sábado, 17 de março de 2012

Lido: Ritos Legais

Ritos Legais (bib.) é uma divertida noveleta de Isaac Asimov e James MacCreach (este não é mais que Frederik Pohl), dois conhecidos escritores de FC, que aqui apresentam uma história de fantasmas que de terror não tem rigorosamente nada. A noveleta inicia-se com a chegada de um homem a uma propriedade de um tio excêntrico e meio eremita, recentemente falecido, que lha deixara por herança. Para sua surpresa, depara com mais do que estava à espera: um fantasma gotejante, que corre consigo do terreno e que ele vai de seguida tentar esconjurar. Até aqui ainda estamos em terreno razoavelmente banal, e a noveleta parece uma história de fantasmas semelhante a tantas outras. Mas o que acontece em seguida transforma-a num belo exemplo de humor fantástico: o fantasma põe o herdeiro em tribunal.

O leitor é de seguida servido com uma típica história de tribunal, onde quem conheça razoavelmente bem Asimov não pode deixar de detetar os sinais do seu racionalismo implacavelmente lógico. Mas sem nunca perder de vista a ironia da premissa: o tom é declaradamente humorístico. E o final, então, é divertidíssimo. Mas repito: esta história, apesar de, em Portugal, estar incluída em duas antologias de terror, de terror nada tem.

Contos anteriores desta publicação:

4 comentários:

  1. Perde-se na tradução o trocadilho dos homófonos "rite" e "right", e é pena.

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  2. Sim, mas não haveria alternativa. Há trocadilhos que são uma bela treta de conservar na tradução. Eu debati-me violentamente com o night/knight há uns anos, por exemplo.

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  3. Pois, ainda pensei em "di-r(e)itos", mas para isso mais valeria estar quieto.

    Como é que acabaste por resolver esse do "(k)night"?

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  4. Ou ignorando, ou com notas de rodapé quando era inviável ignorar. Foi no Dilema de Shakespeare que fui massacrado com esse malandro. Não há outra hipótese. Noite e cavaleiro são palavras demasiado longínquas para sequer pensar em adaptar-lhes trocadilhos.

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