quarta-feira, 14 de março de 2012

Lido: Vaporpunk

Vaporpunk (bib.), como certamente já saberão os que seguem habitualmente este blogue, é uma antologia brasileira de contos steampunk que contém um conto meu. Ou uma novela, mais precisamente. Organizada por Gerson Lodi-Ribeiro e Luís Filipe Silva, saiu em setembro de 2010 mas só agora a li. E digo-vos que fiquei muito satisfeito com o que li, e mais ainda por marcar presença neste livro.

É que na maior parte das antologias que li há, quanto muito, dois ou três contos especialmente fortes, que me agradam mesmo, e depois uma série de outros contos menos bons, quando não são decididamente maus. É a natureza da coisa, e eu sou suficientemente tolerante para achar que já valeu a pena a publicação do livro se ele contiver nem que seja um conto realmente bom. Mesmo que todos os outros estejam abaixo do mínimo desejável. E é muito raro que não haja pelo menos um ou dois que me parecem não passar de enchimento. É a tal questão de mais valer a oportunidade de tomar contacto com os contos bons, mesmo que no processo acabe por ler também coisas fracas, do que ficar à espera do ótimo e acabar sem nada, nem o mau, nem o bom.

Para além disso, confesso, não sou grande fã da maior parte das abordagens ao steampunk. A ideia retrofuturista em si mesma agrada-me bastante, mas parece-me ser demasiado frequente as obras steampunk prenderem-se demasiado ao ambiente vitoriano, a uma certa idealização da Inglaterra de uma determinada época a fazer lembrar a idealização do período medieval que torna tanta fantasia comercial tão desinteressante para mim, a um folclore visual feito de couro e latão, e aprofundarem pouco aquilo que realmente me chama a atenção: a tensão entre a tecnologia e uma sociedade pouco preparada para a industrialização, entre as ideias que o desenvolvimento técnico-científico alimenta e as velhas ideias e preconceitos herdados do passado, etc. Ou seja: aquilo que me parece relevante também para os dias que correm.

Por tudo isso, foi com alguma surpresa que dei por mim a gostar de todas as histórias deste livro. De umas mais, de outras menos, mas acabei por gostar de todas. Mesmo daquelas que abordam o steampunk por caminhos de que não gosto particularmente.

Já tinha, obviamente, lido as críticas, esmagadoramente positivas mas, como já não seria a primeira vez que livros muito aclamados por quase toda a gente me sabem a pouco, parti para a leitura apenas curioso. E acabei-a convencido de que tinha acabado de ler uma das melhores antologias de literatura fantástica que me passaram pelas mãos.

Eis o que achei de cada uma das histórias. Sobre a minha, Unidade em Chamas, já falei aqui.

Recebi este livro gratuitamente por ser um dos seus autores.

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