domingo, 31 de outubro de 2010

Lido: Nanny

Nanny (bib.) é um conto de Philip K. Dick que faz lembrar um pouco os contos dos Superbrinquedos do Brian Aldiss ou alguns contos de Bradbury, especialmente aquele sobre o quarto holográfico, A Selva. Todos estes contos têm como premissa a entrega do ato de cuidar dos filhos, em todo ou em parte, a dispositivos automáticos, em especial robots. Mas Dick leva o seu conto num sentido bem diferente, como seria de esperar. Nanny é, como já terão entendido, um robot. É sua a responsabilidade pelos filhos de um casal, cabendo-lhe discipliná-los, acompanhá-los e protegê-los. Mas a sociedade é ferozmente capitalista, e as nannies são construídas por várias corporações rivais. Ora, qual é o objetivo primário duma corporação? Maximizar o lucro, evidentemente. E que melhor forma haverá para maximizar o lucro do que destruir as nannies produzidas pelos rivais, reduzindo a competição, aumentando a procura e melhorando a imagem de qualidade? Afinal, qualquer pai vai querer para os filhos a melhor nanny do mercado, ou não será assim?

Só não é um conto excelente porque sofre demasiado do fator "como sabes, Bob". Dick põe demasiadas vezes as personagens a dar umas às outras informação que ambas conhecem, para benefício exclusivo do leitor. Mas ainda assim, é uma ótima crítica ao capitalismo e às consequências da corrida aos armamentos que tanto obcecava a América durante os anos 50. Boa e muito recomendável leitura nestes tempos de roubalheira desenfreada.

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