segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

Spamesia (245)

No domingo houve 61 spams (incluindo demasiados sem um subject-line. Estes spammers são mesmo más pessoas), e eu escolhi um de título "colonist" para escrever um spamema de FC baseado em acontecimentos recentes:

Colono

O colono sai da cúpula ao nascer do sol
e sente-se leve
com a leveza de todas as manhãs
ao longe um exército de montanhas
encerra o horizonte
num mar de seixos vermelhos

O colono respira fundo
enchendo as narinas de cheiro a filtros
e a reciclagem
depois olha em volta
tentando localizar as vinte e três máquinas
que passaram a noite andando por ali
e agora devem estar paradas
ronronando
enchendo as baterias de luz do sol
concentrada em químicos

O colono, por fim, prende os olhos no velho robô
que nunca chegou a funcionar
um relógio de bolso de gigantes
chamuscado
amolgado
desgastado por cem anos de ventanias
e só parcialmente aberto

O colono dirige-se para a máquina quebrada
vinda de um tempo que começa a entrar
no domínio da lenda
uma máquina destinada a procurar sinais de vida
vinda de um lugar cheio de sinais de vida

O colono segura nas mãos
um colector de amostras vazio
ao chegar ao destino, ajoelha-se no pó vermelho
e com uma espátula raspa alguns dos filamentos brancos
que cresceram em torno da máquina terrestre
recobrindo-a de uma rede fina como filigrana
e penetrando em todos os seus orifícios
como qualquer ser curioso
em busca de segredos

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