o total subir para 15 277.
E leu-se umas coisas. E algumas das que se leram foram concluídas. Por exemplo:
Biblioteca Particular, um conto fantástico de Zoran Zivkovic sobre um homem que um belo dia chega a casa e depara com um volume da "Literatura Universal" na caixa de correio. E de cada vez que a abre, depara com outro. E outro. E outro. Mas encara a coisa com perfeita fleuma, passando uma noite em branco a acumular uma enorme biblioteca particular (sem ler uma página, o que não deixa de ser irónico). Um conto bom, embora algo previsível. E por exemplo:
Os Ladrões de Estrelas, conto de Edmond Hamilton cuja antiquíssima ficção científica envelheceu tão mal como aquele de que aqui falei há duas semanas. Este conto não pareceria tão mau como o outro, se o enredo não fosse exactamente igual, com a mesma estrela ameaçadora, a mesma viagem interestelar, a mesma batalha e aprisionamento, a mesma fuga miraculosa, o mesmo final feliz, o mesmo imenso bocejo. Pulp no seu pior, decididamente. E por exemplo:
Delta, noveleta de ficção científica de Christine Renard e Claude F. Cheinisse, muito feminina, muito romântica, apesar dos autores serem casal, sobre uma terrestre que se apaixona por um "arcturiano". Claro, os arcturianos são idênticos aos terrestres em tudo menos em dois ou três detalhes, um dos quais é fulcral para o desenlace da história: têm três sexos em vez dos nossos dois, e três sexos que nem sempre são o que parecem. O monumental disparate biológico de tudo isto é em parte compensado por uma história bastante bem construída, um quebrar de tabus típico da época (é um original de 1967) e um muito bom uso da linguagem, respeitado por uma boa tradução, tornando o conto razoável. É daqueles contos que quem der mais relevância à coerência científica irá odiar e quem atribuir primazia à construção de personagens ou aos aspectos formais do texto poderá adorar, especialmente se for menina.
E foi só isto. A gente vê-se em 2009.
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