Ontem foi preciso esperar pelo último dos 31 spams do dia para encontrar o título mais adequado: "Fountain of youth". O resultado volta a ser ficção científica, mas provavelmente não será bem aquilo de que vocês estariam à espera:
Fonte da juventude
No país deserto havia uma fonte
de água tão amarela como a areia
mesmo ao lado, no alto dum monte
uma torre erguia-se como uma ideia
Quem bebia da água amarela
saboreando a sua doçura granulada
sentia um calor a descer a goela
assaltando os pêlos, a crista reclinada
Espalhava-se o calor pelo corpo inteiro
em ondas de dunas, ao luar vermelho
e das bossas antigas saíam primeiro
duas asas cobertas de couro velho
O bebedor voava, ao luar de prata
e pousava na torre pela última vez
aí havia um cofre numa pequena mata
e túmulos agrupados três a três
Do cofre retirava uma chave bizarra
abria um túmulo e cheirava o ar
se estivesse vazio, atava uma amarra
e ficava à espera de se transformar
Mas se contivesse um ovo cinzento
as asas caíam, partia-se em dois
a seu modo, um renascimento
um retorno à juventude, pouco depois
Era então que um dos jovens partia
rumo a nova vida, pela escadaria
e o outro ainda ficava mais um pouco
e bebia do ovo as velhas memórias
as velhas derrotas, as velhas vitórias
do seu novo eu, ali deixado pelo passado
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